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Tag: fevereiro 2019

Ayrton Montarroyos esbanja sua elegância em CD gravado ao vivo

ayrton montarroyos capa cd-400x

Por Fabian Chacur

Se fosse necessário definir o segundo CD de Ayrton Montarroyos, Um Mergulho no Nada (lançado pela gravadora Kuarup) com apenas uma palavra, eu escolheria esta aqui: elegante. O intérprete pernambucano de 23 anos esbanja tal qualidade durante os aproximadamente 35 minutos de duração deste belo álbum, gravado ao vivo ironicamente no dia 1º de abril de 2018 no Teatro Itália, em São Paulo. Pois se há uma coisa que a performance do moço não emana, é mentira. A verdade marca presença por aqui de ponta a ponta.

Ayrton ficou conhecido nacionalmente ao ser um dos finalistas em 2015 do reality show musical The Voice Brasil. Em 2017, lançou o primeiro álbum, gravado em estúdio e autointitulado. Desta vez, ele nos oferece sua alma desnuda. Afinal de contas, trata-se de um trabalho ao vivo e no qual ele conta com o apoio de apenas um instrumento, no caso o violão de 7 cordas tocado magistralmente por Edmilson Capelupi, literalmente professor nessa área e conhecido por participar das trilhas dos filmes Dois Córregos (1999) e Cidade de Deus (2002) e gravar com gente do gabarito de Jane Duboc, Zizi Possi, Patricia Marx, Eliete Negreiros e muitos outros.

Nesse formato, a interação entre cantor e músico precisa ser absurda. Afinal, qualquer eventual falha fica exposta de forma constrangedora. Neste caso, a dobradinha Montarroyos-Capelupi envolve o ouvinte de forma poderosa, pois temos um vibrante diálogo entre os acordes, baixos e dedilhados do violão com a voz ao mesmo tempo doce e mais próxima das regiões graves do cantor. Os vazios são sempre aproveitados de forma estilística, não ocasional, e são poucos, pois o preenchimento de espaços feito por eles é cirúrgico.

As dez faixas selecionadas por Ayrton para Um Mergulho no Nada vão desde obras de compositores jovens até pérolas obscuras pinçadas de eras distantes e nobres da nossa música, passando por alguns clássicos, também. Na verdade, temos a impressão de que o principal critério seguido por ele deve ter sido o mais simples, e ao mesmo tempo mais coerente: aquelas canções que melhor se encaixam em sua musicalidade, que falam mais para ele, e que ele sente mais prazer em interpretar. E como deu certo!

Com um timbre belíssimo de voz, Ayrton Montarroyos procura trabalhá-lo de forma precisa, sem se permitir arroubos operísticos ou exagerados. As sutilezas são esmiuçadas no melhor estilo bossa nova, com inspiração provavelmente de gente do gabarito de Caetano Veloso e João Gilberto. Cada palavra é dita com conhecimento de causa de quem entende seu significado e procurando transmitir o sentido de cada poesia ao ouvinte, como que o convidando a sonhar, sofrer, amar e imaginar cada contexto criativo proposto por seus autores.

Alguns poderiam contestar as releituras de músicas com versões originais tão marcantes como Açaí (Djavan) e Cálice (Chico Buarque-Gilberto Gil), mas vale lembrar a justificativa que os integrantes do grupo Roupa Nova deram em 1999 às releituras que fizeram de seus sucessos no álbum meio eletrônico Agora Sim!: essas regravações não invalidam as anteriores e podem conviver pacificamente. E neste caso específico, Ayrton soube se apropriar das duas e dar a elas uma cara nova e própria. Não supera as originais, mas quem disse que isso seria necessário? O legal é que dá prazer ouvir as duas com ele, e isso basta.

Um Mergulho No Nada (título extraído de versos da canção Sem Pressa de Chegar, de Capiba e Delcio Carvalho e um dos pontos altos do CD) alterna samba, bossa-nova, latinidades, samba-canção e até pop com uma fluência que vai ligando de forma natural uma faixa à outra. Como a duração do álbum equivale a um daqueles discos de vinil de antigamente, dá vontade de ouvir novamente. E aí você ouve, e ouve, e ouve, descobrindo novas sutilezas, novos encadeamentos, novas surpresas. E a paixão se concretiza! Se a ideia era mergulhar no nada, Ayrton na verdade nos fez mergulhar no tudo. Tudo de bom!

Cálice– Ayrton Montarroyos:

Nós do Rock Rural reúne feras do folk brasileiro com show em SP

Nós do Rock Rural. Foto - Ernane Galvão-400x

Por Fabian Chacur

Há aproximadamente dois anos, alguns dos mais expressivos músicos do rock rural ou folk à brasileira começaram a se reunir para shows realizados em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, com formações variáveis. A repercussão foi tão boa que gerou o CD Nós do Rock Rural, gravado ao vivo há um ano no Sesc Vila Mariana (SP). O espetáculo de lançamento em São Paulo do álbum que leva o selo Kuarup será realizado neste domingo (17) às 18h no Sesc Pinheiros- Teatro Paulo Autran (rua Paes Leme, nª 195- Pinheiros- fone 0xx11-3095-9400), com ingressos de R$ 12,00 a R$ 40,00.

O time escalado para este trabalho é dos mais representativos dessa sonoridade pontuada por violões, vocalizações espertas, violas aqui e ali, influências do som rural e da country music e com guitarras dando o tempero esperto final. Tavito, por exemplo, integrou o célebre grupo Som Imaginário e colaborou com os artistas do Clube da Esquina, além de ter desenvolvido uma bela carreira solo. É um dos melhores arranjadores de vocalizações do país, tendo feito isso em discos importantes de grandes nomes da música brasileira.

Guarabyra, integrando o trio Sá, Rodrix & Guarabyra e depois uma dupla com Sá, é um dos pioneiros do rock rural no Brasil, emplacando sucessos eternos do porte de Primeira Canção da Estrada, Sobradinho (cuja letra infelizmente é mais atual do que nunca, mais de 40 anos após seu lançamento), Dona, Espanhola e tantas outros clássicos eternos da nossa música popular.

Por sua vez, Zé Geraldo é o mais influenciado por Bob Dylan e Raul Seixas da turma, com um trabalho que comporta rock, country, folk e o que mais vier, capaz de nos proporcionar maravilhas do porte de Milho aos Pombos, Cidadão, Como Diria Raulzito, Senhorita e dezenas de outros, que seus fãs fieis cantam com ele a plenos pulmões, a cada novo show pelo Brasil afora.

Fortemente influenciados por esses três, Tuia e Ricardo Vignini completam com categoria o quinteto. Tuia Lencioni, com mais de 20 anos de estrada, passagem pelo grupo Dotô Jeka e dono de uma sólida carreira individual cujo fruto mais recente é o belo álbum Reverso Folk (2016), idealizou este show e é o seu diretor artístico. Já o violeiro Ricardo Vignini esbanja talento em projetos como o grupo Matuto Moderno e o duo Moda de Rock, misturando rock, música caipira, folk e ainda mais e tocando com rara desenvoltura e criatividade.

O show terá como repertório as músicas incluídas no CD, e algumas das possíveis selecionadas são Pote Azul, Espanhola, Rua Ramalhete, Hey Zé, Começo, Meio e Fim, Casa no Campo, Dona e Senhorita, equivalendo a uma boa amostra e pura celebração dessa sonoridade tão brasileira e tão universal que esses cinco artistas ajudaram a consolidar durante esses anos todos.

Dona (ao vivo)- Nós do Rock Rural:

Choro Pra Cinco fará os seus primeiros shows em São Paulo

choro pra cinco-400x

Por Fabian Chacur

O choro, ou chorinho, é um dos gêneros mais belos e nobres da música brasileira. Centenário, nunca some totalmente de cena, para felicidade de quem tem bom gosto e sabe escolher boas opções sonoras para curtir. Uma das formações mais bacanas da atualidade nessa praia é o Choro Pra Cinco, de Brasília, que enfim fará suas primeiras apresentações ao vivo em São Paulo, ambas com entrada gratuita. A primeira nesta quinta (14) às 19h no Centro Cultural São Paulo (rua Vergueiro, nª 1.000- Paraíso- fone 0xx11-3397-4002) e a segunda nesta sexta (15) às 19h na Galeria Olido (Avenida São João, nª 473- Centro- fone 0xx11-3331-8399).

Criado em 2012 na capital brasileira, o Choro Pra Cinco é integrado por Thanise Silva (flauta), George Costa (violão), Vinícius Magalhães (violão 7 cordas), Pedro Molusco (cavaquinho) e Gabriel Carneiro (pandeiro). Eles tem como principal mérito, além da perfeita coesão instrumental, o fato de mesclarem com inteligência nos shows clássicos do chorinho e da MPB com várias composições próprias, o que dá um sotaque próprio ao seu trabalho.

Essa habilidade está plenamente presente em seu álbum Caminho dos Ventos, disponível em CD e também nas principais plataformas digitais. Este trabalho altamente recomendável traz dez faixas, entre elas as deliciosas Pela Sombra (Thanise Silva), Âncora (George Costa), Antes Que Eu Me Esqueça (George Costa e Vinícius Magalhães), Pergunta Pra Rafa (Vinícius Magalhães), Sutil (Hamilton Costa e Sebastião Tapajós) e É Nessa Que Eu Vou (Rafael dos Anjos).

Nesses sete anos de estrada, o quinteto brasiliense fez vários shows em sua cidade natal e também em Araxá (MG), Curitiba, Recife e, agora, São Paulo. Eles já realizaram duas consistentes turnês internacionais, com direito a shows em locais fechados e ao ar livre e workshops na Alemanha, França, Suíça e Bélgica (veja um registro em vídeo da segunda tour aqui).

Pela Sombra (clipe)- Choro Pra Cinco:

Monarco canta com Alcione e Zeca Pagodinho em show no Rio

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Por Fabian Chacur

Monarco é um dos grandes nomes do samba de todos os tempos. E, felizmente, está firme e forte, no vigor de seus 85 anos de idade. Ele lançou recentemente um novo álbum, Monarco de Todos os Tempos, pela gravadora Biscoito Fino. E este é o mote para o show que o cantor e compositor carioca fará no Rio nesta quinta-feira (14) às 22h no Teatro Bradesco Rio (avenida das Américas, nª 3.900- loja 160 do Shopping VillageMall- Barra da Tijuca- fone 0xx21-3431-0100), com ingressos de R$ 40,00 a R$ 150,00. Teremos participações de Zeca Pagodinho e Alcione.

Hildimar Diniz, nome de batismo de Monarco, compôs o seu primeiro samba aos 12 anos de idade, e quatro anos depois, conheceu a turma de bambas da Portela, escola de samba pela qual rapidamente se apaixonou. Em 1951, passou a integrar a sua ala de compositores, e não demorou para se tornar um dos caras mais badalados de lá. Ele participou do histórico álbum Portela Passado de Glória (1970), produzido por Paulinho da Viola e que tornou conhecida a chamada Velha Guarda da Portela, capitaneada por ele.

O primeiro disco solo de Monarco, autointitulado, saiu em 1974, e deu início a uma série de outros, nos quais sempre defendeu suas composições com vários parceiros de forma classuda, com uma voz bonita e que até hoje continua sendo muito bem colocada. Suas canções fizeram sucesso nas vozes de inúmeros intérpretes, maravilhas do porte de O Quitandeiro, Vai Vadiar, Coração em Desalinho, Lenço e inúmeras outras. Entre seus inúmeros fãs ilustres, temos Marisa Monte, que produziu um de seus discos e o incluiu com destaque no documentário O Mistério do Samba (2008), também produzido por ela.

O mais recente álbum deste grande portelense teve como produtor Mauro Diniz, que além de grande cantor, compositor e músico é filho da fera. Pai e rebento assinam seis das faixas do álbum, que conta com as participações especiais de Alcione (em Uma Canção Para São Luiz) e Zeca Pagodinho (Seu Bernardo Sapateiro). Uma das faixas mais bacanas deste ótimo CD é Aurora da Minha Vida, que conta com um clipe bem produzido para divulgá-lo.

Aurora da Minha Vida (clipe)- Monarco:

Elba Ramalho mostra novo álbum com shows no Sesc Pinheiros (SP)

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Por Fabian Chacur

Em 1978, Elba Ramalho deu início à sua carreira fonográfica. Quatro décadas depois, firmou-se como uma das cantoras de maior sucesso do país, com público fiel e novos lançamentos que sempre atraem as atenções de público e crítica. O mais recente, O Ouro do Pó da Estrada, lançado pela gravadora Deck, é o mote para os shows que ela fará sexta (8) e sábado (9) às 21h e domingo (10) às 18h no Sesc Pinheiros- Teatro Paulo Autran (rua Paes Leme, nº 195- fone 0xx11-3095-9400), com ingressos de R$ 15,00 a R$ 50,00.

Para acompanhá-la, a intérprete paraibana terá a seu lado uma banda composta por Marcos Arcanjo (guitarra e violões), Elder Caldas (percussão), Rafael Nascimento (sanfona), Fernando Gaby (baixo), Tostão Queiroga (bateria), Yuri Queiroga (guitarra), José Durval Pereira (zabumba) e Alessandro Rocha (vocais).

Não faltarão faixas de O Ouro do Pó da Estrada no repertório. Deste, que é o 38ª título de sua extensa discografia, fazem parte canções inéditas e releituras, entre as quais Girassol da Caverna, Na Areia, Oxente e Se Não Tiver Amor. Como seria de se esperar, também teremos alguns dos maiores hits da trajetória dessa explosiva intérprete, que no palco sempre aproveita sua faceta atriz para envolver e eletrizar as plateias do Brasil e do mundo.

Veja o making of e ouça as faixas de O Ouro do Pó da Estrada:

Bruno Mog lança seu primeiro álbum com show em São Paulo

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Por Fabian Chacur

Com 33 anos de idade, Bruno Mog lança o seu primeiro álbum. Uma fase da vida em que outros artistas já teriam lançado diversos outros trabalhos. Este cantor, compositor e músico nascido em Lins (SP), criado na região do Portal do Paranapanema (PR) e radicado em São Paulo desde 2005, preferiu, no entanto, não precipitar as coisas. “Procurei me preparar bem e fazer isso apenas quando me senti preparado”, explica. Ele mostra o repertório do álbum e músicas de outros artistas em show neste sábado (2) às 15h na Casa Pompeia (avenida Pompéia, nª 681- Vila Pompeia- fone 0xx11- 2597-0681), com ingressos a R$ 20,00 (meia) e R$ 40,00 (inteira), sendo que ambos os valores incluem de brinde a versão física do trabalho.

A estrada de Bruno até chegar ao primeiro CD foi longa. Ele se interessou por música desde moleque, e contou com o apoio incondicional do pai. “Meu pai sempre me incentivou a estudar, me cobrou muito isso”. Em 2005, ele se mudou para São Paulo com o intuito de cursar a faculdade de artes cênicas, e não demorou a se envolver com o teatro, trabalhando em diversos espetáculos. Paralelamente, atuava com uma banda na qual incluía músicas de sua autoria.

Há três anos, sentiu que havia chegado a hora de arregaçar as mangas para criar seu primeiro álbum solo, e passou a se concentrar nisso. Como inspiração, ouviu Tim Maia, Skank, Paralamas do Sucesso, Cazuza, Los Hermanos e Elis Regina, entre outros. Desse mix, saíram características de suas composições, que trazem elementos de blues, MPB, folk e rock. “No Brasil, a gente tem o costume de ouvir de tudo, os gêneros se misturam, isso é muito bom”.

O resultado é um trabalho disponível nas plataformas digitais e também em formato físico com sete músicas, escolhidas a partir de um universo de 14. “Não sou um Guilherme Arantes, que diz compor uma música por dia. Escrevo conforme vêm a inspiração. Crio em cima de coisas do mundo, misturo experiências próprias com aquilo que observo e transformo em canções”, define.

O álbum, extremamente consistente e que se divide em climas blueseiros e momentos mais próximos do folk, foi finalizado no Canadá com o engenheiro de som João Thiré, conhecido por seu trabalho com a cantora Mart’nália.

O som de Bruno Mog conta com generosas intervenções de metais como trombone, trumpete e sax. “Uso muito os metais como se fossem a extensão da minha voz, uma segunda ou terceira voz, e tem a ver com os artistas de que mais gosto, que também se valem desse recurso musical de forma criativa”.

No show deste sábado (2), Bruno cantará e tocará guitarra, acompanhado por uma banda com direito a naipe de metais, backing vocals, guitarra, baixo e bateria. Além das músicas autorais do disco, entre as quais as ótimas Flores de Outono, Avoa, Hey Man e Só Quero Ser Feliz, também teremos releituras de canções alheias, entre as quais Todo Amor Que Houver Nessa Vida, de Cazuza, e outras de Tim Maia, Paralamas do Sucesso e Barão Vermelho. “Mas não faço versões iguaizinhas, procuro colocar o meu toque pessoal nelas”, adverte.

Ouça Flores de Outono, de Bruno Mog:

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