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Robert Plant:70 anos de idade com Led Zeppelin e bem mais

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Por Fabian Chacur

Em 1968, o ex-cantor do obscuro grupo Band Of Joy recebeu um convite irrecusável. Jimmy Page, guitarrista que havia se tornado famoso no cenário musical como músico de estúdio e integrante da última formação do celebrado The Yardbirds, ofereceu ao vocalista em questão uma vaga em sua nova banda. A resposta positiva equivale ao pontapé inicial rumo ao estrelato do sujeito em questão, um certo Robert Plant, que celebrou 70 anos de idade nesta segunda (20) ainda ativo e relevante.

Quando a banda de Page e Plant lançou seu álbum de estreia, em janeiro de 1969, rapidamente se transformou em uma das formações mais celebradas e icônicas do rock. Em seus 12 anos de existência, o Led Zeppelin vendeu milhões de discos, lotou estádios, superou a perseguição da crítica especializada de então e provou que o rock pesado podia ter horizontes musicais mais amplos e criativos do que alguns roqueiros mais radicais poderiam imaginar.

Com sua voz potente, capaz de alcançar agudos poderosos e também desempenhar muito bem nas regiões mais graves, Robert Plant ainda trazia como atrativos uma postura de palco extremamente eficiente e muito talento como compositor. Sua versatilidade como cantor ajudou o quarteto, que tinha também os brilhantes John Paul Jones (baixo e teclados) e John Bonham (bateria), a mergulhar em sonoridades distintas, criativas e repletas de prazer auditivo.

Não é qualquer cantor que pode se meter a cantar em uma mesma banda rocks pesados como Communication Breakdown, Celebration Day e Whole Lotta Love, blues ardidos e poderosos como Since I’ve Been Loving You, You Shook Me e I Can’t Quit You Baby, canções folk como Tangerine e híbridos como a folk-rock-soul Over The Hills And Far Away e a balada pesada Stairway To Heaven. E isso só para citar algumas das vertentes desenvolvidas pelo grupo…

Com o fim do Zeppelin em 1980, Robert Plant poderia facilmente ter se tornado um daqueles artistas que passa a viver do seu passado de glória. Mas isso não ocorreu. Em 1982, dava início a uma produtiva carreira solo com o lançamento do álbum Pictures At Eleven. Rapidamente se firmou na nova opção de carreira, e em momento algum caiu na tentação de fazer só um pastiche da antiga banda, mesmo não abandonar o rock.

Hits dos anos 1980, como a fortemente influenciada pelo tecnopop Little By Little, o rockão Tall Cool One, a belíssima balada Ship Of Fools e a vigorosa Hurting Kind (I’ve Got My Eyes On You) ilustram bem essa nova fase de sua carreira, ajudando-o a ser o bem-sucedido Robert Plant, e não “apenas” o ex-cantor do Zeppelin.

Com o tempo, retomou sua paixão pelo folk e pelo country e investiu em consistentes trabalhos nesses segmentos, dos mais o mais bem-sucedido em termos artísticos e de vendagens foi o excelente álbum Raising Sand (2007), gravado em dupla com a cantora, compositora e musicista americana Alison Krauss e que lhe rendeu cinco troféus Grammy (incluindo o de álbum do ano), algo que não havia conseguido em sua época de Led Zeppelin.

Nessa abertura por projetos diferenciados, ele foi em 1984 o vocalista principal do EP The Honeydrippers Volume One, no qual releu ao lado de amigos como Jimmy Page, Jeff Beck e Nile Rodgers cinco clássicos do r&b, entre eles a deliciosa balada Sea Of Love, que acabou se transformando em seu maior hit em termos comerciais fora do Zepp.

O mérito de Robert Plant é ainda maior se levarmos em conta que ele teve problemas com as cordas vocais em alguns momentos dessa trajetória, inclusive nos tempos de Zeppelin. Felizmente, conseguiu se recuperar, embora tenha passado a se concentrar um pouco mais nos registros vocais mais graves, sempre de forma inspirada e deliciosa.

Os fãs do Led Zeppelin sempre sonharam com um retorno do grupo, mesmo sem o saudoso baterista John Bonham, cuja morte em setembro de 1980 causou o fim da banda. No entanto, eles só deram algumas poucas oportunidades para saciar as saudades de todos: em 1985, no Live Aid, em 1988, no aniversário de 40 anos da Atlantic Records, e em 2007, com um show completo em Londres registrado e lançado posteriormente em DVD, Blu-ray e CD.

Page e Plant também proporcionaram aos fãs o lançamento de dois álbuns em dupla, No Quarter (1994) e Walking Into Clarksdale (1998). A turnê de divulgação do primeiro os trouxe ao Brasil em janeiro de 1996, em shows no Rio e em São Paulo durante a última edição do festival Hollywood Rock.

Robert Plant cantou no Brasil pela primeira vez em janeiro de 1994, no Rio e em São Paulo, como atração do festival Hollywood Rock. Nessa ocasião, tive a oportunidade de participar da entrevista coletiva concedida por ele em São Paulo no hotel Maksoud Plaza, na qual ele se mostrou simpático e bem-humorado, brincando que ele sempre se mantinha com o visual “carneirinho”, por causa da cabeleira cacheada.

Nessa mesma ocasião, consegui que ele me autografasse a coletânea em vinil Ten For Forty Seven. Lembro que dei a ele a contracapa para o autógrafo, e ele não reconheceu de pronto o álbum, olhando a seguir para a capa e comentando “ah, é Ten For Forty Seven…”.

Seu mais recente trabalho, o CD Carry Fire, saiu em outubro de 2017 e conseguiu ótimo resultado comercial e bons elogios por parte da crítica especializada. Ele foi acompanhado novamente pela banda the Sensational Space Shifters. Em março de 2015, vi o show deles no Lollapalooza Brasil, e fiquei impressionado com a ótima performance de Plant em termos vocais. Feliz 70 anos, mestre!

Tall Cool One (clipe)- Robert Plant:

Threesome mostra sua faceta atual com EP Keep On Naked

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Por Fabian Chacur

Em 2014, com apenas dois anos de estrada, a banda campineira Threesome lançou Get Naked, seu primeiro álbum. Com a saída do vocalista Bruno Baptista, substituído pela cantora Juh Leidl, o quinteto agora nos proporciona um novo lançamento. Trata-se do EP Keep On Naked, que traz três faixas nervosas, vibrantes e que mostram o time afiadíssimo em sua proposta.

A sonoridade defendida pelo grupo que traz Juh Leidl (vocal), Fred Leidl (guitarra, piano e vocal), Bruno Manfrinato (guitarra), Bob Rocha (baixo) e Henrique Matos (bateria) é um rock ardido, com riffs simples e agressivos que beiram o hard rock e denotam influências bacanas dos anos 1960 e 1970. Os músicos atuam de forma coesa, com solos convivendo pacificamente com as canções, sem exibicionismos. A simplicidade é a tônica aqui, mas sem cair no banal.

O nome Threesome (termo em inglês equivalente ao ménage a trois francês) dá uma dica sobre as letras (todas em inglês) das suas composições, que enfocam as relações sexuais e afetivas de forma aberta e sem muitas amarras. A entrada da carismática Juh e a boa voz de Fred abrem perspectivas vocais muito bacanas para a banda que podem se tornar um belo diferencial, se continuarem sendo desenvolvidas conforme o material deste novo EP nos indica.

Duas das faixas, Sweet Anger e ERW, são releituras de canções presentes no álbum de estreia, só que reestruturadas para a nova configuração do time, sendo My Eyes totalmente inédita. A gravação analógica e a captação, mixagem e masterização feitas em Campinas (SP) pelo experiente Maurício Cajueiro (que trabalho com nomes gigantes do porte de Stephen Stills, Steve Vai, Glenn Hughes, Gene Simmons e Linkin Park) proporcionaram ao material um impacto sonoro comparável ao das melhores formações gringas, em termos técnicos.

Keep On Naked e seu ótimo conteúdo equivalem a uma bela amostra do que a Threesome poderá nos proporcionar nos próximos anos, e certamente deixará os admiradores de um rock ardido e bem concatenado extremamente curiosos para acompanhar os próximos passos dessa trajetória musical. E tomara que eles saibam aproveitar com inteligência e sensibilidade as possibilidades que a combinação das vozes dos seus dois cantores poderão lhes proporcionar.

Sweet Anger (lyric video)- Threesome:

Robert Plant e Chrissie Hynde lançam um dueto em outubro

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Por Fabian Chacur

Um dueto reunindo duas gerações do rock está previsto para ser lançado no dia 3 de outubro. A gravação reúne Robert Plant, vocalista do lendário Led Zeppelin na década de 1970 e desde os anos 1980 um artista solo de muito sucesso, e Chrissie Hynde, líder dos Pretenders, uma das bandas mais bem-sucedidas do rock oitentista. A faixa integrará o novo trabalho do cantor e compositor britânico, intitulado Carry Fire.

A música escolhida por eles para sua gravação em dupla foi pinçada a dedo. Trata-se de Bluebirds Over The Mountain, que fez sucesso em 1958 com o seu autor, o cantor americano de rockabilly Ersel Hickey, e também em regravações de Ritchie Valens (aquele de La Bamba e Donna) e dos Beach Boys. Plant usou um trecho dessa música como introdução para Rock And Roll em shows que fez em 2016.

Carry Fire é o primeiro álbum do icônico roqueiro desde Lullaby And…The Ceaseless Roar (2014). O trabalho traz 11 faixas, e também participam dele a violoncelista albanesa Redi Hasa e o badalado músico folk irlandês Seth Lakeman. Uma faixa do disco acaba de ser lançada em single, o ótimo rockabilly com toques orientais The May Queen.

Além do novo álbum, Robert Plant também anunciou que fará uma nova turnê mundial ao lado de sua mais recente banda de apoio, a competente e criativa The Sensational Space Shifters, que está prevista para ter início em novembro, abrangendo inicialmente o Reino Unido. As datas desses shows será divulgada em breve em seu site oficial.

The May Queen– Robert Plant:

Broken Jazz Society lança um EP totalmente endiabrado

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Por Fabian Chacur

O rock brasileiro plantou boas sementes em Uberaba, importante cidade mineira. Lá se encontra a banda Broken Jazz Society, que estreou em disco em 2014 com o álbum Tales From Purple Land. Agora, eles voltam à cena com o EP Gas Station, que traz três faixas que merecem ser consideradas totalmente endiabradas. É uma amostra do mais puro rock and roll, com direito a muita energia, requinte e assinatura própria e personalizada.

Integram a Broken Jazz Society Mateus Graffunder (guitarra e vocal), João Fernandes (baixo) e Felipe Araújo (bateria). Partem de um conceito de power trio que não se prende a virtuosismos ou guerra de egos, apostando em peso, alternância de climas, respeito às canções que grava e pura concisão, mostrando criatividade, energia e diversidade em canções durando entre três e quatro minutos.

A banda se situa na área do stoner rock, estilo que tem em grupos como Kyuss e Queens Of The Stone Age seus seguidores mais famosos e no qual ocorre uma mistura de heavy metal a la Black Sabbath, punk rock e até eventuais viagens sonoras a la Pink Floyd. Oasis, Soundgarden e Alice In Chains são outras possíveis influências no som da BJS.

Na verdade, esse rótulo (stoner rock) é apenas uma referência, pois a BJS apresenta mais elementos bacanas no seu trabalho. Melhor não ficar perdendo tempo em tentativas de rotulação, e ir direto à audição.

Gas Station, a faixa título, alterna climas, indo do hard rock pesadão ao punk acelerado em questão de segundos, mas de forma bem concatenada. Riot Spring, regravação de uma música incluída no álbum de estreia, esbanja timbres ardidos de forma contundente. O EP é encerrado com Mean Machine, espécie de balada rock com pitadas de Pink Floyd e Oasis que traz um solo de guitarra vibrante. No total, as três músicas somam em torno de 12 minutos.

São 12 minutos que deixam o ouvinte com coceira nos ouvidos, querendo ouvir mais. E essa é uma característica que todo o EP deveria ter. Gas Station tem tudo para gerar esse efeito em quem resolver dar uma chance a ele. A banda define esse trabalho como o fim de um ciclo. Dessa forma, criaram grande expectativa positiva para o segundo álbum, previsto para sair em um futuro não tão distante. Stoner rock? Melhor definir como Broken Jazz Society Rock!

Gas Station (clipe)- Broken Jazz Society:

Richie Sambora fará 2 shows em São Paulo com Orianthi

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Por Fabian Chacur

Richie Sambora se apresentou ao vivo pela primeira vez no Brasil em 1990, com duas performances no Hollywood Rock Festival. Desde então, ele voltou algumas vezes, sempre com o grupo que o tornou conhecido mundialmente, o Bon Jovi. Em julho, seus fãs tupiniquins poderão rever o guitarrista e vocalista americano, mas desta vez em carreira solo. Ou melhor, em dupla com outra guitarrista e vocalista, a australiana Orianthi. Um casal muito competente.

A dupla Sambora/Orianthi será a principal atração do Samsung Best Of Blues Festival. Estão programadas duas apresentações em Sampa City, uma no dia 8/7 no Tom Brasil (os ingressos começarão a ser vendidos em breve) e outra gratuita no Parque do Ibirapuera no dia 10 de julho. Os shows mostrarão aos brasileiros uma nova fase na carreira do músico, que saiu do Bon Jovi em 2013, após 30 anos e mais de 130 milhões de discos vendidos mundo afora.

Na verdade, Richie Sambora já tinha uma carreira-solo que levava de forma paralela. O primeiro disco nesse formato, Stranger In This Town, saiu em 1991, e contou com a participação de Eric Clapton. Undiscovered Soul (1998) e Aftermath Of The Lowdown (2012) foram as suas outras incursões individuais até o momento. Ele também regravou em 1990 a música The Wind Cries Mary, de Jimi Hendrix, para a trilha do filme The Adventures Of Ford Fairlane.

No Reveillon de 2014, Mr.Sambora conheceu Orianthi durante uma jam session, e a semente para uma dobradinha no mundo da música e também no afetivo surgiu ali mesmo. Os primeiros shows em dupla começaram naquele mesmo 2014, com direito a passagem pelo enorme Download Festival. Eles estão gravando o primeiro álbum, com participações confirmadas de Darryl Jones (baixista dos Rolling Stones) e William Calhoun (baterista do Living Colour), sendo que os nomes de Buddy Guy e Stevie Wonder também estão sendo especulados.

Para quem não tem a menor ideia de quem seja a parceira atual de Richie Sambora, lá vai uma biografia resumida da moça. Orianthi Panagaris nasceu em Adelaide, Austrália, em 22 de janeiro de 1985, filha de uma família de origem grega. Começou a tocar com apens seis anos de idade. Aos 11 aninhos, seu pai a levou para ver um show de Carlos Santana, e a jovem loirinha não só ficou encantada com o músico como decidiu ser guitarrista profissional ali mesmo.

Quando Santana voltou a tocar na Austrália, Orianthi tinha 18 anos, e ali foi a vez de o astro mexicano ouvir a moça tocar e ficar encantado, a ponto de ela ter participado de seu show. A cantora e guitarrista lançou dois CDs independentes, Under The Influence e Violet Journey, e em 2006 se mudou para os EUA no final de 2006, sendo contratada pela Geffen Records (hoje selo da Universal Music).

Na terra de Barack Obama, foi contratada para ser a guitarrista da estrela pop Carrie Underwood. Ao participar da cerimônia do Grammy em 2009 com a cantora, foi vista por Michael Jackson, que não demorou a convidá-la para entrar em sua banda. Orianthi ensaiou por meses com o Rei do Pop, mas a turnê nunca se concretizou, pois o autor de Billie Jean morreu em 25 de junho de 2009. Ela, no entanto, tem presença importante no filme This Is It, que registra exatamente essa fase de preparação da turnê tristemente abortada.

Nesse mesmo 2009, Orianthi lançou o álbum Believe, do qual faz parte o hit According To You. Em 2011, ela entrou na banda de Alice Cooper, com quem tocou até 2014, participando de duas turnês mundiais. Em seu currículo, também constam trabalhos com Carlos Santana, Steve Vai, Michael Bolton, Prince, ZZ Top, Adam Lambert, John Mayer e Dave Stewart (com quem gravou o álbum Heaven In This Hell em 2013).

Em entrevista concedida em fevereiro de 2016 antes de uma cerimônia de premiação da Billboard, Richie Sambora definiu de forma bem-humorada seu trabalho com Orianthi como “Sonny & Cher com esteroides”. Fica a curiosidade para conferir ao vivo o show deles, e também em breve como soará esse CD da dupla. Será que Jon Bon Jovi irá curtir? Aguardem as cenas dos próximos capítulos!

I Got You Babe– Richie Sambora & Orianthi (trecho):

Richie Sambora e Orianthi em uma loja de guitarras raras (Norman’s Rare Guitars-Tarzana-California):

Richie Sambora – Orianthi – Stranger in this town live Download festival 2014:

Herman Rarebell conta suas memórias com os Scorpions

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Por Fabian Chacur

De 1977 a 1995, Herman Rarebell foi o baterista de uma das bandas de maior sucesso da história do hard/heavy metal e que colocou a Alemanha no mapa desse gênero musical em termos mundiais, os Scorpions. Ele conta as histórias sobre esse período de sua carreira e também outras memórias bem bacanas sobre o antes e depois no livro Scorpions-Minha História em uma das Maiores Bandas de Todos os Tempos (Panda Books), que este crítico comprou a módicos R$ 10,00. Bom negócio!

A trajetória do baterista alemão nascido em 18 de novembro de 1949 é repleta de momentos interessantes, e ele nos conta tudo, com o auxílio do jornalista Michael Krikorian, de uma forma repleta de bom humor e sem cair na linearidade. Entre um acontecimento e outro, Rarebell dá suas opiniões sobre os mais diversos assuntos, incluindo muita coisa sobre relações afetivas e sexuais e a vida de um rocker na estrada.

Quando entrou nos Scorpions, a banda já estava há seis anos na estrada, com sucesso apenas mediano. Não por acaso, a partir de sua integração no time, a partir do álbum Taken By Force (1977), as coisas foram melhorando. Uma curiosidade é saber que o músico foi selecionado pelo grupo alemão em Londres, onde Rarebell morou durante uns bons anos, tocando e participando de gravações em estúdios na cidade britânica.

Graças a seu melhor conhecimento da língua inglesa, Rarebell logo se tornou um dos principais letristas da banda, e colaborou para a composição de hits marcantes como Blackout e Rock You Like a Hurricane, entre outros. Nos anos 1980, os Scorpions entraram no primeiro time do rock internacional, e Herman Ze German (seu apelido) teria participação decisiva para que isso ocorresse, com seu carisma e talento.

A ascensão da banda, o relacionamento entre eles, a importância do produtor Dieter Dierks, as turnês, a passagem pelo Brasil no primeiro Rock in Rio em 1985, sua fase como artista solo pós 1995, está tudo lá, com detalhes bem bacanas. O texto às vezes fica “viajante” demais, mas não a ponto de atrapalhar quem deseja saber mais sobre ele e os Scorpions. Se encontrar a preço bacana, pode pegar sem susto.

Blackout– Scorpions:

Rock You Like a Hurricane– Scorpions:

Take It As It Comes– Herman Rarebell:

Fabiano Negri apresenta hard rock e bem mais em novo CD

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Por Fabian Chacur

Há quem grave discos para tentar “virar astro pop”, “ficar famoso”, “encher os bolsos de dinheiro”, “comprar uma casa pra mãe” e outros objetivos do gênero. Outros entram em um estúdio para sair dele com um trabalho do qual se orgulhe e que cative as pessoas pela razão certa, ou seja, qualidade artística. O cantor, compositor e músico Fabiano Negri se encaixa feito luva nesta última hipótese, como prova seu segundo CD, Maybe We’ll Have a Good Time…For The Last Time.

