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Tom Verlaine, 73 anos, líder da seminal banda rocker Television

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Por Fabian Chacur

Existem bandas que vendem milhões de discos e arrebatam multidões no mundo todo, e várias delas são realmente maravilhosas. Temos também outras que, embora não consigam resultados comerciais dos melhores, tornam-se seminais e muito influentes. Os americanos do Television se encaixam feito luva na segunda descrição. Seu líder, o cantor, compositor e guitarrista Tom Verlaine, nos deixou neste sábado (28) aos 73 anos, deixando um legado importante e dos mais consistentes na história do rock.

Thomas Miller (seu nome de batismo) nasceu em 13 de dezembro de 1949, e inicialmente gostava mais de outras sonoridades, especialmente o jazz. Ele passou a curtir rock ao ouvir os Rolling Stones, mas o jazz sempre esteve por perto, especialmente no quesito improvisações, algo que ele usaria sempre.

Ao lado do amigo, o baixista Richard Hell, e do baterista Billy Ficca, ele criou a banda Neon Boys. que se desfez em 1973. Pouco tempo depois, no entanto, voltou, com o acréscimo do guitarrista Richard Lloyd e um novo nome, Television. O primeiro single veio em 1975, quando Richard Hell já havia sido demitido do time e substituído por Fred Smith. Little Johnny Jewel (Parts 1 & 2) (ouça aqui), que impressionava pela sua originalidade.

Sediada em Nova York, a Television fez sua fama tocando em clube como o CBGB, o mesmo que revelou nomes seminais do rock como The Ramones, Talking Heads e Blondie, entre outros. O seu som trazia alguns elementos do punk, entre eles a garra e a urgência, mas com uma qualidade de execução muito acima da média, e com ecos de bandas como o Velvet Underground.

Outro elemento importante que atraiu as atenções para a banda era a qualidade das letras do seu líder, que pinçou o seu nome artístico do poeta simbolista francês Paul Verlaine (1844-1896). Após testes em gravadoras como a Arista (indicados por Patti Smith, que namorou e depois se tornou grande amiga de Verlaine) e Atlantic, assinaram com o selo Elektra.

O álbum de estreia, Marquee Moon, saiu em fevereiro de 1977, e encantou especialmente o público britânico. Nick Kent, crítico badaladíssimo na época, escreveu uma resenha altamente elogiosa de duas páginas e com direito à capa do jornal onde escrevia, o New Musical Express. Resultado: passou batido nas paradas americanas, mas chegou ao 28º posto no Reino Unido.

Marquee Moon é considerado um dos melhores álbuns de estreia da história do rock, além de ser citado como influência por músicos de bandas como U2, Echo & The Bunnymen, R.E.M. e inúmeras outras. Entre suas faixas, vale destacar as incríveis See No Evil (ouça aqui), Friction (ouça aqui) e a intrincada e envolvente faixa-título (ouça aqui).

O álbum foi coproduzido por Verlaine com Andy Johns, conhecido por seus trabalhos com Led Zeppelin e Rolling Stones, e gravado num período de pouco mais de uma semana. Johns inicialmente queria impor a eles a sonoridade de bateria de John Bonham, do Led, mas logo a banda o fez entender que aquilo não era o ideal para eles, e o resultado foi um som mais cru e centrado nas guitarras.

Em abril de 1978, saiu Adventure, o 2º álbum do quarteto, e a sonoridade um pouco mais polida levou alguns apressados a considerarem esse trabalho inferior ao anterior. No entanto, há quem o considere até melhor, entre os quais eu me incluo. Aliás, conheci essa banda com este álbum, que ouvi pela 1ª vez em 1987, pinçando-o do acervo da editora Imprima, onde trabalhei.

Considero Adventure uma verdadeira obra-prima, que concilia rocks e canções mais lentas e outras experimentais com muita precisão. Destaques ficam para o sensacional rock compassado a la Velvet Underground Glory (ouça aqui), a linda canção Days (ouça aqui) e as pesadas Foxhole (ouça aqui) e Ain’t That Nothin’ (ouça aqui).

Repleto de ótimas canções abrilhantadas pelas guitarras entrelaçadas de Verlaine e Lloyd e pela cozinha rítmica sólida e segura de Ficca e Smith, o álbum novamente não deu à banda um bom resultado comercial em seu país natal, mas arrebentou no Reino Unido, conseguindo um excelente nº 7 por lá. Naquele momento, eles já haviam feito shows na Inglaterra, além de abrir apresentações de Peter Gabriel.

No entanto, desentendimentos entre os integrantes da banda levaram a uma separação precoce em julho de 1978. O grupo voltaria à ativa em 1992, quando lançaria seu 3º e último álbum de estúdio, com o título Television e lançado pela Capitol Records. A faixa Call Mr. Lee teve clipe exibido na MTV, mas o álbum, embora ótimo e muito elogiado, não vendeu bem.

O Television também teve ao menos três discos ao vivo lançados. Um deles, The Blow-Up, registro de um show captado em 1978, saiu inicialmente em 1982 no formato fita cassete, chegando ao formato CD posteriormente, sendo que chegou ao Brasil em 2001 pela gravadora Trama como CD duplo.

A partir daí, a banda se reuniu em algumas ocasiões para shows, incluindo a apresentação no festival All Tomorrow’s Parties na Inglaterra, em 2001, e no Tim Festival, no Brasil, em 2005.

Richard Lloyd saiu de vez da banda em 2007, substituído por Jimmy Ripp, que tocou com Mick Jagger, Jerry Lee Lewis e outros. E foi com ele que o Television se apresentou em São Paulo em 7 de julho de 2011.

Além do trabalho com o grupo, Tom Verlaine lançou por volta de 10 álbuns solo, além de participar de gravações e shows de vários outros artistas, entre as quais a antiga namorada Patti Smith.

Ele, aliás, também participou em 2005 em Londres do show celebrando os então 30 anos do lançamento do álbum de estreia da cantora e compositora americana, Horses (1975), gravação lançada na edição comemorativa em CD duplo que trazia versão remasterizada do álbum e a versão ao vivo.

Call Mr. Lee (clipe)- Television:

Robin Gibb nos deixa aos 62 anos

Por Fabian Chacur

O ano de 2012 está se mostrando pródigo em nos privar de grandes nomes da história da música pop. Agora, é a vez de nos despedirmos de Robin Gibb. O integrante dos Bee Gees morreu neste domingo, 20 de maio, vítima de um câncer que o desafiava há alguns anos.

Ele tinha apenas 62 anos, e se vai ironicamente no dia em que meu irmão Victor Riskallah Chacur, um fã incondicional de suas músicas, faria 58 anos (ele se foi em 1999, aos 44 anos). Segundo a Billboard, o grupo do qual fez parte, os Bee Gees, vendeu mais de 200 milhões de cópias pelo mundo afora.

Robin Gibb nasceu em 22 de dezembro de 1949, 35 minutos antes do que seu irmão gêmeo Maurice, que nos deixou em 2003. Os dois e o irmão mais velho Barry montaram o trio The Bee Gees quando eles ainda eram crianças, na Inglaterra. O grupo tomou força quando eles se mudaram para a Austrália.

Em 1967, após lançaram vários discos de sucesso na terra dos cangurús, eles voltaram à Inglaterra, onde estouraram rapidamente com New York Mining Disaster 1941. Era o início de uma primeira fase repleta de hits influenciados por Beatles e pela soul music, entre os quais I Started a Joke, Words e Massachusetts.

Um desentendimento entre os irmãos levou Robin a lançar em 1969 seu primeiro single solo, Saved By The Bell, em 1969, mas logo os irmãos voltaram a gravar juntos, estourando com canções do calibre de How Can You Mend a Broken Heart e Run To Me.

A voz de Robin era a mais grave, com Barry se valendo de falsete e Maurice ficando no meio, equilibrando as vocalizações marcantes e inconfundíveis do trio.

Em 1975, a banda, que vivia um momento de entressafra em termos de sucessos, mudou-se para Miami e lá, no estúdio Criteria, descobriu uma nova fórmula musical, com batidas dançantes e forte influência da então emergente disco music.

Esse momento atingiria seu auge na segunda metade dos anos 70, quando sua participação na trilha do filme Os Embalos de Sábado À Noite (1977) e o álbum Spirits Having Flown (1979) os tornaram o grupo mais popular do mundo, graças a hits como Night Fever, Stayin’ Alive, Too Much Heaven, Tragedy e inúmeros, mas inúmeros outros mesmo.

Nos anos 80, eles viveram nova fase de entressafra e inclusive umas férias entre 1983 e 1987, período no qual aproveitaram para lançar discos solo. Robin estourou com a dançante canção Juliet, que tocou à exaustão aqui no Brasil.

No fim daquela década, a banda voltou a atingir os primeiros postos das paradas, liderando os charts britânicos em 1987 com a faixa You Win Again e atingindo o sétimo posto nos EUA com One. A partir daí, o grupo passou a lançar novos álbuns de forma mais espaçada, mas sempre com sucesso, entre os quais o ótimo Still Waters (1997).

Devido aos problemas cardíacos de Barry, o grupo passou a fazer menos shows a partir da metade dos anos 90. Uma rara turnê, que incluiu apenas cinco shows (um por continente), gerou o álbum ao vivo One Night Only (1998), que vendeu bem nos formatos CD e DVD.

O último álbum de inéditas dos Bee Gees, o excelente This Is Where I Came In, chegou às lojas em 2001. Com a morte de Maurice em 2003, o grupo saiu de cena, sendo que Robin Gibb se manteve em constante atividade, gravando novas músicas e também um DVD ao vivo.

Robin se apresentou ao vivo no Brasil em 2005, e iria repetir a dose em 2010. Os shows foram adiados para abril de 2011, mas foram novamente cancelados, reflexo da doença que começava a minar as energias de Gibb.

O último trabalho de Robin Gibb foi lançado este ano. Trata-se de Titanic Requiem, peça de cunho erudito que ele escreveu em parceria com o filho, Robin-John Gibb, e na qual interpratava uma única canção.

Robin Gibb é o terceiro dos irmãos Gibb a nos deixar. Além dele e de Maurice, o mais novo da turma, Andy, morreu em 1988, com apenas 30 anos de idade. Ele gravava como artista solo, mas seus maiores hits levavam a assinatura dos irmãos, que também participavam dos discos nos vocais e instrumentos em hits como Shadow Dancing e Love Is Ticker Than Water. Andy cantou no Brasil em 1981.

Ouça Massachusetts ao vivo com os Bee Gees:

Ouça I Started a Joke, com os Bee Gees:

Ouça Juliet, com Robin Gibb:

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