Por Fabian Chacur

O Rush é certamente uma das bandas mais peculiares e bem-sucedidas da história do rock. Há quatro décadas na estrada, o trio canadense não se rende a modismos e por mais que faça shows com belos recursos visuais e de áudio, cativa os fãs pelo lado musical. Raras formações de sua geração continuam tão populares como eles. E o novo DVD, Clockwork Angels Tour, lançado no Brasil pela Universal Music, só reforça esse clima, além de trazer surpresas bacanas.

Clockwork Angels Tour, disponível nos formatos DVD duplo e Blu-ray simples (com o mesmo conteúdo dos DVDs), registra shows realizados nos EUA (Texas e Arizona) programados para divulgar o mais recente trabalho de estúdio do grupo, Clockwork Angels (2012), que atingiu a segunda posição na sempre disputada parada americana, grande prova de popularidade reservada a poucos.

O show é dividido em duas partes. Na primeira, os três amigos investem em canções de várias fases de sua carreira, entre as quais The Big Money, Subdivisions e Far Cry, com direito a um sempre muito esperado solo de bateria de Neil Peart (a faixa Where’s My Thing/Here It Is!), considerado por vários especialistas como o melhor profissional dessa área no rock and roll.

A grande surpresa fica reservada para a segunda parte do show, na qual o Rush mostra dez das doze faixas de Clockwork Angels com o acompanhamento de uma sessão de cordas com direito a cellos e violinos. É a primeira vez que o trio faz uma turnê acompanhado por outros músicos no palco, e a participação das cordas dá ao espetáculo um colorido musical e visual muito interessante que comprova o acerto dessa novidade em sua carreira.

O novo álbum tem um clima de ópera rock na linha das feitas pelo The Who, e agrada. Geddy Lee continua com sua voz aguda e potente, além de ótimo baixista e se desdobrando entre esse instrumento e os teclados, sempre um momento de destaque nos shows da banda. E a guitarra de Alex Lifeson segue sendo eficiente e capaz de nuances agradáveis e riffs pesados, sempre à disposição do time e uma espécie de elo de ligação para o mesmo.

O show traz em sua abertura e encerramento, como de praxe, vídeos feitos especialmente para a ocasião. Desta vez, trazem elfos, castelos e aquele humor peculiar típico do trio. Esses vídeos podem ser vistos na íntegra na generosa seção de extras contidas no vídeo, que também inclui um documentário (infelizmente sem legendas), bastidores e músicas tocadas só nas passagens de som, entre as quais a espetacular Limelight.

A segunda parte do show também inclui, em sua parte final, outro solo de bateria de Mr. Peart e mais clássicos da banda, entre os quais The Spirit Of Radio, a inevitável Tom Sawyer (que nos extras surge em uma divertida versão folk britânica tocada por outros músicos) e a icônica 2112, que encerra o show com chave de ouro. Esse bis final é só com o trio.

Clockwork Angels Tour , o DVD/Blu-ray, é aquele produto que pode perfeitamente não gerar novos fãs para o grupo canadense, mas certamente ajudará aos milhões já existentes no mundo todo a manterem sua admiração pelo trio mais forte do que nunca. E não dá para não respeitar (e muito) uma banda com esse nível de musicalidade e dedicação aos seus admiradores, sempre dispostos a dar o melhor a eles com trabalho árduo e criativo.

Veja cenas de Clockwork Angels Tour, do Rush: