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Thom Bell, 79 anos, autor e um arranjador de belas canções

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Por Fabian Chacur

Quando o meu saudoso irmão Victor chegou em casa há longínquos 50 anos com o compacto simples de I’ll Be Around, do grupo vocal americanos The Spinners (ouça aqui), eu não imaginava que ficaria simplesmente fascinado com aquela canção. E também não sabia que aquele era o meu primeiro contato com o seu autor, Thom Bell, que infelizmente nos deixou nesta quinta-feira (22) aos 79 anos. Um nome presente em vários clássicos da música pop, como você verá a seguir.

Nascido em Kingston, Jamaica, em 26 de janeiro de 1943, Thom Bell veio com a família para os EUA com apenas 4 anos de idade. Ainda criança, começou a tocar piano, e logo ficou claro que a música era o seu caminho em termos profissionais. E não demorou a mergulhar nos estudos.

Ele queria ser um músico erudito, e se preparou para tal, mas com o tempo percebeu que a música popular poderia ser mais promissora. No entanto, não deixou de lado as lições que assimilou no aprendizado formal, e isso lhe deu um bom diferencial em relação aos colegas.

Amigo de infância e adolescência de um certo Kenny Gamble na cidade de Filadélfia, ele começou a carreira como músico ao trabalhar na gravadora local Cameo-Parkway, e acompanhou em shows, como pianista e maestro, o então muito bem sucedido Chubby Checker, o rei do twist.

Seu primeiro grande momento na cena da soul music ocorreu no fim dos anos 1960 com seu envolvimento com o grupo The Delfonics, para o qual escreveu e arranjou hits marcantes La-La (Means I Love You) (ouça aqui), que em 1994 foi relida com maestria com o Swing Out Sister (ouça aqui).

É aqui que volta à sua vida o amigo Kenny Gamble, que também enveredou pela música e fez uma sólida parceria com o músico Leon Huff, com o qual criou a gravadora Philadelphia Internacional Records (PIR). Ele criou uma editora junto com os amigos, e também se tornou um arranjador e compositor do selo. Mas preferiu não se prender em um contrato, para ficar livre para trabalhar para outras empresas.

E embora tenha feito muitas coisas boas para a PIR, entre elas o arranjo da clássica Backstabbers, gravada pelos The O’Jays (ouça aqui), seus trabalhos de maior sucesso foram para outras gravadoras.

Para o selo AVCO, por exemplo, ele compôs e produziu canções em parceria com a letrista Linda Creed para o icônico grupo vocal The Stylistics, canções que até hoje entram nos set lists de bailes black, entre as quais You Make Me Feel Brand New (ouça aqui), You Are Everything (ouça aqui) e Stop Look Listen (To Your Heart) (ouça aqui).

Para a Atlantic Records, produziu e compôs para os Spinners hits como a já citada I’ll Be Around, Could It Be I’m Falling In Love (essa, “só” produziu e arranjou- ouça aqui) e Them Came You– dueto com Dionne Warwick com arranjos e produção a cargo dele (ouça aqui).

Em 1977, Thom Bell trabalhou com Elton John em gravações que inicialmente foram lançadas em 1979 no formato single com o título The Thom Bell Sessions, com três músicas, e em 1989, com seis faixas e o título The Complete Thom Bell Sessions, já em plena era do CD.

Os destaques são as maravilhosas faixas Are You Ready For Love (Thom Bell, Leroy Bell e Casey James), Mama Can’t Buy You Love (Leroy Bell e Casey James, ouça aqui) e Nice and Slow (Thom Bell- Elton John- Bernie Taupin- ouça aqui), com arranjos matadores e a produção de Thom perfeita.

Além dos artistas já citados, Thom Bell trabalho com nomes do porte de Dionne Warwick (em discos solo dela), Johnny Mathis, Dusty Springfield, Laura Nyro & Labelle e Phillys Hyman. A partir dos anos 1990, ele se tornou mais recluso, vez por outra aceitando trabalhos como um com a cantora britânica Joss Stone.

Sempre que era acusado por alguns colegas da área musical de usar elementos sonoros distantes da soul music, ele tinha a resposta perfeita na ponta dos lábios: “eu não faço soul music ou r&b, eu faço música”. Deixando, dessa forma, bem claro que música boa não tem fronteiras.

Saibam que este é apenas um resumo feito a toque de caixa da obra desse grande Thom Bell. Tem muito mais por aí. Faça um favor a você e mergulhe nessa linda obra de um compositor, produtor e arranjador que acima de tudo amava a música e a fazia em primeiro lugar por puro prazer.

Are You Ready For Love (clipe)- Elton John:

Christine McVie, 79 anos, uma integrante do Fleetwood Mac

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Por Fabian Chacur

Em junho deste ano, foi lançada a coletânea Songbird- A Solo Collection (leia sobre este álbum aqui), a primeira dedicada à carreira-solo de Christine McVie. Infelizmente, foi o último trabalho lançado pela também cantora e compositora da banda Fleetwood Mac, que nos deixou nesta quarta-feira (30/11) aos 79 anos.

A informação foi divulgada nas redes sociais através de seus familiares, dizendo que ela partiu em paz após um período de internação e vitima de uma curta doença não revelada aos seus fãs.

Nascida em 12 de julho de 1943 na Inglaterra. ela começou a se tornar conhecida na cena musical do Reino Unido ao integrar a banda Chicken Shack, com quem gravou dois álbuns entre 1967 e 1969. Ela saiu do grupo e começou um flerte com outra banda que vivia seus primeiros tempos de sucesso na mesma época. o Fleetwood Mac. A ligação foi musical e afetiva, pois ela se casou em 1968 com seu baixista, John McVie.

Antes de entrar efetivamente na banda, ela lançou o seu primeiro álbum solo, que levou o seu nome de solteira, Christine Perfect (1970), trabalho no qual regravou o clássico do blues I’d Rather Go Blind, hit de Etta James que ela já havia gravado com a sua banda anterior, sendo a vocalista principal.

Christine participou como convidada dos álbuns Mr. Wonderful (1968) e Kiln House (1970), sendo que neste último foi a autora da pintura que ilustra a sua capa. No trabalho seguinte, Future Games (19710, Christine McVie foi enfim efetivada como tecladista e vocalista do FM. Embora tenha base blueseira também, ela certamente ajudou e muito a banda na sua transição para uma sonoridade um pouco mais pop e melódica.

Ela topou, junto com os fundadores da banda, o marido John e o baterista Mick Fleetwood, a encarar a mudança em 1974 para os EUA. E foi lá que o grupo encontrou o guitarrista e vocalista Lindsey Buckingham e a cantora Stevie Nicks, que com os três britânicos integrou a formação mais bem-sucedida do grupo em termos comerciais e para muitos também artística (estou entre os que pensam assim).

Entre 1975 e 1987, o Fleetwood Mac se tornou uma das mais bem-sucedidas bandas de rock do mundo, graças a álbuns impactantes como Fleetwood Mac (1975), Rumours (1977). Tusk (1979) e Mirage (1982). Neles, Christine se destacou como cantora e compositora, em hits como Say You Love Me, You Make Loving Fun, Songbird, Hold Me e Everywhere, além de encaixar com categoria seus vocais e teclados nas canções dos colegas.

Além do trabalho com a banda, ela lançou mais dois discos solo, Christine McVie (1984), com o hit Got a Hold On Me, e In The Meantime (2004), este seu único lançamento em um longo período longe do Fleetwood Mac, entre 1998 e 2013. Ela também lançou um excelente álbum em parceria com o Lindsey Buckingham em 2017 (leia a resenha aqui).

Depois de se separar de John McVie em 1976, Christine ainda conseguiu trabalhar com o ex-marido, mesmo tendo alguns perrengues com ele, alguns inspiradores de canções do célebre álbum Rumours, o mais famoso da banda. Um dos pontos altos da recente coletânea é uma versão de Songbird, um de seus clássicos do Fleetwood Mac, acrescido de um belíssimo arranjo de cordas, que acaba soando como uma bela despedida dela de cena.

Songbird (nova versão)- Christine McVie:

Ronnie Spector, 78 anos, um dos ícones femininos da música pop

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Por Fabian Chacur

Uma das marcas da década de 1960 ficou por conta do surgimento de diverso grupos vocais femininos bem-sucedidos em termos artísticos e comerciais. Um dos mais marcantes foi o trio The Ronettes, no qual se destacava a cantora Ronnie Spector. Graças a seu estilo marcante, personalidade e a produção do talentoso e polêmico Phil Spector, o grupo emplacou grandes hits e marcou época. Ronnie infelizmente nos deixou nesta quarta-feira (12), vítima de um câncer, aos 78 anos de idade. Ela deixa um belo legado e a marca de ícone musical e visual.

Veronica Yvette Bennett nasceu em Manhattan, Nova York, em 10 de agosto de 1943, filha de uma afro-americana com um americano de origem irlandesa. No fim dos anos 1950, criou com a irmã mais velha Estelle (1941-2009) e a prima Nedra Talley o trio vocal Darling Sisters, que depois se tornaria The Ronettes. O grupo chegou ao topo das paradas de sucesso quando se associou ao produtor e compositor Phil Spector, assinando um contrato com o seu selo.

Unindo os arranjos bombásticos e geniais de Phil às vocalizações charmosas das garotas, especialmente a voz deliciosa de Ronnie, as Ronettes invadiram as paradas de sucesso entre 1963 e 1966. Um de seus principais hits, Be My Baby (1963), é uma das músicas mais marcantes da história da música pop, influenciando diversas outras e utilizada na trilha de vários filmes, entre eles na icônica abertura de Dirty Dancing (1987).

O visual ousado e marcante das Ronettes, e de Ronnie em particular, influenciou grandes ícones posteriores da música pop, entre as quais Amy Winehouse. Ronnie, inclusive, deu belos depoimentos em documentários sobre Amy, e também fez uma ótima regravação de Back To Black após a morte da estrela britânica, com objetivos beneficentes.

Após gravar mais alguns hits, entre os quais Baby I Love You (1963), The Best Part Of Breakin’ Up (1964) e Walking In The Rain (1964), o trio se separou em 1967. Logo em 1963, Ronnie e Phil Spector iniciaram um relacionamento afetivo que os levou a se casarem oficialmente em 1968. No entanto, foi provavelmente o maior erro cometido pela cantora, que comeu o chamado “pão que o diabo amassou” na convivência com o produtor.

Isso certamente explica a dificuldade que Ronnie Spector teve para seguir adiante em sua carreira, após se separar de Phil em 1974. Ela chegou a ser ameaçada de morte por várias vezes, e foi torturada psicologicamente durante muitos e muitos anos. Melhor nem me estender muito nesse tema, realmente constrangedor e lamentável.

Mas ainda assim Ronnie viveu momentos bacanas. Em 1971, por exemplo, gravou o belo single Try Some Buy Some, canção de George Harrison que o autor só gravaria em 1973 em seu antológico álbum Living In The Material World. Vale lembrar que as Ronettes abriram shows para os Beatles em 1966. Em 1976, participou com destaque da faixa You Mean So Much To Me, escrita por Bruce Springsteen e gravada por Southside Johnny.

Em 1986, outro dueto, desta vez com o cantor, compositor e músico norte-americano Eddie Money, fez grande sucesso, a ótima Take Me Home Tonight. Ela gravou alguns discos solo, entre os quais o EP She Talks to Rainbow (1999), produzido por Joey Ramone e com participação dele na canção You Can’t Put Your Arm Around a Memory.

Ronnie Spector era uma figura muito querida no meio musical, e é possível ver em pesquisas no google foto dela com algumas das maiores personalidades do rock e da música pop, todos admiradores de seu talento e personalidade. Ela lançou uma autobiografia em 1990, Be My Baby: How I Survived Mascara Miniskirts and Madness, cogitada recentemente para virar um filme.

Be My Baby– The Ronettes:

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