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Autorretrato Kleiton & Kledir- coisinhas gerais

kleiton_kledir2Por Fabian Chacur

Alguns detalhes adicionais sobre Autorretrato:

***Quando apresenta a música Tudo Eu no DVD, Kledir fala: “minha mulher agora implicou. Ela acha que essa música foi feita pra ela. Vai ver que foi mesmo…..” Corajoso, o nosso amigo! Ótima, Tudo Eu tem espírito musical parecido com uma canção de Crosby Stills & Nash, Long Time Gone, de 1969. Confira e compare:

http://www.youtube.com/watch?v=_PFCgAhZEO8&feature=PlayList&p=79D897B03BFD27EB&playnext=1&playnext_from=PL&index=96

***A capa de Kleiton e Kledir (1986), o disco anterior de inéditas, tinha fotos dos dois separados. No LP de vinil, era um na capa e outro na contracapa. Autorretrato mostra os dois lado a lado, com metade do rosto de cada um. No encarte do CD, os rostos se misturam, como se fosse um quebra-cabeça se completando. Seriam mensagens sobre o estado de espírito da dupla em cada época? Antes, rumo à separação, agora, mais unidos do que nunca?

***A bela balada folk Estrela Cadente traz em sua letra versos que eu já conhecia de outro lugar. É da música Sonho de Papel, que faz parte do inconsciente coletivo de todos os fãs de festas juninas. Eis os versos citados pela dupla: “acende a fogueira do meu coração”.

***Polca Loca é mais uma bela experiência da dupla no sentido de modernizar os ritmos tradicionais gaúchos. Ficou com cara de ska, extremamente dançante e com elementos eletrônicos, e lembra o espírito de duas outras ótimas fusões desse gênero, contidas no álbum Kleiton & Kledir (1984): Bailão e Roda de Chimarrão.

***Embora morem há décadas no Rio de Janeiro, os irmãos Ramil sempre homenageiam seu Rio Grande do Sul. Neste disco, é com a bela Pelotas. Antes, já tivemos Deu Pra Ti, Lagoa dos Patos e Beira Rio, entre outras.

***Os solos de violino de Kleiton são uma das marcas do som da dupla. Neste CD, são destaques das faixas A Dança do Sol e da Lua e Estrela Cadente. Confiram. O cara toca muito e sabe como poucos utilizar esse instrumento em um contexto pop.

***Letras sobre a importância da amizade são recorrentes no trabalho da dupla. Autorretrato, a canção, é provavelmente a melhor de todas, superando de longe a versão de Bridge Over Troubled Water, de Paul Simon, que com eles se tornou Corpo e Alma e foi gravada no CD Kleiton & Kledir (1983).

***As canções Só Pra Te Ver e Ao Sabor do Vento guardam sutis elementos de, respectivamente, Saiçú (Segredo do Meu Coração- de 1983) e Navega Coração (1980). Isso se chama assinatura musical.

