Por Fabian Chacur

Neste sábado que amanhece frio e com garoa em São Paulo, John Lennon completaria 70 anos.

Completaria, pois a insanidade de um pseudo-fã levou-o de nós com apenas 40 anos de idade, naquele triste 8 de dezembro de 1980.

No entanto, dá para dizer que ele viveu mais de 70 anos durante os 40 em que esteve entre nós.

Lançou músicas maravilhosas, integrou a maior e melhor banda de rock, pop ou o que for de todos os tempos, teve uma carreira solo das melhores, lutou pela paz…

Como todo ser humano que se preze, Lennon foi contraditório. Não foi um bom pai para seu primeiro filho, Julian.

Separou-se de forma não muito agradável de sua primeira esposa, Cynthia. Teve uma relação no mínimo estranha com Yoko Ono, a segunda mulher.

Falou alguns absurdos de seu principal parceiro musical, Paul McCartney. E também lançou alguns trabalhos irregulares, entre os quais o fraco e panfletário Some Time In New York City.

Dois livros ressaltam bastante esse, digamos assim, “lado negro” de John Winston Lennon (que depois mudou o próprio nome para John Ono Lennon).

Um eu já comentei em Mondo Pop, o enorme (mais de 800 páginas) e contundente John Lennon – A Vida, de Philip Norman (Companhia das Letras), com direito a dispensáveis revelações, entre as quais que o artista teria tido vontade de transar com a própria mãe. Eu não precisava saber disso, nem vocês.

O outro eu acabei de ler. Trata-se de John (editora Larousse), no qual Cynthia Powell Lennon, primeira esposa do ex-beatle, conta como foi a sua vida ao lado do autor de Imagine, Mind Games e tantos outros clássicos.

Cynthia não doura a pílula, apresentando ao leitor o retrato de um homem que era carinhoso, amoroso e apaixonante, mas que também tinha enorme insegurança, agressividade, crueldade e uma total incapacidade de encarar problemas de frente, fugindo deles sempre que possível.

Lógico que precisamos dar um desconto ao relato da ex-miss Lennon, pois fica claro o ressentimento que ainda existe pela separação. Mas não dá para negar que Lennon foi no mínimo cruel com ela, e que foi um pai totalmente negligente em relação a Julian.

Mas a vida é assim. A gente erra e acerta. Esse Lennon que Cynthia descreve é o que ela conheceu. Para nós, que não tivemos a oportunidade de conhecer seu lado íntimo, ele sempre será lembrado como um gênio. E é sobre isso que falarei no próximo post. Afinal, foi o que o tornou eterno…