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Claudya mostra seu novo álbum com um show no Blue Note SP

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Por Fabian Chacur

Como forma de celebrar 57 anos de uma carreira das mais dignas e elogiáveis, a cantora Claudya acaba de lançar o álbum A Nossa Bossa Sempre Jovem. O repertório parte de uma ideia simples, porém extremamente bem realizada: a releitura de clássicos da Jovem Guarda com arranjos em estilo Bossa Nova. Deu mais do que certo. Ela mostra esse trabalho e também dá uma geral em hits da sua carreira em show nesta quinta (7) às 20h em São Paulo no Blue Note SP (avenida Paulista, nº 2.073), com ingressos a R$ 90,00 (inteira) e R$ 45,00 (meia). Saiba mais detalhes aqui.

A escolha desse tema para o novo álbum faz todo o sentido do mundo se levarmos em conta que Jovem Guarda e Bossa Nova viveram o seu auge na década de 1960, mesmo período em que Claudya iniciou a sua carreira. Havia uma certa rivalidade entre essas duas vertentes musicais naquela época, mas hoje fica claro que ambas são muito válidas e marcantes. Uma não invalida a outra, obviamente. E o álbum desta grande cantora serve como prova de que temos, aqui, música da melhor qualidade.

Com belos arranjos a cargo do pianista e arranjador Alexandre Vianna, canções como Devolva-me, Ternura, O Caderninho e Nossa Canção ressurgem renovadas e encantadoras, com Claudya esbanjando categoria e nos oferecendo um desempenho vocal de uma classe absurda.

Nessas quase seis décadas de bons serviços prestados à nossa música, Claudya emplacou hits como Mais de 30 (de Marcos e Paulo Sérgio Valle), Deixa Eu Dizer (de Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza, relida com sucesso por Marcelo D2) e Jesus Cristo (de Roberto e Erasmo Carlos). Ela também brilhou em festivais no Brasil e no mundo e estrelando o musical Evita, além de gravar mais de 20 álbuns, como Entre Amigos (1994), com o seminal Zimbo Trio. Sua participação em 2021 no programa global The Voice+, no qual chegou à semifinal, lhe trouxe de volta à mídia.

Devolva-me– Claudya:

Sweet Sensation (1980), um clássico de Stephanie Mills

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Por Fabian Chacur

Em 1980, Stephanie Mills completou 23 anos de idade. Ainda nova, já podia ser considerada uma veterana no show business, com 14 anos de estrada no teatro e na música. Naquele ano, essa incrível cantora e atriz viveu um dos momentos mais importantes de sua trajetória com o lançamento do álbum Sweet Sensation (20th Century Fox, saiu no Brasil via RCA). Com este trabalho, ampliou seu alcance no público black e de quebra emplacou seu maior hit no cenário mainstream, a deliciosa canção Never Knew Love Like This Before.

Nascida em Bed-Stuy-Brooklin-Nova York em 22 de março de 1957, Stephanie Dorthea Mills teve sua iniciação musical semelhante à da maior parte das cantoras negras americanas, cantando em uma igreja ainda pequena. Aos 9 anos, estreou profissionalmente no musical Maggie Flynn. Aos 11, conseguiu vencer uma acirrada competição na Amateur Night no mitológico Apollo Theater, no Harlem, e foi convidada a abrir shows dos lendários Isley Brothers.

Ainda adolescente, lançou dois álbuns-solo, Movin’ In The Right Direction (1974) e For The First Time (1975). Este último, lançado pela gravadora Motown, contou com a produção e composições da dupla Burt Bacharach e Hal David, sendo 8 das 10 faixas inéditas. Infelizmente, ambos passaram batidos.

No teatro, o início do estrelato

No entanto, a carreira no teatro musical lhe proporcionou um primeiro grande momento. Ela foi convidada para viver Dorothy, um dos personagens principais de The Wiz, versão com artistas negros para o teatro do filme O Mágico de Oz.

Ficou em cartaz de 1975 e 1977 com muito sucesso na Broadway, mas sentiu-se frustrada ao não ser convidada para repetir o papel em uma nova versão cinematográfica da história lançada em 1978 e dirigida por Sidney Lummet. Ela perdeu a vaga para Diana Ross.

Sem baixar a cabeça, seguiu em frente, e em 1979 foi contratada pela gravadora 20th Century Fox para um novo álbum. O selo escolheu para produzi-la James Mtume e Reggie Lucas, uma dupla de jovens músicos que haviam tocado com Miles Davis e Roberta Flack, tendo composto para esta última os belíssimos hits The Closer I Get To You e Back Together Again.

A parceria não poderia ter dado mais certo, e já se mostrou certeira logo no primeiro álbum que os reuniu, Wat Cha Gonna Do With My Love (1979), que atingiu o 22º posto na parada pop e o 12º no chart de rhythm and blues (r&b).

A fórmula de mesclar canções disco do tipo uptempo, canções dançantes midtempo (batida intermediária entre as mais agitadas e as mais lentas) e baladas românticas se mostrou matadora, com direito a hits como a faixa-título, a empolgante Put Your Body In It e You And I.

Sucesso e a conquista do público mainstream

Obviamente incentivados pelo sucesso do disco anterior, Mtume e Lucas iniciaram os trabalhos que resultariam em Sweet Sensation com muita garra. De cara, selecionaram um time de músicos e vocalistas de apoio conciso e impecável, no qual se destacavam as cantoras Gwen Guthrie e Tawatha Agee, o tecladista Hubert Eaves III, o guitarrista Edward Moore e o baterista Howard King.

Com essa escalação, e mais os arranjos de cordas e metais a cargo de Wade Marcus, eles investiram nas oito faixas incluídas no disco, sendo cinco assinadas pela dupla de produtores e outras três compostas por integrantes da banda. Como quatro delas duram mais de cinco minutos, algo habitual em trabalhos de funk, r&b e disco music, não havia como ir além desse número, como forma de garantir a qualidade técnica do áudio do LP.

O resultado não poderia ser melhor. Trata-se de um trabalho diversificado, conciso e envolvente, no qual Stephanie teve a chance de exibir a qualidade de sua voz sensual e doce, capaz de encarar com categoria os três tipos básicos de canção incluídas aqui- funk-disco, r&b midtempo e baladas encantadoras.

As faixas que mais se destacaram foram a que deu título ao LP, que atingiu o nº 52 na parada pop e nº 12 na de r&b, e especialmente Never Knew Love Like This Before, que alcançou o 6º lugar na parada pop (única vez que ela conquistou tal feito) e 12º no chart r&b. A música, no Brasil, foi incluída na trilha sonora da novela global Plumas e Paetês, que foi exibida entre 1980 e 1981.

Uma parceria marcante

Sweet Sensation foi o mais bem-sucedido dos quatro álbuns que Mtume e Lucas produziram para Stephanie Mills entre 1979 e 1982, e marcou a carreira de todos os envolvidos. Depois, ela trabalharia com outros grandes produtores e com muito sucesso, como a dupla Ashford & Simpson e Angela Winbush, mas essa parceria ficou como um dos grandes destaques do currículo deles.

Se não conseguiu nada tão expressivo na parada pop após Sweet Sensation, Stephanie Mills se manteve muito bem na cena r&b durante toda a década de 1980, emplacando cinco canções e um álbum no topo da parada de r&b americana entre 1986 e 1989. A partir dos anos 1990, infelizmente gravou quatro discos sem grande repercussão, mas continua fazendo bons shows.

Para os “fofoqueiros” de plantão, vale lembrar que ela teve um rápido namoro com Michael Jackson, e foi casada entre 1980 e 1983 com outro astro do r&b, o cantor Jeffrey Daniels, do grupo Shalamar.

As faixas de Sweet Sensation:

Sweet Sensation (Mtume-Lucas)- Ouça aqui.
O álbum abre com uma faixa-título envolvente, em ritmo midtempo, no qual uma das marcas deste trabalho já se apresenta logo de cara: os diálogos musicais entre Stephanie e as vocalistas de apoio, além da coesão entre os instrumentos de sopros, cordas e teclas. Um clássico do r&b.

Try My Love (Tawatha Agee-Hubert Eanes III)- Ouça aqui.
O pique dançante prossegue com uma faixa irresistível na mesma levada da anterior, mas com mais espaços para a voz de Stephanie mergulhar fundo, gerando uma interação com suas vocalistas que é de arrepiar. E que refrão! E que arranjo de metais! A audição dessas duas músicas já valeria a sua aquisição. Mas vem mais coisa boa por aí!

I Just Wanna Say (Mtume-Lucas)- Ouça aqui.
Temos aqui a primeira canção lenta do disco, com destaque para os teclados e no melhor estilo slow jam, ou seja, aquelas faixas românticas sensuais com duração mais longa típicas da black music dos anos 1970-80.

Wish That You Were Mine (Mtume-Lucas)- Ouça aqui.
Um momento mais disco music para fechar o lado A do vinil com alto astral total, com direito a uma guitarra-rítmica irresistível e um apelo pop certeiro.

D-A-N-C-I-N’ (Edward Moore-Howard King)- Ouça aqui .
O lado B do vinil abre com força total, nesta canção midtempo com refrão forte que aparece logo de cara chamando as pessoas para a pista de dança, com Stephanie endiabrada e soltando a voz. Para bater palmas junto! Outro show das vocalistas de apoio no refrão e nos diálogos com a sua “chefe”. E que groove!

Still Mine (Mtume-Lucas)- Ouça aqui.
Aqui, o momento de uma balada soul romântica por excelência, aquela lentinha que levava os casais para a pista de dança durante os bailinhos dos anos 1970-início dos 1980. A performance de Stephanie é espetacular.

Never Knew Love Like This Before (Mtume-Lucas)- Ouça aqui.
Não é difícil entender o porque esta é a canção que mais se destacou na parada mainstream, ou seja, a “dos brancos”. Embora sem perder a alma, é o momento mais pop do disco, no qual Stephanie canta com tanta doçura e ingenuidade sincera a celebração da descoberta do “amor da sua vida” descrito na letra que pode arrancar lágrimas de alguém mais emotivo, alguém tipo eu, por exemplo… Esta música rendeu o Grammy de melhor performance de r&b para Stephanie, e de melhor canção de r&b para Mtume e Lucas.

Mixture Of Love (Joe Mills-John Simmons)- Ouça aqui.
Uma assumida fã de canções românticas, Stephanie nos mostra aqui, mais uma vez, como usar uma voz potente, doce e versátil de forma absolutamente sensual e impecável em termos técnicos. E os diálogos com o coral de apoio mais uma vez são encantadores. Final feliz para um disco maravilhoso!

Saiba mais sobre o time que gravou Sweet Sensation

James Mtume– Este produtor, percussionista, tecladista e compositor tocou com Miles Davis entre 1971 e 1975, e logo a seguir, na banda de Roberta Flack. Paralelamente, ele tinha a sua própria banda, a Mtume, com Tawatha Agee nos vocais, e com ela emplacou pelo menos um clássico perene dos anos 1980, Juicy Fruit (ouça aqui), que chegou ao topo da parada de r&b. Ele teve músicas gravadas por Stephanie, Roberta Flack e também por Donny Hathaway, Phyllis Hyman, Mary J. Blige, Teddy Pendergrass, Inner City e R. Kelly.

Reggie Lucas-Guitarrista e compositor, tocou junto com Mtume nas bandas de Miles Davis e Roberta Flack. Além do trabalho ao lado do parceiro, ele tem um belo item solo em seu currículo: produziu seis das oito faixas do autointitulado álbum de estreia de Madonna em 1983, e é o autor de duas dessas músicas, os hits Borderline e Physical Attraction. Ele também foi guitarrista da banda de Billy Paul antes de conhecer Mtume.

Gwen Guthrie (1950-1999)- A saudosa cantora e compositora é a coautora de hits deliciosos de r&b como This Time I’ll Be Sweeter (sucesso no Brasil na versão de Linda Lewis), Supernatural Thing (hit com Ben E. King) e Love Don’t You Go Through No Changes On Me (hit com o grupo Sister Sledge). Além de participar de discos de inúmeros outros artistas (entre os quais Madonna, Aretha Franklin, Billy Joel, Stevie Wonder e Peter Tosh) também gravou seis álbuns solo entre 1982 e 1990, com direito a ao menos um grande hit na cena black americana, a irresistível Ain’t Nothing Goin’ On But The Rent (ouça aqui), que atingiu o topo da parada de r&b americana em 1986.

Tawatha Agee– Além de coautora de canções como o hit Two Hearts, que estourou em 1981 em marcante dueto de Stephanie Mills com o seminal Teddy Pendergrass, ela também foi a vocalista principal do grupo Mtume, aquela voz deliciosa que conduz o hit Juicy Fruit.

Hubert Eaves III– O tecladista que assinou Try My Love ao lado de Tawatha Agee também se destacou como integrantes das banda Mtume e D Train, esta última na verdade um duo integrado por ele e o cantor e compositor D-Train Willians e conhecido pelo hit Something’s On Your Mind (regravada depois por Miles Davis em seu álbum You’re Under Arrest, de 1985).

Howard King– Foi baterista da banda Mtume.

Veja Stephanie Mills ao vivo em 1998:

Simone mergulha de cabeça nas lives e curte contato com os fãs

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Por Fabian Chacur

No dia 12 deste mês, Simone estreou no cenário das lives. A experiência foi tão agradável para a Cigarra que ela resolveu tornar esse contato direto com os fãs uma espécie de evento semanal durante a quarentena gerada pelo combate ao novo coronavírus. A cantora baiana já anunciou uma nova para o próximo domingo (3/5) a partir das 18h, e as subsequentes devem ocorrer no mesmo dia da semana e hora.

“Tem sido uma experiência muito diferente pra mim produzir e seguir realizando essas lives, cantando, lendo as mensagens, buscando as músicas. Independentemente desse tempo triste, de tantas perdas, conectar com o mundo dessa maneira está sendo uma experiência intensa”, relata Simone em texto enviado à imprensa.

Ela pretende manter o formato do qual tem se valido, que a mostra ou no melhor estilo violão e voz, ou sendo acompanhada por bases pré-gravadas preparadas e enviadas por músicos com os quais a estrela baiana já trabalhou em ocasiões anteriores. Entre uma interpretação e outra, temos causos e bate-papo virtual com os fãs, sendo que sugestões e pedidos podem ser feitos através dos perfis da artista nas redes sociais digitais.

Como profissional séria que sempre foi, ela está se preparando com afinco para as próximas transmissões.”Estou levantando repertório novo pra as lives, encomendando bases, conversando com músicos, revisitando meu próprio repertório, dá trabalho!”, relata a intérprete de O Que Será, Face a Face e tantos outros hits marcantes na história da nossa música popula brasileira.

As transmissões estão sendo feitas a partir do perfil no Instagram @simoneoficial .

Veja trechos de uma live de Simone:

Rita Coolidge faz lindos shows no Brasil, só que não! Cancelados!

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Por Fabian Chacur

No dia 13 de dezembro de 2018, Mondo Pop anunciou em primeira mão a vinda ao Brasil, pela primeira vez, da cantora americana Rita Coolidge (leia a matéria aqui). Uma bela notícia, por sinal. Ela faria três shows por aqui, em abril de 2019, em Vila Velha (ES), São Paulo e Rio de Janeiro. Pois bem. No fim das contas, o que era para ser, e estava plenamente confirmado, não se fez real. Em português mais claro: os shows não aconteceram!

Bem, aí, meu querido leitor, minha querida leitora, você certamente deve estar falando aí com os seus botões: mas que raio de jornalista é esse, que anuncia a realização de um show e esse show não acontece? Bem, vamos lá. Para começo de conversa, as três datas de Rita Coolidge no Brasil foram confirmadas oficialmente pela produtora que as realizaria, a respeitada Poladian Produções, que já trouxe ao país Eco & The Bunnymen, P.I.L., B.A.D. e inúmeros outros. As apresentações também estavam na programação oficial do site da intérprete de We’re All Alone e tantos hits. Logo, não havia o que questionar.

O cancelamento da turnê ocorreu não muito antes de sua realização, e não foi divulgado de forma muito intensa. Na verdade, só fiquei sabendo disso esta semana e por acaso, ao conversar com uma pessoa que trabalha no meio musical. Dê um google e tente achar essa informação mais perto da data dos shows e encontrará o mesmo que eu: nada. Pior: entre no site da produtora, e os shows ainda estão lá, como se tivessem sido realizados normalmente. Como não estou em São Paulo, demorei esse tempo para descobrir tal “novidade”.

Mas vou contar uma coisinha para vocês: isso não é um fato inédito. Várias vezes são anunciados shows de artistas internacionais por aqui, por produtoras grandes, e no fim das contas eles não ocorrem. Em 2015, por exemplo, teríamos em junho os quatro primeiros shows da cantora Sinead O’Connor, pela produtora Opus, outra especialista em trazer grandes nomes da música. E não rolou.

Assim como não rolou o retorno de Robin Gibb ao Brasil, que veio ao país pela primeira (e, infelizmente, única) vez em novembro de 2005. Uma nova tour brazuca rolaria em 2010, mas foi adiada para abril de 2011, devido a problemas de saúde do cantor. Poucos dias antes, mais uma vez, novo adiamento, desta vez definitivo. E, infelizmente, o artista nos deixou no dia 20 de maio de 2012.

Os fãs do grupo americano The Doobie Brothers, entre os quais me incluo, vibraram ao ouvirem o anúncio de que a banda seria uma das atrações do Rock in Rio em 1991. Seria, mas não foi, pois houve o cancelamento prévio. E a banda não veio até hoje. Portanto, vamos cruzar os dedos e torcer para que Daryl Hall & John Oates, atração anunciada para o mês de junho de 2019 (leia mais aqui), realmente venha a fazer a felicidade de seus fãs brasileiros. Do contrário, entrará nessa relação dos que foram sem ter nunca terem sido…

Love Me Again– Rita Coolidge:

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