***Eu devo ter gostado muito deste CD/DVD para escrever tanto sobre ele!  Chega! E uma dica: ouçam Autorretrato. Agora!

Autorretrato de Kleiton e Kledir- O DVD

Por Fabian Chacur

Como forma de registrar também eAutorretrato capa DVDm imagens o CD Autorretrato, Kleiton & Kledir resolveram gravar este DVD. Com o apoio da produtora Pandorga e do Canal Brasil, apresentaram as 13 músicas no estúdio, com os músicos que participaram de cada uma delas marcando presença na dublagem. Mas não se trata de apenas a filmagem dos músicos tocando. De forma extremamente criativa e inteligente, o diretor Edson Erdmann soube mesclar os registros de estúdio com efeitos, cenas externas e outros elementos, criando verdadeiros videoclipes para cada canção. Antes de cada música, os irmãos Ramil falam sobre a criação de cada, suas motivações etc. A ordem das músicas, curiosamente, é diferente da do CD. O DVD abre com a faixa título e é encerrado com A Dança do Sol e da Lua, ou seja, começa e termina com canções mais agitadas. Já no CD, o início cabe a A Dança do Sol e da Lua, com a mais tensa Tudo Eu fechando a porteira. Um dos pontos altos do DVD é a faixa Eva, cuja letra foi feita a partir de nomes de mulheres. A dupla divide a cena com as meninas do grupo As Chicas, e tem até um cidadão vestido de mulher para ilustrar o momento “biba” da letra. Nos extras, a música ganha o nome de Adão (a versão masculina de Eva), e os vocais ficam por conta das Chicas, que por sinal lançaram seu disco de estréia em 2007 (Quem Vai Comprar o Nosso Barulho?)e são muito boas. Outra música que teve sua versão audiovisual muito bem realizada é Pelotas, belo ode à cidade natal dos manos, que traz cenas de lá. O making of é dos mais interessantes, e nos oferece uma boa visão do relacionamento de Kleiton & Kledir como músicos e irmãos. O DVD equivale a um bom complemento desse ótimo CD Autorretrato.

Confira o videoclipe de Pelotas:

http://www.youtube.com/watch?v=3W00YCgOVPU

Autorretrato de Kleiton e Kledir- O CD

kleiton_kledirPor Fabian Chacur

Desde 1986 Kleiton & Kledir não gravavam um disco só com músicas inéditas. A escrita acaba de ser quebrada, com Autorretrato. Muita coisa aconteceu nesses 23 anos. Primeiro, uma separação de dez anos. Depois, três discos. Dois (1997) trazia cinco (boas) inéditas e sete releituras discutíveis de sucessos. Clássicos do Sul (1999) reuniu 14 releituras de belos standards da música gaúcha de todos os tempos. Ao Vivo (2006, também saiu em DVD), foi gravado ao vivo em Porto Alegre, trouxe 12 hits da dupla, 2 dos tempos do seminal grupo que os lançou nos anos 70 (Almôndegas) e duas inéditas.

E aí, valeu esperar tanto? Sim! Felizmente! Autorretrato não apresenta grande ruptura em relação ao estilo de Kleiton & Kledir e sua original fusão de folk, rock, pop, MPB e música regional gaúcha (esta última, cada vez mais como uma espécie de tempero). É a reafirmação de tudo o que já fizeram, mas sem cair na autoindulgência, no “como é lindo o meu umbigo”. Soa como um trabalho feito de forma prazerosa, com tesão ilimitado. Tem delicadeza, romantismo, otimismo, saudade, profissão de fé na vida, e também uma pitada de insatisfação. A produção do britânico Paul Ralphes (tocou no grupo Bliss, e produziu Kid Abelha e Engenheiros do Hawaii, entre outros), é extremamente cuidadosa, reforçando os timbres de cada instrumento e valorizando os pontos altos dos irmãos Ramil no aspecto sonoro, que são suas belas vocalizações, solos vocais também impecáveis e o violino de Kleiton. Das canções, curiosamente as mais diferentes do estilo habitual deles foram escolhidas para abrir e fechar o CD. A Dança do Sol e da Lua é bem dançante e com jeitão de mantra indiano como bem definiu Kleiton, e começa a festa com alto astral. Por sua vez, a balada rock agressiva Tudo Eu equivale ao desabafo de Kledir referente a uma hipotética relação amorosa na qual ele só carrega o piano, embora também queira tocá-lo. A balada folk Estrela Cadente lembra positivamente Almôndegas, enquanto a faixa que dá nome ao disco é uma deliciosa profissão de fé na amizade que lembra a estrutura de Maria Fumaça, embora bem diferente em termos musicais.  Eva lembra as experiências latino-africanas de Paul Simon, com ritmo quebrado e irresistível e letra exaltando essas mulheres maravilhosas, como diria o finado apresentador Jota Silvestre. Disco lindo, para se ouvir muitas e muitas vezes, como, aliás, tenho feito.

Videoclipe de Autorretrato:

http://www.youtube.com/watch?v=osL7qe0vBPc

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