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Paêbiru, raridade de Zé Ramalho e Lula Côrtes, é relançado em LP

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Por Fabian Chacur

Considerado um dos discos mais raros e mais procurados pelos colecionadores de rock do Brasil e do mundo, o álbum duplo Paêbiru, de Zé Ramalho e Lula Côrtes, está sendo reeditado pela Polysom, em parceria com a gravadora responsável pelo lançamento original, a pernambucana Rozenblit. O esquema é na base do vinil de 180 gramas, sendo que a remasterização ocorreu a partir dos tapes originais pelas mãos do mesmo Helio Rozenblit que cuidou disso na versão original deste trabalho.

Gravado entre outubro e dezembro de 1974 e lançado em 1975, Paêbiru reúne dois grandes artistas então ainda desconhecidos do grande público, o cantor, compositor e músico paraibano Zé Ramalho e o saudoso cantor, compositor e músico pernambucano Lula Côrtes (1949-2011). Eles contam com as participações de outros músicos que também se tornariam célebres, entre eles Alceu Valença, Zé da Flauta e Paulo Rafael. O disco é dividido em quatro lados temáticos, dedicados ao ar, terra, fogo e água, com uma mistura criativa e viajante de rock e ritmos nordestinos, em clima de psicodelia pura.

A tiragem inicial do álbum duplo era de 1.300 exemplares, mas em torno de mil deles foram inutilizados devido à uma enchente do rio Capiberibe, em Recife (PE), que ficava ao lado da fábrica da Rozenblit. Sobraram por volta de 300, que passaram com o decorrer dos anos a serem disputados a tapa nos sebos do planeta rock. O trabalho teve reedição em CD no exterior.

Ouça Paêbiru em streaming:

Greatest Hits- Seals & Crofts (1975-Warner)

Por Fabian Chacur

Ah, o ano de 1972! Trata-se de uma época mágica para mim, quando tinha dez anos de idade (completei onze em setembro) e comecei a comprar discos, especialmente compactos singles, aqueles com uma música de cada lado. Um deles incluia as músicas Summer Breeze de um lado e East Of Ginger Trees do outro.

Summer Breeze colocou pela primeira vez nas paradas de sucesso do mundo a dupla Seals & Crofts. Seus integrantes, no entanto, já haviam rodado muito até então. James Seals (vocais, violão, guitarra, violino, sax) nasceu em 1941, enquanto Dash Crofts é um ano mais velho. Eles se conheceram crianças, e começaram a tocar em 1958.

Até os idos de 1965, integraram a banda The Champs, que estourou meses antes de eles entrarem a bordo, com a célebre instrumental Tequila.. Em 1966, após muitas idas e vindas, criaram o grupo Dawnbreakers ao lado do guitarrista Louie Shelton. A banda, no entanto, acabou em 1970. Seals e Crofts resolveram continuar, agora como duo.

Shelton se tornou produtor e assumiu essa função nos discos do duo. Dois discos foram lançados por um selo independente e pouco venderam, mas a consistência de seu trabalho atraiu as atenções da gravadora Warner, que os contratou. No início de 1972, o álbum Year Of Sunday chegou às lojas, mas também patinou nas vendas.

Felizmente os executivos da Warner continuaram acreditando em seus contratados, e naquele mesmo 1972, Summer Breeze quebrou a zica dos músicos oriundos do estado do Texas. Com sua melodia marcante, letra evocativa e romântica e arranjo com forte teor acústico, a canção os inseriu no cenário do bittersweet rock de James Taylor.

Com vocalizações marcantes e um coquetel sonoro composto por folk, country,rock e pop muito bem arquitetado, Seals & Crofts continuariam emplacando outros sucessos bacanas, entre os quais Diamond Girl, We May Never Pass This Way (Again), When I Meet Them, Ruby Jean And Billie Lee. Em 1975, chegou às lojas a coletânea Greatest Hits, com 10 faixas e um bom resumo de sua era de ouro.

Greatest Hits é daqueles álbuns que você pode ouvir de ponta a ponta sem susto, e serve como bom resumo do bittersweet rock melódico e repleto de mensagens positivas, algumas oriundas da filosofia oriental Baha’i seguida pelos amigos e de cuja “bíblia” foram extraídas algumas das inspirações de suas letras. Hipongas, sim, mas com consistência.

Até o fim dos anos 70, o duo emplacou outros hits, como Get Closer, e até flertou com a disco music. A partir de 1980, quando lançaram The Longest Road (com participações especiais de Stanley Clarke e Chick Corea), James Seal se tornou compositor e artista country, enquanto Dash Crofts deu uma sumida. Nos anos 90, eles fizeram shows com a banda australiana de soft-folk-country rock Little River Band. Mas suas músicas continuam emocionando.

Summer Breeze, com Seals & Crofts:

We May Never Pass This Way (Again), com Seals & Crofts:

Diamond Girl (Live), com Seals & Crofts:

When I Meet Them Diamond Girl Ruby Jean And Billie Lee – Seals & Crofts:

DVD traz bastidores de Wish You Were Here

Por Fabian Chacur

Wish You Were Here (1975) foi provavelmente o disco mais complicado de ser feito entre os títulos incluídos na discografia do Pink Floyd. E não é difícil entender o por quê essa gestação teve tanta dificuldade.

Como suceder The Dark Side Of The Moon (1973), um dos melhores, mais bem-sucedidos em termos artísticos e comerciais e até hoje um ícone do nosso amado rock and roll? Não era tarefa para qualquer zé mané da vida.

The Story Of Wish You Were Here, documentário que a ST2 acaba de lançar no Brasil, busca mostrar o processo que gerou este álbum, que se não tem o mesmo status e brilho do antecessor, certamente é repleto de qualidades, incluindo algumas canções que não saem dos set lists das rádios de todo o planeta.

O filme apresenta reveladoras entrevistas recentes feitas com Roger Waters (vocal e baixo), David Gilmour (guitarra e vocal) e Nick Mason (bateria), além de se valer de trechos de um papo levado com o saudoso tecladista Richard Wright lá pelos idos de 2001.

Do início do processo criativo, com um riff de guitarra feito por Gilmour que gerou a primeira música a ser composta para o álbum, Shine On You Crazy Diamond, homenagem direta ao fundador da banda, Syd Barrett, até a conclusão das gravações, o relato traz cenas da época, detalhes sobre as gravações e muita informação.

A participação do cantor e compositor Roy Harper no vocal principal da canção Have a Cigar, por exemplo, que Gilmour aprovou e do qual Waters revela não ter gostado. Essa música é uma forte estocada em cima dos executivos das grandes gravadoras e da forma como se relacionavam com os grupos que contratavam.

As entrevistas também falam da relação deles com Syd Barrett, e também do fato de a canção que dá nome ao álbum não ser uma homenagem explícita a ele. O relato da mítica visita de Barrett aos estúdios durante as gravações do álbum arrepia, com direito a uma foto do que havia restado do músico, antes boa pinta, naquele momento gordo, careca e patético. Triste.

As músicas são destrinchadas uma a uma, com detalhes muito interessantes sobre como foram criadas, além de depoimentos de pessoas que participaram das gravações, jornalistas e outras figuras com boas opiniões a dar sobre o álbum e a banda.

O DVD traz ainda 25 minutos adicionais de entrevistas que ajudam a explicar como Wish You Were Here surgiu para vender mais de 13 milhões de cópias no mundo todo. Tipo do ítem indispensável para quem é fã do velho e bom Floyd, e também para os estudiosos do rock.

Veja The Story Of Wish You Were Here:

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