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Por Fabian Chacur

Repercute e ainda repercutirá por muito tempo a participação da cantora carioca Anitta no show de abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016, realizado na noite desta sexta-feira (6) no estádio do Maracanã. Uns dizem que ela não poderia estar presente no show. Outros, que ela representa o que há de mais moderno e popular na música brasileira atual. Os fãs vibraram; os detratores baixaram a lenha. E aí, qual seria a posição mais sensata para essa análise?

Para mim, o xis da questão reside no fato de que a abertura de um evento de proporções mundiais e visto por bilhões de pessoa via TV pelo mundo afora só deveria comportar a excelência do país em todos os aspectos. Incluindo a parte artística. E é aí que a coisa pega em relação à escalação da jovem cantora e compositora de 23 anos para atuar ao lado de dois gênios da arte brasileira, Caetano Veloso e Gilberto Gil.

É preciso respeitar Anitta, antes de tudo. Não é fácil chegar ao topo das paradas de sucesso e se manter por lá por tipo três anos, como a intérprete de Bang e Show das Poderosas está conseguindo. Isso é fruto do trabalho da gravadora Warner e de quem gerencia a sua carreira, claro, mas se ela não tivesse talento algum, obviamente não daria certo por tanto tempo. E para quem acha três anos pouco, isso é uma eternidade no mundo do show business, no qual reputações e carreiras começam e terminam mais rápido que o tempo para ler este parágrafo.

No entanto, é nítido que Anitta é ainda uma artista em formação. Não se trata de uma espécie de talento inato que surgiu de forma rápida e se consolidou a jato. São raríssimos os artistas com esse dom. E não há problemas em relação a isso, pois cada um amadurece no seu tempo. No entanto, quando se trata de escolher alguém que represente não só uma nação, mas uma cultura que é repleta de grandes talentos, não dá para escolher alguém com esse status.

Para vestir a camisa de um elenco de cantoras que já teve Elis Regina, Elizeth Cardoso, Dalva de Oliveira e tantos outros talentos absurdos, não dá para se colocar uma novata promissora. Era missão para Gal Costa, Ivete Sangalo, Maria Bethânia, alguém com essa estatura. Ou, se fosse o caso de colocar alguém mais jovem cronologicamente, que se optasse por Vanessa da Mata, Céu ou Maria Rita, essas, sim, novas, mas já com trajetórias sólidas.

Anitta não se saiu mal interpretando Isso Aqui o Que É, clássico de Ary Barroso, ao lado de Caetano e Gil. Não desafinou, não errou letra, nada desse gênero. Merecia uma nota seis, seis e meio, algo assim. Mas, pelo amor de Deus, esse show era coisa para nota dez! Se você tem quem possa ganhar a medalha de ouro, pra que apostar em alguém que só pode nos proporcionar a de bronze, ou nem isso? É simples assim. Valeu, Anitta, mas não deu pra você, com todo o respeito.

Isso Aqui o Que É– Caetano Veloso:

Isso Aqui o Que É– Joyce Moreno:

Isso Aqui o Que É– Emilio Santiago: