Por Fabian Chacur

Há artistas que ficam ligados eternamente a determinados locais onde se apresentaram ao vivo. A parceria entre James Brown (1933-2006) e o lendário Apollo Theater, situado no Harlem, Manhattan, Nova York, é o caso mais explícito dessa verdadeira comunhão. A coletânea Best Of Live At The Apollo: 50th Anniversary, que acaba de sair no Brasil em CD, celebra um dos marcos da rica e intensa relação entre eles.

Em sua extensa carreira, o cantor, compositor e músico americano se apresentou mais de 600 vezes no teatro Apollo. Em 24 de outubro de 1962, um desses shows foi registrado e lançado em maio de 1963 no formato LP de vinil com o título Live At The Apollo. O trabalho é considerado um dos melhores álbuns ao vivo de todos os tempos, e vendeu muito, tornando-se um dos itens mais badalados de sua extensa e rica discografia.

Em 1968, chegou às lojas Live At The Apollo Vol II, enquanto um terceiro volume, com o título Revolution Of The Mind: Recorded Live At The Apollo Vol III saiu em 1971. O quarto volume deveria ter chegado às lojas em 1972 com o nome Get Down At The Apollo With The J.B.’s, mas acabou sendo cancelado e infelizmente permanece inédito até hoje.

Best Of Live At The Apollo: 50 Anniversary é uma coletânea que comemora os 50 anos do lançamento do primeiro álbum da série, e traz quatro faixas dele, três do volume II, três do volume III e duas do inédito IV, com direito a um belíssimo encarte colorido com informações técnicas, texto informativo e lindas fotos.

A compilação funciona como uma pequena amostra da evolução da carreira do Mister Dinamyte. Em 1962, ele era ainda “apenas” um grande cantor de soul music e rhythm and blues, como comprovam Try Me e I’ll Go Crazy. Talentoso e vigoroso, mas não muito distante da média dos papas daqueles estilos musicais.

No volume 2, as sensacionais There Was a Time e Cold Sweat apresentam um artista absolutamente original criando a funk music, com direito a muita sensualidade nos vocais, metais certeiros, cozinha rítmica compassada e guitarras totalmente dedicadas ao balanço. Aquele som energético e poderoso para suar até cair de tanto dançar.

A parte final do álbum, com as gravações referentes a 1971 e 1972, apresentam a consolidação desse funk de verdade, com direito às empolgantes Sex Machine, Get Up Get Into It Get Involved, Soul Power e There It Is. Uma massa sonora absolutamente espetacular, dançante e que influenciou todo mundo na área, de Michael Jackson e Prince a quem você imaginar.

A única queixa a ser feita em relação a Best Of Live At The Apollo é a sua duração. São só 40 minutos de música. Daria para encaixar pelo menos mais 30 minutos sem qualquer tipo de problema. Mas como se trata de um aperitivo, tenha a duração que tiver, acho que este CD possui a mesma função: fazer você ficar a fim de mergulhar na discografia desse mestre.

Ouça There Was a Time, com James Brown: