Por Fabian Chacur

Sheryl Crow é o tipo de artista que não costuma fazer muito sucesso entre os críticos de música do Brasil. A explicação é simples. Ela não investe em modinhas musicais, escândalos ou truques indies moderninhos, apostando pura e simplesmente na velha e boa fórmula de misturar rock, country, soul e pop. E a combinação sempre dá certo, vide seu novo álbum, Feels Like Home, que marca sua estreia na Warner após duas décadas na A&M Universal Music. Bela estreia, por sinal.

Esta cantora, compositora e guitarrista/violonista americana nascida em 11 de fevereiro de 1962 teve de batalhar bastante antes de se tornar uma artista solo de sucesso. Entre outras tarefas, ela fez vocais de apoio nos anos 80 para gente como Eric Clapton, Don Henley e especialmente Michael Jackson, com quem atuou na turnê 1987/88 que divulgou o álbum Bad, e na qual ela tinha seu momento máximo ao interpretar com o Rei do Pop a balada I Just Can’t Stop Loving You. Há um DVD lançado oficialmente de Jacko no qual o dueto pode ser conferido em toda a sua sutileza pop.

Em 1991, gravou um álbum produzido pelo badalado Hugh Padgham (The Police, Phil Collins etc), mas a gravadora não gostou do que ouviu e deixou o trabalho arquivado até hoje. Sem desistir, Sheryl conseguiu ser contratada pela A&M, lançado em 1993 seu primeiro álbum solo, Tuesday Night Music Club. Após um ano mofando injustamente nas lojas, o CD enfim estourou, graças ao single All I Wanna Do, e atingiu o top 5 das paradas de todo o mundo.

Desde então, a moça não saiu mais das paradas de sucesso, lançando belos álbuns e também fazendo parcerias com artistas do gabarito de Stevie Nicks, Tony Bennett, B.B. King, Smokey Robinson, Rolling Stones (e com Mick Jagger solo também) e Luciano Pavarotti. Ótima cantora e compositora, ela se firmou também graças a seus ótimo shows, como pudemos ver em 1995 (abrindo os primeiros shows de Elton John no Brasil) e no Rock in Rio de 2001.

Em 2010, a estrela lançou 100 Miles From Memphis, no qual deu maior ênfase ao seu lado soul/blues. Desta vez, com Feels Like Home, os holofotes foram endereçados ao country rock, com direito a gravações em Nashville, a meca do estilo, com a presença de músicos locais e participações especiais de nomes bacanas como Vince Gill e Zack Brown, além do fiel parceiro Jeff Trott (guitarra e violão).

O álbum é muito bom como um todo, valendo-se dos elementos tradicionais do country e do country rock mas sem cair na banalização do uso excessivo de slide guitar e cordas. Os arranjos são consistentes e fluentes, e as 12 músicas são bem bacanas. As roqueiras Shotgun, Nobody’s Business e Best Of Times, a certeira balada country rocker Easy, as tocantes baladas Give It To Me, Homesick e Stay At Home Mother são pontos altos de um disco delicioso de se ouvir.

Feels Like Home atingiu a sétima posição em sua semana de estreia na parada pop americana e a sexta na parada country, provas de que o púbico de lá continua interessada em sua obra, que já lhe rendeu 32 indicações ao Grammy (com 9 troféus conquistados), milhões de discos vendidos e o respeito de quem entende e gosta de música boa, direta e sem frescuras. E a miudinha Sheryl Crow é ainda uma gata. Quer mais o quê?

Best Of Times – Sheryl Crow:

Easy– Sheryl Crow: