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Duca Belintani mostra Electric Delta com show em São Paulo

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Por Fabian Chacur

Toda vez em que o tema for o blues feito no Brasil, o nome de Duca Belintani merece ser citado com entusiasmo. Esse grande cantor, compositor e guitarrista possui uma carreira repleta de bons momentos. O mais recente é Electric Delta, seu 8º álbum, cujo repertório será apresentado ao vivo para o público paulistano no próximo dia 6/9 (quarta-feira) às 20h no Bourbon Street (rua dos Chanés, nº 127- Moema- fone 0xx11-5095-6100), com couvert artístico a R$ 45,00.

Electric Delta foi inspirado pela viagem que Duca realizou em 2019 entre Chicago e New Orleans, região que é um dos berços nobres do blues. Ele mostra o repertório deste álbum e também algumas de trabalhos anteriores, sendo que poderemos ter músicas inéditas também na programação.

Leia mais sobre esse grande bluesman brasileiro aqui.

Just An Old Man (clipe)- Duca Belintani:

Duca Belintani incorpora o espírito do blues em novo CD

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Por Fabian Chacur

Meu professor de violão, o grande e saudoso Ruy Weber, me disse certa vez que esse instrumento era o mais fácil de se tocar….mal! Ou seja, com poucos acordes você já sai enganando por aí. Agora, tocar bem, aí é outra história. É possível dizer o mesmo do blues, levando-se em conta sua estrutura aparentemente simples e básica. Para ser craque, no entanto, é preciso muita dedicação. E Duca Belintani faz parte do restrito time de músicos brasileiros que brilham nessa área.

Com quase quatro décadas de estrada, este cantor, compositor, guitarrista, educador, produtor e escritor (leia mais sobre ele aqui) mostra todo o seu talento em um novo e excelente CD. Trata-se de Electric Delta, desdobramento do single lançado anteriormente por ele exclusivamente em vinil com as músicas A Long Time e I’m Back.

A inspiração para este álbum veio da viagem que Duca fez em 2019 à trilha do blues nos EUA de Chicago a New Orleans, durante a qual se apaixonou de uma vez por todas pelo som do delta do Mississipi. Nessa viagem, ele inclusive tocou no lendário Blue Front Cafe em Bentonia. Suas maiores influências no novo CD foram os mestres Muddy Waters e RL Burnside.

Cantando e tocando guitarra, Belintani tem como banda base nas 9 faixas de Electric Delta Vinas Peixoto (bateria, percussão, coprodução e dono do estúdio onde foram realizadas as gravações) e Benigno Sobral (baixo). O álbum também conta com as participações especiais de Otávio Rocha (guitarra, do Blues Etílicos), Luiz Bueno (guitarra, do Duofel), Matheus Schanovski (teclados),Ulisses da Hora (bateria) e Ricardo Scaff (gaita).

Autor de todas as faixas, Duca nos oferece um vocal áspero e intenso, na melhor tradição do blues americano. Sua performance na guitarra é pautada por bom gosto na escolha dos timbres, bases sólidas e solos que dizem muito sem esbanjar notas, com uma concisão típica de quem tem muita rodagem e sabe exatamente o necessário para obter um grande resultado.

Belintani esbanja conhecimento do blues elétrico, e não perde tempo com exageros técnicos ególatras, valendo-se de convenções e riffs tradicionais com muita personalidade e fugindo da mera cópia ou caricatura. O que ele toca e canta vem do fundo da alma, e só assim para ser relevante nessa área.

A levada seca e contagiante de Seven Dollars, o hard blues Just An Old Man, a quase hipnótica A Long Time, a linda homenagem Muddy’s Goove (com direito a citação de clássicos de Muddy “Mississipi” Waters) e a sensacional I’m Going Down In Mississipi (gravada ao vivo) são destaques de um CD de padrão internacional. Coisa de quem fez a lição de casa, e muito bem feita.

I’m Going Down To Mississipi (live)– Duca Belintani:

Duca Belintani mescla blues e folclore e grava CD espetacular

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Por Fabian Chacur

Com mais de 35 anos de carreira, Duca Belintani é cantor, compositor, guitarrista, educador, produtor e escritor. No currículo, seis CDs, participação no grupo Verminose e coautoria (ao lado de Ricardo Gozzi) do livro Kid Vinil Um Herói do Brasil, biografia do saudoso vocalista do Magazine e do Verminose. Agora, chegou a vez do sétimo álbum, e o mote para o mesmo não podia ter sido mais interessante: uma fusão entre as várias vertentes do blues, seu estilo musical de coração, e o folclore brasileiro. Desta forma, nasceu Blues Na Floresta, sem exageros um dos grandes lançamentos de 2019 até o momento.

Como forma de viabilizar o seu projeto, Duca se associou ao letrista Osmar Santos Jr. . Juntos, escolheram personagens icônicos do folclore brasileiro, adaptando para a nossa cultura uma das características mais peculiares das origens do blues americano. O resultado não poderia ter ficado melhor, trazendo para a brincadeira o lobisomem, o saci pererê, o bicho papão, o boitatá, o curupira e outros. O bacana é que as letras conseguem ao mesmo tempo dialogar com o público infantil e o adulto, sem cair em abordagens infantilistas que por vezes tornam esse tipo de trabalho um desrespeito à inteligência dos petizes.

Duca, que canta bem e toca uma guitarra incisiva e personalizada, conta com o apoio de Benigno Sobral (baixo), Ulisses da Hora (bateria), Ricardo Scaff (gaita), Vinas Peixoto (percussão), Adriano Grineberg (teclados) e Mateus Schanoski (teclados). Esse time dá uma consistência musical impecável às 11 gravações, com direito a muita energia, qualidade técnica e tesão, elementos sem os quais o blues não tem como se tornar relevante, em face de sua aparente simplicidade estilística. Tocar blues é simples, mas tocar blues BEM não é para qualquer um, e Duca e sua gang dão um show nesse requisito.

Além desse timaço, o disco também traz convidados especiais de primeira: Andreas Kisser, Graça Cunha, Paulo Freire, Suzana Salles, Theo Werneck e Vange Milliet, que ajudam a dar aquele retoque final e perfeito a algumas das faixas. A musicalidade mergulha em diversas variações do blues, com direito a elementos de jazz, rockabilly e rhythm and blues.

O lado mais pesado, próximo do hard rock, aparece nas faixas Cuca e Blues Na Floresta. O divertido rockabilly Assombrou a Festa traz os vocais irreverentes de Suzana Salles e Vange Milliet, enquanto o clima rhythm and blues suave permeia a bela Iara, com vocal de Graça Cunha. Matita Pereira tem uma deliciosa levada jazzy com uma pitada de Moondance, de Van Morrison, enquanto Lobisomem vai na linha do blues rock compassado. Um álbum espetacular!

Blues Na Floresta mostra que um dos ritmos mais influentes e seminais da música pode ser explorado com uma abordagem brasileira sem sair de seus cânones tradicionais. E vale ressaltar a belíssima apresentação do CD, com direito a capa digipack, encarte colorido e belíssimas ilustrações individualizadas para cada personagem (incluindo o próprio Duca) feito por feras como Tim Ernani, Marco China, Ennio Nascimento, Kel Cerruti, Thiago Martins, Gabi Barbosa, Edison Vieira Pinto, Marcos Madalena, Luiz Gabriel, Nando Sobral e Milton de Souza (o Trinkão Watts, baterista do Magazine e do Verminose).

Ouça trechos das canções do álbum Blues Na Floresta:

Magazine volta com um novo vocalista e lança Bafo de Jiboia

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Por Fabian Chacur

Há quase três anos, mais precisamente no dia 19 de maio de 2017, o grande Kid Vinil nos deixou (leia mais sobre ele aqui). Na época, ele preparava um retorno da banda que o tornou famoso nacionalmente, a Magazine. Abalados pela perda, os outros integrantes ficaram sem ação durante um bom tempo. Agora, como forma de dar prosseguimento ao legado do grupo, eles anunciam o seu retorno, marcada pelo lançamento de um novo single.

A nova música intitula-se Bafo de Jiboia, e segue a linha irreverente e sacudida que marcou a sua fase áurea, na década de 1980. O autor é o novo vocalista, Marcelo Papini, que tem no currículo os grupos Bombom (do hit Vamos a La Playa, versão em português do sucesso mundial do grupo espanhol Righeira em 1983) e Vexame (da cantora e atriz Marisa Orth).

Marcelo se une a Duca Belintani (guitarra e produção musical), Lu Stopa (baixo) e Trinkão (bateria). A faixa faz parte de um EP que a nova encarnação do Magazine promete lançar futuramente.

Vale lembrar que este é o segundo lançamento creditado à banda que não inclui Kid Vinil. O primeiro ocorreu em 1987, quando o saudoso roqueiro saiu do time e foi substituído por Pedrinho, um single lançado pela gravadora Continental com as faixas Pegue Seu Nariz e Nellie O Elefante (versão de Nellie The Elephant, do grupo Toy Dolls). E Duca Belintani é o autor (em parceria com Ricardo Gozzi) da biografia de Kid Vinil, Kid Vinil Um Herói do Brasil (2015).

Bafo de Jiboia- Magazine:

O Kid Vinil, gentleman que se tornou um herói real do Brasil

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Por Fabian Chacur

O roqueiro pode ser um bom rapaz? Se a figura em questão for um certo Antônio Carlos Senefonte, a resposta é um retumbante sim. Mesmo abraçando o nosso velho e bom rock and roll de corpo, alma, voz e ouvidos, ele sempre teve como marca o fato de ser um gentleman. Kid Vinil, esse cara que infelizmente nos deixou nesta sexta-feira (19) em São Paulo, aos 62 anos, após lutar com bravura para vencer as sequelas de uma parada cardíaca sofrida em 18 de abril em Conselheiro Lafaiete (MG).

Em um país que atualmente se choca diariamente com a desfaçatez com que políticos, empresários e outros seres humanos chafurdam na lama de forma asquerosa para manterem suas negociatas escusas, Kid sempre foi um verdadeiro herói do Brasil, como dizia a letra da música gravada por ele no primeiro álbum do Magazine, autointitulado e lançado em 1983 e um clássico do rock brasileiro.

Oriundo do interior de São Paulo em 10 de março de 1955, Kid não nasceu em berço de ouro, e batalhou muito para chegar onde chegou. Ele trabalhou na gravadora Continental com o brilhante Vitor Martins, aquele mesmo, eterno parceiro de Ivan Lins em grandes clássicos da MPB, e no fim dos anos 1970 já estava trabalhando em rádio e dando seus primeiros passos como cantor de rock.

Kid ajudou como poucos na divulgação, em nosso país, do que de mais relevante ocorria no rock internacional a partir do punk rock. Como radialista, DJ, crítico musical e atuando em gravadoras, educou incontáveis fãs com seu vasto conhecimento musical, sempre aberto e disposto a desencavar tanto raridades como novidades. Com um leve ar professoral, mas descontraído e desinibido.

Na seara musical, começou a ficar conhecido com a banda punk Verminose, que se transformaria em new wave ao mudar o nome para Magazine. Sou Boy foi um dos primeiros grandes sucessos do rock brasileiro geração anos 80, seguido por outros hits como Tique-Tique Nervoso, Comeu, Adivinhão, Glub Glub No Clube e Kid Vinil (aquela que gerou a alcunha “O Herói do Brasil” que tanto o marcou).

A partir daí, a vida musical de Mr.Senefonte geraria a banda Kid Vinil e os Heróis do Brasil, na qual se destacava o guitarrista André Christovan e que lançou um único (e ótimo) autointitulado álbum em 1986, um álbum-solo (Kid Vinil) em 1989, um CD do Verminose em 1995 (Xu-Pa-Ki), o álbum com uma nova encarnação do Magazine em 2002 (Na Honestidade) e um DVD retrospectivo em 2013 (Vinil ao Vivo, leia a resenha de Mondo Pop aqui).

Kid ainda gravou um CD de releituras de clássicos conhecidos e/ou obscuros de rock em 2010 com o Kid Vinil Xperience (Time Was, em 2010), e um single em vinil em 2014 (leia a resenha aqui). Ele também lançou o Almanaque do Rock em 2009, e a biografia, Um Herói do Brasil, escrita por Ricardo Gozzi e Duca Belintani.

Além de atuar como DJ e de eventuais shows com o Magazine, Kid também participava de shows celebrando os anos 80 ao lado de amigos e contemporâneos daqueles tempos, como Kiko Zambianchi e Ritchie. E infelizmente foi após sua participação em um desses shows que ele sofreu o ataque cardíaco responsável por seu fim prematuro.

Kid Vinil vai fazer muita falta para seus incontáveis fãs, amigos e admiradores, que frequentemente eram as três coisas juntas, pois poucos nomes importantes se faziam tão acessíveis e gentis como ele. O lindo dogão Kosmo ficou sem seu pai, que tristeza!

Magazine- Magazine (1983- em streaming):

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