Por Fabian Chacur

Duas notícias para os fãs do New Order, no melhor esquema “uma boa, a outra ruim”. Comecemos pela negativa: o time perdeu muito com a saída do carismático e original baixista Peter Hook. A positiva é que, mesmo assim, o time liderado por Bernard Sumner continua sendo capaz de realizar um bom show, como vimos em seu apresentação neste domingo (6) no Lollapalooza Brasil 2014.

Não dá para negar que um dos pontos mais originais da banda surgida em 1980 das cinzas do Joy Division era exatamente o baixo anguloso, incisivo e à frente de tudo tocado por “Hookie”. De forma inteligente, seu substituto, Tom Chapman, sequer tenta emular o estilo do antecessor, optando pela discrição e ampliando horizontes para seus colegas de banda nos shows. Sábia decisão que vale a ele uma nota alta como músico.

Dessa forma, os espaços para Bernard Sumner nos vocais (sóbrios e eficientes) e guitarra (idem na mesma data) aumentam, assim como os do ótimo Phil Cunningham, que além da guitarra também investe em teclados sempre que necessário. Stephen Morris continua aquele dínamo de sempre, interagindo com rara desenvoltura com as programações eletrônicas. E tem a Gillian Gilbert, claro, sempre um caso à parte no contexto da banda.

Gillian é uma espécie de Linda McCartney do pós-punk. Sua proficiência nos teclados é bastante limitada, especialmente ao vivo, e seu carisma é próximo de zero. No entanto, como ela aparentemente tem plena consciência dessas limitações, procura não atrapalhar o time e sabe desempenhar seu papel sem buscar os holofotes. Seu brilho ficou todo na camisa prateada com glitter pra todos os lados que marcou seu visual de palco. Bem legal!

Após o início sombrio com a evocativa Elegia, o grupo inglês mandou ver um início bem rock and roller, com direito a Cristal, Transmission (do Joy Division), Age Of Consent e Singularity. De tirar o fôlego. A faceta mais eletrônica veio e trouxe os clássicos Bizarre Love Triangle, Perfect Kiss e a infalível Blue Monday, que fez com que o público presente em grande número literalmente tirasse a poeira do chão.

Com direito a um telão de alta definição disparando vídeos preparados para ilustrar cada canção no melhor estilo clipes, o show agradou bastante, mesmo com Sumners arrancando umas vaias ao agradecer o apoio dos fãs com um “muchas gracias” em algumas ocasiões. Ele justificou, em inglês: “eu não sei falar português, exceto ‘obrigado'”. Pior foi ter falado do Manchester United…Sigamos adiante!

No final, um bis simplesmente matador, com direito a duas pérolas preciosas, Atmosphere e Love Will Tear Us Appart, e a frase bem grande no telão: Forever Joy Division. O show se encerrou com 1h40 de duração, sendo que as duas últimas músicas foram executadas quando os fogos de artifício que marcavam o fim do festival já espocavam por todo o autódromo de Interlagos, por volta das 22h10 da noite do domingo.

Ceremony, New Order, ao vivo no Lollapalooza Brasil 2014:

Age Of Consent, New Order, ao vivo no Lollapalooza Brasil 2014: