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Por Fabian Chacur

Edy Star continua a mil por hora. Aos 84 anos muito bem vividos, o cantor, performer, artista plástico e dramaturgo acaba de lançar dois novos produtos culturais. Um é o EP Outro Olho no Escuro, já disponível nas plataformas digitais e com duas ótimas faixas. O outro é o livro Diário de Um Invertido: Escritos Líricos, Aflitos e Despudorados (Salvador, 1956-1963), disponibilizado pela editora Noir.

O EP (também chamado de single duplo) traz duas faixas bem distintas entre si, mas ambas com a interpretação irreverente e visceral desse grande artista, que tem no currículo a gravação do incrível álbum Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das Dez (1971) em parceria com Raul Seixas, Miriam Batucada e Sérgio Sampaio.

Homens, um blues visceral com tempero roqueiro, é de autoria de Moisés Santana, excelente cantor, compositor e jornalista com ótimos álbuns solo lançados e músicas gravadas por artistas do porte de Gal Costa. Esta música foi interpretada pela cantora Jussara Silveira em shows nos anos 1990, e gravada posteriormente pelo próprio autor.

Por sua vez, ?A Quién Le Importa? (ouça aqui) ganhou um arranjo que mescla pop e música de cabaré e foi lançada originalmente pelo grupo espanhol Alaska y Dinarama, sendo relida com muito sucesso em 2002 pela cantora e atriz Thalia. É considera um dos maiores hinos gays em língua espanhola.

E o livro Diário de um Invertido é na verdade o registro de um diário que Edy escreveu no fim da adolescência e início da fase adulta sobre as suas experiências sexuais e como lidava com o homossexualismo. Os textos foram descobertos pelo historiador Ricardo Santhiago, que prepara uma biografia sobre Edy prevista para ser lançada em 2023.

Santhiago percebeu que o diário tinha uma material muito rico para a história do universo LGBTQIA+ no Brasil, e que merecia ser lançado à parte. Ele se incumbiu de organizar o material, que traz textos, poesias e até anedotas, além de fotos do artista e de personagens deste diário.

Além da Grã-Ordem Kavernista, Edivaldo Souza (seu nome de batismo) lançou dois excelentes álbuns-solo. Sweet Edy (1974) traz composições feitas para ele por autores do quilate de Roberto & Erasmo Carlos, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Jorge Mautner.

Mais recente, Cabaré Star saiu em 2017 com produção a cargo de Zeca Baleiro e um repertório matador. Ele também foi tema de um ótimo documentário, Antes Que Me Esqueçam Meu Nome é Edy Star (2019). Vão te esquecer nada, seo Edy!

Homens– Edy Star: