Mondo Pop

O pop de ontem, hoje, e amanhã...

Category: Grandes nomes esquecidos (page 3 of 17)

Wayne Shorter, 89 anos, músico de jazz aberto a outros estilos

wayne-shorter-2-400x

Por Fabian Chacur

Sim, o nome de Wayne Shorter sempre será ligado ao jazz. O saxofonista, que nos deixou nesta quinta-feira (2) aos 89 anos de causas não reveladas, surgiu nessa cena e marcou época como integrante da banda de Miles Davis nos anos 1960 e também como um dos líderes da célebre banda de fusion Weather Report nos anos 1970 e 1980. Ele, no entanto, nunca se prendeu a um único estilo musical, e levou a liberdade criativa do jazz para outras praias sonoras.

Nascido em 25 de agosto de 1933, o músico americano começou a se tornar conhecido no meio da música como integrante do Art Blakey’s Jazz Messengers, Entre 1964 e 1970, fez parte de uma das bandas de apoio mais relembradas da carreira do genial Miles Davis, que também incluía Herbie Hancock (teclados), Ron Carter (baixo) e Tony Williams (bateria).

Nos anos 1970, criou o Weather Report, que além dele abrigou durante os seus 15 anos de atividade músicos do porte de Joe Zawinul (teclados), Jaco Pastorius (baixo) e o percussionista brasileiro Airto Moreira, entre outros. E foi a partir dessa época que ele começou a se abrir para trocar experiências com músicos de outros gêneros musicais.

Com Milton Nascimento, por exemplo, ele iniciou em 1975 uma parceria que rendeu inicialmente um álbum que se tornou antológico, Native Dancer (1975). Eles se tornaram grandes amigos e fizeram várias colaborações posteriores, sempre repletas de emoção.

Entre elas, destaca-se o maravilhoso álbum A Barca dos Amantes (1986), gravada ao vivo em São Paulo no extinto Projeto SP ainda em sua primeira versão, na rua Caio Prado e com o formato de um circo. Shorter participa das faixas Tarde, Nós Dois, Pensamento e Maria Maria. Foi o primeiro show realizado por eles em dupla, em abril de 1986.

Shorter marcou presença em 10 álbuns da cantora e compositora canadense Joni Michell entre 1977 e 2002, entre os quais se destacam Mingus (1979), Dog Eat Dog (1985) e Turbulent Indigo (1994).

O belíssimo solo de End Of The Innocence, composição de Don Henley e Bruce Hornsby gravada pelo cantor dos Eagles em 1989 em seu álbum solo de mesmo nome, é dele. Outro solo marcante de Shorter está na faixa-título do álbum Aja (1977), do Steely Dan.

O músico também trabalhou com outros artistas de vários estilos e gerações, entre os quais o nosso Toninho Horta, Speranza Spalding, Pino Danielle, Michael Landau, Carlos Santana e até mesmo os Rolling Stones, estes últimos no álbum Bridges To Babylon (1997).

Milton Nascimento postou uma belíssima mensagem de despedida para Wayne Shorter, que ele visitou em 2022 quando sua turnê A Última Sessão de Música passou pelos EUA.

Tarde (ao vivo)- Milton Nascimento & Wayne Shorter:

George Harrison, 80 anos, o beatle quieto, místico e genial

george_harrison-400x

Por Fabian Chacur

Pode uma música mudar o destino de uma pessoa? Para ser mais específico: pode uma canção de outro autor dar a um músico a passagem rumo ao estrelato? A resposta é sim, e existem inúmeros exemplos. No caso de George Harrison, que se estivesse entre nós completaria 80 anos neste sábado (25), a resposta é Raunchy. Foi graças a esse tema instrumental lançado pelo guitarrista norte-americano Bill Justis em 1957 que o aniversariante de hoje entrou em uma então obscura banda de Liverpool.

A história é essa. Em março de 1958, o grupo The Quarrymen, que tinha como líder John Lennon e há pouco havia incluído também Paul McCartney, buscava um guitarrista-solo. McCartney sugeriu seu colega de escola George Harrison, e disse a Lennon que o amiguinho tocava Raunchy, uma das favoritas do chefão da banda, nota por nota, de forma perfeita.

Lennon pagou pra ver, e ficou besta ao ver aquele molequinho de 15 anos executando essa música com perfeição. Segundos após encerrar sua performance, Harrison foi admitido nos Quarrymen, que em 1960 se tornariam The Beatles. O grupo nunca a gravou oficialmente, e quando preparavam o documentário Anthology (1995), Paul, George e Ringo Starr a tocaram (ouça e veja aqui, e a versão de Bill Justis aqui).

Esse primeiro momento de Harrison no Quarrymen daria pistas do que seria a sua carreira como músico. Ele admitiu em inúmeras entrevistas durante os seus 58 anos de vida que não se considerava um virtuose, e que precisava se dedicar bastante para conseguir conceber seus solos, harmonias e canções. O resultado, no entanto, o colocou muito acima de inúmeros guitarristas com aparentemente mais fluência no instrumento do que ele. Que, obviamente, também tinha muito talento.

Essa perseverança do cantor, compositor e músico britânico pode ser percebida na sua trajetória nos Beatles. Basta comparar, por exemplo, Don’t Bother Me (ouça aqui), primeira composição dele gravada pelos Beatles (no álbum With The Beatles, de 1963), com Something (ouça aqui), lançada em 1969 no álbum Abbey Road. Que evolução absurda!

George desenvolveu um jeitão de solar sempre com muita categoria e simplicidade, criando um estilo facilmente identificável e que continua sendo emulado até hoje. Sempre sem jogar notas fora, apostando no bom gosto e, com o tempo, trazendo como marca registrada um estilo de slide guitar que pode ser considerado um dos mais copiados de todos os tempos (Lulu Santos foi um desses seguidores).

Se progrediu muito como músico e compositor, Harrison também aprendeu a usar a sua voz doce e encantadora com o decorrer dos anos. De uma espécie de “irmão mais novo” de Lennon e McCartney, ele logo precisava de mais espaço para suas composições, e isso é uma das explicações mais lógicas para o fim dos Beatles. Duas músicas por álbum era muito pouco pra ele.

Ele já havia lançado dois álbuns solo enquanto ainda beatle, os muito interessantes Wonderwall (1968) e Electronic Sounds (1969). Com a separação da banda, deu vasão à sua imensa produção represada com o antológico All Things Must Pass (1970- ouça aqui), repleto de grandes canções e mostrando a força dele enquanto artista solo.

Harrison mergulhou na cultura oriental a partir de 1965, incentivado pelo amigo David Crosby, e sua performance na cítara em Norwegian Wood (This Bird Has Flown) (ouça aqui), de 1965, de John Lennon e faixa de Rubber Soul (1965), dava pistas do que viria.

A performance de George Harrison como artista solo foi das melhores. Sua produção foi relativamente pequena, especialmente a partir de 1982, mas nos proporcionou maravilhas como All Things Must Pass e também Living In The Material World (1973, o meu favorito, ouça aqui), o swingado 33 1/3 (1976- ouça aqui) e o ótimo George Harrison (1979- ouça aqui).

E vale lembrar também do supergrupo Travelling Wylburys, que ele formou com os amigos Bob Dylan, Roy Orbison, Tom Petty e Jeff Lynne, que gerou dois belíssimos álbuns, lançados em 1988 e 1990.

Embora tenha toda uma aura de paz em torno dele, George Harrison foi um ser humano como todos nós, com prós e contra, e o documentário Living In The Material World, de Martin Scorsese (leia a resenha aqui) mostra de forma aberta as suas contradições.

No entanto, o que ficou, e que ficará para todo o sempre, é a maravilhosa herança musical deste artista genial, que se considerava não muito mais do que um operário da música, mas que, no entanto, construiu uma obra simplesmente essencial para quem ama a boa música. Ele certamente está na sua Crackerbox Palace, e um dia todos nos encontraremos lá, onde o amor é verdadeiro. Até lá! E viva Raunchy!

Crackerbox Palace (clipe)- George Harrison:

Burt Bacharach, 94 anos, o dia em que a boa música morreu

burt bacharach 400x

Por Fabian Chacur

Em 3 de fevereiro de 1959, Ritchie Vallens, Buddy Holly e The Big Bopper se foram, vítimas de um acidente aéreo, e esse dia foi apelidado de “o dia em que a música morreu”. Essa frase me veio à mente logo ao receber a notícia de que em 8 de fevereiro deste 2023 nos deixou o compositor, arranjador, produtor, maestro, cantor e músico estadunidense Burt Bacharach. Sua morte foi anunciada nesta quinta (9), e ocorreu por causas naturais. Um duro golpe para os amantes da boa música.

Ter essa informação doeu ainda mais pelo fato de que Bacharach permanecia na ativa, tendo lançado em 2020 o EP Blue Umbrella em parceria com o compositor e multi-instrumentista Daniel Tashian e no fim do ano passado ver sua parceria com o cantor e compositor Richard Marx lançada em um álbum daquele (leia mais sobre isso aqui).

Nascido em 12 de maio de 1928 em Kansas, nos EUA, Burt Bacharach iniciou sua carreira nos anos 50, e encontrou sua cara metade em termos artísticos ao conhecer o saudoso letrista Hal David, morto em setembro de 2012 (leia mais sobre ele aqui).

Juntos, Bacharach e David compuseram inúmeros sucessos do mais alto quilate, entre os quais Anyone Who Had a Heart (ouça aqui), Mexican Divorce, (They Long To Be) Close To You (ouça aqui), Walk On By (ouça aqui), Raindrops Keep Falling On My Head (ouça aqui), Reach Out For Me (ouça aqui), Baby It’s You (ouça aqui) e I Saw a Little Prayer (ouça aqui), só para citar alguns, gravados por grandes nomes da música.

Entre muitos outros, gravaram músicas de Burt Bacharach artistas como Beatles, Dionne Warwick (provavelmente sua maior intérprete), B.J. Thomas, Dusty Springfield, Carpenters e Christopher Cross. Ele também gravou diversos álbuns com a sua própria orquestra, com sublimes versões autorais de seu repertório, algumas instrumentais, outras com vocais.

Com melodias insinuantes, arranjos sempre classudos e as letras muito inspiradas e originais, a dupla Bacharach/David entrou para os anais da música pop graças às suas criações dos anos 1960 e 1970. Nos anos 1980, Bacharach se manteve nas paradas de sucesso compondo com outros autores canções marcantes como Arthur’s Theme ( Best That You Can Do) (ouça aqui) e On My Own (ouça aqui).

Bacharach voltou às paradas de sucesso nos anos 90 ao gravar o álbum Painted From Memory (1998) em parceria com o roqueiro britânico Elvis Costelo, álbum que inclui uma de suas mais inspiradas canções, God Give Me Strenght (ouça aqui). Burt lançou em 2013 sua autobiografia, Anyone Who Had a Heart, lançada pela editora Harper-Collins.

O grande músico esteve várias vezes no Brasil, sendo que a primeira foi no final dos anos 1950, quando era o band leader da cantora e atriz Marlene Dietrich, visita que gerou o álbum ao vivo Dietrich In Rio (1959). Ele participou do trabalho de diversos artistas e gravou álbuns colaborativos, entre os quais o sublime Isley Meets Bacharach- Here I Am (2003), com Ronald Isley, cantor dos Isley Brothers.

Em sua brilhante carreira, Burt Bacharach provou que, sim, é possível fazer música popular e vender milhões de discos em todo o planeta fazendo um trabalho altamente sofisticado e com qualidade artística absurda. Logo, não é exagerado dizer que a música morreu um pouco neste triste dia de fevereiro. Nossa sorte é poder nos consolar com seu imenso legado artista.

*obs.: essa matéria é dedicada ao saudoso jornalista, radialista e crítico musical Toninho Spessoto (1958-2010), o maior fã e especialista em Burt Bacharach que conheci na minha vida e que teve a honra de entrevistá-lo! Além de tudo, um grande amigo que faz uma falta danada, vale ressaltar.

Mexican Divorce– Burt Bacharach:

John Davis, 75 anos, autor de hits disco e de seriados de TV

john davis-400x

Por Fabian Chacur

Dos estúdios da Filadélfia para as pistas de dança e depois para as telas de TV. Esse é um resumo da trajetória de John Davis, também conhecido como John E. Davis, produtor, compositor, músico e líder da John Davis & The Monster Orchestra. Ele infelizmente nos deixou no última dia 27 de janeiro aos 75 anos de idades, de causas não divulgadas. Sua trajetória musical é das mais interessantes, e com direito a alguns hits bem bacanas entre as décadas de 1970 e 1990.

John Edward Davis Jr. nasceu em 31 de agosto de 1947 e começou a se envolver com a música em seus tempos de escola e também quando cumpria o serviço militar. Entre o final dos anos 1960 e a metade da década de 1970, ele prestou serviços na cidade da Filadélfia para a Philadelphia International Records (PIR), gravadora que tornou famosos nomes como Harold Melvin & The Blue Notes, The O’Jays e inúmeros outros.

Sua participação de maior sucesso neste período foi a produção de Be Thankfull For What You’ve Got, que em 1974 chegou ao 1º lugar da parada de r&b e ao 4º lugar da parada pop na voz de Willian DeVaughn (ouça aqui). O single vendeu mais de um milhão de cópias e lhe rendeu um disco de ouro, que ele por sinal exibe na foto que ilustra este post.

Além de Vaughn, ele trabalho nessa época com The Intruders, Ricky Nelson, Bootsy Collins, Silver Convention e Donna Summers, entre outros.

Em 1976, Davis resolve mergulhar no universo da disco music com um trabalho próprio, e assim surge a John Davis & The Monster Orchestra. Seu primeiro álbum, Night And Day (1976), mescla standards da música como Night and Day (ouça aqui) a composições próprias.

A faixa autoral I Can’t Stop (ouça aqui) fez muito sucesso nas pistas de dança e também foi sampleada em gravações de Run-DMC, Missy Elliott, Brothers Black e Jungle Brothers, só para citar alguns.

Up Jumped The Devil (1977) manteve Davis e sua orquestra nos charts dançantes, graças especialmente à faixa-título (ouça aqui) e The Magic is You (ouça aqui ), esta última uma faixa épica com quase 14 minutos de duração.

O grupo chegou ao seu auge em 1978 com o álbum Ain’t That Enough For You. A espetacular faixa-título é uma das mais emblemáticas da disco music (ouça aqui). Temos também A Bite of the Apple (ouça aqui), hit na badalada Studio 54, e uma releitura de Kojak Theme (ouça aqui).

Lançado no fim de 1979, quando a disco music começava a sofrer com forte perseguição por parte dos conservadores e roqueiros radicais, o álbum The Monster Strikes Back não foi tão bem das pernas, embora seja bem legal, incluindo maravilhas como Love Magic (ouça aqui) e Bourgie Bourgie (ouça aqui), esta última cover da composição de Ashford & Simpson que também foi gravada pelo casal e por Gladys Knight & The Pips.

O grupo lançaria apenas mais um trabalho, e no formato maxi-single, com a música Hangin’ Out (ouça aqui), em 1981, curiosamente creditada apenas a The Monster Orchestra. E essa linda orquestra disco sairia de cena a partir daqui.

Além de John Davis nos arranjos, composições, teclados, sax, flauta e vocais, o grupo incluiu em seus álbuns músicos como Charles Collins e Jimmy Young (bateria), Vince Fay e Sugar Bear Foreman (baixo), Craig Snyder, Bobbi Eli e Roland Chamber (guitarra), Don Renaldo (arranjos de cordas e metais) e CArolyn Mitchell, Barbara Ingram, Barbra Benson e Carla Benson (vocais).

Com o fim da era disco, John Davis conseguiu abrigo nas redes de TV americanas, nas quais produziu e compôs canções de abertura para seriados como Dinastia, The Colbys, MacGyver e Missão Impossível (a versão dos anos 1980), entre outras. A mais popular de todas foi a abertura de Barrados no Baile (Beverly Hills 90210), hit mundial em 1992.

Beverly Hills 90210- Tema de Abertura– John Davis:

Barrett Strong, 81 anos, um dos grandes autores da Motown

barret strong-400x

Por Fabian Chacur

Muita gente conheceu o excelente rockão/r&b Money (That’s What I Want) na bela releitura feita pelos Beatles em seu álbum With The Beatles (1963). A gravação original desta música é histórica, pois foi o primeiro grande hit da então iniciante gravadora Motown, e atingiu o 23º posto na parada pop e o 2º na de r&B. Seu intérprete, Barrett Strong, foi muito além de um one hit wonder. Na verdade, foi um verdadeiro multiple hits wonder. Eles nos deixou neste domingo (29), aos 81 anos.

Nascido em 5 de fevereiro de 1941, Barrett Strong se tornou conhecido inicialmente como cantor, e gravou vários discos, embora nenhum com o mesmo impacto de seu sucesso inicial. No entanto, ele se tornou um dos grandes nomes da história da música pop ao deixar em segundo plano os holofotes de intérprete para se tornar um compositor em tempo integral.

E ele não poderia ter encontrado um parceiro melhor para a tarefa: o produtor Norman Whitfield (1940-2008), com quem estabeleceu uma verdadeira avalanche de clássicos da música pop. Para os The Temptations, por exemplo, são da dupla canções espetaculares como Cloud Nine, Ball Of Confusion, Papa Was a Rolling Stone, Just My Imagination (Running Away With Me), I Wish It Would Rain e I Can’t Get Next To You, entre muitas outras.

I Heard It Through The Grapevine fez sucesso com Gladys Knight & The Pips, Marvin Gaye e Creedence Clearwater Revival, só para citar três gravações matadoras desse clássico. War virou clássico na poderosa voz de Edwin Starr, enquanto Smiling Faces Sometimes se tornou o maior hit do excelente trio vocal The Indisputed Truth. E tem muito mais. Pode procurar!

Lá pelos idos de 1973, no entanto, ele usou a mudança da Motown de Detroit para Los Angeles como deixa para sair fora da gravadora e também encerrar a parceria com Norman Whitfield. A partir daí, ele retomou a carreira como cantor, lançando alguns singles e álbuns sem muito destaque, e foi incluído no Songwriters Hall of Fame em 2004.

Money (That’s What I Want)– Barrett Strong:

Tom Verlaine, 73 anos, líder da seminal banda rocker Television

Tom_Verlaine_2014-400x

Por Fabian Chacur

Existem bandas que vendem milhões de discos e arrebatam multidões no mundo todo, e várias delas são realmente maravilhosas. Temos também outras que, embora não consigam resultados comerciais dos melhores, tornam-se seminais e muito influentes. Os americanos do Television se encaixam feito luva na segunda descrição. Seu líder, o cantor, compositor e guitarrista Tom Verlaine, nos deixou neste sábado (28) aos 73 anos, deixando um legado importante e dos mais consistentes na história do rock.

Thomas Miller (seu nome de batismo) nasceu em 13 de dezembro de 1949, e inicialmente gostava mais de outras sonoridades, especialmente o jazz. Ele passou a curtir rock ao ouvir os Rolling Stones, mas o jazz sempre esteve por perto, especialmente no quesito improvisações, algo que ele usaria sempre.

Ao lado do amigo, o baixista Richard Hell, e do baterista Billy Ficca, ele criou a banda Neon Boys. que se desfez em 1973. Pouco tempo depois, no entanto, voltou, com o acréscimo do guitarrista Richard Lloyd e um novo nome, Television. O primeiro single veio em 1975, quando Richard Hell já havia sido demitido do time e substituído por Fred Smith. Little Johnny Jewel (Parts 1 & 2) (ouça aqui), que impressionava pela sua originalidade.

Sediada em Nova York, a Television fez sua fama tocando em clube como o CBGB, o mesmo que revelou nomes seminais do rock como The Ramones, Talking Heads e Blondie, entre outros. O seu som trazia alguns elementos do punk, entre eles a garra e a urgência, mas com uma qualidade de execução muito acima da média, e com ecos de bandas como o Velvet Underground.

Outro elemento importante que atraiu as atenções para a banda era a qualidade das letras do seu líder, que pinçou o seu nome artístico do poeta simbolista francês Paul Verlaine (1844-1896). Após testes em gravadoras como a Arista (indicados por Patti Smith, que namorou e depois se tornou grande amiga de Verlaine) e Atlantic, assinaram com o selo Elektra.

O álbum de estreia, Marquee Moon, saiu em fevereiro de 1977, e encantou especialmente o público britânico. Nick Kent, crítico badaladíssimo na época, escreveu uma resenha altamente elogiosa de duas páginas e com direito à capa do jornal onde escrevia, o New Musical Express. Resultado: passou batido nas paradas americanas, mas chegou ao 28º posto no Reino Unido.

Marquee Moon é considerado um dos melhores álbuns de estreia da história do rock, além de ser citado como influência por músicos de bandas como U2, Echo & The Bunnymen, R.E.M. e inúmeras outras. Entre suas faixas, vale destacar as incríveis See No Evil (ouça aqui), Friction (ouça aqui) e a intrincada e envolvente faixa-título (ouça aqui).

O álbum foi coproduzido por Verlaine com Andy Johns, conhecido por seus trabalhos com Led Zeppelin e Rolling Stones, e gravado num período de pouco mais de uma semana. Johns inicialmente queria impor a eles a sonoridade de bateria de John Bonham, do Led, mas logo a banda o fez entender que aquilo não era o ideal para eles, e o resultado foi um som mais cru e centrado nas guitarras.

Em abril de 1978, saiu Adventure, o 2º álbum do quarteto, e a sonoridade um pouco mais polida levou alguns apressados a considerarem esse trabalho inferior ao anterior. No entanto, há quem o considere até melhor, entre os quais eu me incluo. Aliás, conheci essa banda com este álbum, que ouvi pela 1ª vez em 1987, pinçando-o do acervo da editora Imprima, onde trabalhei.

Considero Adventure uma verdadeira obra-prima, que concilia rocks e canções mais lentas e outras experimentais com muita precisão. Destaques ficam para o sensacional rock compassado a la Velvet Underground Glory (ouça aqui), a linda canção Days (ouça aqui) e as pesadas Foxhole (ouça aqui) e Ain’t That Nothin’ (ouça aqui).

Repleto de ótimas canções abrilhantadas pelas guitarras entrelaçadas de Verlaine e Lloyd e pela cozinha rítmica sólida e segura de Ficca e Smith, o álbum novamente não deu à banda um bom resultado comercial em seu país natal, mas arrebentou no Reino Unido, conseguindo um excelente nº 7 por lá. Naquele momento, eles já haviam feito shows na Inglaterra, além de abrir apresentações de Peter Gabriel.

No entanto, desentendimentos entre os integrantes da banda levaram a uma separação precoce em julho de 1978. O grupo voltaria à ativa em 1992, quando lançaria seu 3º e último álbum de estúdio, com o título Television e lançado pela Capitol Records. A faixa Call Mr. Lee teve clipe exibido na MTV, mas o álbum, embora ótimo e muito elogiado, não vendeu bem.

O Television também teve ao menos três discos ao vivo lançados. Um deles, The Blow-Up, registro de um show captado em 1978, saiu inicialmente em 1982 no formato fita cassete, chegando ao formato CD posteriormente, sendo que chegou ao Brasil em 2001 pela gravadora Trama como CD duplo.

A partir daí, a banda se reuniu em algumas ocasiões para shows, incluindo a apresentação no festival All Tomorrow’s Parties na Inglaterra, em 2001, e no Tim Festival, no Brasil, em 2005.

Richard Lloyd saiu de vez da banda em 2007, substituído por Jimmy Ripp, que tocou com Mick Jagger, Jerry Lee Lewis e outros. E foi com ele que o Television se apresentou em São Paulo em 7 de julho de 2011.

Além do trabalho com o grupo, Tom Verlaine lançou por volta de 10 álbuns solo, além de participar de gravações e shows de vários outros artistas, entre as quais a antiga namorada Patti Smith.

Ele, aliás, também participou em 2005 em Londres do show celebrando os então 30 anos do lançamento do álbum de estreia da cantora e compositora americana, Horses (1975), gravação lançada na edição comemorativa em CD duplo que trazia versão remasterizada do álbum e a versão ao vivo.

Call Mr. Lee (clipe)- Television:

Eumir Deodato, muito mais do que o avô de Hailey Bieber

arnaldo de souteiro e eumir deodato-400x

Por Fabian Chacur

Aos 26 anos de idade, a modelo e influencer americana Hailey Bieber é casada com o astro pop canadense Justin Bieber. Seus inúmeros fãs mundo afora sabem que ela é neta de um músico brasileiro, um tal de Eumir Deodato. E dá vergonha alheia quando sabemos que muitos não tem nem ideia de quem ele seja, isso em plena era da informação instantânea. Portanto, nada melhor do que iniciativas como a do Sesc de promover um curso sobre a obra desse verdadeiro mestre da música.

O curso será realizado no próximo dia 28 (sábado) das 13 às 17h no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo (rua Doutor Plínio Barreto, nº 285- 4º andar- Bela Vista), e é gratuito (saiba como se inscrever aqui). O mestre será o produtor musical carioca Arnaldo De Souteiro, que não está na foto que ilustra esse post ao lado direito de Deodato por acaso.

Caso você seja um desses que não tem ideia de quem seja o personagem em questão, vamos a um pequeno resumo. Nascido no Rio de Janeiro em 22 de junho de 1942, Eumir Deodato iniciou sua carreira como tecladista e arranjador ainda muito novo, nos anos 1960. Logo, envolveu-se com a nata da bossa nova, e em pouco tempo se mudou para os EUA.

Seus trabalhos ao lado de nomes do porte de Tom Jobim e Frank Sinatra lhe abriram portas para uma carreira-solo que tem como marca a releitura funkeada de Also Sprach Zarathustra, de Richard Strauss, que invadiu as paradas de sucesso de todo o mundo em 1973.

Um de seus momentos seminais ocorreu entre 1979 e 1982, quando, como produtor, compositor e músico, ajudou a banda funk americana Kool & The Gang a atingir os primeiros postos das paradas de sucesso do planeta com músicas incríveis como Ladies Night, Too Hot, Celebration, Get Down On It e Steppin’ Out, só para citar algumas delas.

Nos anos 1990, trabalhou com a cantora islandesa Bjork, em trabalhos bastante elogiados pela crítica e público. Vale registrar que Deodato, que tem mais de 15 álbuns em sua rica discografia, foi eleito um dos 10 melhores arranjadores do mundo pela revista americana Downbeat, considerada a bíblia do jazz, e ao lado de nomes como Gil Evans, Duke Ellington, Quincy Jones e Frank Zappa.

Para dar conta de realizar um curso sobre uma obra tão rica, ninguém mais bem preparado do que o produtor musical, jornalista e roteirista carioca Arnaldo De Souteiro, que nas últimas quatro décadas esteve ao lado de Eumir Deodato em shows, gravações, compilações e especiais de TV, além de ter produzido as reedições digitais de seus principais álbuns.

De Souteiro é membro votante do Grammy, o Oscar da música, e prestou serviços para várias gravadoras, para as TVs Globo e Manchete e para artistas estelares como João Gilberto, Tom Jobim, Marcos Valle, Azymuth, Dave Brubeck, Ithamara Koorax e Ron Carter.

Also Sprach Zarathustra– Eumir Deodato:

David Crosby, 81 anos, um dos grandes gênios do rock and roll

david crosby-400x

Por Fabian Chacur

Pelo menos desde os anos 1980 David Crosby se deparou com diversos problemas de saúde, alguns bem sérios. Ele, no entanto, não só lutou bravamente contra eles, como também se manteve ativo, fazendo shows e lançando novos trabalhos como artista solo e com grupos como CPR e Crosby, Stills & Nash (com ou sem Young). Este guerreiro se manteve ativo até o final. Que, infelizmente, chegou nesta quinta-feira (19), notícia confirmada pela sua esposa em comunicado nas redes sociais. Ele nos deixa com 81 anos.

Um de meus grandes ídolos, David Crosby foi alvo de diversas matérias de Mondo Pop (vasculhe nossos arquivo aqui ). Seu mais recente álbum, For Free, saiu em 2021. Leia a seguir um dos textos que fiz em homenagem a ele, flores que ofereci a esse gênio do rock ainda em vida, graças a Deus.

A carreira de David Van Cortland Crosby, nascido em 14 de agosto de 1941, equivale a uma inacreditável viagem, repleta de surpresas. Ele passou seus anos de formação nos Byrds, banda na qual ele era um coadjuvante de luxo para o líder Roger McGuinn (vocal, composições e guitarra) e também para Gene Clark (vocal). Com o tempo, percebeu que não conseguiria ter no grupo o espaço suficiente para dar vasão a seu talento, e no processo acabou sendo expulso do time, no final de 1967.

A partir daí, ele abriu as portas da sua carreira para novas experiências. Conheceu Stephen Stills (ex-Buffalo Springfield) e Graham Nash (ex-The Hollies) e criou o Crosby, Stills & Nash, grupo seminal para a história do rock no qual as individualidades eram respeitadas, e que volta e meia virava Crosby, Stills, Nash & Young com a eventual participação de Neil Young (também ex-Buffalo Springfield).

Paralelamente ao CSN/CNSY e a trabalhos em dupla com Graham Nash, Crosby também desenvolveu uma carreira solo que iniciou de forma brilhante, com If I Could Only Remember My Name (1971). Teríamos de esperar 18 longos anos para poder ouvir um segundo trabalho solo do artista, com o irônico título Oh Yes I Can (1989). “Se eu ao menos pudesse me lembrar do meu nome”, dizia o título da estreia solo. “Oh, sim, eu posso”, afirma sem sombra de dúvidas o segundo.

Nos anos 1990, foram três trabalhos solo, um de estúdio com composições alheias e duas de sua autoria, o belíssimo Thousand Roads (1991) e dois ao vivo, It’s All Coming Back To Me Now (1994) e King Biscuit Flower Hour (1996). Aí, surge o trio CPR com Raymond e Jeff Pevar, que lançou quatro álbuns (dois de estúdio e dois ao vivo) entre 1998 e 2001) com uma bela mistura de rock, jazz, folk e country.

Filho do premiado cineasta Floyd Crosby (1899-1985), David Crosby tem como marcas um forte lado intelectual, além de ouvinte atento de jazz, preferência audível nos acordes de violão que usa em suas composições. De temperamento difícil e rebelde, ele teve de superar problemas como prisão por consumo de drogas na metade dos anos 1980, um transplante de fígado nos anos 1990 e um problema cardíaco em 2014, percalços que venceu tal qual um highlander do rock.

Em 2014, após alguns anos se dedicando a trabalhos com o Crosby, Stills & Nash, Crosby volta à carreira solo com o excelente Croz. Ele lançaria mais quatro álbuns de estúdio, além de alguns ao vivo e um documentário sobre sua brilhante carreira, David Crosby: Remember My Name (2019), dirigido pelo consagrado Cameron Crowe.

David Crosby se apresentou ao vivo no Brasil em maio de 2012 como integrante do Crosby, Stills & Nash, e eu tive a honra de ver um desses shows, no hoje extinto Via Funchal, em São Paulo. Um dos melhores que já vi na minha vida, no qual ele teve uma performance simplesmente impecável. Leia mais sobre esse memorável show aqui.

Laughing– David Crosby:

Pat Benatar, os 70 anos de uma das melhores cantora de rock

pat benatar 1-400x

Por Fabian Chacur

Na última terça-feira (10), Pat Benatar completou 70 anos de idade. A cantora e compositora estadunidense merece ser parabenizada, pois é uma das mais bem-sucedidas intérpretes do rock, especialmente em seus anos de ouro, entre 1979 e 1988. Ela, que foi incluída no Rock and Roll Hall Of Fame em 2022, continua na ativa, fazendo turnês e shows acompanhada por uma banda que inclui o guitarrista Neil Giraldo, com quem ela está casada há 40 anos.

Patricia Mae Andrzejewski nasceu no Brooklin, Nova York, em 10 de janeiro de 1953. Ela iniciou a sua ligação com a música estudando canto lírico. Aos 19 anos, casou com o seu namoradinho de colégio, o militar Dennis Benatar, com quem se casou em 1972. A seguir, ela começou a atuar em musicais como The Zinger (1975) e também cantando em boates nova iorquinas.

Em 1978, foi contratada pela gravadora Chrysalis, e em 1979 lançou o álbum In The Heat Of The Night. Impulsionado pelo single Heartbreaker (ouça aqui), que atingiu o nº 23 nas paradas, este LP conseguiu chegar ao posto de nº 12 entre os álbuns mais vendidos nos EUA

Nesse momento, Pat já havia se separado de Dennis, mas manteve o sobrenome do ex-marido. Neil Giraldo comandava sua afiadíssima banda desde esse momento inicial. Com uma voz potente, ela nos oferecia um rock and roll básico, melódico e temperado com elementos do hard rock.

É nesse clima positivo que chega às lojas em 1980 o álbum Crimes Of Passion, que se incumbiu de tornar Pat Benatar uma estrela do rock e permaneceu por cinco semanas no 2º posto na parada americana, impedido de liderar pelo estouro de Double Fantasy, de John Lennon e Yoko Ono.

O álbum trouxe como pontos altos o contagiante rockão Hit Me With Your Best Shot (ouça aqui), que atingiu o nº 9 lugar entre os singles, e a ótima e sombria Hell Is For Children (ouça aqui). Outro ponto alto do LP é a releitura de Wuthering Heights (ouça aqui), primeiro sucesso da carreira de sua compositora, a britânica Kate Bush.

Graças a seus shows energéticos e também aproveitando o sucesso na MTV (seu clipe You Better Run– veja aqui– foi o 2º a ser exibido na estreia da emissora musical em agosto de 1981), o clima em torno de seu próximo lançamento era enorme. E foi devidamente correspondido.

Precious Time (1981), gravado a toque de caixa entre um show e outro, levou a carismática roqueira ao 1º lugar na parada americana. O trabalho traz como destaques o ótimo single Fire and Ice (ouça aqui), rockão que atingiu o 17º lugar entre os singles americanos, e uma releitura vibrante de Helter Skelter, dos Beatles (ouça aqui).

Manter-se no topo das paradas, após conquistar tal façanha, não é tarefa das mais fáceis, e Pat fez o que pode nos anos seguintes. Em 1982, lançou Get Nervous, que chegou ao 4º lugar em seu país natal e emplacou como principal hit Shadows Of The Night (ouça aqui), uma power ballad que emplacou a 13ª posição entre os singles ianques.

Como forma de registrar o impacto de suas performances nos palcos, Pat Benatar veio em 1983 com Live From Earth, álbum gravado ao vivo que atingiu o 13º posto nos EUA, boa performance para um álbum desse tipo. Como atrativo adicional, o LP trouxe duas faixas gravadas em estúdio, Lipstick Eyes e Love is a Battlefield.

Com uma sonoridade mais pop, mas ainda com raízes roqueiras, Love is a Battlefield invadiu com força a parada de singles dos EUA, atingindo o 5º posto. Graças a este álbum, Benatar conseguiu uma proeza: ganhou pelo 4º ano consecutivo o troféu Grammy, o Oscar da música, na categoria melhor performance feminina de rock.

Em uma época no qual os grandes nomes costumavam lançar novos trabalhos anualmente, a cantora não destoava desse procedimento. Tropico (1984) não foi tão bem das pernas, chegando ao 14º posto nos charts ianques. Curiosamente, no entanto, um single extraídos dele se deu bem. We Belong (ouça aqui), bem pop, chegou ao 5º lugar na sua respectiva parada.

Essa tendência de singles tendo melhor desempenho do que os álbuns do qual faziam parte se manteve em Seven The Hard Way (1985), que não passou da 26º posição nos EUA. O rockão pontuado por teclados Invincible (ouça aqui) atingiu o posto de nº 10, tema do filme Legend Of Billie Jean, que rapidamente se tornou cult entre os fãs de cultura pop.

Outra faixa que se destacou deste LP foi a polêmica Sex as a Weapon, que tem como tema a exploração do sexo nas diversas mídias. O clipe repercutiu bastante (veja aqui), e o single atingiu o nº 28 na parada pop estadunidense.

Com o nascimento da filha Haley em 16 de fevereiro de 1985, Pat reduziu um pouco a velocidade da sua vida profissional, tanto que só lançou um novo álbum em 1988. Wide Awake In Dreamland não foi além de um nº 28 nos EUA, e o single que o divulgou, a ótima All Fired Up (ouça aqui), um retorno ao rock mais ardido e visceral, foi 19º colocada entre os singles ianques.

Em 1991, Pat Benatar surpreendeu a todos ao lançar True Love, CD no qual mesclou releituras e composições próprias em um estilo blueseiro bem diferente do seu habitual. Embora muito bom, o trabalho chegou apenas ao nº 37 na parada americana.

A partir daqui, a cantora foi aos poucos sumindo das paradas de sucesso, com os álbuns Gravity’s Rainbow (1993), Innamoratta (1997) e Go (2003) vendendo cada vez menos, embora com momentos bem bacanas.

Desde Go, Benatar só lançou singles eventuais, mas nunca saiu da estrada, fazendo turnês individuais e também ao lado de artistas como REO Speedwagon, America, Cheap Trick, Cher e Daryl Hall & John Oates, entre outros. Hana, sua segunda filha, nasceu em 12 de março de 1994.

Se sumiu das paradas de sucesso, Pat Benatar se manteve como referência pop, tendo a música Heartbreaker usada como tema de um dos episódios de Seinfeld e participado como ela mesma de séries também badaladas como Charmed, Dharma & Greg e That 80’s Show. E, em 2022, passou a fazer parte do Rock and Roll Hall Of Fame.

Love is a Battlefield (clipe)- Pat Benatar:

Jeff Beck, 78 anos, uma espécie de guitarrista dos guitarristas

Jeff_Beck-400x

Por Fabian Chacur

Se há um músico na cena do rock que pode ser considerado uma espécie de “guitarrista dos guitarristas”, ele atendia pelo nome de Jeff Beck. Extremamente celebrado por seus colegas de várias gerações e também pelo público, ele infelizmente nos deixou nesta terça (10), embora a notícia só tenha sido divulgada nesta quarta (11) em suas redes sociais. O músico britânico foi vítima aos 78 anos de uma meningite bacteriana.

Nascido em 24 de junho de 1944, Jeff Beck veio à tona na cena do rock em 1965 ao integrar os Yardbirds, na qual substituiu ninguém menos do que Eric Clapton. Nos aproximadamente dois anos em que ficou na banda, brilhou como um músico criativo e versátil, indo do blues ao psicodelismo com uma agilidade difícil de ser encarada pela concorrência.

Em 1968, criou a sua própria banda, The Jeff Beck Group, que revelou dois outros nomes seminais para o rock, o vocalista Rod Stewart e o guitarrista-baixista Ron Wood, que depois criariam os Faces e partiriam para a carreira solo (Rod) e para os Rolling Stones (Wood). Truth (1968) é um dos melhores álbuns da história do rock.

Após a separação da formação clássica desta banda, que ocorreu logo em 1969, Beck mergulhou em projetos individuais e também em bandas de curta (porém, significativas) duração, como Beck, Bogert & Appice e uma nova encarnação do The Jeff Beck Group.

Como não cantava e também compunha menos do que outros colegas, Beck teve menos sucesso comercial do que merecia. No entanto, seus trabalhos sempre apresentavam muita qualidade, mostrando sua versatilidade em estilos como hard/heavy rock, jazz rock, jazz, rockabilly, r&b etc.

Ele fez shows concorridos no Brasil, e tive a chance de ver um deles, em 2014 (leia a resenha aqui). Ele se manteve sempre ativo e celebrou 50 anos de estrada em um show antológico (leia a resenha aqui). Leia mais aqui.

A Day In The Life (ao vivo)- Jeff Beck:

Older posts Newer posts

© 2024 Mondo Pop

Theme by Anders NorenUp ↑