Ex-integrante da banda Rei Lagarto, o artista oriundo de Campinas (SP) lançou seu primeiro trabalho solo, A Practical Guide To Throwing Money Away em 2010. Ele retorna com um álbum que traz o hard rock como base, mas não se limita a esta importante tendência do nosso amado rock and roll, oferecendo-nos variedade e diversidade.

As 12 faixas do CD nos trazem à mente belas referências sonoras, entre as quais Deep Purple, Whitesnake, Doobie Brothers, Free, Santana, Fleetwood Mac da fase inicial (com Peter Green) e mesmo David Bowie em seu período The Man Who Sold The World. Tudo pontuado por uma voz potente e rascante, que Negri explora sem medo de ser feliz.

Os arranjos instrumentais se valem do aproveitamento de ótimos músicos, entre os quais Wagner Barducci (teclados), Ricardo Palma (baixo e guitarra), James Twin (guitarra, também ex-Rei Lagarto) e Elthon Dias (bateria). Em três faixas, Negri se basta: voz e piano na doce Beauty, voz e violão na quase folk In a Different Way e no melhor estilo “banda do eu sozinho” (guitarra, baixo, bateria e teclados) na viajante e repleta de boas surpresas Enemies.

A power ballad The Fall, a soturna e “bowiesca” Potsdamer Platz e a quase latina e com forte influência de Doobie Brothers Real Woman são belas amostras de um disco de rock que não se limita a um único rumo, ousando e levando o ouvinte a um roteiro musical dos mais ricos. E vale também elogiar a guitarra elegante de Negri, sempre bem colocada e sem exageros.

Maybe We’ll Have a Good Time…For The Last Time é um daqueles trabalhos que valoriza e muito o rock brasileiro, independente de ter todas as letras em inglês. Coisa de quem não só tem talento como se preparou muito bem para o ofício ao qual se propôs a realizar. Fabiano Negri é um dos caras que a gente pode citar quando alguém vier com esse papo furado de que “o rock morreu”. Mas não mesmo!

Potsdamer Platz– Fabiano Negri:

Ouça o CD de Fabiano Negri na íntegra em streaming:

New Jersey, do Bon Jovi, volta em caprichada edição Deluxe

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Por Fabian Chacur

O grupo americano Bon Jovi demorou três álbuns para conseguir chegar ao topo do universo roqueiro. Quando isso ocorreu, no entanto, foi a glória. Slippery When Wet (1986) vendeu milhões de cópias no mundo todo e colocou o quinteto à frente dos concorrentes no setor heavy metal melódico. Mas como fazer para manter esse sucesso todo? Eis o desafio que seu disco posterior, New Jersey, teve de encarar.

A Universal Music acaba de lançar no Brasil uma Deluxe Edition deste álbum que nos permite a chance de entender o porque New Jersey conseguiu atingir o seu objetivo, que era firmar de vez a banda integrada por Jon Bon Jovi (vocal), Richie Sambora (guitarra), Alec John Such (baixo), Tico Torres (bateria) e David Bryan (teclados) no topo do universo roqueiro em termos comerciais.

Logo após o fim da turnê que divulgou Slippery When Wet, o grupo concentrou esforços no sentido de reunir um novo repertório consistente. A escolha foi cirúrgica, com canções na mesma linha do trabalho anterior, mas sem cair em uma repetição exagerada. Ou seja, mantinham o estilo vencedor, mas sem xerocopiá-lo em demasia.

No setor rocks mais ardidos, temos Lay Your Hands On Me, Bad Medicine e Homebound Train como destaques. A balada mais ardida Wanted Dead Or Alive do disco anterior teve como sucessora a ótima Stick To Your Guns, enquanto as românticas mais melosas tiveram em Born To Be My Baby e I’ll Be There For You os momentos que cativaram as fãs mundialmente.

New Jersey vendeu tanto quanto Slippery When Wet e de quebra gerou uma turnê mundial que durou 16 meses, com direito a 267 shows em 26 países, incluindo o Brasil, onde eles tocaram pela primeira vez em janeiro de 1990 durante o badalado Hollywood Rock Festival no Rio e em São Paulo. A partir de então, o Bon Jovi nunca mais saiu dos estádios e das paradas de sucesso.

A caprichada Deluxe Edition de New Jersey traz dois CDs. No primeiro, o álbum original remasterizado e com o acréscimo de três faixas bônus: The Boys Are Back In Town (cover da banda Thin Lizzy), Love Is War e a versão acústica de Born To Be My Baby, que Jon Bon Jovi considera melhor do que o registro elétrico incluído no álbum normal.

O segundo CD inclui as demos gravadas para o álbum e até então inéditas, com direito a versões bem mais cruas de algumas das faixas de New Jersey e também algumas que não saíram nesse disco, sendo ou gravadas posteriormente pela própria banda ou registradas por artistas como Cher e Alice Cooper. De quebra, uma embalagem linda e um encarte luxuoso com direito a texto impecável contando a história do CD, letras e ficha técnica completa.

Ouça em streaming o CD New Jersey, do Bon Jovi:

Ouça em streaming o CD bônus da edição Deluxe de New Jersey:

O rock brasileiro perde Helcio Aguirra

Por Fabian Chacur

Hélcio Aguirra, um dos melhores guitarristas da história do rock pesado brasileiro, nos deixou na tarde desta terça-feira (21) aos 56 anos. Ele foi encontrado morto no apartamento onde morava em São Paulo. Segundo o seu primo Cauê Badaró, que anunciou a triste notícia em post no Facebook, a causa da morte pode ter sido a hipertensão que o levou a ser internado algumas vezes em 2013.

Tive a oportunidade de conhecer Hélcio lá pelos idos de 1984, quando ele colaborou com a organização do evento Praça do Rock, que era realizado no Parque da Aclimação em São Paulo e reunia as melhores bandas independentes de rock da época em épicos shows gratuitos ao vivo. Naquela época, ele já brilhava como integrante da primeira formação da banda Harppia, que fez show memorável naquele evento.

Ao lado de Jack Santiago (vocal), Marcos Patriota (guitarra), Ricardo Ravache (baixo) e Tibério Correa (bateria), Hélcio gravou em 1985 o primeiro álbum do grupo, o excepcional A Ferro e Fogo, pela Baratos Afins do sempre visionário Luis Carlos Calanca. O disco é até hoje referência no heavy metal brasileiro, com direito a clássicos como A Ferro e Fogo, Náufrago e especialmente o hino Salém (A Cidade das Bruxas).

Pouco depois, Aguirra sairia do Harppia com o intuito de investir em outro projeto, desta vez dedicado ao hard rock. Nascia o Golpe de Estado, que em sua formação inicial e clássica trazia Catalau (vocal), Nelson Brito (baixo) e Paulo Zinner (bateria), além de Hélcio na guitarra. Em 1986, a mesma Baratos Afins lançaria o autointitulado álbum de estreia do quarteto.

Esse outro momento mágico do rock nacional trouxe como destaques as ótimas Society, Sem Ser Vulgar, Olhos de Guerra e a excepcional Pra Conferir, com seu refrão irresistível e sua letra satirizando as mancadas de nosso rock and roll tupiniquim. Em 1988, Forçando a Barra manteria a banda no topo, incluindo Noite de Balada, Moondog e Onde Há Fumaça Há Fogo, esta última com vocais de Arnaldo Antunes e Branco Mello.

No fim dos anos 80, o Golpe de Estado seria contratado pela Gravadora Eldorado, onde também lançou ótimos álbuns e ampliou ainda mais seu público. Os shows do quarteto sempre foram envolventes, com o carisma de Catalau, a excelência da guitarra de Aguirra, a segurança do baixista Britto e a desenvoltura do baterista Zinner, que depois tocou com Rita Lee.

A partir da metade dos anos 90, Catalau saiu do Golpe, que mesmo assim se manteve na ativa com mudanças na formação e com Hélcio Aguirra no time. O mais recente álbum da banda, Direto do Fronte, saiu em 2012, e conta com a participação especial de Dinho Ouro Preto, do Capital Inicial. Hélcio também era conhecido como especialista em aparelhos eletrônicos com válvulas, e prestou serviços para grandes nomes de nosso rock and roll.

Além de grande músico e especialista na parte técnica do rock, Hélcio Aguirra era extremamente humilde e simpático. Tive a oportunidade de entrevista-lo por várias vezes nesses anos todos, e cada papo equivalia a um prazeroso aprendizado de elementos do rock, da técnica musical e da vida mesmo. Mais um sujeito gente boa que nos deixa rumo a algum lugar que, torcemos, seja melhor do que esse Vietnã aqui.

Pra Conferir, com o Golpe de Estado:

Onde Há Fumaça Há Fogo, com o Golpe de Estado:

Festival Monsters Of Rock será em outubro

Por Fabian Chacur

Começam a ser vendidos na próxima terça-feira (25) os ingressos para o festival Monsters Of Rock, que voltará a ser realizado no Brasil após 15 anos. A quinta edição nacional do evento dedicado ao hard rock e heavy metal será realizado nos dias 19 e 20 de outubro na Arena Anhembi (av. Olavo Fontoura, 1.209-Santana), em São Paulo.

No dia 19/10, os americanos da impactante e pesadíssima banda americana Slipnkot serão a atração principal, em um elenco que inclui também Korn, Limp Biskit, Killswitch Engage, Hatebreed e Gojira, em programação voltada para o nu metal e as tendências surgidas nas últimas duas décadas nesse estilo.

No dia 20/10, a programação aposta no hard rock clássico dos anos 70 e 80, capitaneada por Steven Tyler e seu Aerosmith. Temos também Whitesnake, Ratt, Buckcherry e a versão do Queensryche que traz como líder seu vocalista original, Geoff Tate, contando com convidados como o consagrado baixista Rudy Sarzo (Quiet Riot, banda solo do Ozzy etc).

Criada na Inglaterra em 1980, a franquia Monsters Of Rock teve 49 edições internacionais em outros 15 países, entre os quais Brasil, Alemanha, Suécia, Itália, Argentina e Chile. Por aqui, tivemos sua primeira edição realizada em 27 de agosto de 1994, no estádio do Pacaembu (SP), incluindo Kiss, Slayer, Black Sabbath, Suicidal Tendencies, Viper, Dr Sin, Raimundos e Angra.

Em 2 de setembro de 1995, o Monsters Of Rock teve novamente como palco no Brasil o estádio do Pacaembu, e trouxe Ozzy Osbourne, Alice Cooper, Faith No More, Megadeth, Therapy?, Paradise Lost, Virna Lisi, Clawfinger e Rata Blanca. No mesmo local, em 24 de agosto de 1996, foi a vez de Iron Maiden, Skid Row, Motorhead, Biohazard, Raimundos, Helloween, King Diamond, Mercyful Faith e Heroes Del Silêncio.

A quarta edição brasileira do Monsters Of Rock ocorreu na Pista de Atletismo do Ibirapuera no dia 26 de setembro de 1998, tendo como atrações Slayer, Megadeth, Manowar, Dream Theater, Saxon, Savatage, Glenn Hughes, Korzus e Dorsal Atlântica. A partir daí, foram 15 anos de espera para esta nova edição.

Os ingressos custam R$ 300 por dia ou R$ 560 para os dias, em seu primeiro lote. Maiores informações podem ser obtidas através do fone 4003-1527 ou pelo site www.livepass.com.br . Existem pontos de vendas físicos em vários locais da cidade.

Ouça o álbum Toys In The Attic, do Aerosmith, na íntegra:

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