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Morre John Wetton, o incrível cantor e baixista de prog rock

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Por Fabian Chacur

John Wetton era aquele tipo de músico que fazia os concorrentes passarem vergonha na hora de comparar os currículos. Afinal de contas, esse cantor, compositor e baixista inglês tocou com alguns dos mais importantes grupos de rock de todos os tempos, especialmente em termos de rock progressivo. Ele nos deixou nesta terça-feira (31), aos 67 anos, após uma longa batalha contra o câncer.

Mesmo com problemas de saúde, ele não deixou de trabalhar nos últimos tempos. Inclusive, ele deveria começar em breve uma turnê com uma das bandas que o tornou famoso, a Asia, que faria shows em dobradinha com o Journey. Ele anunciou no dia 11 de janeiro que não poderia participar dos primeiros shows por determinação médica, sendo substituído pelo amigo Billy Sherwood (do grupo Yes). O músico também estava se dedicando a relançamentos de trabalhos-solo.

Além disso, está previsto para sair no dia 24 de fevereiro o lançamento de um novo trabalho do Asia, Symfonia- Live In Bulgaria 2013, que sairá em CD duplo e DVD. Os relançamentos de seus trabalhos-solo, assim como a disponibilização de gravações raras e/ou inéditas dele, estavam sendo realizadas por um selo próprio, o Primary Purpose.

Nascido na Inglaterra em 12 de junho de 1949, John Wetton começou no cenário do rock tocando em grupos como o Mogul Trash. Em 1971, entrou na banda Family, a qual acabou deixando em 1972 para aceitar um convite imperdível: ser o novo baixista e vocalista do King Crimson, seminal time de rock progressivo que naquele momento partia para uma nova formação. Ao lado de Robert Fripp (guitarra) e Bill Brufford (bateria), lançou três discos seminais do prog rock: Larks Tongue In Aspic (1973), Starless And Bible Black (1974) e Red (1974).

Com a separação do Crimson em 1974, Wetton ficou até 1977 participando de vários trabalhos alheios, tocando baixo com o Roxy Music em uma turnê da banda (ele aparece no incrível álbum Viva!, lançado por esta banda em 1976) e também participando (entre 1974 e 1978) de discos solo de Bryan Ferry e Phil Manzanera. Em 1975 e 1976, fez parte do Uriah Heep, com o qual gravou dois álbuns, entre eles o elogiado Return To Fantasy (1975).

Em 1977, Wetton cria a banda U.K. ao lado de outros músicos badalados, como Bill Brufford (Asia, King Crimson), Eddie Jobson (Roxy Music) e Alan Holdsworth. Com o fim da banda, em 1980, ele lança o seu primeiro disco solo, Caught In The Crossfire, que é elogiado mas não consegue boas vendagens. Aí, surgiria um projeto campeão de vendas para compensá-lo de forma massiva.

Era o Asia, que trazia ele como cantor e baixista ao lado de Geoff Downess (ex-Buggles e Yes, teclados), Steve Howe (guitarra, ex-Yes) e Carl Palmer (bateria, ex-Emerson, Lake & Palmer). O grupo tornou-se um verdadeiro fenômeno de vendas do pop-rock, vendendo milhões de discos, atingindo o primeiro lugar da parada nos EUA e ficando por lá durante nove semanas e se tornando o álbum mais vendido de 1982 pela Billboard, com hits como Heat Of The Moment e Only Time Will Tell.

A partir daí, já mais do que consagrado, John Wetton se dividiu entre o lançamento de trabalhos-solo, de um álbum em dupla com Phil Manzanera e inúmeros outros projetos bacanas. Em 1997, saiu My Own Time: The Authorized Biography Of John Wetton, de autoria de Kim Dancha. Wetton esteve no Brasil em 1991 com o Asia, onde fez alguns shows. Ele conseguiu superar o vício de bebidas alcoólicas, e ajudava outras pessoas com esse problema sério.

Do It Again (ao vivo)- John Wetton e Phil Manzanera:

Asia relê ao vivo seu álbum de estreia

Por Fabian Chacur

O rock progressivo se firmou durante os anos 70 como uma das mais populares subdivisões do rock and roll. Com seu enfoque sofisticado e repleto de influências de música erudita, jazz, pop e música eletrônica, conquistou milhões de fãs mundo afora.

Com o advento do punk e da new wave, na segunda metade dos anos 70 o prog rock entrou em um momento de queda de popularidade, e deixou suas bandas de ponta em uma sinuca de bico de grandes proporções.

O que fazer? Seguir na mesma toada, sem ligar para a redução das vendas de seus álbuns, ou experimentar novos rumos, tentando achar uma saída para a crise?

Em 1981, quatro músicos ligados a esta cena resolveram unir forças no intuito de investir em novas sonoridades, sem no entanto se distanciar demais de suas raízes.

John Wetton, o vocalista, baixista e principal compositor, ganhou fama integrando bandas como Roxy Music, Uriah Heep, King Crimson e UK. O guitarrista Steve Howe brilhou durante anos no Yes, banda da qual o tecladista e vocalista de apoio Geoff Downes fez parte durante um curto período, além de integrar o duo new wave Buggles.

Completou o time ninguém menos do que Carl Palmer, ex-Emerson Lake & Palmer e um dos mais brilhantes bateristas/percussionistas da história do rock.

Com essa escalação, eles foram contratados pela Geffen Records, do consagrado executivo David Geffen, na época um selo fonográfico em nítido crescimento no meio musical e que buscava uma banda com esse perfil “supergrupo”.

Apostando em uma mistura de power pop, rock arena e rock progressivo na linha do que faziam na época Journey, REO Speedwagon e Styx, mas indo mais fundo em um formato enxuto, o Asia lançou em 1982 seu auto-intitulado álbum de estreia.

Deu super certo. O álbum vendeu mais de nove milhões de cópias e se manteve por nove semanas não consecutivas no topo da parada americana. Um êxito difícil de ser seguido. Nos anos posteriores, a banda mudou várias vezes de formação e lançou discos que sequer chegaram perto do estouro do trabalho que os lançou no mundo fonográfico.

Trinta anos após esse verdadeiro fenômeno de vendas, o Asia, novamente com sua escalação original, lança o álbum Under The Bridge. O trabalho, gravado ao vivo em San Francisco, California em 5 de maio de 2008, tem como mote a releitura ao vivo de seu primeiro disco, na íntegra e na sequência original de faixas.

Como bônus, foram incluídas releituras ao vivo realizadas no mesmo show (como bis) de três faixas de seu segundo álbum, Alpha (1983), além de uma canção da mesma época usada como lado B de um single, Daylight. The Heat Goes On, de Alpha, é usada como mote para um ótimo solo de bateria de Palmer.

Os dois maiores hits do grupo, Heat Of The Moment e Only Time Will Tell (esta usada no Brasil como tema de um dos comerciais dos cigarros Hollywood), aparecem logo de cara, mas o CD inclui outras faixas boas, como Sole Survivor, One Step Closer e Without You.

Tocadas com os arranjos originais, mas com direito a firulas e bons solos instrumentais aqui e ali, as nove faixas de Asia (o álbum) soam meio datadas, mas ainda sim boas de serem ouvidas, sem os exageros da fase final do rock progressivo setentista.

Under The Bridge equivale a uma boa oportunidade de reavaliarmos aquele período no qual os criadores do rock progressivo tentaram novos rumos para suas carreiras. Na época, os críticos baixaram a lenha nesse disco, mas hoje, fica claro que houve um exagero.

Não se trata de um Sgt. Peppers, mas nem tão pouco de um monte de pastiches pop com moldura levemente progressiva. Temos aqui um trabalho de forte apelo comercial (para a época), mas com requinte e bom gosto, executado por ótimos músicos.

Clipe original de Heat Of The Moment, do Asia:

Clipe original de Only Time Will Tell, do Asia:

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