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BJ Thomas, 78 anos, um cantor encantador e sucesso mundial

bj thomas

Por Fabian Chacur

Sou fã de Billy Joe Thomas desde que eu era criança e ouvi pela primeira vez nas rádios sua encantadora gravação de Oh Me Oh My. Vários outros hits viriam a seguir, no início dos anos 1970, e sua voz doce e sempre muito bem colocada se tornou uma das minhas favoritas. Portanto, é com muita tristeza que encaro a sua morte, ocorrida neste sábado (29). Ele sofria de câncer no pulmão, e nos deixou aos 78 anos. Tenho certeza de que muitos brasileiros compartilham essa dor, pois ele sempre teve muitos fãs por aqui.

Em abril de 1996, tive a honra de participar de uma entrevista coletiva concedida por BJ Thomas na semana em que ele faria dois shows por aqui, nos dias 17 e 18 daquele mês. Sua simpatia e humildade se mostraram encantadoras, e tenho uma foto com ele ao lado de dois amigos que infelizmente também já se foram, Toninho Spessotto e Paulo Cavalcanti. O show que vi, no 1º endereço do Tom Brasil (na rua Olimpíadas, nº 66, situado no bairro da Vila Olímpia, em São Paulo) foi simplesmente maravilhoso.

Aliás, uma das músicas interpretadas por ele saiu da entrevista coletiva. Ao ser perguntado se iria colocar no repertório Long Ago Tomorrow, um de seus maiores hits por aqui, ele disse que há muito não a cantava, mas que se alguém tivesse uma gravação dela para poder ensaiar com seus músicos, certamente atenderia esse pedido. Spessotto fez essa gentileza, e no show, bingo!, Thomas a interpretou com categoria absurda.

Nascido no estado americano do Texas, o cantor americano iniciou sua ligação com a música participando de corais de igreja. Após integrar o grupo The Thriumphs, resolveu se dedicar à carreira-solo. Seu primeiro hit nos EUA foi I Just Can’t Help Believing, que chegou ao 9º posto na parada americana em 1968.

Em 1969, gravou Raindrops Keep Falling On My Head, de Burt Bacharach e Hall David (os autores de Long Ago Tomorrow, que ele gravaria em 1971), single que atingiu o 1º lugar na parada americana em 1970 e rendeu aos compositores um Oscar ao integrar a trilha sonora do filme Butch Cassidy And Sundance Kid.

Até a metade dos anos 1970, BJ Thomas emplacaria outros hits nas paradas americanas, sendo os mais significativos Rock And Roll Lullaby (nº 15 em 1972) e (Hey Won’t You Play) Another Somebody Done Somebody Wrong Song (nº1 em 1975).

No Brasil, no entanto, o cantor fez muito mais sucesso do que por lá, especialmente pelo fato de várias de suas gravações terem sido incluídas em trilhas de novelas globais. Entre outras, podem ser citadas Long Ago Tomorrow, Songs e Rock And Roll Lullaby. Esta última foi só Top 15 nos EUA, mas por aqui certamente liderou o ranking das mais tocadas no período em que Selva de Pedra foi exibida.

De 1976 em diante, suas gravações sumiram dos charts de música pop, mas lhe renderam em 1983 dois 1º lugares na parada country americana, com os singles Whatever Happened To Old Fashioned Love e New Looks From An Old Love. Ainda nos anos 1980, gravou em parceria com a cantora Jennifer Warnes a canção As Long As We Got Each Other, tema da série televisiva ianque Growing Pains.

BJ nos visitou pela primeira vez ainda na década de 1970, e sempre teve um público cativo por aqui. Fã confesso de música brasileira, ele concretizou em 2009 um sonho ao lançar o álbum Once I Loved- O Amor Em Paz- BJ Thomas In Brazil (lançado por aqui pela Universal Music), no qual gravou clássicos da nossa música vertidos para o inglês ao lado de astros da nossa música.

Ele releu The Girl From Ipanema com Ivete Sangalo, Meditation com Ivan Lins, Manhã de Carnaval (A Day In The Life of a Fool) com João Bosco e How Insensitive-Once I Loved com Leila Pinheiro. Como bônus, temos uma releitura de Rock And Roll Lullaby. Thomas também dedicou alguns de seus trabalhos à música gospel, com boa repercussão nesse meio.

Uma curiosidade: um dos fãs mais ardorosos de BJ Thomas era ninguém menos do que Elvis Presley, que não só releu algumas canções do repertório do amigo como também o convidou em algumas ocasiões para cantar em Graceland, fato confirmado por BJ naquela deliciosa entrevista coletiva de 1996.

Long Ago Tomorrow– BJ Thomas:

Coletânea homenageia Dorival Caymmi

Por Fabian Chacur

No dia 30 de abril, o cantor, compositor e violonista baiano Dorival Caymmi (1914-2008) faria 100 anos de idade. Como forma de celebrar essa data histórica, a gravadora Universal Music lançará no dia 8 de abril, nos formatos físico e digital, a coletânea Dorival Caymmi-100 Anos. Trata-se de uma significativa e abrangente amostra da obra deste verdadeiro gênio da música popular brasileira.

A compilação traz interpretações do próprio homenageado, de seus filhos Nana, Dori e Danilo Caymmi e também de artistas como Elza Soares, Clara Nunes, Trio Irakitan, Ary Barrozo, Dick Farney e João Donato, entre outros. Também está presente Carmen Miranda, que ao gravar com sucesso O Que é Que a Baiana Tem?, em 1938, ajudou a alavancar a carreira de Caymmi, então já radicado no Rio como forma de ampliar seus horizontes profissionais.

Um diferencial deste trabalho fica por conta da inclusão das músicas Risque e Na Baixa do Sapateiro, ambas de autoria de Ary Barrozo, aqui mostrando que Dorival Caymmi também sabia como poucos reler canções alheias com categoria e assinatura própria. Ambas foram extraídas do álbum gravado em 1958 por Caymmi e Barrozo, no qual um regravou composições expressivas do outro, com resultado antológico.

Dorival Caymmi, apelidado de Buda Nagô em bela canção de Gilberto Gil, foi um dos pilares do que hoje se convencionou chamar de MPB, pois pode ser considerado um precursor da bossa nova, da releitura mais sofisticada das sonoridades regionais da música brasileira e também do uso mais poético e sutil do romantismo em canções nacionais. Voz marcante, violão certeiro e um songbook compacto e composto só por grandes músicas, esse mestre continua influenciando muita gente boa por aí.

Ouça o álbum Canções Praieiras (1954), com Dorival Caymmi:

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