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Christopher Cross (1979), o álbum que marcou uma carreira

christopher cross cd 1979

Por Fabian Chacur

Christopher Cross completou 70 anos há alguns dias. Ele certamente celebrou a data com muita alegria, pois está conseguindo superar os duros efeitos da covid-19, que o levaram inclusive a ficar por algum tempo sem poder se locomover, com as pernas paralisadas. Como forma de homenagear esse grande cantor, compositor e músico americano, Mondo Pop mergulha na história de seu autointitulado álbum de estreia, trabalho que marcou sua trajetória e o eternizou na história do soft rock.

Nascido em San Antonio, Texas (EUA) em 3 de maio de 1951, Christopher Charles Geppert (seu nome de batismo) iniciou sua jornada na música como muitos outros, tocando em bandas covers e se apresentando em bares, festas e quetais. Com o tempo, foi desenvolvend em paralelo um trabalho autoral, e tinha como sonho conseguir um contrato com uma gravadora. Essa busca se intensificou a partir de 1975, inicialmente sem grande retorno.

Enquanto corria atrás de seu sonho, ele montou uma excelente banda de apoio, formada pelo amigo Rob Meurer (1950-2016) nos teclados, Andy Salmon no baixo e Tommy Taylor na bateria. Após muita batalha, ele enfim atraiu as atenções da Warner, com quem assinou em 1978. A coisa começou bem logo na escolha do produtor, o então ainda iniciante na função Michael Omartian, que no entanto já possuía um bom currículo como músico de estúdio.

Além de acrescentar seus préstimos profissionais tocando piano acústico e teclados no álbum, Omartian também foi importante na escolha de outros músicos e vocalistas de apoio que se mostrariam decisivos no sentido de dar ao trabalho uma embalagem absolutamente perfeita. Ele depois trabalharia com nomes do porte de Rod Stewart, Amy Grant, Donna Summer, Peter Cetera, Dolly Partonn e inúmeros outros.

As gravações ocorreram em meados de 1979. O lançamento do álbum, no entanto, foi adiado em alguns meses. A razão: os diretores da gravadora temiam que a sonoridade daquele disco, voltada para o soft rock-bittersweet rock, pudesse levá-lo a não receber a devida atenção por parte da mídia em função do crescimento do interesse em torno da new wave, encarada como a mais provável “bola da vez” naquele momento.

Assim, Christopher Cross (o LP), só chegou às lojas de discos no dia 20 de dezembro de 1979, começando a ser efetivamente trabalhado em termos promocionais a partir de janeiro de 1980. Ride Like The Wind, o primeiro single a ser extraído do álbum, atingiu o 2º lugar na parada da Billboard, provavelmente impulsionado pela presença nos vocais de Michael McDonald, então no auge da fama como integrante dos Doobie Brothers e celebrando o estouro de músicas como What a Fool Believes e Minute By Minute.

Logo a seguir, o single seguinte, a balada romântica Sailing deu a Cross o prazer de atingir o 1º posto no mercado americano. O álbum renderia ainda mais dois hits nesse formato em território americano: Never Be The Same (nº 15) e Say You’ll Be Mine (nº 20), e conquistou o 6º posto na parada de álbuns, contabilizando até hoje a marca de mais de 5 milhões de cópias vendidas nos EUA e pelo menos mais 3 milhões no resto do mundo.

No dia 25 de fevereiro de 1981, na 23ª edição do Grammy, o Oscar da música, Christopher Cross realizou uma façanha então inédita: faturou os quatro troféus considerados os mais importantes da premiação- Álbum do Ano, Single do Ano, Composição do Ano e Artista Revelação. De quebra, ainda levou Melhor Arranjo com Acompanhamento de Vocalistas. Três desses troféus foram partilhados com o produtor Michael Omartian (álbum, single e arranjo).

Vale lembrar que o feito de Cross só seria repetido por um outro artista na 62ª edição do Grammy, em 2020, quando a jovem cantora americana Billie Eilish, então com 19 anos, também saiu com esses quatro cobiçados troféus.

Como explicar tamanho sucesso? Podemos dizer que Christopher Cross foi um dos últimos artistas a estourar de forma efetiva antes da era da MTV e dos videoclipes. Gordinho e sem grande apelo físico, ele deve pura e simplesmente à qualidade da música que ofereceu ao público o seu estrelato. O disco, inclusive, nem traz a sua foto na capa, que é ilustrada pelo desenho de um flamingo, que virou uma espécie de logotipo dele

O álbum é tão bom que vale uma análise de cada uma de suas 9 faixas. Então, vamos a ela, lembrando que todas as composições são dele, sem parceiros.

Say You’ll Be Mine
O álbum começa com um rock com levada latina reforçada pela percussão afiada do grande músico de estúdio Lenny Castro. O espetacular, quase hard rock solo de guitarra é de Jay Graydon, conhecido por seus trabalhos com George Benson e David Foster. O show fica por conta dos vocais de apoio de Nicolette Larson (1952-1997), que interage de forma poderosa com Cross. Ela ficou conhecida graças ao single Lotta Love (1978), composição de Neil Young que ela levou ao 8º posto na parada da Billboard.

I Really Don’t Know Anymore
Esta deliciosa canção r&b foi seriamente cotada para se tornar o 2º single a ser extraído do LP, mas acabou sendo deixada de lado por uma razão empresarial: o manager de Michael McDonald não quis que mais uma faixa com a participação de seu artista fosse divulgada sem estar em um de seus próprios discos. Uma pena, pois ficou escondida no álbum e virou uma espécie de “hit que nunca se materializou”. Além da bela performance de McDonald, outro destaque fica por conta do solo do grande guitarrista de jazz Larry Carlton.

Spinning
Aqui, temos uma canção de tempero bossa com muita delicadeza e nítida influência de Burt Bacharach. Coincidência ou não, em 1981 Cross comporia com o lendário maestro, sua então esposa Carole Bayer Sager e Peter Allen (dos sucessos I Go To Rio e Paris At 21) o megahit Arthur’s Theme (Best That You Can Do), tema do filme Arthur O Milionário Sedutor (com Lisa Minelli e Dudley Moore) e que rendeu a Christopher mais um single nº1 nos EUA e, ainda melhor, um Oscar. Outro ponto alto desta gravação fica por conta dos vocais de Valerie Carter (1953-2017), de arrepiar. Ela gravou discos solo e também participou das bandas de James Taylor, Jackson Browne e Linda Ronstadt, ente outros trabalhos relevantes.

Never Be The Same
Pop rock romântico até a medula, esta gravação traz outro solo preciso de Jay Graydon e vocais de apoio por conta de Stormie Omartian (esposa do produtor do álbum), Myrna Matthews e Marty McCall. Vale lembrar que os teclados nesta e nas outras faixas se dividiram entre Michael Omartian (piano acústico e teclados) e Rob Meurer (sintetizadores e piano elétrico, incluindo efeitos de cordas). Outro destaque é o vibrafone, a cargo do músico inglês de jazz Victor Feldman (1934-1987), que gravou com Marvin Gaye, Olivia Newton-John e Miles Davis, entre muitos outros. Feldman também toca em outras faixas.

Poor Shirley
O lado 1 do vinil se encerra com uma canção introspectiva sobre o sofrimento de uma garota repleta de perdas e à espera de alguém que possa ajudá-la a superar suas dores. A influência aqui é dos Beach Boys em sua fase mais sofisticada a partir de Pet Sounds (1966), e não é de se estranhar que um dos integrantes dessa banda, Carl Wilson (1946-1998), tenha participado do 2º álbum de Cross, Another Page (1983). Curiosidade: os belos vocais de apoio foram todos gravados pelo próprio Christopher.

Ride Like The Wind
Este rockão com percussão latina (por conta de Lenny Castro) iniciou a divulgação deste álbum, e mostra o entrosamento perfeito das vozes de Cross e Michael McDonald, parceria que se repetiria em discos posteriores de Cross, mas sem esse mesmo impacto. O ótimo solo de guitarra ficou por conta do próprio artista, e é uma bela prova de seu talento como músico. A música foi dedicada a Lowell George (1945-1979), ex-The Mothers Of Invention e fundador da banda Little Feat. Em 1988, o grupo inglês de heavy metal Saxon a regravou com muita categoria.

The Light Is On
Um r&b com percussão latina e levada sensual que tem o luxo de trazer, nos vocais de apoio, Don Henley (dos Eagles) e J.D. Souther (artista solo e compositor de hits para inúmeros artistas, incluindo os Eagles). Larry Carlton também se incumbe do solo de guitarra aqui.

Sailing
O momento mais lírico do LP. Uma balada romântica, envolvente, inspirada na navegação como forma de buscar o prazer e a fuga dos problemas do dia a dia. O acompanhamento de guitarra, a cargo do próprio Cross, e as intervenções de piano acústico de Omartian e de sintetizadores de Meurer tornam a gravação simplesmente perfeita. O autor da canção também se incumbe sozinho dos backing vocals.

Ministrel Gigolo
Faixa mais longa do álbum, com 6 minutos de duração, Ministrel Gigolo apresenta uma letra bem-humorada sobre um cantor e compositor cujo grande objetivo é encantar, cativar e porque não, seduzir suas fãs. Em termos sonoros, traz similaridades com os momentos mais introspectivos de Elton John em seus anos iniciais, especialmente da faixa Madman Across The Water.
obs.: a edição japonesa em CD deste álbum traz uma faixa adicional, Mary Ann, que participou em 1980 do Yamaha World Music Festival, no Japão.

A carreira após esse estouro monumental

A fase positiva de Christopher Cross se manteve até 1984. Nesse período pós-lançamento de seu disco de estreia, ele ganhou um Oscar em março de 1982 com Arthur’s Theme (Best That You Can Do). Em 31 de janeiro de 1983, seu 2º álbum, Another Page, chegou às lojas. Se não vendeu tanto, ao menos atingiu uma posição respeitável na parada americana, o 11º lugar, e emplacou dois singles de sucesso, Think Of Laura (nº9), que foi utilizada na popular série de TV General Hospital e All Right (12º lugar), esta última bem tocada nas rádios brasileiras.

Every Turn Of The World (1985), o trabalho seguinte, foi um tremendo fiasco, não passando da posição de número 127 dos EUA, e marcou o fim dos anos de ouro do artista, que desde então lançou discos que passaram longe das paradas de sucesso, embora incluíssem algumas músicas legais, e se manteve fazendo shows pelos quatro cantos do mundo, Brasil incluso.

Ouça Christopher Cross (1979) em streaming:

Cantor Christopher Cross vai tocar em SP dia 7 de outubro

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Por Fabian Chacur

Após cerca de 20 anos de sua primeira passagem pelo Brasil, o cantor, compositor e guitarrista americano Christopher Cross voltará ao país em outubro. Ele vai se apresentar em São Paulo no dia 7 daquele mês, às 22h (será uma sexta-feira), no Espaço das Américas (rua Tagipuru, nº 795- Barra Funda- call center 0xx11-4003-1212), com ingressos de R$ 100,00 a R$ 400,00.

Nascido em San Antônio, Texas, no dia 3 de maio de 1951, Christopher Cross integrava uma banda obscura (Flash), até que, em 1978, foi contratado pela gravadora Warner como artista solo. A estreia não poderia ter sido melhor. Seu primeiro álbum, Christopher Cross (1979), vendeu milhões de cópias em todo o mundo e emplacou hits como Sailing, Ride Like The Wind, Never Be The Same e Say You’ll Be Mine.

De quebra, o álbum ainda proporcionou ao artista cinco troféus Grammy, o Oscar da música, incluindo os quatro principais, algo até então inédito na história do prêmio e não repetido desde então. O disco contou com as participações especiais de Don Henley (dos Eagles), J.D. Souther, Larry Carlton, Nicolette Larson, Eric Johnson e Michael McDonald (na época nos Doobie Brothers), sendo que este último virou figura frequente em seus discos e shows.

Seria difícil superar tanto sucesso logo na estreia, mas Cross até que tentou. Em 1981, lançou Arthur’s Theme (Best That You Can Do), tema do filme Arthur que lhe valeu o Oscar. Em 1983, após quatro longos anos, enfim chegou às lojas seu segundo álbum, Another Page, que se não vendeu tanto, também não fez má figura nos charts, com as faixas All Right e Think Of Laura como seus destaques. A partir daí, no entanto…

Christopher Cross simplesmente sumiu das paradas de sucesso. Isso, mesmo tendo lançado alguns discos bem legais e continuado a gravar com grandes nomes do rock e da música pop. Apesar dos pesares, o cara não desanimou, e se manteve na estrada, fazendo shows por todos os cantos, incluindo Brasil, onde esteve por volta de 1996, tocando em São Paulo no extinto Olympia e contando, nos camarins, com a visita de Ralf, da dupla Chrystian & Ralf.

Nos últimos tempos, a agenda do autor de Sailing foi intensa. Em 2013, por exemplo, lançou um CD duplo gravado ao vivo, A Night In Paris. Em 2014, tivemos um inédito de estúdio, Secret Ladder. E ele atualmente está preparando um álbum no qual irá enfatizar as passagens instrumentais, com direito a alguns vocais aqui e ali.

Uma das faixas desse novo trabalho, a inspirada Roberta, feita em homenagem a uma de suas confessadas maiores influências, a estrela canadense Joni Mitchell (cujo nome de batismo é Roberta Joan Anderson), já está sendo divulgada no Youtube e em seu site oficial.

Sailing (live)- Christopher Cross:

Ride Like The Wind (live)- Christopher Cross & Michael McDonald:

Say You’ll Be Mine– Christopher Cross:

Roberta– Christopher Cross:

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