No finalzinho de janeiro, Smokey Robinson divulgou o single If We Don’t Have Each Other, e mostrou que estava em belíssima forma como compositor e cantor (leia mais e ouça essa canção aqui). Para comprovar que a fase é mesmo sensacional, o cantor e compositor estadunidense volta com mais uma pérola inédita.
Também composta por Smokey, How You Make Me Feel investe em uma sonoridade soul na qual o cantor encontra espaço para esbanjar sensualidade e categoria. A canção está sendo divulgada por um clipe repleto de belas cenas entre casais que foi divulgado nesta sexta (10), e que ilustra de forma impecável o romantismo da letra.
As duas faixas já divulgadas vão integrar o álbum GASMS, seu primeiro álbum de estúdio em seis anos, que chegará ao mercado musical no dia 28 de abril. Se o resto do material tiver a mesma qualidade dessas amostras, podemos nos preparar para um álbum antológico deste grande mestre da música pop, que completou 83 anos no último dia 19 de fevereiro.
Aos 74 anos de idade completados no último dia 1º, Jorge Aragão continua ativo e na estrada. Nesta quinta-feira (9), por exemplo, ele inicia uma série de 9 shows pela Europa que se encerrará no próximo dia 25. O cantor, compositor e músico carioca volta e meia marca presença por lá, mostrando todo o seu swing, belas melodias e letras inspiradas de um dos maiores autores da nossa música.
Desde que Elza Soares gravou sua composição Malandro em 1976, Jorge Aragão teve canções registradas por Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Ney Matogrosso, Martinho da Vila, Emílio Santiago, Dona Ivone Lara, Art Popular e Exaltasamba, só para citar alguns deles. Aliás, o nome do grupo Art Popular teve como inspiração versos do próprio Aragão.
Após sair do Grupo Fundo de Quintal, esse cantor de voz grave e deliciosa mergulhou em uma sólida carreira solo que rendeu mais de 20 álbuns e inúmeros sucessos, sendo que sua fase de maior popularidade ocorreu entre a segunda metade dos anos 1990 e a primeira metade dos anos 2000. Entre outros clássicos, ele escreveu Enredo do Meu Samba, Lucidez, Vou Festejar, Coisinha do Pai, Eu e Você Sempre e Moleque Atrevido.
Eis os locais e datas dos shows de Jorge Aragão pela Europa:
09 de março de 2023, quinta-feira — Lisboa, Portugal — CAPITÓLIO
11 de março de 2023, sábado — Porto, Portugal —HARD CLUB
16 de março de 2023, quinta-feira — Paris, França — NEW MORNING
17 de março de 2023, sexta-feira — Londres, Inglaterra — ISLINGTON ASSEMBLY HALL
18 de março de 2023, sábado — Dublin, Irlanda — O‘REILLY THEATRE
19 de março de 2023, domingo — Braga, Portugal — ALTICE FORUM BRAGA
21 de março de 2023, terça-feira — Barcelona, Espanha — SALA APOLO
24 de março de 2023, sexta-feira — Amsterdã, Holanda — WESTERUNIE
25 de março de 2023, sábado — Berlim, Alemanha — GRETCHEN
Desde que voltou ao universo da música pop em 2006, após mais de 20 anos se dedicando a religião, Yusuf/Cat Stevens tem nos proporcionado música da mais alta qualidade, além de shows encantadores. Para deleite de seus milhões de fãs mundo afora, ele homenageia o aniversário de 80 anos do saudoso George Harrison com uma belíssima releitura acústica de Here Comes The Sun, gravada originalmente pelos Beatles em 1969 em seu icônico álbum Abbey Road.
Excelente violonista, Yusuf se vale basicamente do mesmo arranjo criado pelo autor, inclusive se valendo do mesmo tom. A canção parece ter sido feita sob medida para a sua linda voz. O resultado agrada em cheio, e mostra que quem sabe um álbum com releituras das composições do autor de Something possa ser um projeto bem bacana para este ótimo cantor, compositor e músico de 74 anos.
O U2 resolveu mergulhar em seu repertório de quatro décadas para selecionar as músicas para um novo álbum, Songs Of Surrender, que será lançado em vários formatos pela Universal Music no dia 17 de março (saiba mais aqui). Com curadoria e produção a cargo do guitarrista The Edge, foram escolhidas 40 canções para receberem novos arranjos, gravações e até alguns novos versos, em certos casos.
Algumas das regravações já estão disponíveis nas plataformas digitais, e tem em comum o vocalista Bono usando regiões mais graves de sua extensão vocal. O resultado certamente levará alguns fãs a preferir de longe as versões originais, mas uma frase do grupo Roupa Nova ao fazer um trabalho com este mesmo enfoque em 1999 (Agora Sim!) pode ser usado aqui: “as releituras não invalidam as versões originais, nem o contrário”.
Entre outras, temos em Songs Of Surrender canções como Beautiful Day (ouça aqui), One (ouça aqui), With Or Without You (ouça aqui) e Pride (In The Name Of Love). É ouvir e tirar suas próprias conclusões.
Um novo álbum do Simply Red está a caminho. A banda liderada pelo cantor e compositor britânico Mick Huchnall promete para o dia 26 de maio, em vários formatos, Time. Será o primeiro trabalho de inéditas do time desde Blue Eyed Soul (2019). Como forma de iniciar a sua divulgação, acaba de ser disponibilizada nas plataformas digitais a faixa Better With You, delicada, dançante e bem romântica.
A inspiração para Better With You , segundo Hucknall em press release enviado à imprensa, surgiu no momento em que conheceu a sua atual esposa na cidade italiana de Milão, fase em que ele estava solteiro e aproveitando a vida. Ele relembra exatamente aquela fase inicial, na qual percebeu que ficar com ela era a melhor coisa a se fazer. E não deu outra…
Na ativa desde 1985, o Simply Red só mantém de seus anos iniciais Mick Huchnall o e saxofonista e eventual tecladista Ian Kirkhan. Sua mistura de soul, pop eletrônico, r&b e romantismo cativou fãs nos quatro cantos do mundo. Tanto que uma nova turnê terá início em junho, ainda sem datas divulgadas para o Brasil. Curiosamente, nos EUA eles não tem a mesma popularidade desde a década de 1980.
Eis as faixas que integram Time:
Better With You
Just Like You
Let Your Hair Down
Shades 22
It Wouldn’t Be Me
Never Be Gone
Too Long At The Fair
Slapbang
Hey Mister
Just Like You part 2
Butterflies
Earth In A Lonely Space
Existem compositores que contam com tantos clássicos em seu songbook que fica difícil citar apenas uma ou duas delas para exemplificar uma produção tão impactante. A cantora, compositora e musicista carioca Sueli Costa se encaixa feito luva nessa descrição. Seu rico e intenso repertório foi gravado por Simone, Nana Caymmi, Elis Regina, Gal Costa. Fafá de Belém, Fagner e inúmeros outros. Ela nos deixou neste sábado (4) aos 79 anos.
Nascida no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, em 25 de julho de 1943, Sueli compôs Balãozinho logo aos 15 anos de idade. Em 1967, teve Por Exemplo: Você (parceria com João Medeiros) gravada por Nara Leão, sua primeira canção a ter registro fonográfico. Seria a primeira de inúmeras outras. Ela escrevia tanto sozinha como com parceiros.
Entre as inúmeras maravilhas escritas por Sueli, vale citar 20 Anos Blue (com Vitor Martins), Jura Secreta (com Abel Silva), Cordilheira (com Paulo Cesar Pinheiro), Primeiro Jornal, Coração Ateu, Altos e Baixos (com Aldir Blanc), Face a Face (com Cacaso), Música Música (com Abel Silva) e Medo de Amar nº 2 (com Tite de Lemos). Só coisas finas.
De quebra, Sueli também era uma excelente intérprete de suas composições, tendo gravados oito álbuns nos quais suas melodias encantadoras e as letras sempre abordando as idas e vindas do amor e da vida eram abordadas com muita classe. Vai deixar muita saudade, e uma obra musical preciosa.
obs.: o livro 1979- O Ano Que Ressignificou a MPB (2022- Garota FM Books)-organizado por Célio Albuquerque, inclui um excelente texto de Andréia Pedroso sobre o álbum Louça Fina (1979), de Sueli Costa, que faz uma bela análise sobre essa grande artista.
O seminal cantor, compositor e músico carioca Jards Macalé celebra 80 anos de idade nesta sexta-feira (3). Mais ativo do que nunca, ele marca essa efeméride tão importante com o lançamento do single Coração Bifurcado, melodia dele com letra de Kiko Dinucci que é a primeira amostra do álbum que ele lançará em breve, e cujo título será exatamente o nome deste excelente samba percussivo, repleto de sutilezas e com uma letra inspirada.
