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Janis Joplin, a voz eterna que faria 70 anos

Por Fabian Chacur

Neste sábado, 19 de janeiro de 2013, Janis Joplin completaria 70 anos. A Pérola do Texas, no entanto, nem aos 30 chegou, pois nos deixou em um triste 4 de outubro de 1970, aos 27 anos. O ser humano se foi, mas a voz lendária, preservada nos discos, permanece nos arrepiando até hoje. E que voz maravilhosa!

Janis viveu pouco, mas com muita intensidade. Dentro dela, um eterno impasse certamente ajudou a levá-la mais cedo. De um lado, a cantora visceral, a mulher livre, que desejava apenas ser “mais uma da turma” e beber até cair. Do outro, a garota que sonhava em ser esposa, ter filhos e uma vida convencional, “careta”. Muita contradição.

Em termos musicais, a cantora texana misturou com originalidade o blues, o rhythm and blues, o country, o soul, o folk, o jazz e o rock and roll como ninguém antes, nem depois, com uma das vozes mais poderosas jamais apresentadas ao grande público. Dinamite pura, sentimento puro, explosão pura, em uma intérprete carismática.

Em sua concisa discografia, que inclui títulos lançados por ela ainda em vida e outros póstumos bem bacanas, destaco particularmente três. Cheap Thrills (1968), gravado ao lado do grupo Big Brother & The Holding Company, a tornou conhecida mundialmente, graças a petardos como Summertime, Piece Of My Heart e Ball And Chain.

Pearl, lançado de forma póstuma em 1971, é para mim seu momento máximo, quando a emoção e a técnica se equilibraram, gerando um álbum ao mesmo tempo emocionante e tecnicamente impecável, gerando gravações excepcionais como Move Over, Cry Baby, Me And Bobby McGee, My Baby e A Woman Left Lonely. Um dos melhores álbuns lançados em qualquer época e em qualquer estilo musical. Clássico até a medula.

Lançado em 1982, Farewell Song traz nove faixas registradas entre 1968 e 1970, e mostram Janis esbanjando talento, em canções como Tell Mama, One Night Stand e Catch Me Daddy. Nem parece uma coletânea de material deixado de lado dos discos da cantora.

Na verdade, essas são escolhas pessoais minhas, mas recomendo praticamente qualquer um de seus álbuns. Mesmo I Got Dem Ol’ Kosmic Blues Again Mama! (1969), que peca pela produção excessiva e por um pouco de frieza, traz momentos bacanas como To Love Somebody e One Good Man e merece ser explorado pelos ouvintes atuais.

Toda cantora que se preze tem a obrigação de mergulhar na obra de Janis Joplin como forma de aprender a arte de transpor para os estúdios e palcos os sentimentos sem cair na gritaria sem sentido, no tecnicismo barato ou no lugar comum. Janis era original como poucas, e continua nos emocionando em seus discos e DVDs.

Agora, ouça cinco das minhas gravações favoritas de Janis Joplin:

Move Over:

Me And Bobby McGee:

One Night Stand:

Cry Baby:

Summertime:

Janis Joplin, 40 anos sem essa grande voz

Por Fabian Chacur

Minha história em relação a Janis Joplin é curiosa. Durante minha infância e adolescência, tinha apenas uma vaga ideia de quem se tratava. Não ouvi e nem tive acesso a discos da moça, que morreu quando eu tinha nove anos.

Durante um certo período de tempo, achava que era uma cantora de rock que gritava muito, verdadeiro símbolo da era hippie. E nada além.

Mas isso mudaria, curiosamente, em 1980, quando fazia dez anos que a intérprete texana havia nos deixado.

Entrei na faculdade e comecei a trabalhar com registro durante aquele ano. Comecei a ter muita curiosidade de conhecer mais coisas de rock, e como agora eu ganhava o meu próprio dinheiro, passei a comprar discos e mais discos.

Um dia durante aquele revelador 1980, fui ao departamento de discos da finada Sears, onde hoje fica o Shopping Paulista, e peguei o álbum Pearl, de Janis, para dar uma ouvidinha. Logo na primeira faixa, Move Over, senti que a coisa ali era séria. Pirei.

Foi o primeiro álbum da texana que ouvi, e logo o melhor de todos. A partir dali, fui atrás de seus outros trabalhos e virei seu fã incondicional. Ou melhor, um fã crítico, capaz de analisar sua obra sem viajar demais na maionese, mas amando sua voz.

Pearl, lançado de forma póstuma em 1971, marcou o momento em que Janis Joplin conseguiu equilibrar sua energia e vibração com uma técnica vocal impecável. Razão e emoção em doses rigorosamente iguais. Só podia gerar um clássico, ainda mais com aquele repertório.

Além de Move Over, maravilhas do naipe de Me And Bobby McGee, Cry Baby, A Woman Left Lonely, Mercedez Benz….. Meu Deus, que disco maravilhoso. Blues, rock, soul e country em um pacote único.

Pois na próxima segunda-feira, dia 4 de outubro, farão 40 anos que a Pérola do Texas nos deixou. A moça tinha apenas 27 anos e estava no auge do seu talento. Quanta coisa boa poderia nos ter proporcionado, heim?

No entanto, deixou-nos um legado que merece ser apreciado com prazer, incluindo o já citado Pearl e também o visceral Cheap Thrills (1968) e o fantástico póstumo Farewell Song (1981).

Mesmo Kosmic Blues (1969), em que pese sua irregularidade, tem grandes momentos. E as gravações ao vivo da mulher são impressionantes.

Janis se entregava a cada canção como se não houvesse amanhã. Mesmo quando errava notas ou saía do tom, dava um banho de emoção e garra que poucas roqueiras fizeram antes ou depois dela. Que tal ouvi-la agora? E preciso do Farewell Song em CD!

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