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Maria Rita relê repertório da mãe com classe

Por Fabian Chacur

Desde que resolveu encarar a carreira de cantora, há dez anos, Maria Rita sabia que teria de lidar com o fato de ser filha de uma das maiores divas da história da MPB, a saudosa Elis Regina (1945-1982). Um legado maravilhoso, sem dúvidas, mas extremamente difícil de se carregar, pela inevitável e quase cruel comparação entre o trabalho das duas intérpretes.

Nessa primeira década de carreira, a paulistana nascida em 9 de agosto de 1977 conseguiu se consolidar como uma intérprete de grande sucesso comercial, além de ganhar um fã-clube fiel e composto por inúmeros admiradores da Pimentinha, o que não deixa de ser um ponto favorável. O timbre semelhante de voz também a ajudou bastante.

Em 2012, quando a morte precoce de Elis (aos 36 anos) completa 30 anos, Maria Rita a homenageia com o projeto Redescobrir, que a Universal Music acaba de lançar em DVD e CD duplo. Uma viagem pelo repertório de uma das grandes estilistas da história da MPB, incluindo 28 de seus maiores sucessos.

Lógico que a comparação entre as interpretações das duas cantoras precisa ser feita, mas com cuidado. Os timbres vocais são semelhantes, mas ninguém consegue ou conseguirá cantar esse repertório com a paixão, a assinatura própria e a divisão vocal que Elis Regina imprimia às canções que escolhia. Ninguém. Nem mesmo sua filha. Simples assim.

Aparentemente, Maria Rita entrou no projeto consciente disso, e se mostra despojada e à vontade, mesmo nos momentos em que fica nítida demais a desproporção entre o talento da mãe e da filha, tipo em Como Nossos Pais, Saudosa Maloca, Fascinação, O Bêbado e a Equilibrista e Águas de Março, só para citar os exemplos mais contundentes desse desnível.

A opção por arranjos enxutos e bem concebidos e pelo acompanhamento de uma banda coesa e minimalista formada por Tiago Costa (teclados), Sylvinho Mazzucca (baixo), Davi Moraes (guitarra) e Cuca Teixeira (bateria) consegue criar um clima gostoso e que ajuda Maria Rita a encarar com eficiência essa sequência de grandes canções de grandes autores.

Alguns momentos são particularmente elogiáveis e acima da média geral, como Agora Tá (Tunai e Sérgio Natureza), Zazueira (Jorge Ben, com direito a brilhante citação de Brazilian Rhyme Interlude 1, do Earth, Wind & Fire), Doce de Pimenta (Rita Lee e Roberto de Carvalho) e Aprendendo a Jogar (Guilherme Arantes).

Claro que no geral é melhor ouvir esse songbook na voz de Elis Regina, mas esse fato não invalida o projeto Redescobrir, que certamente permitirá a muitos jovens a descoberta de canções maravilhosas, aqui interpretadas com respeito, dignidade e despretensão. Certamente um peso está saindo das costas de Maria Rita com este lançamento. Missão cumprida!

Veja o show Redescobrir, de Maria Rita:

Maria Rita lança single Me Deixas Louca

Por Fabian Chacur

Considerado um dos lançamentos mais aguardados do ano, Redescobrir, novo CD(duplo)/DVD/Blu-ray está previsto para chegar às lojas no mês de novembro. Trata-se do álbum gravado ao vivo no qual a jovem cantora relê canções marcantes e provenientes do vasto e rico repertório de sua mãe, Elis Regina, que morreu há 30 anos.

Como forma de promover o novo trabalho, que leva a marca da Universal Music e o patrocínio da marca de cosméticos femininos Nívea, está sendo lançado para divulgação nas rádios o primeiro single do projeto. Trata-se de Me Deixas Louca, que, curiosamente, foi o último single lançado em vida pela Pimentinha, em 1981, no formato compacto simples de vinil e comercializado na época pela Som Livre.

Me Deixas Louca já está escalada para integrar a trilha sonora da nova novela global do horário das 21h, Salve Jorge, de Glória Perez. A canção irá embalar o romance entre os personagens que serão vividos por Cléo Pires e Domingos Montagner. Redescobrir certamente será divulgado por uma nova turnê pelo Brasil, o que ainda não está confirmado.

Veja um dos shows da turnê Redescobrir, de Maria Rita, na íntegra:

Conheça o genial músico Arthur Verocai

Por Fabian Chacur

Arthur Verocai tem um daqueles currículos invejáveis. O cantor, compositor, músico, maestro e arranjador carioca já trabalhou com nomes do naipe de Ivan Lins, Jorge Ben Jor, Erasmo Carlos, Gal Costa, Célia, MPB-4, Marcos Valle, Marlene e inúmeros outros.

Nascido no Rio em 17 de junho de 1945, Verocai iniciou sua trajetória musical em meados dos anos 1960, e teve a honra de ver uma de suas composições, Um Novo Rumo, defendida em um festival universitário por ninguém menos do que Elis Regina no ano de 1968.

Em 1972, ele lançou seu primeiro álbum solo, autointitulado. Na época, o disco, que oferecia uma belíssima e original fusão de MPB, soul, jazz e muito mais, obteve pouquíssima repercussão, o que levou Verocai a aos poucos deixar o cenário da música popular, dedicando-se aos jingles publicitários.

No início dos anos 90, no entanto, o público internacional, especialmente o europeu e o japonês, descobriu essa verdadeira relíquia, que não só virou um dos discos mais valiosos da MPB como também foi sampleado por artistas como o astro do rhythm and blues americano Ludacris em seu hit Do The Right Thang, de 2006.

A repercussão de Arthur Verocai, o álbum, também lhe valeu o convite para um concerto realizado nos EUA em 2009 no qual apresentou as faixas do disco e outras, em esquema luxuoso com direito a 30 músicos e gravação em DVD.

Graças à iniciativa do ex-titã Charles Gavin, enfim esse trabalho mitológico volta ao mercado fonográfico, nos formatos CD e vinil e disponível apenas nas lojas da Livraria Cultura, que bancou o projeto com exclusividade.

Nesta entrevista feita por e-mail por Mondo Pop, Verocai nos fala um pouco sobre sua carreira, projetos etc.

Mondo Pop – Como foi que a música entrou na sua vida? Sua família tem tradição musical? E quais artistas você ouvia em sua infância/adolescência? Qual a origem do seu sobrenome?
Arthur Verocai – Meu bisavô, Aniceto Verocai, imigrou da Itália(mais precisamente de Cortina d’Ampezo) para o Brasil em 1881. Minha casa sempre tinha música e instrumentos como violão, gaita cavaco e flautas caseiras. Ouvia muitos discos de vários estilos e também a Rádio Nacional, sendo que depois veio a TV.

Mondo Pop- Você teve a música Um Novo Rumo defendida por Elis Regina em um festival no Rio em 1968. Como foi esse contato com ela, e como você avalia a importância da Pimentinha, que nos deixou há 30 anos?
Arthur Verocai – Elis foi “apenas” a maior intérprete da música brasileira de todos os tempos. Foi uma honra e muita felicidade ter uma canção interpretada por ela. O festival foi realizado pela TV Tupi, que na época tinha Elis como sua contratada. Deram as quatro músicas mais votadas na fase de seleção para ela escolher e tive a sorte de ela ter optado por Um Novo Rumo.

Mondo Pop – Você participou de forma decisiva dos primeiros discos de Ivan Lins, tendo feito arranjos, tocado e até composto em parceria com ele. Como e quando você conheceu o Ivan, e qual a importância dessa parceria para a sua carreira?
Arthur Verocai – Naquele tempo havia um encontro da galera musical, gerando um intercâmbio muito bom. Já estava fazendo arranjos na gravadora Philips do Brasil (n.da r.:hoje, Universal Music) quando eu e o produtor e meu parceiro musical Paulinho Tapajós chamamos o Ivan para fazer seu primeiro disco, o Agora (1970).

Mondo Pop – Quando surgiu o convite para a gravação do seu primeiro disco solo, você já era uma espécie de jovem veterano aos 27 anos, pois já havia trabalhado com muita gente do primeiríssimo escalão da MPB. Já havia ocorrido algum convite anterior para gravar um trabalho seu ou esse foi o primeiro?
Arthur Verocai: A gravadora Continental (n.da.r: hoje seu acervo faz parte da gravadora Warner Music) foi quem fez o primeiro convite.

Mondo Pop – Oito das dez músicas de Arthur Verocai (o disco) foram escritas por você em parceria com Vitor Martins. A Célia já havia gravado músicas de vocês. Como e quando vocês se conheceram, quantas músicas vocês escreveram juntos e qual a importância dessa parceria para a sua carreira? É verdade que você apresentou o Vitor ao Ivan Lins?
Arthur Verocai – A Minha parceria com o Vitor Martins é anterior à dele com o Ivan. Quando fomos gravar o disco Modo Livre (1974), que marcou a estreia do Ivan na RCA (n.da r.: cujo acervo hoje pertence à Sony Music), o Vitor era diretor artístico daquela gravadora e dei a maior força para a nova parceria, que começou justamente naquele disco com a música Abre Alas.

Mondo Pop – O LP Arthur Verocai contou com a participação de inúmeros músicos do primeiro escalão. Deve ter sido um disco caro em termos de produção. A gravadora topou essa estrutura para gravar o álbum logo de cara? E como foi a seleção desses músicos? Pergunto isso pelo fato de você ter dado espaços generosos para os músicos que participaram do seu trabalho, sem apontar todos os holofotes para si próprio.
Arthur Verocai – Quando recebi o convite da Continental, minha única exigência foi a de ter liberdade total para gravar o meu disco do jeito que eu quisesse. Eles toparam logo de cara, e aí escolhi os músicos que poderiam se encaixar naquele trabalho.

Mondo Pop – Quando o disco saiu, como foi o esforço da então Continental para divulgar o trabalho? Você fez shows para divulga-lo, deu entrevistas, saiu alguma crítica em jornais e revistas?
Arthur Verocai – A gravadora não fez nenhum esforço e não fiz nenhum show para divulgá-lo. Houve uma crítica publicada no JB (Jornal do Brasil) assinada pelo Júlio Hungria.

Mondo Pop – Como você ficou visto no meio musical após o lançamento deste álbum? Diminuiram os convites para participar de outros trabalhos como músico, arranjador etc? Rolou algum tipo de preconceito por não ter sido um disco campeão de vendagens?
Arthur Verocai – Fiquei um pouco de mãos atadas para escrever novas canções e arranjos, uma vez que o que gostava de fazer não se enquadrava no mercado fonográfico da época.

Mondo Pop – Gostaria que você falasse um pouco de como foi o seu trabalho no mercado de jingles publicitários e de como foi que você entrou nessa área. Como avalia essa experiência, quais foram os mais conhecidos, se esse trabalho te proporcionou sobreviver dignamente.
Arthur Verocai – Cofrinho da Delfim (divulgando a caderneta de poupança da hoje instinta instituição bancária Delfim), Fanta Laranja, dois jingles para a Petrobrás das copas do mundo de futebol de 1990 e 1994 etc. Criei meus filhos com a música que fiz para a publicidade muito bem, obrigado.

Mondo Pop – Quando e como você descobriu pela primeira vez que o seu primeiro disco solo estava sendo alvo de um culto no exterior? Isso te surpreendeu?
Arthur Verocai – Foi na década de 1990, e fiquei surpreso.

Mondo Pop – Quando foi lançado, o álbum Clube da Esquina também foi inicialmente rejeitado por público e crítica. Alguns anos depois, o próprio Milton Nascimento afirmou que esse disco tinha ido “de porcaria a antológico” (palavras dele) na opinião da crítica, sem negar o seu ressentimento em relação a essa reação negativa inicial. Como você encarou a pouca repercussão de seu primeiro disco? Imaginava que um dia esse quadro se alteraria, como de fato se alterou?
Arthur Verocai – Não poderia imaginar.

Mondo Pop – Antes de ser relançado no Brasil, seu disco de estreia foi lançado no exterior, e trechos de suas músicas foram sampleados por artistas como Ludacris. Você recebe royalties por isso?
Arthur Verocai – ——- (n.da.r: uma forma delicada de dizer que certamente ele não recebeu nada…)

Mondo Pop – Onde foi feita a foto da belíssima capa de seu disco de estreia, em 1972?
Arthur Verocai – Esta casa ficava pertinho da minha casa aqui no Humaitá, no Rio. Era uma gráfica do tempo do Império, e estava abandonada naquela época. Foi o fotógrafo Fernando Bergamaschi quem me levou até lá e fez a foto.

Mondo Pop -Fale sobre os seus próximos projetos-shows, discos, DVDs etc
Arthur Verocai – Pretendo realizar um concerto para violão e orquestra já escrito por mim, além de gravar um novo album DVD.

Ouça Presente Grego, com Arthur Verocai:

Ouça Caboclo,com Arthur Verocai:

Trama remixa álbum Elis, de 1972

Por Fabian Chacur

João Marcello Bôscoli, produtor musical e filho mais velho da eterna Elis Regina, iniciou o trabalho de remixagem de um dos álbuns mais icônicos da carreira da intérprete, que nos deixou há exatos 30 anos.

Trata-se do disco Elis, de 1972, que inclui clássicos do naipe de 20 Anos Blue, Bala Com Bala, Atrás da Porta, Me Deixa em Paz, Mucuripe e Nada Será Como Antes. Já sei o que você pensou: parece uma coletânea! É muito clássico junto! Mas é um trabalho de carreira mesmo. Um genuíno clássico da MPB.

O trabalho pode ser conferido ao vivo direto do estúdio Trama através da TV Trama (www.tv.trama.uol.com.br), sempre de segunda a sexta das 16 às 18h. Durante os programas, também são exibidas imagens de Elis Regina e depoimentos de pessoas importantes sobre a intérprete gaúcha.

Essa nova versão do álbum ainda não tem previsão de lançamento, mas sairá pela Trama, provavelmente ainda em 2012. Vale a espera, pois o trabalho similar feito por Bôscoli com os álbuns Elis e Tom (1974), Falso Brilhante (1976) e Elis (1980) merece todos os elogios.

Veja Elis Regina interpretando 20 Anos Blue, de Sueli Costa e Vitor Martins:

Show de Maria Rita em SP terá novo local

Por Fabian Chacur

O show que a cantora Maria Rita faria em São Paulo no dia 22 deste mês terá nova data e local, que serão informados em breve. A BDF Nívea Brasil, patrocinadora do evento, e a produção da artista informam que o local previamente escalado para abrigar a apresentação, a área externa do Auditório Ibirapuera (situada no Parque do Ibirapuera) tem alvará para comportar apenas 15 mil pessoas, número abaixo do que se espera receber nesse evento especial.

Por sua vez, a data marcada para o Rio de Janeiro teve sua alteração confirmada, do dia 29 deste mês para o dia 13 de maio, que coincidirá com o Dia das Mães. O palco será montado no mesmo local divulgado anteriormente, o Aterro do Flamengo. E a mudança faz sentido, pois o show, parte integrante do Projeto Nívea Viva Elis, tem repertório composto apenas por canções gravadas pela mãe de Maria Rita, a inesquecível Elis Regina, cuja morte ocorreu há 30 anos, quando a diva da MPB tinha apenas 36 anos de idade.

O Projeto Nívea Viva Elis já passou por Porto Alegre e Recife, e a organização do evento afirma que a apresentação do Rio será a última. Logo, é muito provável que a nova data em São Paulo deva ser no início de maio, possivelmente no fim de semana anterior ao do show do Rio, portanto, no dia 6 ou no dia 7 de maio. Mas isso é mera especulação.

Os fãs de Elis Regina também poderão conferir a exposição Viva Elis, no Centro Cultural São Paulo, com 200 fotos da carreira da cantora e também uma instalação na qual poderá ser ouvida a voz da cantora a capella, ou seja, sem acompanhamento de instrumentos musicais. Dizem que a experiência é de arrepiar. A exposição ficará em cartaz de 14 de abril a 20 de maio, com entrada gratuita.

Veja Maria Rita cantando Águas de Março ao vivo:

A voz eterna da eterna Elis Regina

Por Fabian Chacur

Em um triste 19 de janeiro de 1982, ou seja, há precisos 30 anos, Elis Regina nos deixou, com apenas 36 anos e dona de uma das carreiras mais interessantes e brilhantes da história da MPB.

Falar o que dessa gaúcha baixinha e de temperamento forte que alguém já não tenha feito antes e melhor? Mas não dá para fugir do assunto, e a Pimentinha merece uma homenagem de Mondo Pop.

Não, meus, caros, ela infelizmente não faz parte do meu currículo de entrevistados ilustres. Ainda estava cursando jornalismo na Cásper Líbero quando a moça nos deixou. Uma pena.

Para mim, Elis foi, é e provavelmente será para sempre a nossa melhor cantora. São várias as razões que me levam a acreditar nisso. Logo de cara, pela potência e beleza de seu timbre vocal.

Versátil, ela cantou rigorosamente de tudo em sua trajetória. Do bolero ao rock, da bossa nova ao sambão, do pop ao sofisticado. Grande intérprete de Milton Nascimento, a ponto de o próprio dizer que, até hoje, compõe suas músicas pensando na saudosa amiga.

Do início imitando Celly Campello, ainda moleca, para a intérprete mais energética, técnica e ousada de todos os tempos, foram alguns anos. Para mim, ela viveu seu auge nos anos 70, sendo Falso Brilhante (1976) seu melhor disco. Um dos melhores da história da MPB, por sinal.

Em Falso Brilhante, essa versatilidade impressionante aparece com força total. Temos rock em Como Nossos Pais e Velha Roupa Colorida; música latina em Los Hermanos e Gracias a la Vida; folk em Quero; paixão pura em Tatuagem, Um Por Todos e Fascinação… São dez músicas simplesmente perfeitas, com arranjos perfeitos de Cesar Camargo Mariano.

E não posso me esquecer de que Elis Regina ajudou nomes fundamentais na história da MPB como Belchior, João Bosco & Aldir Blanc, Milton Nascimento, Edu Lobo, Guilherme Arantes e tantos outros a ganharem respeito e fama nacional.

Afinal, naqueles anos, o sonho da maior parte dos autores era ter suas composições gravadas pela Pimentinha. Uma artista brilhante, que nos deixou como legado uma obra com inúmeros grandes momentos.

Ouça Como Nossos Pais, lançada no Fantástico:

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