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Célia tem seu álbum de estreia relançado em vinil pela Polysom

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Por Fabian Chacur

A série Clássicos em Vinil, da Polysom, tem resgatado lançamentos importantes da história da MPB, no formato vinil de 180 gramas. O novo item da coleção foi, mais uma vez, escolhido a dedo. Trata-se de Célia, autointitulado álbum de estreia desta brilhante cantora paulistana (1947-2017), uma das melhores de sua geração e que merecia ter tido muito mais sucesso comercial e reconhecimento do que o obtido em seus 70 anos de vida. Ouça esse trabalho e sinta o porquê.

Lançado em 1971 pela gravadora Continental, este disco conta com a produção do jornalista Walter Silva, célebre por seu programa O Pickup do Picapau, em parceria com o músico e maestro Pocho Perez. Além do próprio Pocho, os arranjos das músicas foram divididos entre mestres indiscutíveis da nossa música. São eles Rogério Duprat, um dos grandes nomes ligados ao Tropicalismo, Arthur Verocai, um craque trabalhando para os outros e também para seus próprios trabalhos, e José Briamonte, que naquela época trabalhou alguns dos artistas mais importantes da nossa música.

O repertório de 11 músicas traz a assinatura de nomes então emergentes, como Joyce Moreno, Ivan Lins, Ronaldo Monteiro de Souza, Toninho Horta, Antonio Adolfo e Tibério Gaspar. Com uma afiada mistura de MPB com elementos de música pop, o disco traz maravilhas do porte de Adeus Batucada, No Clarão da Lua Cheia, Abrace Paul McCartney Por Mim e Fotograma. Nelas, a voz quente e envolvente de Célia se mostra um instrumento humano absurdo, exacerbando a beleza inerente em cada uma dessas belas canções. Tipo do disco que você não pode deixar de ouvir, hoje e sempre.

Célia (primeiro LP)- ouça em streaming:

Celia esbanja emoção e classe no CD Aquilo que a Gente Diz

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Por Fabian Chacur

É fácil dizer que Celia merece muito mais reconhecimento do que teve até hoje, em seus mais de 40 anos de carreira. Fácil porque se trata da mais pura verdade. Difícil entender a razão pela qual ela é tão pouco vista na mídia. Enfim, lamentar é triste. Melhor é celebrar, e este sentimento positivo surge ao se ouvir Aquilo Que a Gente Diz, mais recente CD da cantora paulistana, lançamento do selo Nova Estação com distribuição Tratore.

Com produção a cargo de Thiago Marques Luiz, esse batalhador cuja missão parece ser exatamente a de dar a grandes cantoras o tratamento luxuoso que merecem, Aquilo Que a Gente Diz equivale a uma verdadeira aula de classe, emoção e refinamento musical, sem que isso signifique sofisticação excessiva ou dificuldade para o ouvido médio absorver. Que nada. Disco bom de se ouvir, e de ponta a ponta. Basta dar uma oportunidade ao mesmo.

Com arranjos cirúrgicos que primam pelo bom gosto e assinados por Rovilson Pascoal, Alexandre Vianna e Yuri Queiroga, a moldura sonora se mostra adequada para abrigar a voz de Celia. E é aí que a coisa fica perfeita. A experiente intérprete sabe com raro talento desempenhar a difícil tarefa de ser ao mesmo tempo doce e incisiva, suave sem ser chata, melódica sem ser melosa e contundente sem cair na gritaria ou nos maneirismos tecnicistas mais tolos.

Poucas intérpretes merecem ser definidas como estilistas, e Celia é sem sombra de duvida uma delas. Estilo puro, de quem não perde tempo tentando seguir modismos efêmeros ou imitando quem está nos primeiros lugares das paradas de sucesso. Isso deve explicar o porque cada palavra que interpreta soa clara, cristalina, assimilável por todos.

O repertório do novo trabalho traz quatro músicas inéditas e seis releituras, oriundas de autores de várias gerações. Entre Amigos (Joyce), Aquilo Que a Gente Diz (Alzira E e Tiago Torres da Silva), Deus Dará (Zeca Baleiro) e Tanto Nó (Ivan Lins e Fátima Guedes) são as ótimas inéditas, que se somam a regravações impecáveis de maravilhas como Dois Rios (Samuel Rosa, Lô Borges e Nando Reis), Opus 2 (Antônio Carlos & Jocafi) e Eu Sou Aquele Que Disse (Sergio Sampaio).

Célia é tão craque que conseguiu dar nova vida a Não Existe Amor em SP, do super-mega-ultra-totalmente superestimado Criolo, ou Crua, do talentoso mas irregular Otto. Ambas ficaram muito bacanas na sua voz. Após várias e várias audições do CD, só posso torcer para que mais gente descubra esse trabalho tão consistente e tão deliciosamente musical, no qual a inspiração e o respeito ao publico são as tônicas.

Vale o toque: em 2011, a Warner lançou de forma quase secreta e em formato álbum duplo em sua série Sucessos em Dose Dupla os dois primeiros LPs da carreira de Celia, ambos autointitulados e lançados em 1971 e 1972. São incríveis, nos quais a ainda muito jovem intérprete já se mostrava madura e formada. Só as faixas Boca do Sol (Arthur Verocai e Vitor Martins), Para Lennon e McCartney (Lô Borges, Fernando Brant e Márcio Borges) e Detalhes (Roberto e Erasmo Carlos) já valeriam a aquisição, mas os discos são bons de ponta a ponta. Compre antes que sumam de catálogo, se é que já não sumiram…

Célia (1971)- CD em streaming na integra:

Célia (1975)- LP em streaming na íntegra:

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