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Por Fabian Chacur

A guitarra e a voz de David Gilmour sempre foram partes fundamentais do som do Pink Floyd. Após longas décadas de espera, finalmente o Brasil tem a oportunidade de ver ao vivo esse mito do rock. Em São Paulo, a passagem do mestre na Allianz Parque gerou duas noite de excelência musical. Mondo Pop presenciou a segunda, neste sábado (12). De arrepiar.

A estrutura do show em termos técnicos superou as expectativas. Qualidade de som impecável, com direito a um ótimo aproveitamento da bela acústica do estádio do Palmeiras. Em termos visuais, o telão gigante em formato circular se mostrou versátil, servindo para exibir clipes durante algumas músicas, mostrar Gilmour solando em tamanho gigante e reforçando efeitos de iluminação em alguns momentos.

A ousadia de incluir sete músicas de seu mais recente álbum, Rattle That Lock, no repertório, se mostrou bem-sucedida pelo fato de as canções serem ótimas, e também por terem sido incluídas em momentos estratégicos do show, ladeadas por duas de outro álbum solo (On An Island, de 2006) e 12 clássicos do Pink Floyd. O público encarou a estratégia numa boa, vibrando em todos os momentos.

O espetáculo abriu às 21h12 com três do novo CD, a instrumental 5Am, o rockão Rattle That Lock e a balada Faces Of Stone. Se a coisa já começou em alto estilo, pegou fogo logo a seguir, com o megaclássico Wish You Were Here. A Boat Lies Waiting (do disco novo) e The Blue (de On An Island) não deixaram a peteca ir ao chão.

Dois petardos extraídos do álbum The Dark Side Of The Moon, as icônicas Money e Us And Them, fizeram o estádio ir à loucura. In Any Tongue, de Rattle The Lock, serviu como boa ponte para High Hopes, do álbum The Division Bell (1994), do Pink Floyd, um bom encerramento para a primeira parte do espetáculo, que durou pouco mais de uma hora.

A abertura da segunda parte do show equivaleu a uma viagem a 1967, quando o Pink Floyd, ainda sem David Gilmour e liderado por seu amigo Syd Barret, lançava o incrível Piper At The Gates Of Dawn. A faixa de abertura desse CD, a lisérgica Astronomy Domine, veio acompanhada por uma avalanche de luzes, criando um clima de pura psicodelia. Shine On You Crazy Diamond, de Wish You Were Here, deu sequência à viagem.

Fat Old Sun, a bela balada folk de Atom Heart Mother (1970), soou cristalina e mostrando suas influências do estilo de Paul McCartney. A seguir, três faixas mais recentes vieram, a bela On An Island (do disco homônimo) e mais duas de Rattle That Lock, a jazz/blues The Girl In The Yellow Dress e a intensa Today. Sorrow, bom momento de A Momentary Lapse Of Reason (1987), primeiro do Floyd sem Roger Waters, veio a seguir. E para fechar, a vibrante Run Like Hell, um dos melhores momentos do álbum The Wall (1979).

Se o show já havia sido um verdadeiro arraso em termos gerais, seu bis veio para concluir os trabalhos de forma matadora. Time e Breathe (de The Dark Side Of The Moon) e a delirante Confortably Numb (de The Wall) proporcionaram mais 15 minutos de intensidade e prazer aos milhares de fãs presentes, que literalmente urraram.

Aos 68 anos, David Gilmour se mostrou em ótima forma. Cantou (bem) todas as músicas em seus tons originais. Seus célebres solos de notas espaçadas e bem exploradas continuam intensos, sempre mesclados com momentos mais agressivos, mas sem nunca sair de um estilo classudo e personalizado. Que me perdoe Roger Waters, mas Gilmour sempre foi a parte mais musical do Floyd, e isso ele provou neste belo show, um dos melhores no Brasil em 2015.

Rattle That Lock– David Gilmour:

Today– David Gilmour:

Faces Of Stone– David Gilmour: