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Suzi Quatro, 70 anos, uma bela e verdadeira rainha do rock and roll

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Por Fabian Chacur

Não tem um só roqueiro da minha geração ou da geração anterior à minha que não seja até hoje apaixonado por Suzi Quatro. Não só pelo fato de essa cantora e baixista americana ser uma tremenda de uma gata. A coisa ia muito além disso. Esse ícone do rock and roll completa nesta quarta (3) 70 anos cada vez mais viva nos corações de quem curte rock de verdade. E esse sempre foi um forte diferencial dela. Tinha charme e era bonita, mas ganhava fãs fieis mesmo era na hora em que começava a cantar e tocar seus diversos hits.

Nascida nos Estados Unidos em 3 de junho de 1950, mesmo ano de Peter Frampton, Suzi tinha no pai (Art, funcionário da General Motors e músico de jazz nas horas de folga) uma influência. Ainda garota, montou dois grupos só de mulheres, ao lado das irmãs Patti, Nancy e Arlene.

A primeira banda das garotas, a The Pleasure Seekers, gravou dois singles, um em 1966 (com as faixas Never Thought You’d LeaveWhat a Day To Die) e outro em 1968 (incluindo Light Of LoveGood King Of Hurt). Vale o registro: Suzi nasceu e iniciou a sua carreira em Detroit, a cidade onde também nasceu e cresceu a mitológica Motown Records.

Em 1971, foi descoberta por lá pelo produtor britânico Mickie Most, que havia trabalhado com Jeff Beck, The Animals e Donovan, entre outros, e se mudou para a Inglaterra, onde foi contratada pela Rak Records, de Most.

Ela também havia recebido um convite da Elektra Records, mas preferiu o selo britânico, explicando em uma entrevista a razão:
“O presidente da Elektra me disse que eu poderia me tornar a nova Janis Joplin, enquanto Mickie Most me fez a oferta de me levar para a Inglaterra e me tornar a primeira Suzi Quatro. E eu nunca quis ser a nova coisa alguma!”

Uma rainha do rock nasce no Reino Unido e no mundo

Most preparou sua pupila durante mais de um ano. O primeiro single de Suzi, Rolling Stone, saiu em 1972, mas só se deu bem em Portugal. O sucesso veio em 1973 com dois singles explosivos, Can The Can e 48 Crash, ambos de autoria da dupla de compositores Mike Chapman e Nicky Chinn, que também fizeram hits para o The Sweet e vários outros.

Embora diferentes entre si, esses dois rockões tinham características em comum: abertura absurdamente energética de bateria, guitarras distorcidas na medida e o vozeirão ardido de Suzi dando o tom, além de melodias muito, mas muito bacanas mesmo. Além disso, temos seu visual, com longos cabelos loiros em corte repicado que virariam sua marca registrada e roupas justas de couro.

Ironicamente, Suzi Quatro não fez sucesso nessa época em seu país natal. Na Inglaterra, Europa, Austrália e diversos outros países, entre os quais o Brasil, a moça virou mania. Até 1975, outros sucessos rolariam, como Devil Gate Drive, Daytona Demon e a alucinada The Wild One.

Ela também fazia covers, e um é dos mais curiosos: I Wanna Be Your Man, de Lennon e McCartney e também gravada pelos Rolling Stones, na qual ela cantava “quero ser seu homem” sem o menor pudor, e também sem necessariamente a menor vontade de encarar alguém do mesmo sexo.

O sucesso retorna com um contorno mais pop

Após alguns anos de vacas magras, Suzi Gata voltou às paradas em 1978 com dois singles bem bacanas, mas com pegada mais pop: o sacudido pop rock If You Can’t Give Me Love e a popíssima Stumblin’ In, esta última em dueto com o cantor Chris Norman, vocalista do grupo Smokie, e o único hit de verdade de Suzy nos EUA, atingindo o quarto lugar na parada de singles americana em 1979.

Aliás, nos EUA a cantora ficou mais conhecida por ter vivido o papel da roqueira Leather Tuscadero no seriado televisivo de grande sucesso Happy Days, participando de sete episódios das temporadas de nº 5 e 6 da atração entre 1977 e 1979. O produtor do programa, Garry Marshall, propôs a ela estrelar uma série baseada nessa personagem, mas Suzi achou melhor recusar, pelo medo de ficar rotulada e perder força em sua carreira dessa forma.

Em 1980, lançou a poderosa Rock Hard, tema do filme Times Square, de Alan Moyle (conhecido pelo filme Empire Records, de 1995), que não fez sucesso mas tem uma das melhores trilhas sonoras de todos os tempos. Um dia preciso escrever sobre esse disco aqui.

Fora das paradas de sucesso, mas firme na ativa

A partir daí, o sucesso musical saiu de cena para Suzi Quatro. Ela também se dedicou durante algum tempo a ter filhos com o primeiro marido, o guitarrista de sua banda de apoio Len Tuckey, com quem se manteve entre 1976 e 1992 e teve Laura e Richard Leonard. Em 1986, lançou uma releitura de Wild Thing, dos Troggs, em dueto como o vocalista daquela célebre banda, Reg Presley. Ela também apresentou outros programas de rádio e TV, além dos já citados.

Residindo em Essex, na Inglaterra, passando alguns períodos em Hamburgo e em Detroit, Suzi continua bem ativa, mesmo sem o sucesso dos bons tempos, lançando novos trabalhos e fazendo alguns shows. Em 2017, ela lançou o álbum Quatro, Scott & Powell, reunindo três astros da era do glam rock: ela própria, Andy Scott (do The Sweet) e Don Powell (do Slade). Seu álbum mais recente, No Control, saiu em 2019 por um selo independente.

Algumas curiosidades bacanas sobre Suzi Quatro

*** Das três irmãs que integraram com ela o grupo The Pleasure Seekers (que em sua fase final virou Cradle), Patti foi quem avançou mais. Ela tocou com a irmã em algumas ocasiões e integrou outra banda feminina de sucesso, a Fanny, com quem gravou em 1974 o álbum Rock And Roll Survivors. As meninas também tinham outro irmão, Michael Quatro, que lançou vários trabalhos solo também na área roqueira. Arlene é mãe da atriz Sherilyn Fenn, conhecida por sua atuação em séries como Twin Peaks e Ray Donovan e no filme televisivo Liz: The Elizabeth Taylor Story, no qual viveu o papel da célebre estrela de Hollywood.

*** Quando chegou aos EUA oriundo da Itália, Art teve de mudar o seu sobrenome original, Quattrocchi, que virou Quatro por sugestão da imigração americana. A mãe de Suzi era oriunda da Hungria.

*** O britânico Nicky Chinn e o australiano Mike Chapman compuseram os maiores hits de Suzy Quatro, maravilhas do porte de 48 Crash, Can The Can, Devil Gate Drive, If You Can’t Give Me Love e Stumblin’ In, entre inúmeros outros. Eles também escreveram canções de sucesso para The Sweet, Huey Lewis And The News, Toni Basil, Smokie, Mud e Racey. Sozinho, Chapman também produziu álbuns dos grupos Blondie e The Knack e compôs sucessos para Tina Turner.

*** Suzi regravou vários clássicos do rock, entre eles All Shook Up, que estourou na voz de Elvis Presley. Diz o livro Guiness Book Of Rock Stars (1991), de Dafydd Rees e Luke Crampton, que o The Pelvis não só elogiou a performance da moça em sua regravação como a convidou (em 1974) para ir à sua casa, a mitológica Graceland, conhecê-lo. Dizem que ela amarelou, por Elvis ser seu maior ídolo e Suzi achar que não aguentaria o tranco!

*** Suzi é considerada uma das mais influentes mulheres da história do rock, citada como influência por grupos como The Runaways, Girlschool, The Bangles e até por Tina Weimouth, a baixista dos Talking Heads, que diz ter resolvido tocar baixo tendo como estímulo a intérprete de 48 Crash.

*** A primeira performance de Suzi foi aos oito anos de idade, fazendo uma participação em um show do grupo de jazz de seu pai, que fez questão de dar uma educação musical aos cinco filhos.

*** A roqueira americana está aproveitando a quarentena gerada pelo combate ao novo coronavírus fazendo lives com um curso gratuito de baixo. Confira o interessante canal dela no youtube aqui.

Veja uma sequência de clipes de Suzi Quatro aqui .

48 Crash (TV clip)- Suzy Quatro:

Suzi Quatro aos 60 anos, a eterna rainha do rock

Por Fabian Chacur

Não tem um só roqueiro da minha geração ou da geração anterior à minha que não seja até hoje apaixonado por Suzi Quatro. Não só pelo fato de essa cantora e baixista americana ser uma tremenda de uma gata. A coisa ia muito além disso.

Esse ícone do rock and roll completa nesta quinta (3) 60 anos cada vez mais viva nos corações de quem curte rock de verdade. E esse sempre foi um forte diferencial dela. Tinha charme e era bonita, mas ganhava fãs fieis na hora em que começava a cantar.

Nascida nos Estados Unidos em 3 de junho de 1950, mesmo ano de Peter Frampton, Suzi tinha no pai (músico de jazz nas horas de folga) uma influência. Ainda garota, montou dois grupos só de mulheres, ao lado das irmãs Patti, Nancy e Arlene. Seu irmão Michael também mergulhou no rock.

Em 1971, foi descoberta na mítica Detroit pelo produtor britânico Mickie Most, que havia trabalhado com Jeff Beck, The Animals e Donovan, entre outros, e se mudou para a Inglaterra, onde foi contratada pela Rak Records.

O sucesso veio em 1973 com dois singles explosivos,  Can The Can e 48 Crash, ambos de autoria da dupla de compositores Mike Chapman e Nikki Chin, que também fizeram hits para o The Sweet e vários outros.

Embora diferentes entre si, esses dois rockões tinham características em comum: abertura absurdamente energética de bateria, guitarras distorcidas na medida (nem mais, nem menos) e o vozeirão ardido de Suzi dando o tom, além de melodias muito, mas muito bacanas mesmo.

Ironicamente, Suzi Quatro nunca fez grande sucesso em seu país natal. Na Inglaterra, Europa, Austrália e diversos outros países, entre os quais o Brasil, a moça virou mania. Até 1975, outros sucessos rolariam, como Devil Gate Drive, Daytona Demon e a alucinada The Wild One.

Ela também fazia covers, e um é dos mais curiosos: I Wanna Be Your Man, de Lennon e McCartney e gravada pelos Rolling Stones, na qual ela cantava “quero ser seu homem” sem o menor pudor, e também sem a menor vontade de encarar alguém do mesmo sexo. O negócio dela sempre foi homem!

Após alguns anos de vacas magras, Suzi Gata voltou às paradas em 1978 com dois singles bem bacanas, mas com pegada mais pop: o rock balada If You Can’t Give Me Love e a popíssima Stumblin’ In, esta última em dueto com o cantor Chris Norman.

Em 1980, lançou a poderosa Rock Hard, tema do filme Times Square, que não fez sucesso mas tem uma das melhores trilhas sonoras de todos os tempos. Um dia preciso escrever sobre esse disco aqui.

A partir daí, o sucesso saiu de cena para Suzi Quatro. Na música, pois na TV americana ela atuou em algumas séries, como Happy Days, obtendo mais sucesso do que com a música.

Chegou a virar fazendeira e mãe em tempo integral nos anos 80. Mas lançou discos e fez shows. Felizmente está bem, pois é isso o que desejam seus inúmeros fãs, incluindo este que vos tecla.

No Brasil, nos anos 90 e início dos 2000, uma certa The Teahouse Band fazia um cover animal de 48 Crash em seus shows, com direito a performance espetacular de Karen Gião. Por onde anda essa moça? Mas isso é outra história…

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