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Gal Costa tem LP Água Viva relançado em vinil caríssimo

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Por Fabian Chacur

Sabe a brincadeira do “tenho duas notícias, uma boa e a outra ruim?”. Pois cabe feito luva na notícia a seguir. Comecemos com o lado positivo. A Universal Music acaba de disponibilizar na sua loja virtual uma reedição de Água Viva (1978), um dos álbuns mais bem-sucedidos da carreira da saudosa Gal Costa. A parte negativa: cada exemplar custa a bagatela de R$ 169,90, fora o frete (saiba mais aqui).

Ou seja, para quem não estiver nadando em dinheiro, quem sabe valha mais a pena ir atrás de uma edição em CD, ou mesmo de um exemplar em vinil da época ou de outra reedição mais antiga e menos, digamos assim, salgada em termos de preço. Vai do bolso de cada um.

Em termos musicais, Água Viva é um álbum impecável. Seus maiores sucessos são Folhetim (Chico Buarque), que Gal interpretou em um capítulo da novela global Dancin’ Days (1978), e Paula e Bebeto (Milton Nascimento e Caetano Veloso), esta última uma belíssima homenagem ao amor sem preconceitos, fronteiras ou restrições.

Com um total de 12 faixas, traz também um delicioso dueto de Gal com Gonzaguinha em uma composição deste, o sacudido forró moderno O Gosto do Amor. A releitura de Olhos Verdes (Vicente Paiva), sucesso em 1950 na voz de Dalva de Oliveira é outro destaque, entre composições assinadas por craques como Dorival Caymmi, Milton Nascimento, Chico Buarque, Gilberto Gil, Suely Costa, Moacyr Albuquerque, Ruy Guerra e Abel Silva.

O Gosto do Amor– Gal Costa e Gonzaguinha:

Saiba mais sobre as trilhas de Água Viva

Por Fabian Chacur

O canal a cabo Viva está reprisando Água Viva, de Gilberto Braga, uma das melhores novelas globais de todos os tempos. Nesta segunda-feira (13) às 22h45, a emissora exibirá um especial tendo como tema sua trilha sonora nacional, com direito a entrevistas com Baby Consuelo, Angela Ro Ro e Guto Graça Mello, entre outros (saiba mais aqui).

As duas trilhas da atração global exibida em 1980 e estrelada por Betty Faria, Reginaldo Faria e um elenco recheado de grandes nomes da teledramaturgia brasileira são muito boas. Ao contrário do que acontecia no início das novelas por aqui, quando gente como Roberto Carlos, Toquinho & Vinícius e Antônio Carlos & Jocafi eram convidados a escrever as canções especialmente para as atrações, aqui os temas já eram selecionados a partir de discos já lançados ou em via de.

O repertório de Água Viva Nacional reúne alguns integrantes da nata da MPB interpretando sucessos marcantes, como Maria Bethânia (Grito de Alerta, de Gonzaguinha), Simone (Desesperar Jamais, de Ivan Lins e Vitor Martins), Gilberto Gil (Realce) e João Gilberto (Wave, de Tom Jobim). Elis Regina comparece com uma belíssima (embora não tão conhecida) canção, Altos e Baixos, enquanto a Divina Elizeth Cardoso solta a voz na nostálgica No Tempo dos Quintais, parceria de Sivuca com Paulinho Tapajós.

Em plena ascensão profissional e também atuando como ator na trama global, Fábio Jr. aparece na trilha com um de seus maiores sucessos, 20 e Poucos Anos (cuja letra é muito afinada com seu personagem na trama), enquanto a então ainda desconhecida Angela Ro Ro mergulhou rumo ao estrelato com a maravilhosa balada blues Amor Meu Grande Amor. Gal Costa relê com muita categoria o clássico do chorinho Noites Cariocas, de Jacob do Bandolim.

O momento curioso fica por conta da participação da então mais conhecida voz de sua família Araújo, Lucinha Araújo, que interpreta com sobriedade e sensibilidade a maravilhosa Peito Vazio, de Cartola e Elton Medeiros. Poucos anos depois, no entanto, Lucinha perderia o cetro para o filho, um certo Cazuza, que não por coincidência sempre se confessou grande fã de Cartola, tendo gravado O Mundo é um Moinho com propriedade. Mamãe certamente amou.

A trilha internacional de Água Viva se dividiu entre baladas de várias vertentes e momentos mais dançantes, vários oriundos da disco music, então ainda na crista da onda. É dessa praia que vieram as sacudidas Mandolay (do grupo americano La Flavour), D.I.S.C.O. (do duo Ottawan) e The Second Time Around (do ótimo trio vocal americano Shalamar).

Perseguida por um movimento preconceituoso intitulado Disco Sucks e também prejudicada por uma superexposição na mídia, a disco music vivia então seus últimos momentos de glória, e alguns de seus expoentes tentavam buscar novas sonoridades. O grupo europeu Voyage, por exemplo, aparece na trilha de Água Viva com o rock dançante I Don’t Want To Fall In Love Again, faixa de seu terceiro álbum, uma fuga do formato disco que lhe rendeu hits como From East To West e Scotch Machine, entre outros.

No setor baladas, temos como destaque supremo a soul ballad Cruisin’, escrita e interpretada pelo genial Smokey Robinson, um dos criadores da Motown Records e dono de um dos falsetes mais envolventes da história da música pop, como bem exemplificam hits de seu repertório como The Track Of My Tears, Quiet Storm, You Really Got a Hold On Me e dezenas de outros.

Barry Manylow, o rei das power ballads, relê com categoria Ships, de Ian Hunter, mais conhecido como cantor e líder da banda britânica Mott The Hoople (apadrinhada por David Bowie e famosa pelo hit All The Young Dudes, do Camaleão do Rock). Os lábios envolventes da cantora americana Carly Simon deram vida à suave e deliciosa Just Like You Do, um dos maiores hits da ex-mulher de James Taylor.

A doce Lead Me On, na voz de Maxime Nightingale, abre o álbum, e fez tanto sucesso como a balada rock Babe, que tornou o grupo americano de rock progressivo Styx e seu então vocalista Dennis DeYoung conhecidos mundialmente. Memories, instrumental interpretada por Bianchi, e Never (Gonna Let You Go), com Charme, são os piores momentos do álbum.

A balada de letra muito triste e sentimental Just When I Needed You Most aparece no álbum na versão de Tony Wilson. Outra gravação, na voz de Randy VanWarmer (coautor da música com Wilson) foi lançada na mesma época e teve sucesso equivalente nas rádios e paradas de sucesso. Os arranjos e as interpretações são bem semelhantes.

Não é o caso de Do That To Me One More Time. Por alguma razão, entrou no LP de Água Viva a apenas correta regravação creditada a Susan Case & Sound Around. Mas a versão original desse hit é muito melhor, gravada pela dupla e casal Captain (Darryl Dragon, ex-integrante dos Beach Boys e renomado músico de estúdio) & Tenille (Tony Tenille, cantora de voz doce e cativante e com vários hits no repertório ao lado do marido, como Love Will Keep Us Together e Muskrat Love).

Vale lembrar que a música teve destaque em dois momentos importantes da novela assinada por Gilberto Braga (o mesmo autor de Dancin’ Days). Uma é um show de Maria Bethânia, após o qual os personagens de Betty Faria e Reginaldo Faria acabaram se conhecendo, e outro é a participação especial de ninguém menos do que o reggae man Peter Tosh, tocando violão e cantando em uma festa na qual o pau acabou comendo entre os personagens de Fabio Jr e Kadu Moliterno, para horror do astro jamaicano.

Tosh estava no Brasil participando de um festival de jazz, e aceitou o convite para cantar em um capítulo da atração, como se fosse amigo do personagem da eterna diva Tônia Carreiro. O curioso é que ele não está na trilha, e sim seu conterrâneo Jimmy Cliff, cuja sacudida e percussiva Love I Need ilustrou algumas cenas bacanas em uma espécie de latin reggae (essa música também foi tema de um comercial de cigarros no Brasil).

A trilha nacional de Água Viva foi relançada no formato CD em 2001, com uma faixa a menos do que em LP: Cais, de Milton Nascimento, ficou de fora por alguma razão. Já Água Viva Internacional nunca chegou ao formato CD. A gravadora Som Livre alega que não conseguiu autorização para que essas e outras trilhas dos anos 70 e 80 saíssem em CD. Uma pena!

Ouça Cruisin’, com Smokey Robinson:

Ouça Amor, Meu Grande Amor, com Angela Ro Ro:

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