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Tag: bittersweet rock

The Immediate Family, uma bela banda só com cobras do soft rock

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Por Fabian Chacur

Juntos, Danny Kortchmar (guitarra e vocais), Leland Sklar (baixo) e Russel Kunkel (bateria) integraram a mais famosa banda de apoio de James Taylor nos anos 1970, participando de álbuns e shows desse grande compositor. Waddy Wachtel (guitarra e vocal) tocou com Linda Ronstadt, o próprio James Taylor, Keith Richards, Jackson Browne e muitos outros. Acrescidos do ótimo Steve Postell (vocal e guitarra), eles resolveram em 2020 encarar os holofotes com um trabalho autoral, com o nome The Immediate Family. E seu primeiro álbum saiu há pouco.

Tudo começou quando Kortchmar recebeu o convite de uma gravadora japonesa para fazer um disco solo. Ele convidou seus amigos para participar do trabalho, e aos poucos sentiu que aquilo deveria gerar algo mais coletivo. E, dessa forma, nascia uma banda de músicos não só experientes, mas com grande entrosamento entre si, que além dos nomes já citados, também trabalharam com Don Henley (dos Eagles), Phil Collins, Stevie Nicks, Warren Zevon e outros do mesmo calibre, tanto em álbuns e shows como em parcerias em canções de alguns deles.

O resultado, até agora, são dois EPs e um álbum que leva o nome do grupo como título. O som deles segue a linha do blues rock, com direito a muito swing, peso e categoria. Das músicas feitas por eles especialmente para o grupo, vale destacar o quase hard rock Divorced (veja o clipe aqui), o blues rock Cool Twist (veja o clipe aqui) e o delicioso boogie rock a la ZZ Top Slippin’ and Slidin’.

Eles também fizeram uma releitura bem bacana de New York Minute (veja o clipe aqui), parceria de Kortchmar com Don Henley que este último lançou em seu ótimo álbum solo The End Of The Innocence (1989) e que os Eagles também gravaram em seu álbum ao vivo Hell Freezes Over (1984).

O legal é que, apesar de serem músicos tecnicamente excepcionais, eles usam todo o seu talento em função das canções, o que gerou um álbum delicioso de se ouvir e sem exibicionismos tolos, como às vezes ocorre quando caras desse gabarito se reúnem para um trabalho próprio. Além disso, fica bem claro o prazer com que esses caras tocam juntos. Vale e muito a pena ouvir o álbum The Immediate Family e os dois EPs.

Slippin And Slidin’ (clipe)- The Immediate Family:

Mud Slide Slim And The Blue Horizon (Warner-1970), álbum que consagrou James Taylor

james taylor mud slide slim capa

Por Fabian Chacur

Em 1º de março de 1971, a revista americana Time, uma das mais importantes e influentes do mundo, estampou em sua capa um músico, algo não muito comum. O personagem em questão era James Taylor, que com seu álbum Sweet Baby James (1970, leia sobre o mesmo aqui) tornou-se o nome de ponta de um novo estilo musical rotulado por alguns como bittersweet rock (rock agridoce). O título dava bem o tom de como o cantor, compositor e musico era encarado naquele momento: “The Face Of New Rock”.

Logo a seguir, no dia 16 do mesmo mês, Taylor concorreu pela primeira vez ao Grammy, o Oscar da música, e logo em duas categorias, Record Of The Year e Album Of The Year, respectivamente com Fire And Rain e Sweet Baby James, perdendo em ambas para Simon & Garfunkel e seu Bridge Over Trouble Water (single e álbum). Como a dupla havia se separado há pouco, era como se fosse um prêmio de despedida para eles, pois no ano seguinte, seria a vez do perdedor dessa ocasião levar os louros.

Era em torno de uma grande expectativa, portanto, que o mundo musical aguardava pelo 3º álbum de James Taylor. Conseguiria ele confirmar toda essa badalação em torno de suas belas canções de tom melancólico, confessional e ao mesmo tempo encantadoras? Ou estaríamos mais uma vez diante de um artista com pouco fôlego para dar sequência a um sucesso tão contundente nos EUA e no resto do mundo?

A resposta começou a ser dada em abril, quando chegou às lojas Mud Slide Slim And The Blue Horizon. Trata-se de um trabalho que percorre basicamente os mesmos caminhos musicais do anterior, mas investindo em sutilezas, consolidação das sonoridades e uma inspiração no mesmo alto padrão de Sweet Baby James. Há fatores que auxiliaram nesse amadurecimento musical, nessa verdadeira lapidação do diamante que Taylor aparentava ser desde suas primeiras gravações, em 1966-67.

Tudo começa com o elenco de músicos escalados para este disco. Além do velho amigo Danny Kortchmar na guitarra e do extremamente consistente Russel Kunkel na bateria, e também da amiga Carole King no piano e vocais, foi acrescido ao time o baixista Lelank Sklar, que com suas linhas de baixo flutuantes e elegantes deu ao time a peça que lhe faltava. O entrosamento deles deu à voz deliciosa, às composições impecáveis e ao violão dedilhado de forma marcante de Taylor um acompanhamento simplesmente perfeito, sem excessos ou buracos.

Com essa roupagem, as 13 canções incluídas no álbum foram apresentadas ao público da maneira mais atrativa possível. E os fãs que compraram o trabalho anterior passaram imediatamente a consumir com avidez este novo, especialmente impulsionados por um single que é curiosamente uma das únicas duas faixas a não levar a assinatura de Taylor, You’ve Got a Friend, uma das obras-primas dessa incrível e icônica Carole King.

Atraído por essa música logo na primeira vez que a ouviu, ele pediu autorização à amiga para gravá-la também, já que Carole também a havia separado para seu próximo trabalho. Generosa, a moça não criou obstáculos, e obviamente se deu bem, pois deve ganhar uma boa grana até hoje com os direitos autorais provenientes da versão de Taylor. Uma curiosidade: ele toca na gravação dela, mas ela não participa da dele, que não inclui teclados.

Essa bela ode à amizade é um oásis de positividade em um universo de canções que evocam amores não concretizados, paixões sendo encerradas com dor e a constatação de que o mundo do sucesso não é esse doce todo que muitos pensam ser. As melodias encantadores mascaram versos que, por vezes, invocam ironia, amargura e uma nostalgia curiosa para alguém que completou apenas 23 anos no dia 12 de março daquele 1971.

O álbum abre com a incisiva Love Has Brought Me Around, na qual o autor dá a entender que não aguenta mais a pessoa com quem está tendo um relacionamento afetivo e resolve que chegou a hora de o amor o levar para algum outro lugar. Há uma curiosidade em torno dessa canção, pois ela parece uma mensagem quase direta à cantora canadense Joni Mitchell, com quem ele tinha tido um tórrido caso de amor que à época do lançamento deste LP já havia se desfeito, e de forma desagradável, gerando uma inimizade que durou uma década, até que os dois voltassem a ser amigos.

Ele, inclusive, refere-se à personagem da canção como “Miss November”, e Mitchell nasceu nesse mês, no dia 7. No entanto, ela participa desta faixa, fazendo vocais de apoio. Será que Taylor seria indelicado a ponto de convidar a musa dessa verdadeira canção de “passa, moleca!” para marcar presença na mesma? Fica o ponto de interrogação. Outro destaque fica por conta da participação do Memphis Horns, uma das mais quentes sessões de metais de todos os tempos, capitaneada por Wayne Jackson e Andrew Love.

You’ve Got a Friend, também com Mitchell nos vocais de apoio, vem a seguir para amainar um pouco o clima, com seu arranjo acústico calcado em violões (Taylor e Kortchmar), percussão e baixo. Uma delícia sonora!

Com Taylor curiosamente no piano, Places In My Past relembra de forma evocativa antigas paixões que, se não geraram uma esposa (como ele mesmo diz na letra), deixaram marcas que às vezes até geram lágrimas pelas saudades geradas pelos dias preguiçosos com aquelas belas garotas, naqueles “lugares do meu passado”.

Riding On A Railroad é a primeira profissão de fé deste álbum na missão estradeira de um cantor e compositor, levando as canções de cidade a cidade, dia após dia. O clima é de puro country, com destaque para o acompanhamento de fiddle (rabeca) de Richard Greene.

Soldiers registra momentos que Taylor presenciou quando era criança-adolescente, vendo o retorno de soldados (da Guerra da Coreia ou do Vietnã), vários deles feridos, comentando que de um destacamento de 20, por volta de 11 não retornaram, “com 11 tristes histórias a serem contadas”.

Mud Slide Slim (a música tem nome reduzido em relação ao título do álbum) soa como uma curiosa visão do mundo, que ele encara como se fosse uma espécie de cowboy, um “Magrelo Enlameado e Escorregadio”, tendo como pano de fundo uma sonoridade com dna latino e dando mais espaços para os músicos mostrarem suas habilidades, sem no entanto cair em improvisações excessivas ou coisa que o valha. A curiosidade fica por conta dos vocais de apoio de sua irmã Kate, que lançaria depois um álbum produzido por ele.

Hey Mister That’s Me Up On The Jukebox, uma vigorosa balada rock, reveste-se de fina ironia e equivale ao uso de metalinguagem, pois fala do próprio ato de cantar para ganhar a vida. “Ei, senhor, sou eu quem você ouve cantando lá naquela jukebox, sou eu quem está cantando essa canção triste, vou chorar toda vez que você colocar outra moeda na máquina”. Fire And Rain?

Valendo-se só de sua voz e violão, Taylor nos oferece uma bela canção de despedida, You Can Close Your Eyes, na qual ele afirma que “não conheço mais canções de amor, e não posso mais cantar blues, mas posso cantar esta canção, e você pode cantar essa canção quando eu for”. Um belo ode a um momento que ficará na memória, um tempo que não será tirado do casal, e durará para sempre na memória. Poesia pura!

Machine Gun Kelly, a outra canção do disco não escrita por Taylor (é de Danny Kortchmar), é um country rock vigoroso (dentro do contexto dele, obviamente) que novamente flerta com o espírito do velho oeste, seus bandoleiros e seus tristes destinos. Aqui, temos vocais de apoio do grande Peter Asher, produtor do álbum e figura decisiva na carreira de James Taylor, sem o qual provavelmente não teríamos o sucesso de nosso trovador pop.

Long Ago And Far Away é outra daquelas canções que casais brasileiros seriam tentados a dançar juntos, coladinhos, tal a beleza de sua melodia. Se soubessem o conteúdo de sua letra, no entanto, talvez pensassem melhor. Outra música de despedida, com versos cortantes como “porque seus arco-íris dourados acabam, porque essa canção que eu canto é tão triste?” E, ironia suprema, adivinhe quem faz vocais de apoio (belíssimos, por sinal) nesta maravilha? Ela, Joni Mitchell.

O momento soul-blues do álbum fica por conta de Let Me Ride, que traz ecos de canções do disco de estreia de Taylor, com direito a vocais de apoio de Kate Taylor e os matadores Memphis Horns. Mais uma profissão de fé na estrada como a grande necessidade dele. E logo a seguir vem outra canção com esta temática, Highway Song, com Kate e Peter Asher nos vocais. Mas as contradições ditam seus versos.

Se por um lado James se diz fascinado e de certa forma hipnotizado pela estrada, ao mesmo tempo deixa no ar uma vontade de que “um dia essa canção da estrada perca o encanto para mim”. E o álbum fecha com a curta, quase vinheta, Isn’t It Nice To Be Home Again, na qual não fica claro se o lar a que ele se refere é de fato um lar ou apenas mais um quarto de hotel da vida. Um fim aberto, como só poderia ser para alguém com tantas dúvidas e carências naquela época como esse genial James Taylor.

Com o apoio dos shows e também das execuções das músicas em rádios e TVs, o single You’ve Got a Friend atingiu o 1º lugar na parada americana, enquanto Mud Slide Slim And The Blue Horizonchegou ao 2º lugar. E aí entrar uma grande ironia: o LP não conseguiu atingir o topo por causa do estouro do álbum lançado na mesma época pela “sua” pianista. Tapestry, de Carole King, esteve durante 15 longas semanas no 1º lugar nos EUA, enquanto seu single It’s Too LateI Feel The Earth Move liderou entre os singles por 5 semanas.

Na edição do Grammy referente a 1971 cujos prêmios foram entregues em março de 1972, Taylor venceu na categoria melhor performance pop vocal com You’ve Got a Friend, enquanto Carole King faturou outros quatro. Curiosidade: a eleita como artista revelação foi Carly Simon, que há alguns meses havia iniciado uma relação afetiva com James Taylor. Eles se casaram naquele mesmo ano, tiveram dois filhos e se separaram em 1983.

Duas curiosidades finais: o elo entre James Taylor e Carole King foi Danny Kortchmar, que após ter integrado o primeiro grupo de James Taylor, o Flying Machine, criou com a cantora e compositora a banda The City, que também contava com o baixista Charles Larkey, então marido dela. Eles lançaram um álbum em 1968, o ótimo Now That Everything’s Been Said, com pouca repercussão, e em seguida Carole resolveu seguir carreira-solo, mas com os dois a acompanhando.

E, não, James e Carole nunca foram namorados. Eles desde sempre foram grande amigos, sendo que, nessa época decisiva de sua vida, King foi uma espécie de confidente dele, ajudando-o a superar suas dificuldades emocionais. E, não também, You’ve Got a Friend não foi composta para ele.

Na entrevista coletiva concedida por Carole King em 1990 em São Paulo quando esteve por aqui para fazer shows, um reporter desinformado perguntou a ela sobre seu “casamento” com James Taylor, e ela, bem-humorada, disse que “Carly Simon chegou primeiro”.

Ouça Mud Slide Slim And The Blue Horizon em streaming:

Sweet Baby James (1970) tirou James Taylor do anonimato

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Por Fabian Chacur

Entre os 20 álbuns de estúdio gravados por James Taylor, Sweet Baby James, lançado em fevereiro de 1970, possui uma importância imensa. Trata-se do trabalho que o tirou do anonimato e o impulsionou rumo ao estrelato em termos mundiais, graças especialmente à faixa Fire And Rain, seu primeiro grande hit. De quebra, ainda abriu as portas para o sucesso comercial de uma vertente importante da musica, o bittersweet rock, pontuado por melodias doces e envolventes abrigando letras sobre duras e amargas experiências da vida real de seus autores.

Este álbum atingiu o 3º lugar na parada de sucessos americana, onde se manteve por dois longos anos, e vendeu até hoje naquelas plagas em torno de três milhões de cópias. Também foi bem no Reino Unido, onde ocupou o 6º posto, e no resto do mundo, Brasil incluso. O single Fire And Rain obteve o mesmo nº 3 nos EUA. São números expressivos, que o artista repetiria nos anos seguintes.

O legal é saber que, se levarmos em conta toda a estrada percorrida por Taylor até lançar esse disco, chega a ser um milagre não só esse resultado incrível ter sido obtido em termos comerciais e artísticos, mas o simples fato de o seu autor ter conseguido se manter vivo para gravá-lo.

Aí vai um relato no melhor estilo textão de como foi essa incrível trajetória, repleta de idas e vindas e, felizmente, com um final mais do que feliz.

Um cowboy suave e solitário

James Vernon Taylor nasceu em 12 de março de 1948 em Boston, mas passou boa parte da infância e adolescência no estado da Carolina do Norte, curtindo as férias de verão na Martha’s Vineyard, uma ilha na costa nordeste dos EUA. E foi ali que conheceu um garoto dois anos mais velho do que ele, Danny Kortchmar, morador de Nova York e que se mostraria decisivo em sua vida profissional.

Desde cedo, o interesse pela música levou o segundo de uma família de cinco irmãos a aprender a tocar instrumentos musicais, sendo que o violão se tornou o seu favorito. Ouvindo Woody Guthrie, rock and roll, country, rhythm and blues e folk, aos poucos moldou uma sonoridade própria no violão, marcada por seu dedilhado característico e fluente.

Em 1965, no entanto, obstáculos surgem à sua frente. Logo de cara, uma forte depressão o leva a optar por um tratamento psiquiátrico que durou longos nove meses. Quando esse difícil processo teve fim, ele foi encorajado por Danny Kortchmar a não só se mudar para a efervescente Nova York, como a criarem uma banda. Isso se concretizou em 1966, com o nome The Flying Machine.

O novo grupo, que também incluía Joel O’Brien (bateria) e Zachary Wiesner (baixo), gravou um single para o selo Jubillee com as músicas Night Owl e Brighten Your Night With My Day. Eles registraram outras faixas, mas o insucesso comercial do single levou a gravadora a abdicar de lançá-las, o que precipitou o fim do grupo, algo acelerado por novos problemas de Taylor, agora ligados ao vício em heroína, contraído naquela megalópole.

Como sempre costuma ocorrer nesses casos, as faixas arquivadas pela Jubilee acabaram sendo lançadas em 1971, quando Taylor havia se tornando uma estrela pop, no álbum James Taylor And The Original Flying Machine, que o artista não só repudia como fez questão de escrever “bootleg” (pirata) no autógrafo que me deu em 1994 em sua versão em vinil. Ele não autorizou esse lançamento.

Curiosamente, uma banda britânica também chamada The Flying Machine fez bastante sucesso em 1969, inclusive no Brasil, com a deliciosa balada Smile a Little Smile For Me, o que ainda hoje leva algumas pessoas a pensarem se tratar do mesmo grupo, o que não é verdade.

Nova internação, operação na garganta e Londres

A passagem de James Taylor por Nova York rendeu ao artista não só o vício em heroína como também danos em suas cordas vocais devido à forma inadequada como as usava em shows e gravações. Além do tratamento para tentar se livrar das drogas, ele de quebra teve de operar a garganta para resolver esse problema.

No final de 1967, sentindo-se pronto para continuar a investir na carreira musical, resolveu tentar a sorte em Londres, naquele momento a verdadeira meca do novo rock, graças especialmente aos Beatles. Com um contato feito através do amigo Danny Kortchmar, ele teve a oportunidade de conhecer Peter Asher, que surgiu no meio artístico como integrante da dupla Peter & Gordon, conhecida pelo sucesso com canções compostas por Lennon & McCartney como A World Without Love e Nobody I Know.

Com o fim da dupla, Asher iniciava na época a carreira como produtor, e foi um dos escolhidos para trabalhar na gravadora que os Beatles criaram em 1968, a Apple. Ao ouvir as canções de Taylor, ele se apaixonou de imediato e conseguiu convencer seus patrões a contratá-lo.

Gravado de julho a outubro de 1968, James Taylor (o álbum) recebeu elogios por parte da crítica e possui boas canções e alguns momentos bem interessantes, mas padece dos pomposos arranjos de cordas a cargo de Richard Hewson, com direito a pequenos interlúdios entre uma canção e outra. Os arranjos também não ajudaram, assim como os vocais do artista ainda pareciam buscar seu melhor caminho. Nem a participação de Paul McCartney tocando baixo em Carolina In My Mind deu força significativa ao álbum.

Para piorar ainda mais as coisas, dois fatores adicionais foram decisivos para que o disco de estreia do artista americano fosse um fracasso comercial: a falta de organização da Apple, que só conseguia divulgar bem os trabalhos dos próprios Beatles, pecando em relação a seus contratados, e a novos problemas de saúde de Taylor.

Sim, acredite se quiser. Outra vez as drogas entraram no caminho do cantor e compositor, desta vez aparentemente para tirá-lo de cena de uma vez por todas. Como teve de voltar para os EUA, ele estava internado quando o álbum foi lançado, e isso obviamente também prejudicou e muito seu lançamento, sem shows ou divulgação em rádios e TVs. Pelo visto, era mais um caso perdido na cena musical.

Volta aos EUA, Warner e enfim o sucesso

Se muita gente jogou a toalha para aquele jovem então com 21 anos de idade, dois caras se mostraram decisivos para que a vaca não atolasse de vez no brejo. Um foi Peter Gordon. Mesmo diante de tanta encrenca, ele continuou acreditando no potencial artístico de Taylor, a ponto de pedir as contas na Apple e se mudar para os EUA junto com o artista, tornando-se seu produtor e empresário.

O outro, como você provavelmente já deve ter deduzido, foi Danny Kortchmar, que não só o auxiliou nesse momento tão difícil como de quebra se tornou o guitarrista de sua banda de apoio. Após alguns meses de internação, Taylor volta com o objetivo de dar de vez a volta por cima. E ele consegue uma temporada de seis shows em julho de 1969 no Troubadour, badalada casa de shows em Los Angeles e verdadeiro celeiro da nova geração do rock americano.

Lá, ele conheceu Carole King, uma consagrada compositora que naquele momento iniciava sua trajetória como artista solo, cantando e se acompanhando ao piano. A amizade entre os dois a levou a também ingressar em sua banda de apoio como pianista. A ótima repercussão dos shows no Troubador e também no festival folk de Newport naquele mesmo julho criaram a expectativa de que, enfim, as coisas iriam adiante.

Só que mais um último obstáculo surgiria à frente desse destemido cowboy musical. Um acidente de moto lhe rendeu fraturas nos braços e nas pernas, mais uma vez o tirando de cena. Felizmente, ele não demorou tanto assim para se recuperar, e Asher conseguiu para ele um contrato com a gravadora Warner, que o colocou em estúdio em dezembro de 1969 com o intuito de gravar um novo álbum. Nascia, então, Sweet Baby James.

O disco certo na hora certa

1970 foi um ano de muitas mudanças no cenário musical. De um lado, os Beatles e Simon & Garfunkel chocavam o mundo ao anunciaram suas separações. Jimi Hendrix e James Joplin nos deixaram de forma trágica, ambos com apenas 27 anos de idade. Do outro, novos nomes apareciam com propostas diferenciadas e muitas vezes opostas, como o som pesadíssimo do Black Sabbath, o progressivo de Yes, Genesis, King Crimson e Pink Floyd e um certo David Bowie, intrigando a todos com sua versatilidade.

Em meio a tudo isso, também tínhamos alguns cantores e cantoras que, influenciados por folk, country e rock, propunham uma sonoridade mais introspectiva, centrada nos violões e nas vocalizações, quase um contraponto à psicodelia e ao que viria a se transformar no hard-heavy rock. E coube justamente a James Taylor ser aquele artista a abrir as portas para que os outros seguidores dessa vertente tivessem espaços na mídia e nas gravadoras.

Desta vez, Peter Asher soube dirigir de forma mais eficaz a produção, centrando esforços para que os pontos de maior destaque fossem as canções, devidamente conduzidas pela agora impecável voz de Taylor e por seu violão robusto e até simples, mas de uma assinatura forte e cativante.

Para acompanhá-lo, além de Kortchmar e Carole, um time de músicos talentosos, tarimbados e capazes de seguir as diretrizes daquela sonoridade, entre os quais o baterista Russell Kunkel, que tocaria com Taylor durante muitos anos. Randy Meisner, que em 1971 integraria a formação original dos Eagles, marca presença tocando baixo nas faixas Country Road e Blossom. Outros nomes bacanas são John London (baixo) e Red Rhodes (steel guitar).

Com o repertório bem ensaiado, as gravações não demoraram muito, tendo sido realizadas entre os dias 8 e 17 de dezembro de 1969 no estúdio Sunset Sound, em Los Angeles.

Fire and Rain, um desabafo repleto de dor e emoção

Fire And Rain, a canção mais conhecida deste álbum, equivale a um retrato doído do momento difícil pelo qual James passava naquele 1968. Começa com a notícia tardia do suicídio de uma amiga de infância, Suzanne Schnerr. A morte ocorreu durante as gravações de James Taylor (o álbum), mas a notícia só foi revelada a ele após os trabalhos terem sido encerrados, o que o desagradou bastante.

“Just yesterday morning they let me know you were gone, Susan the plans they made put an end to you” (apenas na manhã de ontem eles me deixaram saber que você se foi, Susan, os planos que eles fizeram puseram um fim em você).

A seguir, ele deixa clara sua intenção, e também suas próprias aflições: “I walked out this morning and I wrote down this song, I just can’t remember who to send it to” (eu levantei essa manhã e escrevi esta canção, eu só não consigo me lembrar de para quem eu a irei enviar).

O relato fica ainda mais forte quando ele relembra simbolicamente que viu fogo e viu chuva, dias de sol que nunca passavam. Ou seja, muita dor. E completa: “I’ve Seen Lonely Times When I Could Not Find a Friend” (vi tempos solitários, quando não pude encontrar um amigo).

Outro trecho marcante é “Sweet dreams and flying machines in pieces on the ground” (sonhos suaves e flying machines em pedaços no chão), sendo que aí a citação ao fim precoce de seu grupo The Flying Machine é direta.

Acompanhados por uma melodia impecável e um acompanhamento instrumental na medida certa, Fire And Rain é até hoje uma das canções mais pedidas nos shows de James Taylor. Ele até brincou com isso na letra de uma canção que lançou em 1985, That’s Why I’m Here: “fortune and fame’s such a curious game, perfect strangers can call you by name, pay good money to hear Fire And Rain, again and again and again” (fortuna e fama é um jogo curioso, pessoas que você certamente não conhece podem te chamar pelo nome, pagar um bom dinheiro para ouvir Fire And Rain mais uma vez, e outra, e outra)

As outras canções de Sweet Baby James

As onze canções incluídas Sweet Baby James trazem como temas gerais a solidão, o sofrimento, a esperança, o amor, a estrada percorrida e os diversos caminhos da vida, como ilustra bem a já analisada Fire And Rain. Apenas uma não é de autoria de James Taylor. Trata-se de Oh! Susanna, composição de Stephen Foster lançada no longínquo 1847 e provavelmente a mais conhecida e popular canção folclórica americana de todos os tempos, aqui em uma releitura descontraída e personalizada.

A faixa que dá nome ao disco, constante nos set lists de Taylor desde então, é uma valsa country na qual ele se descreve como uma espécie de cowboy solitário, que sonha com garotas e copos e mais copos de cerveja e vive na estrada, nas montanhas e sem rumo. Bem um retrato dele naquela época, pois se revesava em casas de amigos, sem ter um lar fixo.

Lo And Behold é um blues a la James Taylor que questiona de forma bem-humorada os dogmas da religião. Singela, Sunny Skies divaga em torno de montanhas ensolaradas e alguma garota com esse nome-apelido.

Steamroller (também conhecida como Steamroller Blues) também frequenta os shows de Mr. Taylor até hoje, e é um blues mais ardido e também mais próximo dos parâmetros tradicionais deste gênero musical.

Outro momento mais conhecido do álbum, Country Road é um soft rock estradeiro, outra com Jesus no meio (ele é citado em várias das canções, por sinal, prova do aparente conflito do artista naquela fase de sua vida com as religiões). Blossom investe em delicadeza e louva uma garota, enquanto Anywhere Like Heaven também nos coloca de frente a divagações existenciais de um estradeiro.

Oh, Baby, Don’t You Loose Your Lip On Me é outro blues, bem curto e de teor bem sacana, por sinal.

A faixa que encerra o álbum, Suite For 20 G, tem uma origem bem divertida. Taylor estava na fase final do álbum, e ficou acordado com a gravadora que ele receberia 20 mil dólares (hoje equivalente a algo em torno de 140 mil dólares) logo que completasse o disco.

Como forma de acelerar o processo e por rapidamente a mão nessa grana toda, ele reuniu três canções inacabadas que tinha em mãos e fez essa suite, que no fim das contas ficou bem legal, com direito a citação de títulos de clássicos do rock and roll como Bonnie Moronie, Peggy Sue e Rockin’ Pneumonia And The Boogie Woogie Flu.

Um modelo para os próximos álbuns

Pode-se dizer sem susto que Sweet Baby James criou os parâmetros a partir dos quais os próximos álbuns de James Taylor seriam concebidos. Não só os dele, por sinal, mas os de muitos outros seguidores do bittersweet rock. Ele achou seu timbre de voz e o som ideal do seu violão neste álbum.

Em 16 de março de 1971, James Taylor concorreu na 13ª edição do Grammy nas categorias Record Of The Year (com Fire And Rain) e Album Of The Year (com Sweet Baby James), mas perdeu em ambas para Simon & Garfunkel com seu icônico Bridge Over Troubled Water (single e álbum).

No futuro, ele ganharia cinco desses troféus, venderia milhões de cópias de seus discos, tocaria para plateias lotadas nos quatro cantos de mundo, emocionaria as plateias de um certo festival realizado em janeiro de 1985 e muito mais, mas isso a gente conta em outra ocasião. Nada mal para alguém que ficou tão perto da morte ainda muito cedo, e que viu tanto fogo e tanta chuva. Um sobrevivente dos bons!

Ouça Sweet Baby James em streaming:

James Taylor lança “Teach Me Tonight”, de American Standard

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Por Fabian Chacur

No próximo dia 12 de março, James Taylor completará 72 anos, mas quem vai ganhar o presente serão os seus inúmeros fãs, e com antecedência. Alguns dias antes, em 28 de fevereiro, o selo Fantasy, ligado ao conglomerado da Universal Music, colocará no mercado musical American Standard, álbum de estúdio que sucede Before This World (2015), o primeiro do grande cantor, compositor e músico americano a atingir o topo da parada americana.

Coincidência ou não, em fevereiro completará 50 anos de lançamento Sweet Baby James(1970), segundo álbum da carreira do astro americano e aquele que o elevou ao estrelato mundial, com hits do porte de Fire And Rain, Country Road e a faixa-título. Este trabalho atingiu o 3º posto na parada americana e o de número 6 no Reino Unido, na época.

Como forma de atiçar a curiosidade do público, já está disponível o primeiro single do álbum, a deliciosa Teach Me Tonight. Trata-se da releitura de hit de 1954 da cantora de jazz e r&b Dinah Washington, e que ganhou uma roupagem minimalista, delicada e com a cara do trabalho de Taylor. A versão da saudosa diva da música faz parte do Grammy Hall Of Fame de canções, com toda a justiça.

Como o título do álbum já dá a dica, American Standard traz o grande nome do bittersweet rock e um dos criadores dessa vertente do rock revisitando clássicos da música americana, canções extraídas de musicais da Broadway, filmes e fontes similares, entre as quais podemos citar Moon River.

A produção foi dividida por James com Dave O’Donnell (produtor e engenheiro de som que já trabalhou com ele e artistas como Eric Clapton, John Mayer, Keith Richards e Ray Charles) e John Pizzarelli. Este último, conhecido por sua brilhante carreira como jazzista, também divide os violões com Taylor, em duetos que são o alicerce dos arranjos do álbum, elegantes e investindo em uma sonoridade delicada e intimista.

Ouça Teach Me Tonight, de James Taylor:

Yusuf/Cat Stevens cativa com o álbum The Laughing Apple

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Por Fabian Chacur

Cat Stevens iniciou sua carreira discográfica em 1967. Naquele mesmo período, no qual comemorou 19 anos de idade, ele lançou seus primeiros álbuns, Matthew & Son (março) e New Masters (dezembro). Muita coisa mudou desde então, incluindo o seu nome, que passou a ser Yusuf Islam, devido à sua conversão ao islamismo. Mas o talento musical se manteve firme, como prova seu novo CD, The Laughing Apple (Universal Music).

Na verdade, o novo trabalho deste genial cantor, compositor e músico britânico equivale a uma mistura entre o passado e o presente. Quatro faixas- I’m So Sleepy, Northern Wind (Death Of Billy The Kid), The Laughing Apple e Blackness Of The Night foram lançadas no LP New Masters, mas o autor nunca gostou do resultado rebuscado e recheado de sons orquestrais impostos pelo produtor Mike Hurst. Elas reaparecem aqui em novas gravações nas quais os arranjos são mais delicados e minimalistas, com um resultado muito melhor.

Outra faixa reciclada é Grandsons, lançada na coletânea The Very Best Of Cat Stevens (2000) com o título I’ve Got a Thing About Seeing My Grandson Grow Old e letra diferente. O resgate dessas canções explica o porque, pela primeira vez em sua carreira, o artista credita um álbum simultaneamente a Yusuf/Cat Stevens, pois as outras seis canções são da safra atual. Vale lembrar que ele ficou longe da música pop do fim dos anos 1970 até 2006, quando retornou com o excelente An Other Cup.

A sonoridade de The Laughing Apple remete à fase de maior repercussão da obra de Stevens/Yusuf, ocorrida na primeira metade da década de 1970. Não por acaso, o coprodutor do novo CD é o mesmo Paul Samwell-Smith daqueles tempos, assim como o guitarrista Alun Davies marca presença com sua forma marcante de tocar. O entrosamento entre eles continua impecável, assim como o deles com os outros músicos presentes no álbum.

Grave e doce como de praxe, a voz do artista conduz belas canções que misturam folk ocidental e oriental de várias épocas a pop e a um bocadinho de rock. Conciso, o conteúdo do álbum é passível de ser apreciado pelo ouvinte de forma tranquila e estimulante, sem cair em um possível clima modorrento típico de alguns artistas ditos folk atuais.

As canções de épocas diferentes se integraram de forma muito boa, sendo que dificilmente o leigo seria capaz de dizer quais são as dos anos 1960 e quais foram criadas neste século. See What Love Did To Me, You Can Do (Whatever), Don’t Blame Them e Blackness Of The Night são pontos altos de um trabalho no qual requinte, doçura e simplicidade convivem de forma harmoniosa e inspirada.

Esse belo conteúdo musical vem em uma embalagem (no formato CD, o analisado para esta resenha) simplesmente maravilhosa, prova de que o formato físico ainda se mostra muito mais completo para o apreciador da arte musical como um todo.

Com preciosos desenhos a cargo do próprio Yusuf, a capa digipack traz embutido encarte com as letras, ilustrações para cada canção e ficha técnica completa de cada faixa. The Laughing Apple equivale a uma viagem sensorial rumo a uma era de paz, sonho e encanto que talvez só exista nos cinzentos dias atuais durante a audição atenta de maravilhas como este CD. Menos mal. Sonhar é preciso.

You Can Do (Whatever)!– Yusuf/Cat Stevens:

Karla Bonoff, uma artista que você precisa conhecer agora

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Por Fabian Chacur

Em 1977, uma jovem cantora, compositora e musicista americana chamada Karla Bonoff lançava o seu autointitulado álbum de estreia pela gravadora Columbia. Quatro décadas após, esse álbum continua não só soando maravilhosamente belo, como prossegue aguardando um maior reconhecimento por parte de crítica e, especialmente, de público. Então, como forma de celebrar esses 40 anos, vamos mergulhar de cabeça na carreira desta incrível artista.

A forma como descobri Karla foi típica de quem trabalha como crítico musical e é curioso. Lá pelos idos de 1999, entrevistei um trio country brasileiro dos mais competentes, o West Rocky. No disco de estreia deles, Me Faz Bem (1998), o destaque era a deliciosa Quando o Amor se Vai, versão em português de Tell Me Why, música escrita exatamente por miss Bonoff, que até então eu não tinha nem ideia de quem era.

Algumas semanas depois da entrevista, estava em uma loja de CDs situada no Shopping Eldorado, em São Paulo, e dei de cara com o CD All My Life- The Best Of Karla Bonoff. Como sou curioso, ávido comprador de discos e estava com dinheiro, comprei esse álbum cuja capa trazia aquela bela moça de olhar tímido e cabelos escuros.

Logo ao ouvir a primeira faixa dessa excepcional coletânea, quase caí de costas. Lay Down Beside Me é sem medo de errar uma balada rock avassaladora. Com letra que toca no tema da solidão de forma emotiva, traz uma melodia encantadora, em tom menor, um clima introspectivo e uma interpretação de arrepiar de Karla, com direito a certeiras intervenções de guitarra. Tipo da música perfeita, um clássico óbvio que também abre o álbum de estreia de Karla.

Nesse seu primeiro LP solo, Karla Bonoff contou com a participação de músicos do primeiríssimo escalão do chamado bittersweet rock, ou soft rock, aquele estilo musical surgido no finalzinho dos anos 1960 que somava elementos de rock, country e folk com letras emotivas, introspectivas e confessionais e que teve em James Taylor, Carole King, Crosby, Stills & Nash e Cat Stevens alguns de seus nomes seminais.

Karla Bonoff (o álbum) apresenta ao mundo uma cantora de bela voz, uma instrumentista extremamente competente e uma compositora iluminada. Além da já citada Lay Down Beside Me, o álbum nos traz pérolas sonoras como a envolvente balada country em andamento de valsa Home, o rockão I Can’t Hold On, a balançada Isn’t It Always Love e a tocante Lose Again, só para citar algumas.

Era um álbum que permitia ao ouvinte mais atento notar que sua autora não estava estreando com tanta competência do nada. Fica claro, ao ouvi-lo, que tínhamos ali o fruto de anos anteriores de trabalho, mesmo sendo Karla ainda bastante jovem. E é exatamente este antes, e também o depois da carreira dela que vamos contar daqui pra frente. Com direito à entrada em cena de muitos nomes conhecidos da música, trilhas de filme etc. Vamos lá!

Dupla com a irmã, um grupo, Linda Ronstadt…

Nascida em 27 de dezembro de 1951, Karla Bonoff iniciou de fato sua carreira musical ao formar uma dupla com a irmã, Lisa, intitulada The Daughters Of Chester P.(as filhas de Chester P.), uma homenagem ao pai. Elas tiveram a oportunidade de gravar uma demo para a Elektra Records no final dos anos 1960 com a produção de Bruce Botnick, que trabalhou com os Doors, mas a gravadora não as contratou, e Lisa preferiu seguir carreira como professora.

Karla seguiu adiante, e virou presença constante no Troubador, mitológico barzinho de Los Angeles nos quais nomes como James Taylor, Jackson Browne, Elton John e os músicos que depois formariam os Eagles eram figuras constantes. Por lá, a moça fez amizade com o músico Kenny Edwards, integrante da Stone Poneys, banda da qual também fazia parte a cantora Linda Ronstadt. Com o fim desse grupo, eles começaram uma parceria musical que duraria mais de 40 anos.

Com o acréscimo de Andrew Gold e Wendy Waldman, Karla e Edwards criaram a Bryndle. Essa banda gravou um álbum para a A&M Records no início dos anos 1970, mas novamente nossa heroína não deu sorte, pois o disco nunca foi lançado, o que levou os integrantes do grupo a partirem para seus próprios projetos. Eles, no entanto, nunca se distanciariam, sempre participando uns dos discos/shows dos outros, deixando no ar a possibilidade de um dia voltarem.

Kenny Edwards foi convidado a integrar a banda de apoio da ex-colega de Stone Poneys, Linda Ronstadt, que se tornou uma estrela da cena country rock. Um dia, Karla teve a chance de mostrar canções para Ronstadt, e um ano depois disso, mais precisamente em 1976, nada menos do que três músicas da compositora entraram no álbum Hasten Down the Wind: Someone To Lay Down Beside Me, Lose Again e If He’s Never Near, com direito a participação de Karla fazendo backing vocals.

A qualidade das músicas rendeu o contrato com a Columbia. Após o primeiro álbum, que teve repercussão mediana, apesar de sua alta qualidade, ela lançou em 1979 Restless Hearts, outro LP belíssimo com direito a baladas doloridas como Restless Nights, rocks como Baby Don’t Go e dois momentos bacanas para o currículo: When You Walk In The Room, grande sucesso em 1963 de e com Jackie De Shannon (que de quebra participou dessa releitura), e The Water Is Wide, hit do Kingston Trio com participação nos vocais e violão de James Taylor.

Como a repercussão do álbum anterior foi respeitável (nº 31 nos EUA), tivemos em 1982 o terceiro trabalho dela, Wild Heart Of The Young, que traz como destaques a maravilhosa balada que lhe dá o nome e Personally, obscura canção de r&b regravada por ela que acabou se tornando, ironicamente, o maior sucesso de sua carreira solo, atingindo o posto de nº 19 na parada de singles da Billboard.

O quarto álbum de Karla, New World, chegou às lojas em 1988 e tem em seu repertório as encantadoras Tell Me Why, All My Life e Goodbye My Friend. Seria o último trabalho solo de estúdio dela até o momento (2017), que depois lançaria apenas o excelente CD duplo ao vivo Live (2007). Antes, tivemos a coletânea All My Life- The Best Of Karla Bonoff (1999), melhor iniciação para a sua obra.

Compositora regravada por grandes nomes da música

Expressiva representante da ala singer-songwritter (cantautori, em italiano) do universo pop, ou seja, aqueles artistas que gravam com mais frequência as suas próprias canções, Karla Bonoff no entanto também é bastante conhecida por ter seu repertório relido por grandes nomes da música. Linda Ronstadt abriu essa porteira em 1976, como já dissemos anteriormente. E não foi só isso.

Em 1989, no seu álbum Cry Like a Rainstorm, Howl Like the Wind, Linda voltou a recorrer ao songbook da amiga, e gravou de uma só vez All My Life, Trouble Again e Goodbye My Friend. Além de o álbum ter vendido muito, All My Life, que teve a participação do cantor Aaron Neville, rendeu a Linda Ronstadt um troféu Grammy.

Bonnie Raitt, aclamada cantora, compositora e guitarrista americana, fez belíssima gravação de Home no álbum Sweet Forgiveness (1977). Em 1979, foi a vez de a cantora country Lynn Anderson (famosa pelo megahit Rose Garden, que fez sucesso no Brasil na versão Mar de Rosas, com os Fevers) recorrer a uma canção da Karlinha, a sacudida Isn’t It Always Love, do seu álbum Outlaw Is Just a State Of Mind.

E tem também Tell Me Why. Em 1993, a estrela country Wynonna Judd, ex-integrante do duo The Judds e irmã da atriz Ashley Judd, resolveu regravar essa canção, só que seus músicos não conseguiam reproduzir o arranjo da gravação original. Aí, surgiu a ideia de convidar a própria Karla, que tocou o violão e fez backing vocals nessa releitura, um grande hit country naquele ano, integrante do álbum Tell Me Why, de Judd.

Uma curiosidade: foi exatamente essa regravação de Wynonna que levou o grupo brasileiro West Rocky a fazer a sua versão. Eles nem tinham ideia de quem era Karla Bonoff, e, no entanto, por tabela foram os responsáveis por eu ter descoberto essa artista maravilhosa. Vale registrar que, em 2006 e 2013, a dupla sertaneja Guto & Nando também releu Quando o Amor Se Vai (Tell Me Why), respectivamente em um CD de estúdio e em um DVD ao vivo.

A segunda chance do Bryndle enfim chegou

A história do Bryndle aparentemente seria a de uma espécie de grupo que foi sem nunca ter sido, em razão do melancólico fim de seu contrato com a gravadora A&M. Isso, embora seus integrantes sempre tenham se mantido próximos um dos outros. Kenny Edwards, por exemplo, foi o produtor de vários dos discos de Karla, enquanto Andrew Gold e Wendy Waldman participaram deles.

No entanto, o tempo acabou dando uma nova chance aos amigos, que se reuniram novamente com o objetivo de reativar a banda no inicio dos anos 1990. Desta vez, o projeto se mostrou plenamente vitorioso, pois rendeu dois álbuns, Brindle (1995) e House Of Silence (2002), além de inúmeros shows e aparições em programas de TV.

Infelizmente, tudo acabou com as mortes de Kenny Edwards em 2010 e Andrew Gold em 2011. Desde então, Karla continuou na estrada fazendo shows solo, dando uma geral em seu repertório de hits. Alguns deles são em parceria com Livingston Taylor, irmão de James Taylor.

Duetos e participações em trilhas de filmes

Acho que a história de Karla Bonoff tinha acabado por aqui? Doce ilusão! Chegou a hora de dar uma geral nos duetos e participações em trilhas de filmes. E tem muita coisa boa. Em 1983, por exemplo, ela participou do segundo CD de Christopher Cross, Another Page, fazendo um dueto com ele em What Am I Supposed To Believe.

Em 1996, ela gravou junto com a consagrada banda country Dirt Band a música You Believed In Me, que entrou no álbum feito em homenagem aos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996. J.D. Souther, seu contemporâneo dos tempos de Troubadour e grande nome do soft rock dos anos 1970, gravou em dueto com ela Step By Step, incluída em 1986 na trilha do filme About Last Night.

E já que entramos no tópico trilhas sonoras, temos outro dueto bacana feito com o astro country Vince Gill, When Will I Be Loved, incluída na trilha do filme 8 Seconds, que por sinal também traz outra canção interpretada por Karla, Standing Right Next To Me.

A gravação feita especialmente para filmes que provavelmente mais lhe rendeu deve ter sido a da canção Somebody’s Eyes, integrante da trilha de Footloose, álbum que permaneceu 10 semanas no topo da parada americana e vendeu milhões de cópias mundo afora, impulsionado pela faixa-título, interpretada por Kenny Loggins.

Para os fãs de músicos, vai aí uma pequena relação dos craques da música que participaram dos álbuns de estúdio de Karla Bonoff: Waddy Watchel, Leland Sklar, Dan Dugmore, Russel Kunkel, Rick Marotta, Danny Kortchmar, Don Henley, Victor Feldman, Bill Payne, Timothy B. Schmidt, Garth Hudson, Peter Frampton e Glenn Frey.

Bem, se você chegou até aqui, não deixe de ouvir o trabalho de Karla Bonoff, que está disponível nas melhores plataformas digitais disponíveis na rede, e em selecionadíssimas lojas de CDs e LPs. Duvido que quem tiver um ouvido apurado e curtir música pop de qualidade não acabe se apaixonando pela obra desta brilhante artista. Comece como eu, por essa música que eu postei abaixo. Boa viagem sonora:

Someone To Lay Down Beside Me– Karla Bonoff:

Yusuf/Cat Stevens lança o seu novo single e anuncia álbum

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Por Fabian Chacur

Yusuf, que fez sua fama nos anos 1960 e 1970 como Cat Stevens, acaba de colocar na rede um novo single. Trata-se da delicada e belíssima See What Love Did To Me, primeira faixa lançada por ele desde o álbum Tell Me I’m Gone (2014). A canção integra o álbum The Laughing Apple, que está previsto para chegar às lojas físicas e virtuais no dia 15 de setembro, fruto de uma parceria do selo Cat-O-log, do artista, com a Decca/Universal Music.

The Laughing Apple será o quatro álbum lançado pelo cantor, compositor e músico britânico desde que voltou ao mundo da música pop, abandonado por ele em 1979 devido a sua conversão ao islamismo. O retorno se deu com An Other Cup (2006), e depois vieram Roadsinger (2009) e Tell Me I’m Gone (2014), que mostraram um artista inspirado e em plena forma, como se nunca tivesse nos abandonado.

Com 11 faixas, o álbum mescla canções compostas há pouco tempo, como a já divulgada, Don’t Blame Me e Olive Hill, com quatro composições antigas que ele nunca havia gravado e quatro releituras de faixas de seu segundo álbum, New Masters(1967), que está completando 50 anos. A produção ficou a cargo de Paul Samwell-Smith, ex-baixista dos Yardbirds que produziu discos célebres do astro nos tempos de Cat Stevens, entre eles Tea For The Tillerman e Teaser And The Firecat.

See What Love Did To Me-Yusuf:

Carole King: 75 anos de ótima e brilhante trajetória musical

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Por Fabian Chacur

A primeira vez que ouvi a voz de Carole King na vida foi provavelmente quando It’s Too Late tocou muito nas rádios brasileiras, lá pelos idos de 1971. Mas o contato mais próximo ocorreu em 1973, quando meu saudoso irmão Victor comprou um compacto simples dela, trazendo as músicas Corazón de um lado e Believe in Humanity do outro. Pronto. Não parava mais de tocar aquele raio daquele disco. Ela ganhava mais um fã, entre os seus milhares (milhões?) em todo o mundo.

Miss King chega aos 75 anos nesta quinta-feira (9) como um dos grandes marcos da presença feminina na história do rock e da música pop. Essa cantora, compositora e pianista americana nasceu no dia 9 de fevereiro de 1942, e iniciou sua trajetória musical ainda adolescente. Nessa época, era amiga de dois jovens e ainda desconhecidos músicos, Paul Simon e Neil Sedaka. Este último não só teve um namorico com ela, como também compôs o hit Oh! Carol em sua homenagem.

Nessa época (fim dos anos 1950), era bastante comum o que se denominou de “canções-resposta”, ou seja, uma música respondendo à temática de outra, e Carole King gravou sua estreia como intérprete em 1959, com Oh! Neil. Na mesma época, conheceu o letrista Gerry Goffin, que se tornou não só seu parceiro de composições como de vida, mesmo. Eles ficaram casados entre 1959 e 1968.

Em termos musicais, Goffin & King virou uma verdadeira grife pop, assinando hits como Up On The Roof, The Loco-Motion, Chains, Will You Love Me Tomorrow, One Fine Day, Going Back, Pleasant Valley Sunday e (You Make Me Feel Like) A Natural Woman, gravadas por artistas do porte de Aretha Franklin, Beatles, The Drifters, The Monkees, The Byrds e inúmeros outros. De tanto ouvir elogios à sua voz nas demos que enviava aos artistas que gravavam suas composições, a moça resolveu dar a cara para bater e assumir uma carreira como intérprete.

Em 1968, seu casamento com Gerry Goffin se acabou, e ela criou ao lado dos músicos Charles Larkey (com que se casou a seguir) e Danny Kortchmar a banda The City, que lançou em 1968 um excelente e pouco ouvido álbum, Now That Everything’s Been Said. Em 1970, saía o ótimo Writer, 1º álbum solo, do qual participou um amigo recente que se tornou outro parceiro bacana, ninguém menos do que James Taylor.

Em 1971m essa parceria renderia belos frutos aos dois músicos. James Taylor se tornaria o verdadeiro astro maior do chamado bittersweet rock com o estouro do álbum Mud Slide Slim And The Blue Horizon, cuja faixa de maior sucesso, You’ve Got a Friend, é uma composição de Carole King, que participa do álbum. Por sua vez, a descendente de judeus enfim conseguiu um sucesso à altura de seu imenso talento, com o estouro de Tapestry.

Considerado um dos melhores discos de todos os tempos independente de gênero musical, Tapestry é uma verdadeira aula de música pop, com fortes doses de soul music, rock, folk, latinidade e country, com direito a belas melodias, letras confessionais e uma voz simplesmente deliciosa. Empurrado pelo incrível single It’s Too Late, dolorido retrato de uma separação entre um casal, o disco chegou ao topo da parada americana.

A partir daí, a carreira-solo de Carole King se tornou imensa, com direito a mais dois álbuns no topo da parada americana (Music, no mesmo 1971, e Wrap Around Joy, em 1974) e hits deliciosos como Jazzman, Corazón, Believe in Humanity e inúmeros outros.

A partir da década de 1980, sua produção discográfica tornou-se um pouco mais esparsa e sem o sucesso comercial de antes, mas a qualidade não caiu, vide os ótimos City Streets (1988) e Colour Of Your Dreams (1993), este último com direito a participação especial de Slash, do Guns N’ Roses, e o hit Now And Forever.

Em 1990, por sinal, Carole King esteve no Brasil pela primeira e por enquanto única vez para shows, tendo se apresentado em São Paulo no extinto Olympia. Não estive no show, mas participei da entrevista coletiva com ela, que se mostrou de uma simpatia impressionante. A ponto de ter tido uma reação bem-humorada a um jornalista desinformado que lhe perguntou sobre o seu “casamento” com James Taylor. “A Carly Simon chegou antes”, brincou.

Na ativa de forma tranquila desde então, ela voltou ao topo das paradas em 2010, quando lançou um histórico álbum gravado ao vivo com James Taylor, Live At The Troubadour (também disponível em DVD), que chegou ao quarto lugar na parada americana e os mostrou de volta ao histórico palco do Troubador, em Los Angeles, onde tocaram no início dos anos 70, pouco antes de estourarem.

Sem exageros ou radicalismos, Carole King teve presença atuante e decisiva na abertura de maiores espaços para as mulheres no universo do rock, abrindo as portas para inúmeras colegas que vieram depois. As belas canções que compôs fazem parte do songbook da música pop, que será relido eternamente. Afinal, o que é bom, é para sempre!!!

Corazón- Carole King:

Before This World mostra um James Taylor bem inspirado

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Por Fabian Chacur

James Taylor é o que se pode chamar de um estilista da canção. Ótimo violonista e cantor de voz deliciosa, o astro americano prima pelo capricho e pela inspiração em seus trabalhos. Tanto que não é de lançar disco toda hora. Before This World, seu novo CD, é o primeiro de inéditas desde October Road (2002), e sua estreia no número 1 da parada de álbuns nos EUA (leia mais aqui). Discaço!

Nesses 13 anos sem canções novas, Taylor nos proporcionou um disco natalino (A Christmas Album-2004), um ao vivo (One Man Band-2007), um de covers (Covers-2008) e o histórico ao vivo Live At Troubadour (2010-leia crítica aqui ), este último em dupla com a amiga Carole King. Ou seja, continuou fazendo coisas boas e trabalhando bastante.

Esse retorno às inéditas não poderia ter sido mais legal. No encarte que acompanha o CD, lançado no Brasil pela Universal Music, ele afirma que até tirou um tempo especialmente para compor, algo que já não fazia há algum tempo. De quebra, montou uma banda com ótimos músicos, entre os quais o guitarrista Michael Landau, o percussionista Luis Conte e o baterista Steve Gadd, feras do primeiro escalão da música pop.

Não há arestas aqui a serem aparadas. Temos dez músicas, todas muito boas. Sting marca presença na belíssima faixa título, da qual também participa o músico Yo-Yo Ma (que também toca na balada You And I Again). O repertório é um mergulho no universo habitual de Taylor, com direito a folk, country, rock e pitadas de pop e jazz aqui e ali.

Today Today Today tem aquela levada folk pra cima que marca hits como Your Smiling Face, enquanto Stretch Of The Highway equivale a um rock manso. Watchin’ Over Me é um rock de acento country com refrão expressivo, e Angels Of Fenway possui um tempero gospel delicioso. As evocativas Montana e Showtime são cativantes, assim como Far Afghanistan, momento mais politicamente engajado do trabalho.

Before This World é um trabalho de um artista fiel a seus caminhos musicais, que no entanto não cai em repetições. Suas sutilezas vão aparecendo a cada nova audição, e certamente deliciarão seus milhões de fãs mundo afora. Aos 67 anos, James Taylor se mostra inspirado, lúcido e capaz de nos oferece novas e belas canções.

Before This World– James Taylor (ouça em streaming):

Greatest Hits- Seals & Crofts (1975-Warner)

Por Fabian Chacur

Ah, o ano de 1972! Trata-se de uma época mágica para mim, quando tinha dez anos de idade (completei onze em setembro) e comecei a comprar discos, especialmente compactos singles, aqueles com uma música de cada lado. Um deles incluia as músicas Summer Breeze de um lado e East Of Ginger Trees do outro.

Summer Breeze colocou pela primeira vez nas paradas de sucesso do mundo a dupla Seals & Crofts. Seus integrantes, no entanto, já haviam rodado muito até então. James Seals (vocais, violão, guitarra, violino, sax) nasceu em 1941, enquanto Dash Crofts é um ano mais velho. Eles se conheceram crianças, e começaram a tocar em 1958.

Até os idos de 1965, integraram a banda The Champs, que estourou meses antes de eles entrarem a bordo, com a célebre instrumental Tequila.. Em 1966, após muitas idas e vindas, criaram o grupo Dawnbreakers ao lado do guitarrista Louie Shelton. A banda, no entanto, acabou em 1970. Seals e Crofts resolveram continuar, agora como duo.

Shelton se tornou produtor e assumiu essa função nos discos do duo. Dois discos foram lançados por um selo independente e pouco venderam, mas a consistência de seu trabalho atraiu as atenções da gravadora Warner, que os contratou. No início de 1972, o álbum Year Of Sunday chegou às lojas, mas também patinou nas vendas.

Felizmente os executivos da Warner continuaram acreditando em seus contratados, e naquele mesmo 1972, Summer Breeze quebrou a zica dos músicos oriundos do estado do Texas. Com sua melodia marcante, letra evocativa e romântica e arranjo com forte teor acústico, a canção os inseriu no cenário do bittersweet rock de James Taylor.

Com vocalizações marcantes e um coquetel sonoro composto por folk, country,rock e pop muito bem arquitetado, Seals & Crofts continuariam emplacando outros sucessos bacanas, entre os quais Diamond Girl, We May Never Pass This Way (Again), When I Meet Them, Ruby Jean And Billie Lee. Em 1975, chegou às lojas a coletânea Greatest Hits, com 10 faixas e um bom resumo de sua era de ouro.

Greatest Hits é daqueles álbuns que você pode ouvir de ponta a ponta sem susto, e serve como bom resumo do bittersweet rock melódico e repleto de mensagens positivas, algumas oriundas da filosofia oriental Baha’i seguida pelos amigos e de cuja “bíblia” foram extraídas algumas das inspirações de suas letras. Hipongas, sim, mas com consistência.

Até o fim dos anos 70, o duo emplacou outros hits, como Get Closer, e até flertou com a disco music. A partir de 1980, quando lançaram The Longest Road (com participações especiais de Stanley Clarke e Chick Corea), James Seal se tornou compositor e artista country, enquanto Dash Crofts deu uma sumida. Nos anos 90, eles fizeram shows com a banda australiana de soft-folk-country rock Little River Band. Mas suas músicas continuam emocionando.

Summer Breeze, com Seals & Crofts:

We May Never Pass This Way (Again), com Seals & Crofts:

Diamond Girl (Live), com Seals & Crofts:

When I Meet Them Diamond Girl Ruby Jean And Billie Lee – Seals & Crofts:

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