Coração Bifurcado, o álbum, trará 12 canções compostas por Macalé em parceria com Dinucci e também José Carlos Capinam, Ronaldo Bastos, Rodrigo Campos, Clima, Gui Held, Alice Coutinho e Rômulo Froes, oriundos de várias gerações e que mostram a abertura deste grande nome da nossa música para trocar figurinhas com os colegas de profissão.
Em texto enviado à imprensa, Jards Macalé deu uma geral sobre a inspiração e a forma como foram feitas as canções deste novo trabalho, que sairá através da gravadora Biscoito Fino:
“Desde antes da pandemia, foi me batendo um sentimento de que o ódio crescia, a cizânia crescia, o desentendimento orgânico no Brasil crescia. Então, eu resolvi fazer um disco falando de amor como um gesto político, mas também amoroso. É como se fossem 12 personagens: em cada faixa, um deles conta a sua história de amor. Essa foi a minha ideia. Pela primeira vez eu fiz as músicas primeiro, e mandei para vários poetas. Também fiz parceiros novos nesse disco”
Guilherme Held (guitarra), Pedro Dantas (baixo), Rodrigo Campos (violão, cavaquinho e percussão) e Thomas Harres (bateria) são os músicos que acompanharam Macalé nas gravações, com ele nos vocais e violão.
Sim, o nome de Wayne Shorter sempre será ligado ao jazz. O saxofonista, que nos deixou nesta quinta-feira (2) aos 89 anos de causas não reveladas, surgiu nessa cena e marcou época como integrante da banda de Miles Davis nos anos 1960 e também como um dos líderes da célebre banda de fusion Weather Report nos anos 1970 e 1980. Ele, no entanto, nunca se prendeu a um único estilo musical, e levou a liberdade criativa do jazz para outras praias sonoras.
Nascido em 25 de agosto de 1933, o músico americano começou a se tornar conhecido no meio da música como integrante do Art Blakey’s Jazz Messengers, Entre 1964 e 1970, fez parte de uma das bandas de apoio mais relembradas da carreira do genial Miles Davis, que também incluía Herbie Hancock (teclados), Ron Carter (baixo) e Tony Williams (bateria).
Nos anos 1970, criou o Weather Report, que além dele abrigou durante os seus 15 anos de atividade músicos do porte de Joe Zawinul (teclados), Jaco Pastorius (baixo) e o percussionista brasileiro Airto Moreira, entre outros. E foi a partir dessa época que ele começou a se abrir para trocar experiências com músicos de outros gêneros musicais.
Com Milton Nascimento, por exemplo, ele iniciou em 1975 uma parceria que rendeu inicialmente um álbum que se tornou antológico, Native Dancer (1975). Eles se tornaram grandes amigos e fizeram várias colaborações posteriores, sempre repletas de emoção.
Entre elas, destaca-se o maravilhoso álbum A Barca dos Amantes (1986), gravada ao vivo em São Paulo no extinto Projeto SP ainda em sua primeira versão, na rua Caio Prado e com o formato de um circo. Shorter participa das faixas Tarde, Nós Dois, Pensamento e Maria Maria. Foi o primeiro show realizado por eles em dupla, em abril de 1986.
Shorter marcou presença em 10 álbuns da cantora e compositora canadense Joni Michell entre 1977 e 2002, entre os quais se destacam Mingus (1979), Dog Eat Dog (1985) e Turbulent Indigo (1994).
O belíssimo solo de End Of The Innocence, composição de Don Henley e Bruce Hornsby gravada pelo cantor dos Eagles em 1989 em seu álbum solo de mesmo nome, é dele. Outro solo marcante de Shorter está na faixa-título do álbum Aja (1977), do Steely Dan.
O músico também trabalhou com outros artistas de vários estilos e gerações, entre os quais o nosso Toninho Horta, Speranza Spalding, Pino Danielle, Michael Landau, Carlos Santana e até mesmo os Rolling Stones, estes últimos no álbum Bridges To Babylon (1997).
Milton Nascimento postou uma belíssima mensagem de despedida para Wayne Shorter, que ele visitou em 2022 quando sua turnê A Última Sessão de Música passou pelos EUA.
Tarde (ao vivo)- Milton Nascimento & Wayne Shorter:
Para quem acha que a música atual é absolutamente desprezível, vale a pena pesquisar um pouco mais. Sempre é possível se encontrar novos e promissores valores. Como Arlo Parks, por exemplo. A cantora e compositora britânica de 22 anos estreou com tudo em 2021 com o álbum Colapsed in Sunbeams, que lhe valeu prêmios, duas indicações ao Grammy e o 3º posto na parada britânica. E a moça se mostra a todo vapor, se levarmos em conta suas novidades.
Parks anunciou para o dia 26 de maio o lançamento de seu 2º álbum, My Soft Machine, pela Transgressive Records. A primeira amostra, Weightless (ouça e veja o clipe aqui), agradou em cheio. E ela agora nos apresenta mais uma amostra para atiçar os nossos ouvidos.
Impurities traz uma levada rítmica hipnótica e leves toques de música ambient e oriental, com a voz doce e deliciosa da cantora britânica dando o tom geral. Em press release enviado à imprensa, ela explica a motivação em torno desta canção:
“Trata-se de estar perto de pessoas que fazem você se sentir como se sua feiura interior e falhas e erros não importassem, que o levantam e o fazem rir, que o fazem se sentir bem e limpo”.
Para a felicidade de quem gosta de conferir novos talentos em suas fases iniciais, Arlo Parks estará em breve no Brasil. Ela é uma das atrações do C6 Festival no dia 19 de maio em São Paulo, evento que também terá no elenco Kraftwerk, Caetano Veloso e Samara Joy, entre outros.
Os dez últimos anos da vida de Belchior (1946-2017) foram tão marcados pelo sensacionalismo da mídia em geral que todos os projetos que forem feitos em prol de reabilitar a sua imagem como um seminal cantor, compositor e músico devem ser louvados. E esse é precisamente o caso de Apenas Um Coração Selvagem, documentário de Camilo Cavalcanti e Natália Dias que será exibido no canal a cabo Curta! neste sábado (4) às 15h45 e domingo (5) às 22h15.
Com 90 minutos de duração, o documentário se vale de diversas entrevistas concedidas pelo autor de Apenas Um Rapaz Latino Americano durante a sua vida para servirem como narração, através da qual é apresentada a sua trajetória. O material foi muito bem pesquisado, e é legal poder conferir as memórias e pontos de vista de Belchior em várias fases de sua vida.
Além dos ótimos depoimentos dele, também temos apresentações ao vivo em shows e em programas de TV, que servem como bons exemplos não só da excelência e peculiaridade da obra do artista cearense, mas também para registrar o quanto ele era não só um inspirado compositor, mas também um extremamente competente intérprete, no seu estilo de trovador eletrônico.
Nesse aspecto, dois momentos são particularmente arrepiantes. Um é Bel (como seus amigos mais próximos o chamavam) mostrando toda a sua categoria como cantor em Paralelas.
Outro é uma performance simplesmente sensacional de Elis Regina interpretando Como Nossos Pais. As gravações de Elis dessa música e de Velha Roupa Colorida abriram o caminho para o compositor enfim estourar nacionalmente, já aos 30 anos de idade, com o antológico Alucinação (1976).
Como os autores optaram por não colher depoimentos atuais sobre Belchior, a excelente montagem feita pelo craque Paulo Henrique Fontenelle nos dá um clima de como se estivéssemos absorvendo as informações no tempo em que as mesmas estavam ocorrendo.
Isso evita um tom de endeusamento do artista, mostrando até mesmo momentos em sua carreira nos quais a crítica foi ácida com ele, e suas reações em relação a isso, sempre com muita classe e também uma pitada de acidez bastante compreensível para quem chegou a ser avacalhado.
Quem teve a oportunidade de conhecer e conviver com Belchior sabe o quanto ele era acessível, simpático e inteligente, e essas características surgem naturalmente durante Apenas Um Coração Selvagem.
A boa sacada fica por, na parte final do documentário, mostrar apenas de passagem aqueles dez anos de folclorização da vida particular do artista, vendido como um fujão, picareta e maluco. Esse período surge com citações rápidas de programas de TV e imagens de matérias de jornais e revistas.
Aquilo foi muito triste, pois entre o fim dos anos 1980 e o início dos anos 2000, Belchior ficou praticamente no limbo, ignorado por TVs, rádios e quetais, mesmo sendo acessível e tendo o que falar. Virar personagem de programas sensacionalistas nos seus anos finais foi realmente algo que ele não merecia, independente do que ocorreu naqueles anos dolorosos.
Belchior Apenas Um Coração Selvagem é uma bela forma de apresentar às novas gerações um dos grandes nomes da nossa cena cultural, alguém que soube usar a música e a poesia de forma inspiradíssima e própria, gerando assim uma obra que certamente permanecerá.
Lógico que não esgota o assunto, o que seria impossível em um único filme, mas certamente se torna indispensável para quem quer ter uma ideia de quem foi esse artista como também para quem, como eu, tem muita saudade daquele rapaz latino americano tão talentoso e tão gente boa.
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