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Bob Dylan celebra 80 anos ainda muito relevante e bastante ativo

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Por Fabian Chacur

No dia 19 de novembro de 1995, Bob Dylan participou de um show que celebrou os 80 anos de vida de Frank Sinatra. Ele interpretou a canção Restless Farewell no palco do The Shrine Auditorium, de Los Angeles. Posteriormente, regravaria algumas das canções que consagraram The Voice no álbum Shadows In The Night (2015). Agora, chega a vez dele, autor de clássicos como Blowin’ In the Wind, comemorar oito décadas de vida nesta segunda-feira (24) ainda se mantendo bastante relevante e produtivo.

O termo lenda vida (living legend, em inglês) de certa forma se banalizou nas últimas décadas, mas cabe feito luva se nos referirmos a Bob Dylan. Afinal de contas, não faltam elementos para se justificar chamá-lo dessa forma. Para começo de conversa, trata-se da única pessoa a ter em sua estante de troféus ao menos um exemplar de Grammy, Oscar, Globo de Ouro, Pulitzer e Nobel. E isso não ocorreu por acaso ou protecionismo.

Nascido em 24 de maio de 1941, Robert Allen Zimmerman tinha como ídolos Little Richard e Woody Guthrie, dois artistas teoricamente incompatíveis em termos de estilos musicais. Coube a ele ser um dos pioneiros na mistura desses dois caminhos musicais, e ajudou de forma decisiva o rock a ganhar respeitabilidade cultural, graças a letras profundas e com forte conteúdo social.

Inicialmente, Dylan tornou-se conhecido graças a canções folk de temática social como Blowin’ In The Wind e The Times They Are-a-Changing. Em seu 5º álbum, Bringing It All Back Home, surpreendeu os fãs ao injetar fortes doses de rock and roll naquela sonoridade, caminho aprofundado no seminal álbum seguinte, Highway 61 Revisited, lançado naquele mesmo 1965 e incluindo um dos hinos máximos da música popular, a fantástica Like a Rolling Stone.

Nos shows que realizou entre o final de 1965 e a primeira metade de 1966, explicitou essa adesão ao rock, embora sem abandonar sua veia folk. Parte dos fãs, especialmente os seguidores xiitas do folk, passaram a vaiá-lo, com alguns o chamando de Judas, como se estivesse traindo um movimento. Radicalismo purista. Na verdade, Dylan nunca traiu seus princípios, e nem a si mesmo.

Nesses shows, foi acompanhado por um time de músicos que, oriundos do Canadá, ficariam conhecido mundialmente a partir de 1968 como The Band, um dos melhores e mais importantes grupos de rock de todos os tempos. Em 1967, quando o músico americano se recuperava de um grave acidente de moto sofrido no ano anterior, ele gravaria com os amigos um repertório de músicas que só seria lançado em 1975 com o título The Basement Tapes.

A partir deste momento, a trajetória de Bob Dylan se mostra sempre repleta de elementos imprevisíveis. Lançou discos com pegada country. Investiu em sonoridade próxima do gospel. Quando era tido como decadente, voltou em 1974 com Planet Waves, álbum que o colocou no 1º lugar da parada americana pela primeira vez. A turnê que realizou para divulgá-lo, novamente acompanhado pelo The Band, rendeu um dos melhores álbuns ao vivo de todos os tempos, o sublime Before The Flood, lançado naquele mesmo 1974 e atingindo o 3º lugar nos charts.

Daí pra frente, o autor de Like a Rolling Stone sempre surpreendeu. Lançou uma polêmica trilogia de discos para celebrar sua adesão ao cristianismo. Voltou às paradas de sucesso com mais força com Infidels (1983). Nos anos 1980, fez concorridos shows ao lado do Grateful Dead e também com Tom Petty And The Heartbreakers.

Em 1988, integrou um verdadeiro super grupo, The Traveling Wilburys, ao lado de Roy Orbison, George Harrison, Tom Petty e Jeff Lynne, com o qual lançou dois festejados álbuns. Nos anos 1990, foi um dos vários artistas a lançar um álbum Unplugged em parceria com a MTV. O público brasileiro teve, enfim, a chance de vê-lo em shows, que ocorreram no Hollywood Rock em 1990 e abrindo para os Rolling Stones em 1998, entre outras ocasiões, sempre festejadas pelo público e crítica especializada.

Em 2006, mais uma façanha para seu currículo: conseguiu novamente atingir o primeiro lugar na parada americana, desta vez com o álbum Modern Times, 30 anos após ter obtido tal posicionamento com Desire (1976). E seus discos continuam atraindo ótimas vendagens, vide o mais recente, Rough And Rowdy Days (2020), que atingiu o 2º posto nos charts americanos.

E vale lembrar que, nesses anos todos, Dylan se manteve permanentemente na estrada, cantando pelos quatro cantos do mundo. Um artista que nunca se dobrou ao comercialismo, que sempre impôs o seu modo de cantar, tocar e compor às gravadoras e aos contratantes de shows, e que permanece um modelo a ser seguido por quem pensa em fazer um trabalho que possa ser relevante. Ah, ele também celebra neste ano 60 anos do lançamento de seu primeiro álbum. Ou seja, há muito a se comemorar, por ele e por seus milhões de fãs.

Ouça Highway 61 Revisited na íntegra em streaming:

America celebra 50 anos de carreira com coletânea de hits

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Por Fabian Chacur

Em 2020, o grupo America completará 50 anos de carreira. Como forma de antecipar a celebração desta data tão significativa, ainda mais se levarmos em conta que esta banda continua na estrada, a Warner Music está lançando uma nova coletânea com os hits dos caras. O título é America 50th Anniversary Golden Hits, e o bacana fica por conta de que teremos uma edição em CD no Brasil, além da habitual disponibilização nas plataformas digitais que marcam a atual era da música.

O repertório desta compilação inclui 15 faixas, sendo 12 delas as mesmas que integram a mais clássica compilação de hits do grupo formado na Inglaterra em 1970, entre os quais as maravilhosas A Horse With No Name, I Need You, Ventura Highway, Tin Man e Sister Golden Hair. Este álbum, intitulado History: America’s Greatest Hits, saiu em 1975 e vendeu milhões de cópias no mundo todo, inclusive no Brasil, onde já fizeram diversos shows.

As três faixas adicionais são o único hit da banda na década de 1980, a deliciosa You Can Do Magic (lançada na época pela Capitol Records), e duas outras que, embora não tenham sido propriamente sucessos, são muito legais: Amber Cascades, do CD Hideaway (1976) e God Of The Sun, do álbum Harbor (1977).

O America, apesar do nome, foi criado na Inglaterra por três filhos de militares americanos servindo por lá: os americanos Gerry Beckley e Dan Peek e o inglês Dewey Bunnel. Eles estouraram logo com o seu álbum de estreia, autointitulado (de 1971), que atingiu o primeiro lugar na parada americana e lhes rendeu um Grammy na categoria de artista revelação.

No currículo, o trio teve vários álbuns produzidos por ninguém menos do que George Martin, o mesmo dos Beatles, e uma inspirada fusão de rock, country, folk e pop. Em 1977, com a saída de Dan Peek (que investiu a partir daí em uma carreira-solo e nos deixou em 2011), o grupo prosseguiu como um duo e, se não teve muito sucesso em termos comerciais, continuou lançando discos de forma mais espaçada e fazendo turnês pelos quatro cantos do planeta.

Eis as faixas de 50th Anniversary: The Collection:

– A Horse With No Name
– I Need You
– Sandman
– Don’t Cross The River
– Ventura Highway
– Only In Your Heart
– Muskrat Love
– Tin Man
– Lonely People
– Daisy Jane
– Woman Tonight
– Sister Golden Hair
– Amber Cascades
– God Of The Sun
– You Can Do Magic

God Of The Sun– America:

David Crosby, ou a inquietude de um grande gênio do rock

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Por Fabian Chacur

David Crosby equivale a um grande mistério. Aos 76 anos, completados no dia 14 de agosto, este cantor, compositor e músico americano se mostra mais atuante do que nunca. Menos de um ano após lançar o incrível Lighthouse, ele se prepara para nos oferecer outro lançamento, previsto para sair no exterior no dia 29 de setembro. O título é Sky Trails, que já tem uma faixa circulando na rede, a envolvente She’s Got To Be Somewhere.

Ao contrário do essencialmente acústico trabalho anterior, sobre o qual falaremos mais no decorrer desta matéria, Sky Trails é um álbum de banda, no qual Crosby tem a seu lado, entre outros músicos, os ex-parceiros de CPR, o filho James Raymond (teclados) e Jeff Pevar (guitarra). A sonoridade traz influências de jazz fusion, soul e rock. A faixa Before Tomorrow Falls On Love é uma parceria do roqueiro com Michael McDonald, ex-Doobie Brothers.

Quatro músicas são parceria de Crosby e Raymond, filho temporão que o roqueiro deu para adoção no inicio dos anos 1960 e só redescobriu nos anos 1990. Uma única faixa não é autoral. Trata-se de Amelia, de Joni Mitchell, cuja versão original foi registrada pela estrela canadense em 1976 no álbum Hejira. A expectativa em torno deste álbum é grande.

A carreira de David Van Cortland Crosby equivale a uma inacreditável viagem, repleta de surpresas. Ele passou seus anos de formação nos Byrds, banda na qual ele era um coadjuvante de luxo para o líder Roger McGuinn (vocal, composições e guitarra) e também para Gene Clark (vocal). Com o tempo, percebeu que não conseguiria ter no grupo o espaço suficiente para dar vasão a seu talento, e no processo acabou sendo expulso do time, no final de 1967.

A partir daí, ele abriu as portas da sua carreira para novas experiências. Conheceu Stephen Stills (ex-Buffalo Springfield) e Graham Nash (ex-The Hollies) e criou o Crosby, Stills & Nash, grupo seminal para a história do rock no qual as individualidades eram respeitadas, e que volta e meia virava Crosby, Stills, Nash & Young com a eventual participação de Neil Young (também ex-Buffalo Springfield).

Paralelamente ao CSN/CNSY e a trabalhos em dupla com Graham Nash, Crosby também desenvolveu uma carreira solo que iniciou de forma brilhante, com If I Could Only Remember My Name (1971). Teríamos de esperar 18 longos anos para poder ouvir um segundo trabalho solo do artista, com o irônico título Oh Yes I Can (1989). “Se eu ao menos pudesse me lembrar do meu nome”, dizia o título da estreia solo. “Oh, sim, eu posso”, afirma sem sombra de dúvidas o segundo.

Nos anos 1990, foram três trabalhos solo, um de estúdio com composições alheias e duas de sua autoria, o belíssimo Thousand Roads (1991) e dois ao vivo, It’s All Coming Back To Me Now (1994) e King Biscuit Flower Hour (1996). Aí, surge o trio CPR com Raymond e Jeff Pevar, que lançou quatro álbuns (dois de estúdio e dois ao vivo) entre 1998 e 2001) com uma bela mistura de rock, jazz, folk e country.

Filho do premiado cineasta Floyd Crosby (1899-1985), David Crosby tem como marcas um forte lado intelectual, além de ouvinte atento de jazz, preferência audível nos acordes de violão que usa em suas composições. De temperamento difícil e rebelde, ele teve de superar problemas como prisão por consumo de drogas na metade dos anos 1980, um transplante de fígado nos anos 1990 e um problema cardíaco em 2014, percalços que venceu tal qual um highlander do rock.

Em 2014, após alguns anos se dedicando a trabalhos com o Crosby, Stills & Nash, Crosby volta à carreira solo com o excelente Croz (leia a resenha de Mondo Pop aqui). E não parou mais de fazer shows e gravar, afora aquele susto cardíaco que felizmente foi só um sustão.

Lighthouse- a resenha

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Em outubro de 2016, chegou ao mercado internacional Lighthouse, que, assim como Croz, permanece inédito no Brasil. O álbum traz como marca a parceria de Crosby com o multi-instrumentista Michael League, líder do grupo (na verdade, uma espécie de coletivo) de jazz fusion Snarky Puppy, que está na estrada desde 2004 e já faturou três troféus Grammy com seus mais de 10 CDs lançados até o momento.

League é o braço direito de Crosby no álbum, atuando como coprodutor (ao lado de Fab Dupont), vocalista de apoio e também tocando vários instrumentos, além de ser o coautor de cinco das nove faixas do CD. Aliás, na maior parte das faixas são só os dois em cena, sendo que os tecladistas Cory Henry e Bill Laurance (também do Snarky Puppy) marcam presença em duas cada.

Com base fundamentalmente acústica, Crosby e League nos oferecem acordes belíssimos e sutilezas que vão sendo descobertas a cada audição do álbum. Curiosidade: não temos nem bateria, nem percussão. Em um making of do trabalho, o roqueiro afirma que os únicos som mais percussivos saíram dele batendo com sua aliança no violão.

O clima das canções varia da balada Things We Do For Love à jazzy-bossa Look In Their Eyes, passando pelo clima hipnótico e quase dark de Somebody Other Than You e a sacudida The City. A voz do astro roqueiro se mostra mais afinada e afiada do que nunca, cativando no modo solo e também nas vocalizações, uma de suas marcas registradas.

A canção que encerra o álbum, By The Light Of Common Day, é parceria de Crosby com outra integrante da família Snarky Puppy, a incrivelmente talentosa Becca Stevens. Com mais de seis minutos de duração que passam a jato, essa música equivale a um verdadeiro farol (tradução do título do álbum) perante os mares revoltos e não tão animadores do mundo atual. As vozes dos dois se encaixam feito luva, e o violão de Michael League evoca as belas sonoridades do saudoso Michael Hedges, que não por acaso também foi parceiro de Mr. Crosby.

Aliás, uma das explicações pelas quais é possível entender porque um músico de 76 anos de idade que passou por tantas coisas na vida consegue se manter tão relevante é a sua eterna abertura ao novo. Ele sabe se renovar, trocando figurinhas com músicos das novas gerações e nunca se rendendo aos caminhos mais fáceis em termos musicais e de carreira. Dessa forma, cada novo show e cada novo álbum de David Crosby merecem toda a nossa atenção, pois as perspectivas são sempre as melhores. O passado é de glórias, o presente, belíssimo, e o futuro nos trará ainda mais, se Deus quiser. Parabéns, mestre!

By The Light Of Common Day– David Crosby:

10.000 Maniacs faz shows em São Paulo, Rio e Porto Alegre

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Por Fabian Chacur

Após um bom período fora dos holofotes, a banda americana 10.000 Maniacs, que fez bastante sucesso nos anos 1980 e 1990, surge novamente em cena com um álbum ao vivo, Playing Favorites, lançado no exterior em junho de 2016. O sexteto volta ao Brasil para shows em São Paulo (quinta-1º/6), Rio de Janeiro (sexta-feira-2/6) e Porto Alegre (sábado-3/6).

Criada em 1981 na cidade de Jamestown, no estado de Nova York, o grupo lançou seu primeiro álbum, The Secrets Of The I Ching, em 1983. O sucesso começou a aparecer com o terceiro álbum, In My Tribe (1987), que emplacou hits como What’s The Matter Here e Hey Jack Kerouak, seguido por Blind Man’s Zoo (1989). Sua mistura de folk, pop e rock cativou o público dito alternativo.

Os trabalhos Our Time In Eden (1992) e MTV Unplugged (1993), especialmente este último, pareciam indicar o estrelato para a banda, mas logo a seguir a cantora Natalie Merchant resolveu sair fora rumo a uma bem-sucedida carreira-solo, e isso deu uma certa complicada na rota do grupo, que inicialmente ficou meio perdido.

A solução veio com o retorno do guitarrista e vocalista John Lombardo, ele que havia integrado o grupo de 1981 a 1986, e da cantora Mary Ramsey, que atuou em dupla com Lombardo e também fez parte da banda de apoio dos Maniacs entre 1991 e 1993. A nova escalação rendeu dois ótimos álbuns, Love Among The Ruins (1997) e The Earth Pressed Flat (1999), e foi nessa época que o grupo se apresentou ao vivo por aqui, com direito a show no extinto Palace, em São Paulo.

A morte do guitarrista Robert Buck em 2000, aos 42 anos, deu outra boa balançada no grupo, que a partir daí passou por várias entradas e saídas de integrantes, fazendo alguns shows mas sem a mesma repercussão dos bons tempos. As coisas melhoraram a partir do lançamento de Music From The Motion Picture (2013), seguido por Twice Told Tales (2015), este último marcando um novo retorno de Lombardo ao time.

Playing Favorites foi gravado ao vivo precisamente na cidade natal da banda, e marcou outro retorno bacana, o da cantora Mary Ramsey. Além dela e de Lombardo, o time inclui hoje o guitarrista Jeff Erickson, que era o roadie de Buck e se tornou seu substituto, e três membros da formação clássica da banda, Jerome Augustyniak (bateria), Dennis Drew (teclados e vocais) e Steve Gustafson (baixo).

O novo álbum, ainda inédito no Brasil (assim como os outros a partir de 2000), traz 14 releituras dos grandes hits do grupo, como as músicas já citadas neste post e também Trouble Me, Candy Everybody Wants, More Than This (belo cover do Roxy Music e maior sucesso da fase com Mary Ramsey no vocal principal) e Rainy Day.

Serviço dos shows dos 10.000 Maniacs no Brasil:

São Paulo- 1º/6 (quinta-feira)- 22h- Espaço das Américas (rua Tagipuru, nº 795- Barra Funda- fone 0xx11-3868-5860), com ingressos custando de R$ 80,00 a R$ 380,00.
Rio de Janeiro- 2/6 (sexta-feira)- 22h- Vivo Rio (avenida Infante Dom Henrique, nº 85- Parque do Flamengo- fone 0xx21-3531-1227), com ingressos custando de R$ 95,00 a R$ 320,00.
Porto Alegre- 3/6 (sábado)- 21h- Auditório Araújo Vianna (avenida Osvaldo Aranha, nº 685- Porto Alegre- call center 4003-1212), com ingressos custando de R$ 110,00 a R$ 380,00.

More Than This– 10.000 Maniacs:

Jake Bugg resgata rock dos anos 50/60

Por Fabian Chacur

Faça um teste. Ouça as músicas de Jake Bugg sem ler nada sobre ele. Tente chutar quando saiu seu disco de estreia. Garanto que muita gente irá apostar em 1965, 1966 ou algo assim. No entanto, o álbum de estreia desse cantor, compositor e músico britânico, intitulado Jake Bugg, saiu no exterior em outubro de 2012 e acaba de chegar às nossas lojas agora, via Universal Music.

Quem ouviu sabe o porquê dessa dúvida. A sonoridade da obra desse adorável moleque de 19 anos e rosto que lembra um jovem Keith Richards é quase toda calcada no rock dos anos 50 e 60. Nomes como Bob Dylan, Johnny Cash, The Everly Brothers, Carl Perkins, Buddy Holly, Roy Orbison, The Rolling Stones e The Beatles surgem imediatamente na mente do ouvinte mais bem-informado.

Este músico oriundo de Nottingham também demonstra ter ouvido com atenção alguns artistas mais recentes, entre os quais o grupo Oasis e o cantor e compositor Brendan Benson. O melhor de tudo é que, graças a sua inteligência, talento e garra, ele não soa como um mero diluidor desses nomes grandões citados acima.

Mal comparando e com as devidas proporções, Bugg equivale a uma verdadeira anomalia no atual cenário pop, tal qual os adoráveis Stray Cats nos anos 80, que tocavam rockabilly cinquentista de forma magistral em plena era do tecnopop, rock gótico e heavy metal. E, exatamente como o trio americano, Jake já conseguiu vender muitos discos. Esse álbum de estreia atingiu o primeiro lugar na Inglaterra.

Merecidamente, diga-se de passagem. Afinal, é de se tirar o chapéu a façanha de superar tantos concorrentes atuais valendo-se apenas de canções melódicas, gravadas com acompanhamento básico no melhor estilo violão, baixo e bateria, ou guitarra, violão, baixo e bateria, ou só violão e voz, sem teclados e com técnicas de gravação estilo analógico.

As 14 faixas do álbum são muito legais. Lightning Bolt, por exemplo, soa como Johnny Cash puro. Two Fingers tem um tempero meio Brendan Benson, enquanto a bela balada em tom menor Ballad Of Mr.Jones traz pitadas do lado mais melódico do finado Oasis. O rockabilly Trouble Town é uma delícia. E por aí vai. E vai bem, muito bem.

Jake Bugg, o disco, mostra que é possível mergulhar em um universo repleto de clássicos como o folk-rock, country, rock básico e rockabilly, e tirar dali um trabalho consistente, bom de se ouvir e que não cai na pura caricatura. Basta ter talento e bom gosto. Uma façanha, sem sombra de dúvidas, ainda mais para um garoto de apenas 19 anos.

No momento, Jake Bugg está trabalhando em Malibu, Califórnia, com o premiado produtor Rick Rubin (Red Hot Chili Peppers, Johnny Cash, Tom Petty e tantos outros) em faixas previstas para entrar em seu segundo álbum, entre elas Slum Dog Sunrise. Vamos ver o que sai dessa parceria, pois a expectativa criada por essa bela estreia é grande.

Ballad Of Mr. Jones – Jake Bugg:

Trouble Town _ Jake Bugg:

Two Fingers – Jake Bugg:

Of Monsters And Men surpreende no Brasil

Por Fabian Chacur

Surgida na distante Islândia há apenas três anos, a banda Of Monsters And Men já é um nome familiar para os apreciadores de folk rock nos quatro cantos do mundo. E isso com apenas um álbum, o delicioso e delicado My Head Is An Animal, que saiu por aqui pela Universal Music e inclui os hits fofinhos Dirty Paws, Little Talks e Mountain Sound.

Na última sexta-feira (29/3), o quinteto se apresentou no palco Butantã do Lollapalooza Brasil 2013 e se firmou como uma das mais agradáveis surpresas do evento. Suas armas: um show simples, bom de se ver e ouvir, boas canções e a ótima atuação de seus dois cantores, a simpática Nana Brindis e o gordinho gente boa Ragnar Raggi Porhallsson (que também toca violão acústico).

Completam o time os também competentes Brynjar Leifsson (guitarra), Arnar Hilmarson (bateria), Arni Gudjohnsson (teclados) e Kirstjan Pall (baixo). Após mais dois shows na cidade, um deles no formato pocket marcando a estreia no Brasil dos Go Shows do Vevo Brasil, plataforma de vídeos que pode ser acessada via Youtube, eles se foram do país nesta terça (2).

Em entrevista coletiva concedida na tarde desta segunda-feira (1º) no hotel Renaissance, em São Paulo, o grupo mostrou muita simpatia e também timidez nas respostas dadas às questões dos jornalistas presentes. Provavelmente ainda estão se acostumando com o assédio dos jornalistas. Nós, os eternos malas…

“Ficamos muito surpresos e impressionados com a reação do público brasileiro. É o melhor público que já tivemos até hoje em nossa carreira”, afirmou Ragnar. Nos shows, ele tocam músicas do primeiro álbum e também alguns covers, entre eles uma canção do grupo Yeah Yeah Yeahs e Close To Me, do The Cure.

Eles se dizem felizes com a repercussão que o seu estilo musical, uma versão pop do folk rock, está obtendo no mundo atualmente, com direito a estouro de bandas como o Mumford & Sons. “Há um maior interesse pelo tipo de som que fazemos, assim como uma nova concepção musical em torno dele”, dizem.

A banda se assume como integrada por fãs de estilos bem distintos, que incluem o próprio folk, rock e até música erudita (“menos heavy metal”, garantem, rindo). Em São Paulo, foram a uma churrascaria e se perderam na Vila Madalena. “A mulher do nosso agente é brasileira, e fomos recepcionados com uma festa”, disse Ragnar.

Para Ragnar, o som que eles fazem é universal, com um pequeno tempero islandês na mistura. “Queremos ser universais em teros musicais, mas nossa origem se reflete no que fazemos. A atmosfera de nossa musica tem um tempero islandês, não é uma batida ou um tipo de melodia, pois não existe um ritmo musical próprio na Islândia. Acho que nossa música reflete um pouco da melancolia existente nas paisagens e montanhas de nosso país”.

Eles curtiram bastante tocar no Lollapalooza Brasil, e afirmam que foram convidados para se apresentar por aqui após terem tocado na versão do evento realizada na cidade americana de Chicago em 2012. “Antes, tocávamos mais em lugares fechados, mas achamos mais cômodo e agradável para nós tocarmos em festivais em locais abertos, tem mais a ver conosco”.

O nome da banda, segundo Rágnar, deveria ter denominado uma revista em quadrinhos planejada por eles. “O enredo iria enfocar o contraste entre os homens e os monstros, e as suas semelhanças, mas a revista não saiu e achamos que seria legal dar esse título à banda.

Além do Brasil, Nana e seus colegas afirmam que seus maiores públicos se encontram nos EUA, Canadá e Austrália. Para quem aguarda um DVD com performances ao vivo deles, Rágnar não deu uma resposta muito animadora, embora bastante consciente.

“Achamos que ainda é cedo para gravarmos um DVD ao vivo. Vamos esperar ter um pouco mais de estrada para depois fazer isso, quando tivermos mais experiência”.

Veja o clipe de Mountain Sound, do Of Monsters And Men:

CD dos Lumineers sairá no Brasil dia 26

Por Fabian Chacur

O folk rock, um dos estilos mais bacanas do universo da música pop, parece viver uma nova fase positiva em termos de sucesso comercial. Após o estouro do excelente grupo britânico Mumford & Sons, com direito a CD no primeiro posto da parada americana e Grammy de álbum do ano (o ótimo Babel), agora parece ser a vez de uma banda americana se destacar nessa cena rocker.

Trata-se do trio The Lumineers, que surgiu em Ramsey, Nova Jersey, e agora está sediado em Denver, Colorado, na região em que está localizado o mítico anfiteatro de Red Rocks, no qual já tocaram e gravaram trabalhos ao vivo nomes de alto gabarito como U2, Stevie Nicks, Dave Matthews Band e, não por coincidência, Mumford & Sons.

O The Lumineers é integrado por Wesley Schultz (vocal e violão), Jeremiah Fraites (violão e vocais) e Neyla Pekarek (cello, a única nativa de Denver, Colorado). Eles começaram a se tornar conhecidos graças à música Ho Hey!, que foi visualizada no Youtube mais de 50 milhões de vezes e atingiu o 5º posto nos EUA entre as mais vendidas pela via digital.

Ho Hey! e Stubborn Love (que também já tem vídeo em alta nos Youtubes da vida) são os destaques de The Lumineers, o álbum de estreia do grupo americano, que já tem data acertada para chegar às lojas brasileiras, via Universal Music: 26 de março. Pela amostra, aguardem coisa muito boa a caminho. Estou com os ouvidos coçando…

Ho Hey!, com The Lumineers (clipe):

Stubborn Love (clipe), com The Lumineers:

Doutor Jupter faz show energético em SP

Por Fabian Chacur

Quem ficou em Sampa City neste feriado de 15 de novembro e deu as caras no Sesc Consolação teve a oportunidade de ver ao vivo e de forma gratuita o show de uma das mais promissoras bandas do rock brasileiro atual, a Doutor Jupter.

Com seis anos de estrada com esse nome, o quarteto criado em Ribeirão Preto (SP) e radicado em São Paulo investe em uma bem dosada mistura de rock, folk, country e psicodelismo. Seu álbum autointitulado, lançado em 2011 e disponível para download gratuito no site da banda ( www.doutorjupter.com.br ) é dos mais recomendáveis.

Ao vivo, o time esbanja garra, talento e competência. O vocalista Ricardo Massonetto canta bem, tem carisma e se desdobra tocando guitarra, violão, banjo e gaita. Seu irmão Dudu ajuda nos vocais de apoio e se mostra um baixista sólido. A vibração do baterista Mateus Briccio e a performance ora sutil, ora encapetada do guitarrista Márcio Gonzales completam a festa.

Além de tocarem músicas do mais recente álbum, entre elas Liquidificador, o Doutor Jupter apresentou duas releituras impecáveis e criativas de sucessos alheios. Wonderwall, do Oasis, e especialmente Carinhoso (Pixinguinha e João de Barro), clássico da MPB, ganharam a assinatura da banda e ficaram deliciosas. Deveriam gravá-las!

Durante cerca de uma hora, o público que lotou a sala de convivência do Sesc Consolação se esbaldou com um som ao mesmo tempo melódico e dançante que tomou conta de todos. Tipo de grupo que merece ser convidado para participar de um desses festivais grandões que, com fequência, acabam levando bandas bem inferiores do que essa por razões inconfessáveis…

Ouça Liquidificador, com o Doutor Jupter:

Doutor Jupter fará show gratuito em SP

Por Fabian Chacur

O Doutor Jupter, uma das melhores banda da atual cena folk-country rock brasileira, irá fazer um show gratuito em São Paulo. A apresentação será realizada no dia 15 de novembro(feriado) às 17h no Sesc Consolação (rua Dr. Vila Nova, 245- Vila Buarque-fone 0xx11-3234-3000 e www.sescsp.com.br). Bela chance de conferir um som bem bacana sem precisar pôr a mão no bolso.

Oriundo de Ribeirão Preto e sediado em Mairiporã (SP) desde 2006, o quarteto hoje integrado por Ricardo Massonetto (vocal, violão, banjo e gaita), seu irmão Dudu Massonetto (baixo e vocal), Mateus Briccio (bateria) e Márcio Gonzales (guitarra, banjo e violão) iniciou sua carreira em 1998, ainda com o nome Sociedade Urbana.

Com a mudança para a Grande São Paulo e ganhando a adição de Márcio Gonzales, o Doutor Jupter aos poucos consolidou uma sonoridade calcada em country rock, folk e o chamado rock rural brasileiro, com influências bem digeridas de grupos como Sá, Rodrix & Guarabira, Legião Urbana, Capital Inicial, The Band, Creedence Clearwater Revival, The Band e Beatles.

O quarteto lançou um EP em 2009 com a produção a cargo de Edgard Scandurra, e seu primeiro CD em 2011. O álbum de estreia traz faixas extremamente interessantes, entre as quais Me Cuida, Dois Mundos, O Otimista e Bang Bang, com um repertório que consegue conciliar com categoria sofisticação e simplicidade.

Leia entrevista de Mondo Pop com a banda aqui

Ouça Me Cuida, com o Doutor Jupter:

Ouça O Otimista, com o Doutor Jupter:

Agridoce fará quatro shows em São Paulo

Por Fabian Chacur

Como forma de mostrar uma outra faceta de sua musicalidade, Pitty montou, com Martin (guitarrista de sua banda de apoio), o projeto Agridoce, que investe em uma sonoridade mais acústica, folk e levemente instrumental.

Bastante elogiado por público e crítica, o álbum de estreia do duo será o mote dos quatro shows que o Agridoce fará de 3 a 6 de maio no Tom Jazz (avenida Angélica, 2331 – Higienópolis – fone 0xx11-3255-0084- www.tomjazz.com.br), com ingresso a R$ 70.

O repertório do show incluirá Dançando, primeira música de Agridoce (o CD) a se destacar nas programações de rádios e emissoras de TV com viés musical, e também Upside Down, Embrace The Devil e 20 Passos, além do cover de Please Please Please Let Me Get What I Want, dos Smiths,única canção não inédita presente no álbum.

Pitty (voz e piano) e Martin (violão) terão no show o apoio de Luciano Malásia (percussão) e Loco Sosa (programaçoes e efeitos). As apresentações começam às 222h (domingo às 21h). Uma boa oportunidade para se ouvir a voz de Pitty longe do contexto hard/heavy rocker que a caracteriza em seus 10 anos de bem-sucedida carreira.

Veja o clipe de Dançando, do Agridoce:

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