Por Fabian Chacur

Certas bandas surgem para revolucionar a música e fazer sucesso, tipo Beatles, Rolling Stones, Led Zeppelin, Nirvana etc.

Outras vivem a frente de seu tempo e só depois têm seu valor reconhecido, como Velvet Underground, Big Star, Joy Division.E existe uma outra categoria bem bacana.

É a que comporta as bandas que, sem revolucionar, nem influenciar, nem causar tanto frisson, acabam fazendo a trilha sonora dos melhores bailes em seus tempos de existência. Suas músicas embalam festas, viram trilhas sonoras de romance e, no fim das contas, vivem para sempre.

Exemplos não faltam nesse caso. Alguns bem bacanas: The Hollies, Three Dog Night, Bread, The Doobie Brothers, Inxs…. Uma jovem inclusão nesse time vencedor é o quinteto americano Maroon 5.

Com seu terceiro álbum de estúdio, o ótimo Hands All Over, que a Universal Music acaba de lançar no Brasil, eles se firmam como fornecedores de hits pra cima e bacanas para as festas da rapaziada do mundo afora.

Com uma década de estrada e nascida das cinzas da banda Kara’s Flowers, o Maroon 5 é integrado por Adam Levine (vocal, guitarra, teclados), Jesse Carmichael (guitarra e teclados), Mickey Madden (baixo), James Valentine (guitarra) e Matt Flynn (bateria).

Seu álbum de estreia, Songs About Jane (2003), emplacou os hits Harder To Breathe, This Love e She Will Be Loved, apresentando uma banda com um som entre o rhythm and blues moderno, o soul, o rock e o pop.

Influências: Inxs, Simply Red, Jamiroquai e até Michael Jackson.

O álbum seguinte, It Won’t Be Soon Before Long (2007) atingiu o primeiro lugar na parada americana, graças a hits como Makes Me Wonder, If I Never See Your Face Again (que eles também gravaram ao lado de Rihanna em disco da cantora) e Won’t Go Home Without You.

Eles encararam agora com categoria a responsabilidade de dar sequência ao estouro dos trabalhos anteriores, e contaram com o apoio do multiplatinado produtor Robert John Mutt Lange, o mesmo por trás de trabalhos marcantes de AC/DC, Bryan Adams, Deff Leppard e Shania Twain (sua ex-mulher).

A produção de Lange aparece de forma discreta e não tira as características que marcam o Maroon 5 desde seu início: a ótima voz de Levine (que se vale do falsete com categoria), o swing de suas batidas rítmicas e os sempre bem arranjados vocais de apoio.

Misery, primeiro single a ser divulgado e a faixa de abertura do álbum, é daqueles hits instantâneos, sendo na linha de Makes Me Wonder mas sem soar como cópia. Acho até melhor do que sua antecessora.

Stutter soa como aqueles rocks com leves pitadas country que fizeram a fama de Shania Twain. Popíssima e de levada dançante, Don’t Know Nothing tem um quê de anos 80, e agrada bem.

I Can’t Lie apresenta uma mistura de soul e pop que lembra bastante o Simply Red. A faixa título é o momento mais pesado do álbum, com guitarras mais ardidas e batida cadenciada a la hard rock.

Just A Feeling é aquela balada rhythm and blues delicada que as rádios adoram tocar à exaustão, embora bem mais inspirada do que a maior parte da produção recente nessa praia musical. É tocar e virar hit.

Runaway investe bem na eletrônica, com um refrão daqueles pegajosos e toques roqueiros.

Out Of Goodbyes conta com a parceria do trio country-pop-rock Lady Antebellum (comentei o segundo e ótimo álbum deles aqui em Mondo Pop), e a mistura de caldo do bom, em uma balada soul country que também tem toda a cara de hit.

O álbum é encerrado com um cover quase nota por nota de Crazy Little Thing Called Love, do Queen, que ficou interessante mas que soa deslocado do resto do álbum, tendo sido encaixado no lugar certo, ou seja, no final.

Hands All Over é daqueles discos perfeitos para você colocar na trilha sonora da sua festinha, logicamente para quem é fã de pop bem feito. Dá para dançar de rosto colado, pular feito doido e se divertir a vontade.

Não revoluciona, não vai virar um recordista de vendas como Thriller, mas certamente cativará os ouvidos de muita gente boa por aí. Merecidamente.

Obs.:  eu vi os caras ao vivo no Brasil em sua mais recente visita, em 2008 (fiz crítica aqui em Mondo Pop, também): eles seguram a onda e tocam muito bem, pondo o povão para dançar sem grande dificuldade.