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Por Fabian Chacur

Na semana passada, estava zapeando na TV (é, meus caros, eu ainda faço isso) quando passei sem querer por um canal que nunca vejo, o alemão Deustch Welle. E tomei um susto! Em um programa intitulado ZDF@Bauhaus, gravado ao vivo em 2017 nas instalações da célebre escola de design, arquitetura e arte vanguardista Bauhaus, lá estava o cantor, compositor e músico canadense Steve Hill, que eu até então não conhecia. Após quase 50 minutos, virei fã do cara, tamanha a sua capacidade de segurar a onda no palco.

Nascido em 1974 em Trois Rivieres, localidade canadense situada entre Montreal e Quebec, Steve viu o início de sua paixão pela música aos 12 anos, quando teve a oportunidade de explorar a coleção de discos de um amigo. A partir dali, descobriu o som de Cream, Jimi Hendrix, Robert Johnson e outros grandes do rock e do blues. Em 1997, lançou o seu primeiro álbum, autointitulado, e aos poucos foi ganhando fãs em seu país.

Em 2011, lançou o seu sexto álbum, Whiplash Love, e se viu em uma encruzilhada por não receber apoio da gravadora para este trabalho e, por tabela, ter de encarar os fracos rendimentos provenientes dele e também dos shows acompanhados por uma banda. E aí, como sair dessa sem ir à falência?

Da necessidade, veio a solução que fez sua carreira ter uma reviravolta. Hill resolveu fazer shows sozinho, como forma de reduzir drasticamente seus custos. Como ele não via graça no formato voz e guitarra-violão, resolveu criar uma seção rítmica que pudesse comandar. E aí surgiu sua versão do one man band.

Além de se incumbir de guitarra, violão, gaita e vocal, o artista canadense resolveu adaptar partes de uma bateria que ele pudesse acionar, sem recursos eletrônicos, na raça, mesmo. Aí, arquitetou um kit com bumbo de bateria e chimbau tocado com os pés e prato de bateria, tocado com uma baqueta engenhosa e estrategicamente colocada na ponta de sua guitarra.

Com esse mesmo formato, gravou em seu estúdio caseiro em 2012 o álbum Solo Recordings Vol.1. Resultado: fez por volta de 175 shows solo na divulgação deste CD, que rapidamente se tornou o mais vendido de sua carreira. A partir de então, foram mais dois novos álbuns e um EP seguindo esse mesmo conceito, e um álbum gravado ao vivo e seu mais recente lançamento, One Man Blues Rock Band (2018), espécie de resumo de sua trajetória até aqui.

O nosso homem banda se mostra um excelente cantor de voz quente e poderosa, enveredando por um repertório próprio que mergulha nas várias possibilidades do blues rock, do qual se destacam maravilhas como Hate To See You Go, Emily, The Collector e Dangerous (veja o clipe aqui). De quebra, ainda faz uma bem azeitada releitura de Voodoo Child (Slight Return), de Jimi Hendrix.

Em seus mais de 20 anos de carreira, Steve Hill abriu shows para ícones do porte de Ray Charles, B.B. King, ZZ Top, Santana e Buddy Guy, além de ter tocado com o lendário guitarrista de blues Hubert Sumlin. Ele ganhou o Juno Award, o mais importante prêmio de música no Canadá, e em 2017 fez em torno de 80 shows pela Europa. Ele usa guitarras e amplificadores vintage dos anos 1950, o que dá um tom clássico e próprio ao seu som.

Steve Hill ao vivo no ZDF@Bauhaus: