Mondo Pop

O pop de ontem, hoje, e amanhã...

Tag: álbum 2023 (page 1 of 2)

Paula Santoro mostra Sumaúma com um show no Rio de Janeiro

paula santoro capa 400x

Por Fabian Chacur

Há três décadas na estrada da música, Paula Santoro construiu uma carreira sólida que lhe valeu inúmeros shows no Brasil e exterior e parcerias muito bacanas. Ela acaba de lançar, nas plataformas digitais e em caprichada versão em CD, seu 7º álbum, Sumaúma. Ela mostra no Rio de Janeiro o repertório desse trabalho e ainda mais em um show nesta terça-feira (22) às 20h no Teatro Prudential (rua do Russell, nº 804), com ingressos a R$ 80,00 (saiba mais aqui).

A árvore Sumaúma é considerada a “mãe da floresta” pois, na temporada de chuvas, acumula água em suas raízes tabulares (sapopemas) e na seca, ela extravasa essa água no solo e as plantas ao redor não morrem. Paula explica o tema do álbum: “É urgente fazermos algo sobre a preservação da natureza e tento dar meu recado através de minha arte. Aliás, sempre faço arte com intuito de transformar as pessoas e a mim mesma.”

O álbum mescla músicas inéditas e releituras, entre as quais Coisa Mais Maior de Grande (Gonzaguinha), Sassaô (João Bosco), Na Boca do Sol (Arthur Verocai-Vitor Martins) e Lala Lay Ê (João Donato e Lysias Enio). Temos participações especiais de nomes do porte de João Bosco, João Donato, Ivan Conti Mamão e Toninho Horta.

Além das músicas do álbum, a cantora e compositora oriunda de Belo Horizonte (MG) incluirá no show outras duas de João Donato, um dos convidados especiais de Sumaúma e que nos deixou recentemente. São elas as marcantes Êmoriô e A Paz, ambas parcerias dele com Gilberto Gil.

Paula Santoro será acompanhada por uma banda integrada por Rafael Vernet – seu maior parceiro na música – arranjador, pianista, produtor musical do álbum e diretor musical do show, o baterista Cyrano Almeida, o contrabaixista Rodrigo Villa e o percussionista Serginho Silva.

E Lala Lay Ê– Paula Santoro e João Donato:

Pacific Avenue mostra força em seu álbum de estreia, Flowers

pacific avenue 400x

Por Fabian Chacur

Para quem curte rock melódico, energético e com personalidade e anda buscando novos grupos com essas características, uma ótima notícia. O quarteto australiano Pacific Avenue acaba de lançar seu álbum de estreia pela gravadora BMG, Flowers, disponível nas plataformas e também em formatos físicos (no exterior). Tipo do trabalho que certamente irá agradar quem curte Badfinger, Crowded House, The Beatles e Oasis.

Na estrada desde 2017, o grupo integrado por Harry O’Brien (vocal e guitarra), Ben Fryer (guitarra), Jack Kay (baixo e vocais) e Dom Littrich (bateria) foi aperfeiçoando o seu trabalho fazendo shows e lançando singles e um EP. Conseguiram, dessa forma, consolidar um estilo próximo do power pop, repleto de bons refrões, vocalizações deliciosas e passagens instrumentais sempre simples e de bom gosto.

O álbum é repleto de boas canções, como por exemplo a deliciosa Leaving For London (ouça aqui), que lembra vagamente 867-5309/Jenny, hit nos anos 1980 com a banda Tommy Tutone. Strawberry Daydream, de cujos versos foi extraído o título do álbum, começa doce e engata uma terceira sensacional.

Spin Me Like Your Records (ouça aqui) cativa com sua energia ensolarada, enquanto Easy Love (ouça aqui) nos leva rumo a uma psicodelia com ecos do Jellyfish, banda americana do finalzinho dos anos 1980 que marcou época, embora tenha durado pouco.

Give It Up For Yourself (ouça aqui) nos remete aos Stone Roses, e Lay Me Down (ouça aqui) nos traz à mente o icônico Badfinger.

O quarteto recicla tais sonoridades com evidente conhecimento de causa e muita, mas muita energia mesmo, além de fugir das meras cópias de coisas que já deram certo no passado. E o vocalista Harry O’Brien esbanja carisma, assim como seus colegas apresentam concisão e pique. Flowers é um daqueles álbuns para se voltar a ter fé no nosso velho e bom rock and roll.

Eis as faixas do álbum Flowers:

1- Spin Me Like Your Records
2- Strawberry Daydream
3- Easy Love
4- Wake Me Up
5- Give It Up For Yourself
6- Leaving For London
7- City Lights
8- Get You Off
9- Someone’s Asking
10- Modern Lovers
11- Devotion
12- Lay Me Down

Strawberry Daydream (clipe)– Pacific Avenue:

Zé Brasil inclui o tempero rural no seu som em Viola Paulistana

viola paulistana capa 400x

Por Fabian Chacur

Aos 73 anos de idade, o cantor, compositor e multi-instrumentista paulistano Zé Brasil continua esbanjando energia e criatividade. Na estrada do rock desde os anos 1970 (leia mais sobre ele aqui), esse grande e inquieto artista nos traz uma novidade interessante no seu trabalho que já se revela logo no título de seu novo álbum, lançado pelo selo Natural Records: Viola Paulistana.

Sim, este roqueiro de fé incorporou ao seu coquetel sonoro os acordes da viola caipira, uma espécie de resgate das origens interioranas de seus familiares. Ele se incumbe desse instrumento, além de cantar, tocar teclados e assinar os arranjos e programações.

A viola aparece nas 12 faixas de formas bem diversificadas,indo das convenções mais próximas da música caipira paulista influenciando as melodias até a mistura com rock, folk e psicodelia. Temos 3 instrumentais (Folia de Reis, Pingo D’Água e Para Andrea), colocadas estrategicamente após blocos de três canções cada uma, como se fossem interlúdios.

O álbum abre com as três composições que Brasil divide com outros parceiros. Gente Decente foi escrita com Gerson Conrad (ex-Secos & Molhados), e é um lindo e poderoso libelo a favor do povo brasileiro, que é visto como “simples objetos” pelos poderosos de plantão.

Das Terras do Sem Fim é parceria com Cezar de Mercês (ex-O Terço) e Silvia Helena, esta última a parceira de vida e trabalho do Zé, que se incumbe também de vocais principais e de apoio durante todo o álbum, e traz como destaque a guitarra psicodélica de Fábio Golfetti (Violeta de Outono).

Desvario fecha o bloco das parcerias, com letra assinada pelo jornalista e poeta Nico Queiróz, e traz uma melodia bem mais próxima das canções rurais mais tradicionais, sem cair na mera repetição do já feito, vale ressaltar.

Após a delicada e encantadora instrumental Folia de Reis, temos Rio da Vida, rock com uma letra filosófica mergulhando no que seria a vida, de onde vem e pra onde vai, com tiradas bem profundas.

Monte Verde homenageia a encantadora localidade mineira mesclando o clima folk rural de sua letra e estrutura com sonoridades de tons indianos executadas pela cabacítara do sempre afiadíssimo Ricargo Vignini. Pura Intenção, bela balada folk-rock, fecha bem este bloco.

A instrumental Pingo D’Água, bem curtinha e linda, antecede Viola Sertaneja, provavelmente o momento mais caipira raiz do álbum. A seguir, vem o rockão Naturalmente, aberto por um lindo solo de guitarra de Fernando Alge.

Terra dos Bem-Te-Vis, com estrutura também extraída do formato da música rural, é uma linda e emocionante homenagem a São Paulo, cidade que até o início do século XX era muito provinciana e próxima do espírito caipira. E é exatamente essa mistura com o urbano e o progresso acelerado que esta linda canção exalta, com todos os seus paradoxos.

Para Andrea (homenagem a uma das filhas de Zé e Silvia Helena) é faixa instrumental que encerra Viola Paulistana, com participação especial do celebrado guitarrista André Christovam. Vale destacar a participação de outros ótimos músicos no álbum, como Edu Gomes (guitarra e violão), Nivaldo Campopiano (guitarra, da banda Muzak) e Fred Barley (bateria).

Neste seu lindo mergulho por suas origens rurais que dura aproximadamente meia hora, Zé Brasil nos oferece um trabalho que é ao mesmo tempo fiel à sua sonoridade rock delicada e a suas temáticas fiéis à filosofia paz e amor dos anos 1960-70 e inovadora em seus nuances e misturas. Prova de que o cara que leva o nome do nosso país no sobrenome artístico ainda tem muita lenha pra queimar. Gente muito decente mesmo!

Veja vídeo do Zé Brasil ao vivo mostrando músicas do Viola Paulistana aqui.

Ouça o álbum Viola Paulistana em streaming aqui.

Terra dos Bem-te-vis– Zé Brasil:

Agentss lançam uma caixa com material inédito e raro dos 80’s

agentss 400x

Por Fabian Chacur

Dentro do efervescente cenário do rock paulistano dos anos 1980, o Agentss conseguiu deixar a sua marca, mesmo se mantendo ativo apenas entre 1981 e 1983. Nesse período, o grupo integrado por Kodiak Bachine (vocal, teclados e synths), Miguel Barella (guitarra) e Eduardo Amarante (guitarra) lançou dois compactos simples bastante elogiados, mas com pouca repercussão comercial. Um ótimo trabalho que está sendo resgatado pela Nada Nada Discos (saiba mais aqui).

O lançamento oferece ao público dois álbuns de vinil contendo as quatro faixas dos compactos lançados em 1981 e 1983- Agentss, Angra, Professor Industrial e Cidade Digital– e mais 11 registradas no mesmo período, entre gravações feitas ao vivo e em estúdio. A caixa-box também inclui três pôsteres e um livreto de 64 páginas com fotos e depoimentos dos integrantes da banda, amigos e quem conheceu na época o trabalho deles.

Miguel Barella explica como foi a restauração do material:

“O 1º passo foi digitalizar as fitas. Tinha rolo de 1/4” e cassetes. Nesse processo o medo é que a fita rompa ou descasque. Felizmente estavam em boas condições. Uma vez digitalizado, escutamos tudo várias vezes e escolhemos o que entraria nos LPs, respeitando a limitação de tempo. Com as músicas e a ordem das mesmas escolhidas, a masterização ficou a cargo do Homero Lotito da Reference Mastering Studio”.

Dois dos integrantes do Agentss também tiveram destaque em outras bandas. Barella marcou presença no Voluntários da Pátria, enquanto Amarante marcou presença na segunda e mais bem-sucedida em termos comerciais formação da banda Zero, do hit Agora Eu Sei.

A box set dos Agentss terá o seu lançamento oficial em São Paulo realizado neste sábado (27) das 18 às 24h na Portal (rua Fidalga, nº 642- Vila Madalena), com entrada franca.

Angra– Agentss:

Yusuf/Cat Stevens mostra a sua veia roqueira em ótimo single

yusuf cat stevens clipe 400x

Por Fabian Chacur

No dia 16 de junho, Yusuf/Cat Stevens lançará o álbum King of a Land. Como forma de atiçar os ouvidos dos fãs, ele nos oferece mais uma faixa previamente. E não poderia ter escolhido melhor. All Nights, All Days é um pop-rock simplesmente delicioso e contagiante, daqueles que você acaba ouvindo muitas vezes seguidas, e por várias razões possíveis.

Pra começo de conversa, temos um ritmo irresistível, melodia linda e um riff de guitarra marcante, além de pequenas passagens agudas a la George Harrison. A voz de Stevens, que fará 75 anos no próximo dia 21 de julho, continua envolvente, no mesmo nível da sua fase de sucesso dos anos 1970. E a letra é incisiva, sugerindo que os políticos mentirosos deveriam ser presos no zoológico de Londres…

Para ilustrar All Nights, All Days, foi criado um clipe dirigido por Nick Cinelli e produzido pelo Studio Linguine com uma animação sensacional que traz como destaque homenagem a personagens do filme cult Ensina-me a Viver (1971), cuja trilha foi feita pelo próprio artista. E a música tem apenas 2m25 de duração. O máximo de qualidade em um tempo reduzido!

All Nights, All Days (clipe)- Yusuf/Cat Stevens:

Antonio Adolfo dá as flores em vida a Carlos Lyra e R. Menescal

antonio adolfo capa cd-400x

Por Fabian Chacur

A formação musical de Antonio Adolfo (leia mais sobre ele aqui) foi fortemente impactada pelo surgimento da Bossa Nova. Este genial pianista, compositor e arranjador carioca integra uma geração que podemos nomear de “filhos da bossa”. Nada mais natural do que ele homenagear os 65 anos do mais influente gênero musical brasileiro em termos mundiais.

O recorte escolhido por Adolfo não poderia ter sido mais original e oportuno. Ele resolveu gravar um álbum com composições de dois autores seminais da bossa que ainda estão entre nós. Ou seja, deu a eles as flores em vida. Nasceu, assim, Bossa 65- Celebrating Carlos Lyra and Roberto Menescal, lançado pelo seu selo AAM Music e disponível em CD e também nas principais plataformas digitais.

A escolha dos dois autores não foi aleatória. Um dos primeiros trabalhos do ainda bem jovem Antonio Adolfo como pianista profissional foi no musical Pobre Menina Rica (1963-64), escrito por Carlos Lyra com seu parceiro, o eterno poeta Vinícius de Moraes.

Ao lado de Roberto Menescal, ele participou da banda que gravou os álbuns Elis in London e Elis And Toots Thielemans com Elis Regina em 1969, e posteriormente esteve em vários projetos de “Menesca” enquanto produtor na gravadora Polygram, nos anos 1970.

O álbum tem 10 faixas, cinco de cada um. O repertório traz desde standards mais conhecidos como O Barquinho (Roberto Menescal-Ronaldo Bôscoli) e Marcha da Quarta-Feira de Cinzas (Carlos Lyra-Vinícius de Moraes), a outras escolhidas a dedo nesse repertório tão rico e repleto de coisas boas. Temos até Bye Bye Brasil (Roberto Menescal-Chico Buarque), composição feita para o icônico filme homônimo lançado em 1980.

Incumbindo-se do piano e dos arranjos, Adolfo escalou um timaço integrado por Lula Galvão (guitarra), Jorge Helder (baixo acústico), Rafael Barata (bateria e percussão), Dada Costa (percussão), Danilo Sinna (sax alto) e Rafael Rocha (trombone), com Jessé Sadoc (trompete e flugelhorn) em duas faixas e Marcelo Martins (sax tenor e flauta) em uma.

A capacidade de Antonio Adolfo como músico e arranjador é espetacular. Sempre elegante, ele sabe como poucos dar a cada músico o seu espaço, gerando dessa forma diálogos sonoros extremamente bem concatenados e bons de se ouvir. Ele aproveita bem as melodias originais e as envolve com harmonias criativas, dando a elas uma roupagem que soa atual, sem perder o espírito original de cada música.

O lado jazzístico surge ao permitir improvisações de cada músico envolvido, sempre na medida certa, mas sem abrir mão da criatividade e ousadia. Isso explica o porque os vários lançamentos recentes do altamente produtivo Antonio Adolfo andam frequentando as paradas de sucesso, playlists e programações de rádios dedicadas ao jazz nos EUA, tornando-o um dos craques do que atualmente rotulam como latin jazz.

Carlos Lyra completou 90 anos de idade no último dia 11, e não poderia ter ganho um presente melhor, assim como Roberto Menescal, também muito produtivo aos 85 anos. Bossa 65- Celebrating Carlos Lyra and Roberto Menescal mostra como fazer uma homenagem à bossa nova sem cair em repetições ou clichês cheirando a naftalina. Bossa com sabor de 2023.

Coisa Mais Linda– Antonio Adolfo:

Moda de Rock lança novo álbum com show no Sesc Ipiranga (SP)

moda de rock-400x

Por Fabian Chacur

Após cinco anos do lançamento de seu álbum anterior, o Moda de Rock está com um trabalho novo. Trata-se de Moda de Rock Brasil, no qual o duo integrado por Ricardo Vignini e Zé Helder investe em releituras personalizadas de clássicos do rock brasileiro tendo a viola como condutora. Eles mostram o repertório desse trabalho em show nesta sexta-feira (28) às 21h no Sesc Ipiranga (rua Bom Pastor, nº 822- Ipiranga- fone 0xx11-3340-2000), com ingressos de R$ 12,00 a R$ 40,00.

O 4º lançamento do Moda de Viola tem como foco 13 faixas de várias fases e estilos do rock brasileiro, incluindo músicas de Mutantes, Ira!, Plebe Rude, Cólera, Harppia e Sá, Rodrix & Guarabira. Músicas como 2001, Até Quando Esperar, Mestre Jonas e Salém (A Cidade das Bruxas) estão no álbum.

Uma novidade fica por conta de um número maior de faixas com vocais, sendo que em seus anos iniciais Ricardo Vignini e Zé Helder se concentravam em gravações totalmente instrumentais. Este último se mostra um ótimo vocalista, por sinal.

O Moda de Rock iniciou a sua trajetória em 2007 e lançou o seu primeiro álbum em 2011, e desde então conquistou fãs no Brasil e também no exterior, onde já fez alguns shows. Eles também tocarão algumas músicas dos trabalhos anteriores neste show do Sesc Ipiranga.

Medo– Moda de Rock:

Pat Metheny divulga faixa e terá um novo álbum em breve

pat metheny 400x

Por Fabian Chacur

Pat Metheny não para. Aos 68 anos muito bem vividos, o grande guitarrista, violonista e compositor norte-americano se mantém em constante atividade, incluindo novos shows e gravações. Seu novo projeto é o álbum Dream Box, que será lançado em breve pela gravadora BMG. Como prévia, acaba de ser disponibilizado nas plataformas digitais um lindo e delicado single, From The Mountains, daqueles temas instrumentais longos, viajantes e deliciosos de se ouvir.

Em press-release enviado à imprensa, o brilhante músico explica a origem improvável deste novo trabalho:

“Trata-se de uma compilação de faixas gravadas ao longo dos anos. Durante uma turnê no ano passado (2022), descobri uma pasta esquecida em meu HD. Durante as viagens, passei a ouvir as gravações e cheguei involuntariamente a um destino que não havia planejado, e fiquei animado para compartilhar o que encontrei lá”.

Desde que lançou o seu primeiro álbum, Bright Size Life (1976), Pat Metheny, assumido fã dos Beatles, Miles Davis e Wes Montgomery, desenvolveu uma trajetória musical cuja base é o jazz, mas sempre aberto a outras influências. Ele atuou com o Pat Metheny Group ao lado do tecladista Lyle Mays (1953-2020) e também em trabalhos solos e colaborações.

Metheny é o único artista a ter conseguido faturar 20 troféus Grammy, o Oscar da música, em 10 categorias diferentes. O que não é de se estranhar, se levarmos em conta a abrangência dos músicos com quem já gravou e fez shows, entre os quais Joni Mitchell, David Bowie, Milton Nascimento, Naná Vasconcelos, Bruce Hornsby, Herbie Hancock e Toninho Horta.

From The Mountains– Pat Metheny:

Fábio Jorge faz uma preciosa homenagem no CD Aznavour

fabio jorge aznavour 400x

Por Fabian Chacur

Nada mais lindo e inspirador do que ver um profissional que gosta do que faz e realiza esse ofício do seu jeito, dentro das suas próprias regras e transbordando prazer e total domínio de suas ferramentas. Lógico que esse hipotético ser precisa ter talento, senão, não rola. E eis uma descrição exata para a trajetória musical do cantor Fábio Jorge, que há 19 anos desenvolve uma trajetória impecável. A mais nova prova é o álbum Aznavour, disponível em lindíssima edição física e nas plataformas digitais.

Filho de uma francesa (a saudosa dona Renée) e um brasileiro, Fábio canta habitualmente em francês, e em seus trabalhos mescla o cancioneiro daquele país europeu com músicas brasileiras vertidas para esse idioma (leia mais sobre ele aqui). Em seu álbum anterior, o lindo O Tempo (2021- leia a resenha aqui), ele cantou em português canções brasileiras.

Em seu sexto álbum, o intérprete faz uma linda homenagem a um dos grandes baluartes da canção francesa de todos os tempos, o saudoso Charles Aznavour (1924-2018). Ele mergulhou em um vasto universo de mais de 850 composições e selecionou 12 obras do mestre francês, sendo quatro escritas sozinho e outras oito assinadas com sete parceiros diferentes.

O repertório traz três canções mais conhecidas do público médio e outras escolhidas a dedo. A mais famosa é uma das bem-sucedidas incursões de Aznavour pelo idioma inglês, a encantadora She, que estourou nos anos 1970 com o próprio autor e depois teria inúmeras regravações, incluindo a de Elvis Costello em 1999. As outras são as icônicas Que C’Est Triste Venise (divulgada por um delicioso clipe) e La Bohème.

Com produção do próprio cantor e direção musical, piano, arranjos, gravação e mixagem a cargo de Alexandre Vianna, com quem tem trabalhado de forma constante, o álbum traz como marca arranjos elegantes e de extremo bom gosto, tendo o piano como centro e o auxílio luxuoso de músicos do gabarito de Toninho Ferragutti (acordeon), Rafael Lourenço (bateria) e Ubaldo Versolato (clarinete), entre outros.

Com essa roupagem musical, Fábio Jorge consegue a façanha de não clonar as interpretações marcantes do próprio autor, sem no entanto subverter suas melodias e letras. Ele incorpora as canções e dá a elas interpretações cativantes, nas quais mostra ter um controle absurdo em relação a seus recursos vocais, usando-os com aquela categoria que só os craques possuem.

Aznavour, o álbum, é para se ouvir de ponta a ponta, pois equivale a um show, com uma faixa se encadeando à outra de forma orgânica e proporcionando um prazer auditivo imenso. As sutilezas dos arranjos são muito inteligentes, como abrir o álbum e a faixa Que C’Est Triste Venise com um solo de acordeon, um dos instrumentos mais imediatamente ligados à música francesa tradicional.

Outra sacada inteligente ficou por conta de tornar She a única interpretação voz e piano do álbum, diferenciado-a das versões mais conhecidas da mesma. E vale também registrar a ótima ideia de incluir em Comme Ils Disent um texto em português de Fábio no qual ele traduz o conteúdo da letra da canção, que fala sobre um personagem de Paris que de dia é decorador e estilista e à noite transformista, em uma boate, com a marcante frase na qual a pessoa se define como “homossexual, como eles dizem”.

Ouvir um trabalho como este é um privilégio, como ressalta o belíssimo texto assinado pelo produtor musical Thiago Marques Luiz no encarte do CD. É a obra de alguém que não faz concessões para poder oferecer ao seu público o que ele tem de melhor. Tive a honra de entrevistar Charles Aznavour, e tenho certeza de que ele amaria ouvir esta bela homenagem. Deve estar ouvindo no céu, e parabenizando dona Renée pelo seu talentoso filho.

Que C’Est Triste Venise (clipe)- Fábio Jorge:

Yusuf/Cat Stevens dá amostra de álbum que sairá em junho

yusuf cat stevens 400x

Por Fabian Chacur

Há pouco tempo, Yusuf/Cat Stevens divulgou a releitura de Here Comes The Sun (confira aqui), homenagem aos 80 anos que George Harrison teria completado este ano. Agora, fica claro que a gravação teve uma espécie de outro sentido. O cantor, compositor e músico britânico assinou contrato com a Dark Horse Records, selo criado pelo ex-Beatle e hoje gerido por seu filho, o também músico Dhani Harrison.

Com distribuição via BMG, a gravadora lançará em breve o 17º álbum de estúdio do autor de Wild World e tantos outros hits. King of a Land deve chegar ao mercado musical em vários formatos físicos e nas gloriosas plataformas digitais no dia 16 de junho.

A primeira amostra a ser divulgada é deliciosa. Trata-se de Take The World Apart, canção singela e de levada folk envolvente que finaliza o repertório de 12 novas composições do astro pop. Ela está sendo divulgada com um lyric vídeo fofíssimo, criado pelo premiado ilustrador canadense Peter Reynolds, que trabalhou com Yusuf na novela infantil Peace Train em 2021.

O álbum foi gravado em vários estúdios, entre os quais o célebre Hansa, de Berlim (onde David Bowie e U2 gravaram, entre outros), e finalizado no Friar Park, estúdio pessoal de George Harrison.

O repertório de King of a Land equivale a um conto épico e assumidamente ingênuo que busca um lugar onde possa ocorrer um final feliz. Em comunicado à imprensa, Stevens fala mais um pouco sobre isso:

Olhando minha jornada na música, desde os anos 60, sinto que este novo trabalho é como um mosaico. E no fim mostra, claramente, onde eu estive e quem eu sou hoje”.

Take The World Apart (clipe)- Yusuf/Cat Stevens:

Older posts

© 2024 Mondo Pop

Theme by Anders NorenUp ↑