Mondo Pop

O pop de ontem, hoje, e amanhã...

Tag: disco music (page 3 of 3)

Morre Jimmy Ellis, a voz de Disco Inferno

Por Fabian Chacur

Morreu nesta quinta-feira (8) nos EUA aos 74 anos o cantor Jimmy Ellis. Ele ficou famoso como vocalista dos Trammps, grupo que estourou mundialmente com a música Disco Inferno, um dos destaques da trilha sonora do filme Os Embalos de Sábado à Noite (Saturday Night Fever, 1977).

Ellis se aposentou na metada da década passada, após deixar o grupo. Não foi ainda divulgada a causa de sua morte. Ele nasceu em 1937.

Os Trammps surgiram no início da década de 70, integrado por músicos experientes da cidade de Filadélfia, uma das mais importantes da black music americana e um dos berços da disco music.

A voz potente e influenciada por James Brown de Ellis tinha como parceiros de banda Ron Baker (baixo e vocal -1947-1990), Norman Harris (guitarra – 1947-1987), Earl Young (vocais e bateria), os irmãos Harold e Stanley Wade (vocais), Robert Upchurch (vocais) e Ron Kersey (teclados – 1945-2005).

Enquanto consolidavam a carreira de sua própria banda, eles participaram de diversas gravações na seminal gravadora Philadelphia International, dos compositores e produtores Kenny Gamble e Leon Huff, lar de astros como Billy Paul, The O’Jays, Harold Mevin & The Blue Notes e tantos outros.

O primeiro sucesso do grupo ocorreu em 1972 com Zing Went The Strings Of My Heart, releitura de canção gravada originalmente por Judy Garland em 1943. No Brasil, essa música ficou conhecida com o “pseudônimo” O Som da Maça e integrou a trilha da novela Pecado Capital (1976), curiosamente quatro anos após seu lançamento nos EUA.

A carreira dos Trammps ganhou força a partir de sua entrada na Atlantic Records. O primeiro lançamento por essa gravadora foi o álbum Where The Happy People Go (1976), um dos melhores trabalhos da história da disco music e incluindo hits como That’s Where The Happy People Go, Soul Searchin’ Time e Disco Party, entre outras.

Disco Inferno, o segundo álbum do grupo na Atlantic, saiu no final de 1976 e conseguiu boa repercussão inicial. O estouro, no entanto, ocorreu quando a faixa título entrou na trilha de Os Embalos de Sábado à Noite, sendo utilizada em uma das cenas mais empolgantes do filme.

Além de ajudar a tornar a trilha de Saturday Night Fever uma das mais populares de todos os tempos, Disco Inferno atingiu o 11º posto na parada de singles americana em 1978.

Embora tenha lançado músicas legais como The Night The Lights Went Out e Soul Bones, o sucesso dos Trammps a rigor acabou no fim dos anos 70, quando saíram da Atlantic Records.

Ellis ficou durante muitos anos afastado dos Trammps, mas entre 2003 e 2006 fez shows com a atual formação da banda, que mantém apenas os irmãos Stanley e Harold Wade e Robert Upchurch dos bons tempos. Por sua vez, Earl Young mantém uma versão alternativa do grupo.

Incluída em 2005 no Dance Music Hall Of Fame, Disco Inferno possui uma das batidas mais influentes de todos os tempos, e foi usada na releitura feita por Lulu Santos e Marcelo Memê Mansur de O Descobridor dos Sete Mares, de Tim Maia, nos anos 90.

Para quem por ventura achar que os Trammps são só Disco Inferno, recomendo a audição urgente da coletânea This Is Where The Happy People Go-The Best Of The Trammps (1994), que inclui 18 faixas ótimas que mostram o como o seu trabalho entre 1972 e 1979 tinha grande consistência, e como a voz de Jimmy Ellis era marcante e swingada.

Morre a sensacional cantora disco Andrea True

Por Fabian Chacur

Se há algo que me irrita é ler notícia mal redigida e com informações mal pesquisadas. Tudo bem, eu também faço as minhas cagadas, como bom ser humano falível que sou, mas tenho o direito de me indignar com erros alheios que ficam aí para a eternidade.

Então, ao invés de ficar aqui criticando os outros, vou procurar informar vocês melhor. Para a tristeza dos fãs da disco music, entre os quais me incluo, foi anunciada hoje a morte da cantora e compositora americana Andrea True, que gravou alguns clássicos desse estilo.

Andrea Maria Truden tinha 68 anos, e morreu no início de novembro, embora a morte só tenha sido anunciada agora. Não se sabe a causa mortis, sendo que ela faleceu em um hospital na cidade de Nova York.

Antes de mergulhar no mundo musical, Andrea True teve atuação como atriz em filmes pornôs, entre os quais Deep Throat Part II (Garganta Profunda, série que notabilizou a atriz Linda Lovelace) e Lady On The Couch. Mas não demorou a sair fora, não tendo ficado famosa nesse metiê.

Em 1975, em uma passagem conturbada pela Jamaica, ela gravou por lá uma fita demo com o que seria More, More, More. Ao voltar aos EUA, conheceu o produtor e músico Gregg Diamond.

Essa parceria renderia em 1976 a gravação definitiva de More, More, More, um dos grandes clássicos da disco music, com sua batida hipnótica e a participação de um núcleo de músicos que fariam a fama de Gregg como um dos grandes produtores da era disco. E, é lógico, destacando a voz sexy, energética e de timbre facilmente reconhecível de Andrea.

Além da música que lhe abriu as portas do mercado musical, Andrea True gravou outras faixas marcantes do disco sound, como Party Line, Call Me, What’s Your Name What’s Your Name e a efervescente N.Y. You Got Me Dancing. Todas fizeram sucesso no Brasil especialmente esta última, que entrou até em trilha de novela.

Andrea True também gravou com o maestro, produtor e músico Michael Zager, que lançou Whitney Houston e trabalhou com Cissy Houston (mãe de Whitney) e a Michael Zager Band, do megahit Let’s All Chant.

Com Zager, Andrea gravou What’s Your Name, What’s Your Number, outro hit disco bem bacana.

No fim dos anos 70, Andrea True veio ao Brasil, onde se apresentou em discotecas e deu entrevistas à imprensa brasileira, conseguindo arrancar elogios de um repórter por sua fala articulada.

Com o fim da era disco, a moça sumiu de cena, mas seu lugar na história desse gênero se manteve.

Curiosidade: a capa de um de seus discos pode ter sido a inspiração para um dos trabalhos de maior sucesso de Rita Lee, o álbum que inclui Lança-Perfume. Seria plágio? O disco de Rita saiu alguns anos depois… Vejam e tirem suas próprias conclusões.

More, More, More, com Andrea True Connection:

N.Y. You Got Me Dancing, com Andrea True Connection:

What’s Your Name, What’s Your Number, com Andrea True Connection:

Uma noite com KC & The Sunshine Band

Por Fabian Chacur

Durante a minha infância e adolescência, tive a oportunidade de ver nascer, crescer e entrar na eternidade a disco music, uma das ramificações mais polêmicas, bem-sucedidas e criativas da história da música pop.

Entre os grandes expoentes da disco figurou a KC & The Sunshine Band, grupo criado em Miami e liderado pelo cantor, compositor e músico Harry Wayne Casey e pelo baixista e compositor Richard Finch.

Entre 1973 e 1979 os caras simplesmente arrebentaram, criando um som contagiante e de assinatura própria que rendeu hits como (Shake Shake Shake) Shake Your Booty, Get Down Tonight, Keep It Comin’ Love, I’m Your Boogie Man e That’s The Way (I Like It), entre vários outros.

Nos anos 80, com a saída de Richard Finch e de outros músicos importantes, Casey perdeu o faro para os hits, e passou a viver dos shows nostálgicos para saudosistas dos good disco times.

Tive a oportunidade de participar de uma entrevista coletiva com Casey lá pelos idos de 1995, e fiquei tão irritado com a arrogância do cara que nem pedi a ele o autógrafo que pretendia. Nem sempre é bom conhecer pessoalmente um ídolo…

Agora, quase 16 anos depois, ele e os 14 músicos da atual encarnação da Sunshine Band, que só mantém o percussionista Fermyn Goytisolo dos bons tempos, voltou ao Brasil para mais um show.

Confesso que relutei e muito em marcar presença por lá. Mas, no fim das contas, a vontade de ouvir algumas daquelas canções que encheram pistas de dança em todo o mundo me venceu. Foi nesta terça-feira (8/11).

O início foi esquisito, com a música I Gotta Feeling, do Black Eyed Peas, tocando no intuito de criar um clima perante a plateia, que preencheu pouco mais da metade da lotação da Via Funchal, em São Paulo.

Em seguida, a boa banda entrou em cena, com direito a dez músicos e quatro cantoras/dançarinas, e criou a expectativa da entrada do líder e dono do time.

Ao som de (Shake Shake Shake) Shake Your Booty, Harry Casey entrou no palco, muitos quilos acima do peso dos bons tempos e com os cabelos cada vez mais raros.

No entanto, o pior ficou por conta de quando ele resolveu soltar o gogó. Apertem os cintos, a voz sumiu quase que por completo. Mesmo assim, no início o clima dançante segurou a onda. E as músicas são matadoras!

Após mais uma música sacudida, Boogie Shoes, imortalizada na trilha sonora de Os Embalos de Sábado à Noite, Casey fez a aposta errada e perdeu feio: resolveu investir em uma longa sessão de baladas.

Nelas, a falta de voz se mostrou muito mais evidente, logo de cara com Yes’ I’m Ready, que estourou com ele em parceria com a cantora Teri de Sario em 1980. Uma de suas vocalistas de apoio ajudou a encobrir um pouco. O cantor teve de dar uma saidinha do palco durante essa música. Foi a primeira, mas não seria a última.

Logo em seguida, veio Please Don’t Go, megahit em 1979/80 na qual ele deu um show de voz na gravação original.

Desta vez, ao vivo, Casey a interpretou vários tons abaixo do original, e soava como um patético cantor de karaokê, o que piorou na sequência, em covers de músicas de outros artistas, como Kiss And Say Goodbye (Manhattans) e Ain’t No Mountain High Enough (das Supremes). De doer. De chorar.

Depois dessa sessão dolorosa de tortura, os hits dançantes voltaram, com I’m Your Boogie Man e Keep It Comin’ Love, sendo esta última com citações de vários hits alheios, como Do Ya Think I’m Sexy e Rock Your Babe (que Casey escreveu para George McRae em 1974).

Give It Up, único sucesso do grupo nos anos 80 e também executado em tom bem abaixo do original, também foi esticada ao máximo com citação de sucessos de outros artistas, entre os quais Brick House (Commodores) e Shake Your Body (Down To The Ground), dos Jacksons.

Como forma de justificar outra longa saída do palco de seu líder, a banda se desdobrou em performances instrumentais para preencher o tempo, com direito a algo que nem em shows de rock é agradável, que dirá em um show de disco music: um longo solo de bateria, com direito a “momento samba”.

Aí, como que para compensar um pouco tanta encheção de linguiça, Casey voltou ao palco e nos ofereceu os megahits That’s The Way (I Like It) e Get Down Tonight, esta última no bis e com direito à citação do hit Do You Feel Alright.

O show teve início às 22h12 e acabou às 23h52. Ou seja, 1h40 de duração, com pelo menos uns 40 minutos de embromação, que ajudaram a deixar de fora do set list inúmeros hits da banda.

Apesar dos pesares, confesso que não me arrependi de ter ido. Não deixou de ser a oportunidade única de ver um ídolo (mesmo que decadente) aos 60 anos de idade ainda na ativa, e de ouvir algumas das minhas músicas preferidas da disco music.

Veja (Shake Shake Shake) Shake Your Booty, nos anos 70:

Veja I’m Your Boogie Man, com o KC atual:

Clássicos da disco music em som e imagens

por Fabian Chacur

Existem pequenos selos brasileiros que andam abastecendo o mercado de DVDs com lançamentos dos mais interessantes, que conseguem unir o útil ao agradável: material legal a preços melhores ainda.

Em lojas populares como as Americanas, você encontra esse tipo de DVD a preços que variam de R$ 10 a R$ 15. A qualidade de som e imagem é mediana e encarável, mas a importância do material é muito maior.

As coletâneas Disco Fever 70 Live e Disco Club são bons exemplos disso. A primeira inclui 20 músicas, e a segunda, 26. Em sua maioria, são clássicos da disco music dos anos 70.

Digo a maioria porque uma ou outra canção está nelas totalmente fora de contexto, como por exemplo a balada country-rock It’s a Heartache, com a britânica Bonnie Tyler, ou Video Killed The Radio Star, com os Buggles, que está mais para tecnopop. Mas são vaciladas perdoáveis.

No geral, temos aqui performances realizadas em programas de televisão na Europa (especialmente Alemanha) nos anos 70 e 80, na qual os artistas, ao vivo ou dublando, interpretam clássicos da era em que John Travolta reinou.

Algumas das coreografias são hilariantes, como a da dupla feminina Baccara (foto) em Yes Sir I Can Boogie e Sorry I’m a Lady, ou a de Sheila B. Devotion e seus três bailarinos na irresistível Spacer, na qual ela conta com o acompanhamento musical do fantástico Chic.

Temos desde gente conhecida como o Abba, Donna Summer e o grupo Blondie até astros que ficaram eternamente presos àquela era, como os trios Silver Convention e Gibson Brothers e o cantor Patrick Hernandez.

Os dois DVDs nos proporcionam uma deliciosa viagem a uma era de canções dançantes que com certa frequência beiravam o bizarro, mas que continuam animando qualquer festa que se preze. Disco music é sinônimo de diversão.

Se você curte o estilo, compre já. Se quer ter ideia de como era a cena em seus anos áureos, compre também. E a esse preço, não dá nem para discutir. Diversão garantida ou o seu mau humor de volta!

Newer posts

© 2024 Mondo Pop

Theme by Anders NorenUp ↑