estranhos romanticos capa album 400x

Por Fabian Chacur

Foram sete anos de existência. Nesse período, Marcos Muller (vocal e guitarra), Mauk (baixo), Luciano Cian (teclados) e Pedro Serra (bateria) lançaram três álbuns e também fizeram duas releituras de outros grupos (Pato Fu e Autoramas) para tributos. Esse projeto, que tinha o peculiar nome Estranhos Românticos, chega ao fim com um último projeto, Último Sol, já disponível nas plataformas digitais. Belíssima despedida. Seria um fim ou um recomeço?

Poucos nomes poderiam ser mais adequados para este quarteto carioca do que o escolhido por eles. Sim, eles são românticos, arrebatadoramente românticos, mas bem longe do tradicional e do careta nessa área tão explorada na música. Estranhos, mas aquela estranheza que cativa e mostra um rumo diferente para exaltar as paixões que funcionam como combustível para nos proporcionarem momentos de puro prazer sensorial.

Para embalar suas letras simples e diretas, o grupo se vale de uma sonoridade cuja origem mais remota remete ao pop rock do período entre 1964 e 1967. Base rítmica ágil, baixo volta e meia anguloso, bateria adoravelmente dançante, teclados dando o tom psicodélico e vocais desencanados e bem articulados. Ecos de jovem guarda, merseybeat, pós punk, tropicalismo e psicodelia podem ser observados, mas o mote são sempre alucinadas canções de amor.

Último Sol traz 10 faixas, sendo 9 inéditas e o remix de Mergulho no Saara (Latexxx Remixxx), cuja versão original está no segundo álbum deles, (2021). A festa começa com os momentos mais jovem guarda, Boa Noite Copacabana e Me Beija (com participação de Nervoso). Luxo envolve e tem a participação especial precisa, cirúrgica, matadora do saxofonista Marcello Magdaleno.

Mim revela influências da new wave dos anos 1980, um rockão bacana. Espécie de balada entortada para os interesses do quarteto, a deliciosa Sol nos oferece os doces vocais da cantora argentina Cony Piekarz, que tira de letra o dueto com Marcos Muller. Bacana demais.

A soma de um riff poderoso a um refrão simples e eficiente dão cor à ótima Ridículo. Carnaval vem a seguir com seu tempero sessentista, enquanto Fim do Mundo aposta em uma base rítmica mais compassada. A parte de inéditas se encerra com a psicodelia oitentista de 42°, que de certa forma capta o espírito de bandas da época como Love And Rockets de uma forma própria. O remix de Mergulho no Saara fecha a tampa com espírito dançante e outra viagem nos porões mais bacanas dos anos 1980.

E aqui cabe discorrer sobre a dúvida entre fim ou recomeço abordada no início desse texto. Se for apenas isso, o encerramento de um trabalho bacana que quatro caras fizeram durante sete anos, meu Deus, que despedida encantadora! Mas será que, após autoavaliarem a qualidade de Último Sol, de o quanto eles soam coesos, criativos e ao mesmo tempo acessíveis ao ouvido médio, não pintará a tentação de “que tal um encore?” em um futuro (tomara) não muito distante? São questões que só esses agora ex-Estranhos Românticos poderão nos responder. obs.: capa antológica, heim?

Ouça Último Sol, dos Estranhos Românticos, em streaming, aqui .