such this punch the evil on all of us 400x

Por Fabian Chacur

O Suck This Punch surgiu em Limeira (SP) em 2015, e lançou naquele mesmo ano seu álbum de estreia, Fire, Cold And Steel. Desde então, fez inúmeros shows, mudou de formação e consolidou um estilo próprio de rock pesado. O vocalista Tadeu Bon Scott hoje tem a seu lado Phil Seven (guitarra e vocal), Matheus Bonon (baixo e vocal) e Giacomo Bianchi (bateria). E é esse time que nos oferece pela gravadora Voice Music The Evil On All Of Us, seu contundente 2º álbum e desde já um dos melhores lançamentos dessa área em 2021.

O som deste excelente grupo é uma mistura do hard rock clássico com o thrash metal, incorporando elementos importantes das duas vertentes de forma criativa e consistente. Temos riffs potentes aliados a tramas de guitarra muito bem trabalhadas, apoiadas por uma cozinha rítmica segura e dinâmica, capaz daquelas inversões precisas de tempo sem se atrapalhar em um único minuto. O vocal poderoso e grave de Tadeu conduz todo o processo com maestria e fúria, sem cair na gritaria exibicionista. Tudo gira em função das músicas.

Uma das marcas do grupo fica por conta do refrão de cada música, sempre com um trabalho muito minucioso em termos vocais. Outra são as letras, que neste álbum seguem em torno da capacidade do ser humano em causar mal aos outros e também a si mesmo, no decorrer do processo, e como acreditar mais em sua capacidade individual de alterar as coisas e respeitando os outros pode ser um caminho transformador e iluminado.

As nove faixas incluídas no álbum, que está disponível nas plataformas digitais e também em uma caprichadíssima versão física em CD com direito a embalagem digipack, capa dupla e encarte colorido com letras, são extremamente consistentes. Machines, por exemplo, é compassada e potente, enquanto Just Follows alterna peso com momentos mais melódicos sem forçar a barra em um único segundo. Shout It Out e Alone apostam na energia e pegam na veia.

Se The Evil On All Of Us é consistente como um todo, traz dois momentos sublimes. Coward, que fala sobre uma tentativa de suicídio felizmente não concretizada, inclui passagens com viola que a aproximam da música country/folk com muita habilidade e sem destoar da essência do som do grupo.

Não por acaso, Sons Of War foi escolhida para encerrar o álbum, pois nos oferece 7m15 épicos. Começa com um texto lido em português que ressalta o absurdo de tentar impor aos índios as religiões ocidentais, eles que nunca deixaram de serem ligados à espiritualidade. Elementos percussivos típicos dos índios e dos negros foram incorporados ao heavy rock, e o resultado é de uma contundência absurda. No final, entra um coro típico de capoeira, pois a canção é também um desagravo ao tratamento horrível dado aos negros no Brasil.

Atrevo-me a considerar Sons Of War como uma das mais importantes e bem-sucedidas tentativas de mesclar o heavy rock a sonoridades típicas do Brasil, no mesmo alto nível das experiências realizadas pelo Sepultura e pelo Angra nos anos 1990. The Evil On All Of Us tem qualidade artística e técnica padrão internacional, algo que vem se tornando uma marca do rock pesado brasileiro. Foi gravado no Nock Studio Alive, em Limeira, com produção a cargo de Marcos Nock, que integrou a primeira formação da banda. Coisa de craques, mesmo.

Ouça The Evl On All Of Us em streaming: