Por Fabian Chacur

Todos sabem que não é tarefa para amadores sobreviver no concorrido mundo da música. Fazer o que se gosta e ainda ganhar dinheiro é missão para herois. Por isso, muitos artistas descobrem uma fórmula para garantir o pão de cada dia e se limitam a repeti-la à exaustão. Emmerson Nogueira é um bom exemplo.

O músico mineiro nascido em 1972 batalhou durante muitos anos nos bares e festivais da vida, tentando achar o seu lugar ao sol. Até que, no início do novo século, recebeu uma proposta da gravadora Sony Music: gravar sucessos do pop rock internacional em formato acústico. Aceitou.

O sucesso de vendas do primeiro trabalho nessa linha, Versão Acústica (2001), garantiu ao cantor e músico uma caminhada tranquila e lucrativa pela frente. Sem invadir as paradas de sucesso nem empolgar a crítica, mas conquistando um público fiel.

Durante esta década, Emmerson lançou ao todo nove CDs, sendo o mais recente Ao Vivo Volume 2. Neles, apostou na fórmula “não se mexe em time que está ganhando”. Beatles (2004) e Milton, Minas e Mais (2005) equivaleram a leves alterações na rota, mas sem sair do mesmo rumo.

Ouvir o novo álbum leva o ouvinte a se sentir em um barzinho da vida, tomando umas cervejas e conversando despreocupadamente com os amigos, sem prestar muita atenção no músico ou músicos que estão cantando e tocando ao fundo, fazendo seu som digestivo e sem grandes pretensões.

As releituras feitas em Ao Vivo Volume 2 de clássicos óbvios do pop rock como Breakfast In America e Dreamer (Supertramp), Shine On You Crazy Diamond (Pink Floyd), Unchain My Heart (Ray Charles) e Africa (Toto) soam sem alma, polidas demais e sem acrescentar nadinha que seja às canções.

Emmerson Nogueira optou por dar mais do mesmo a seu público, sem se permitir nenhuma ousadia maior. Merece respeito por conseguir pagar suas contas dessa forma. Mas que é bem melhor ouvir as gravações originais das canções que ele registra em seus discos, lá isso é.