angela maria foto-400x

Por Fabian Chacur

Angela Maria entrou no meu universo de fã de música lá pelos idos de 1977. Vá Mas Volte, composição do saudoso Wando e gravada por ela, entrou na trilha sonora da novela global Duas Vidas, e não demorou para se transformar em um monstruoso sucesso nacional. Uma dessas baladas matadoras, mereceu uma interpretação que mistura precisão e muita emoção, dando à intérprete a chance de conquistar novos fãs.

Esse verdadeiro ícone da canção brasileira nos deixou neste sábado (29) em São Paulo, aos 89 anos, e felizmente teve a chance de receber as flores em vida. Ela estava internada há 34 dias, e foi vítima de uma infecção generalizada. Seu mais recente álbum saiu em 2017, o elogiado Angela Maria e as Canções de Roberto & Erasmo, e em 2015 o jornalista Rodrigo Faour lançou Angela Maria, a Eterna Cantora do Brasil, uma biografia caudalosa e à altura da artista enfocada.

Nascida em 13 de maio de 1929 com o nome de batismo Abelim Maria da Cunha, a cantora iniciou sua carreira contra o desejo de seus familiares, e foi por isso que, em 1947, adotou o nome artístico Angela Maria, como forma de não ser percebida por eles. Mas com tanto talento, isso um dia teria de acabar. Como deixar aquela pequena e bela intérprete longe dos holofotes?

Angela foi uma das últimas grandes estrelas da chamada era do rádio, e a partir do lançamento de seu primeiro disco, em 1951, logo conquistou um verdadeiro séquito de fãs. Entre eles, estava o então presidente Getúlio Vargas, que deu a ela o apelido de Sapoti, que a acompanhou durante toda a sua longa e bem aproveitada vida.

Com um vozeirão de timbre extremamente agradável de se ouvir, ela emplacou sucessos como Babalu, a já citada Vá Mas Volte, Gente Humilde e uma dezena de outros. Ao contrário de várias colegas de geração, ela sempre soube se renovar, mantendo dessa forma uma popularidade suficiente para sempre atrair as atenções de imprensa, TV e rádio.

Citada como influência por artistas como Elis Regina, Milton Nascimento e Ney Matogrosso, só para citar alguns, Angela Maria teve boas parcerias com Cauby Peixoto e Agnaldo Timóteo, sendo que ela se mostrou decisiva para impulsionar a carreira artística deste último. Romântica até a medula, mas sem nunca perder a classe, ela se tornou um verdadeiro mito da canção brasileira.

Angela Maria era uma das últimas representantes da era do rádio ainda entre nós, e soube se manter durante todos esses anos na ativa, com muita dignidade e qualidade artística. Um verdadeiro exemplo para as novas gerações de cantoras. Mais uma perda difícil de assimilar para um país que tem vivido tantas dificuldades. Descanse em paz, Sapoti!

Vá Mas Volte-Angela Maria: