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Tony Iommi conta seus causos em uma autobiografia bacana

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Por Fabian Chacur

Para quem pensa que o Black Sabbath em sua formação original tinha só um doidão, no caso o impagável Ozzy Osbourne, recomendo a imediata leitura de Iron Man- Minha Jornada Com o Black Sabbath (Iron Man- My Journey Through Heaven And Hell With Black Sabbath-Editora Planeta), deliciosa autobiografia na qual Tony Iommi, o guitarrista da banda, conta seus impagáveis causos durante uma carreira iniciada nos anos 1960 e na ativa até hoje.

O livro tem início no episódio que poderia ter dado cabo de suas ambições no mundo da música. Aos 17 anos, em 1965, quando já dava os primeiros passos como guitarrista de rock, Iommi sofreu um acidente no seu último dia trabalhando em uma fábrica em sua cidade natal, Birmingham. Resultado: a perda das extremidades dos dois dedos do meio de sua mão direita.

Se isso já seria terrível para um músico destro, para o canhoto Iommi aquilo se mostrou praticamente a sentença de morte para ele em termos profissionais. O cara, no entanto, mostrou fibra e superou inúmeros desafios, criando no processo um estilo próprio e inimitável de tocar que ajudou a gerar alguns dos mais poderosos riffs da história do rock.

Com a ajuda de T.J. Lammers, que se incumbiu de colocar no papel os depoimentos, o guitarrista nos conta de forma detalhada como ocorreu todo esse doloroso processo. Sem choradeira e de forma bem-humorada. A história da banda que o tornou famoso mundialmente também surge de um jeito descontraído e esclarecedor.

Ozzy, por exemplo, surgiu na vida de Iommi ainda na escola, quando tiveram pouco contato, pois o cantor era um pouco mais novo do que ele. Anos depois, quando estava atrás de um vocalista para o que viria a ser o Black Sabbath, o guitarrista tomou um susto ao ver que o cara que respondeu o anúncio que havia colocado era aquele colega pateta.

Durante o decorrer das 400 páginas do livro (que você devora com avidez), o coautor de clássicos como Sabbath Bloody Sabbath, Iron Man, Paranoid, Heaven And Hell e Tomorrow’s Dream, entre inúmeros outros, nos conta como foram gravados seus álbuns, bastidores das turnês do grupo, o entra e sai de músicos e tudo o mais.

Sabemos, por exemplo, como foi a curta passagem de Tony pelo Jethro Tull, com direito a participação no mitológico filme Rock And Roll Circus, dos Rolling Stones, as brincadeiras que os músicos do grupo faziam entre si, incluindo botar fogo (literalmente!) no baterista Bill Ward, o consumo de drogas e mesmo as relações afetivas do músico britânico.

Entre outras curiosidades, ficamos sabendo que um dos vocalistas testados para substituir Ozzy Osbourne em sua saída do Black Sabbath em 1980 foi ninguém menos do que Michael Bolton, que, depois, tornou-se astro do soul pop. Ele, na época, cantou em uma banda de hard rock ao lado do guitarrista Bruce Kulick, que depois integraria o Kiss.

A entrada no Sabbath de Ronnie James Dio tem bom espaço no livro, incluindo as brigas entre ele e Iommi, o retorno dessa formação nos anos 1990 e uma nova encarnação dessa escalação, já como Heaven & Hell (nome do disco mais famoso dessa era) nos anos 2000. Fica claro que Dio e Ozzy se odiavam de forma intensa.

A narrativa vai até 2010, meses antes do lançamento do livro no exterior (saiu por aqui em 2013). Não relata, portanto, as gravações do disco do retorno aos estúdios da formação original do Black Sabbath (13) e os recentes problemas de saúde de Iommi, que aparentemente estão sendo controlados. Um livro muito bom de se ler para quem quer saber mais sobre um dos inventores do heavy metal.

Sabbath Bloody Sabbath– Black Sabbath:

Tomorrow’s Dream– Black Sabbath:

Heaven And Hell– Black Sabbath:

Ozzy diverte os jornalistas em coletiva do Monsters Of Rock

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Por Fabian Chacur

A grande atração para os fãs de rock pesado em São Paulo neste fim de semana é o festival Monsters Of Rock, que ocorre neste sábado (25) e domingo (26) na Arena Anhembi. Como forma de promover o evento, rolou na noite desta sexta (24) uma entrevista coletiva na qual a estrela foi o sempre impagável Ozzy Osbourne, que divertiu os jornalistas.

Ozzy, que será a atração principal de hoje, veio ao hotel Renaissance (local da coletiva) acompanhado pelos músicos de sua banda de apoio, que elogiou (“tenho muita sorte por sempre tocar com os melhores músicos”). Ele também jogou confetes em seus fãs brasileiros (“vocês tem música no seu sangue, nas suas veias”). Quanto ao show, ele afirma que, toda a noite, “desejo fazer o melhor show da minha vida, seja onde for ou como for”.

Com várias respostas curtas, em alguns momentos o cantor não entendia as perguntas feitas diretamente em inglês pelos jornalistas (não havia intérprete), e pedia ajuda ao músico que estava do seu lado. Ria o tempo todo. “Não sei como consigo ter tantos fãs adolescentes atualmente, mas adoro isso”. Quanto à idade, ele diz se sentir mais jovem hoje do que quando tocou no Monster Of Rock no Brasil em 1995.

Quando um jornalista tentou tirar uma declaração negativa dele em relação ao astro pop Justin Bieber, ele cortou na hora: “ele é um bom amigo!”. Também não deu importância a uma questão sobre qual seria seu personagem favorito de histórias em quadrinhos. “Eu não leio histórias em quadrinhos!”. E anunciou que fará a última turnê com o Black Sabbath em 2016.

O fim da coletiva não poderia ter sido melhor. Duas garotas perguntaram como ele fazia para se manter em forma, e afirmaram que ele era muito sexy no palco. O cara riu. Quando a coletiva acabou, ele tirou foto aos lado das duas garotas, que saíram de cena com um sorriso de orelha a orelha. Príncipe das Trevas ou Príncipe do Bom Humor?

Judas Priest e as outras bandas

Antes de Ozzy dar seu show particular, tivemos a presença de outra banda marcante na história do heavy metal, o Judas Priest. Com quatro décadas de estrada, eles atualmente vivem uma grande fase em termos comerciais. Redeemer Of Souls (2014), seu mais recente CD, atingiu o sexto posto na parada americana, o lugar mais alto atingido por um de seus trabalhos por lá.

Glenn Tipton, um dos guitarristas da banda, atribui um pouco da responsabilidade por tal sucesso ao também guitarrista Richie Faulkner, que em 2011 entrou no lugar de KK Downing. “É incrível como Richie se encaixou bem na banda, como músico e também como pessoa, ele foi um catalizador para a fase atual que vivemos, que é muito positiva”.

O vocalista Rob Halford, um dos maiores ícones do rock e apelidado de Metal God por fãs e pela crítica especializada, afirmou ter boas lembranças da primeira presença do Judas Priest no Brasil, que ocorreu na edição de 1991 do Rock In Rio, realizado no estádio do Maracanã. “Tenho uma foto aqui no meu iPhone dos ensaios no Rio. Foi incrível e intimidador tocar no Brasil pela primeira vez diante de tanta gente, uma experiência incrível”.

O grupo alemão Primal Fear conta com um trunfo para seu show no Monsters Of Rock. Na estrada desde 1997, eles incorporaram recentemente ao time o baterista sul-africano radicado no Brasil Aquiles Priester, conhecido por seu trabalho com bandas como Hangar e Angra. “Quando o Hangar estava no começo, tocávamos duas músicas do Primal Fear. Hoje, quando toco essas mesmas músicas, como integrante do Primal Fear, parece um conto de fadas para mim”.

O Primal Fear havia acabado de voltar de Curitiba, onde fez shows, e os integrantes dizem ter adorado o público e também os vários tipos de caipirinha que experimentaram por lá. De quebra, um deles começou a cantar Ai Se Eu Te Pego, de Michel Teló, enquanto outro imitou a famosa coreografia. Até o mundo do metal se rendeu a esse hit sertanejo!

Uma das bandas mais interessantes incluídas na programação do Monsters Of Rock veio à coletiva representada pelos argentinos Sr. Flavio (baixista, conhecido por seu trabalho com a consagrada banda Los Fabulosos Cadillacs) e Andres Gimenez (cantor da banda punk Animal). O grupo também inclui o brasileiro Andreas Kisser (Sepultura) na guitarra e o mexicano Alex González (Maná) na bateria.

Há um ano e meio na estrada e com um álbum autointitulado no currículo, o quarteto canta suas músicas em português e castelhano. “Os músicos precisam ter a liberdade de cantar na língua que acharem melhor, da forma que se sintam mais cômodos”, defendem. Eles voltarão ao Brasil em setembro para tocar no Rock in Rio. “É uma honra tocar em eventos tão grandes como esses”.

Monsters Of Rock 2015- Line up:

Sábado, 25 de abril

12h – De La Tierra
13h05 – Primal Fear
14h20 – Coal Chamber
15h50 – Rival Sons
17h20 – Black Veil Brides
18h50 – Motörhead
20h40 – Judas Priest
22h30 – Ozzy Osbourne

Domingo, 26 de abril

12h15 – Doctor Pheabes
13h05 – Steel Panther
14h20 – Yngwie Malmsteen
15h50 – Unisonic
17h20 – Accept
18h50 – Manowar
20h40 – Judas Priest
22h30 – Kiss

Preços: R$ 400,00 (um dia) e R$700,00 (os dois dias)

fone 4003-1212

http://www.ingressorapido.com.br/Evento.aspx?ID=38297O

Veja a coletiva de Ozzy Osbourne:

No More Tears– Ozzy Osbourne:

Breaking The Law– Judas Priest:

Maldita Historia– De La Tierra:

Van Halen lançará CD ao vivo com David Lee Roth no vocal

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Por Fabian Chacur

Pode parecer incrível, mas o Van Halen, considerada uma das melhores bandas em cena de todos os tempos, nunca lançou um álbum gravado ao vivo com seu vocalista original, o espetacular David Lee Roth. Pois essa lacuna será preenchida, segundo informações do site americano da Rolling Stone. Temos até data certa para isso: 31 de março de 2015.

Nesse dia, chegará ao mercado Tokyo Dome Live In Concert, gravado ao vivo em 21 de junho de 2013 no Japão. O álbum sairá nos formatos CD duplo e LP de vinil quádruplo de 180 gramas. O repertório traz 23 músicas, mesclando clássicos do repertório da formação original do quarteto como Jump e Runnin’ With The Devil com canções de seu mais recente trabalho de estúdio, A Different Kind Of Truth (2012), como por exemplo o single Tattoo.

Vale lembrar que o único trabalho ao vivo lançado anteriormente pelo grupo do guitarrista Eddie Van Halen é Live: Right Here Right Now (1993), gravado com o vocalista Sammy Hagar. Uma curiosidade: naquele trabalho, Hagar releu algumas músicas da fase com Lee Roth, mas este só investiu em faixas da sua fase com o grupo americano.

Outra boa notícia envolvendo o Van Halen, que depois de vários shows em 2013 está atualmente fora de cena em termos de turnês, é o início do lançamento de versões remasterizadas de seus álbuns do período 1978-1984, gravados com sua escalação original. Iniciam a série também em março Van Halen (1978) e 1984 (1984). Dois álbuns clássicos do rock.

Conheça o repertório de Tokyo Dome Live In Concert:

1. Unchained
2. Runnin’ With The Devil
3. She’s The Woman
4. I’m The One
5. Tattoo
6. Everybody Wants Some!!
7. Somebody Get Me A Doctor
8. Chinatown
9. Hear About It Later
10. (Oh) Pretty Woman
11. Me & You (drum solo)
12. You Really Got Me
13. Dance The Night Away
14. I’ll Wait
15. Cradle Will Rock
16. Hot For Teacher
17. Women In Love
18. Romeo Delight
19. Mean Street
20. Beautiful Girls
21. Ice Cream Man
22. Panama
23. Eruption
24. Ain’t Talkin’’Bout Love
25. Jump

Van Halen ao vivo em 1983- California-show completo:

Banda Uganga lança um clipe para divulgar a música Casa

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Por Fabian Chacur

Em coquetel realizado em casa noturna na zona oeste de São Paulo que contou com a presença de inúmeros jornalistas, músicos e críticos musicais, o Uganga lançou seu novo CD, Opressor. Como forma de marcar o início da divulgação do álbum, o quinto de sua discografia, o quinteto mineiro lançou também um clipe para ilustrar a música Casa.

Com direção a cargo de Eddie Shumway, conhecido por seus trabalhos anteriores com a banda, Casa é um faixa potente e conta com cenas gravadas durante turnê europeia realizada por eles que passou por oito países. A estreia do clipe ocorreu durante a edição de número 62 do Programa Arte Extrema, e já está disponível no canal exclusivo da banda no Youtube, que traz outros registros dos caras.

Com 20 anos de estrada, a banda mineira Uganga conta atualmente com Manu Joker (vocal), Christian Franco (guitarra), Thiago Soraggi (guitarra), Raphael Ras Franco (baixo e vocal) e Marcos Henriques (bateria e vocal). Opressor, seu novo álbum, é o sucessor do impressionante Eurocaos Ao Vivo (2013), álbum gravado ao vivo durante turnê europeia da banda e com direito a embalagem contendo encarte luxuoso repleto de fotos e com texto contando a aventura do time de thrashcore pelos palcos do Velho Mundo.

Veja o clipe oficial de Casa, do Uganga:

Higher mostra o heavy metal diferenciado em seu 1º CD

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Por Fabian Chacur

Cezar Giraldi (vocal) e Gustavo Scaranelo (guitarra) tiveram sua primeira experiência com o heavy metal em 1995, com a efêmera banda Second Heaven, que durou apenas dois anos e nem chegou a gravar. Ali, no entanto, estava a semente do que viria a ser o seu projeto atual, o grupo Higher, cujo primeiro CD, autointitulado, acaba de sair pela via independente. Valeu a espera.

Entre os dois projetos, os músicos se dedicaram com sucesso a outros estilos musicais, com ênfase no jazz e na música instrumental, além de também estudarem música de forma acadêmica. Com grande embasamento técnico, os amigos resolveram reativar sua veia heavy, aproveitando o ganho de conhecimento, mas sem perder o entusiasmo e a energia daqueles anos iniciais.

Como forma de conseguirem concretizar a nova encarnação de seu sonho metálico, convidaram dois outros músicos experientes e talentosos, o baixista chileno Andrés Zuniga e o baterista Pedro Rezende, também com background musical abrangente e consistente. O time acabou dando forte liga, como podemos conferir nesse mais do que promissor álbum de estreia.

O quarteto soube utilizar de forma inteligente seus pontos fortes, sem no entanto exagerar na dose. Scaranelo se vale de riffs e solos de forma cerebral, esbanjando variações de andamento, escalas e intensidade, com muita técnica e boas doses de energia embutidas, gerando uma performance própria e sem cair no tecnicismo puro.

Giraldi canta bem e com a potência necessária para uma banda típica de heavy rock, e também foge dos clichês, dando a cada música a dose de força necessária. Como cada música da banda costuma apresentar diversas variações de andamento, o entrosamento da cozinha rítmica Zuniga/Rezende se mostra perfeito para não permitir falhas.

O resultado dessa somatória de talentos é um álbum conciso, diversificado e no qual realmente não dá para se cravar um único estilo de heavy metal como o seguido por eles, pois temos aqui elementos de muitas vertentes do gênero, além de sutis pitadas de jazz, experimentalismo e o que mais pintar. Épico, intenso, elaborado, é um heavy próprio e com personalidade.

Outro diferencial fica por conta das excelentes letras, sempre enfatizando elementos positivos e de incentivo aos fãs no intuito de desenvolverem suas potencialidades, sem medo dos desafios que a vida nos impõe diariamente. Prova de que o estilo não precisa de temas “satânicos” para ter letras que rendam a mil por cento.

Higher, o álbum, conta com nove ótimas faixas, das quais se destacam Keep Me High, Climb The Hill, Time To Change, The Sign e Lie. Tipo do trabalho que você ouve várias vezes e vai descobrindo mais sutilezas aqui e ali, tal o capricho dos músicos e da produção do experiente Thiago Bianchi (Shaman, Noturnall). Eis uma banda que oferece muito para quem curte heavy rock sólido, criativo e livre de amarras.

Keep Me High (lyric video)- Higher:

New Jersey, do Bon Jovi, volta em caprichada edição Deluxe

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Por Fabian Chacur

O grupo americano Bon Jovi demorou três álbuns para conseguir chegar ao topo do universo roqueiro. Quando isso ocorreu, no entanto, foi a glória. Slippery When Wet (1986) vendeu milhões de cópias no mundo todo e colocou o quinteto à frente dos concorrentes no setor heavy metal melódico. Mas como fazer para manter esse sucesso todo? Eis o desafio que seu disco posterior, New Jersey, teve de encarar.

A Universal Music acaba de lançar no Brasil uma Deluxe Edition deste álbum que nos permite a chance de entender o porque New Jersey conseguiu atingir o seu objetivo, que era firmar de vez a banda integrada por Jon Bon Jovi (vocal), Richie Sambora (guitarra), Alec John Such (baixo), Tico Torres (bateria) e David Bryan (teclados) no topo do universo roqueiro em termos comerciais.

Logo após o fim da turnê que divulgou Slippery When Wet, o grupo concentrou esforços no sentido de reunir um novo repertório consistente. A escolha foi cirúrgica, com canções na mesma linha do trabalho anterior, mas sem cair em uma repetição exagerada. Ou seja, mantinham o estilo vencedor, mas sem xerocopiá-lo em demasia.

No setor rocks mais ardidos, temos Lay Your Hands On Me, Bad Medicine e Homebound Train como destaques. A balada mais ardida Wanted Dead Or Alive do disco anterior teve como sucessora a ótima Stick To Your Guns, enquanto as românticas mais melosas tiveram em Born To Be My Baby e I’ll Be There For You os momentos que cativaram as fãs mundialmente.

New Jersey vendeu tanto quanto Slippery When Wet e de quebra gerou uma turnê mundial que durou 16 meses, com direito a 267 shows em 26 países, incluindo o Brasil, onde eles tocaram pela primeira vez em janeiro de 1990 durante o badalado Hollywood Rock Festival no Rio e em São Paulo. A partir de então, o Bon Jovi nunca mais saiu dos estádios e das paradas de sucesso.

A caprichada Deluxe Edition de New Jersey traz dois CDs. No primeiro, o álbum original remasterizado e com o acréscimo de três faixas bônus: The Boys Are Back In Town (cover da banda Thin Lizzy), Love Is War e a versão acústica de Born To Be My Baby, que Jon Bon Jovi considera melhor do que o registro elétrico incluído no álbum normal.

O segundo CD inclui as demos gravadas para o álbum e até então inéditas, com direito a versões bem mais cruas de algumas das faixas de New Jersey e também algumas que não saíram nesse disco, sendo ou gravadas posteriormente pela própria banda ou registradas por artistas como Cher e Alice Cooper. De quebra, uma embalagem linda e um encarte luxuoso com direito a texto impecável contando a história do CD, letras e ficha técnica completa.

Ouça em streaming o CD New Jersey, do Bon Jovi:

Ouça em streaming o CD bônus da edição Deluxe de New Jersey:

Made in Japan (Deep Purple) volta em bela versão deluxe

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Por Fabian Chacur

Made in Japan, do Deep Purple, costuma ser presença certa nas listas dos melhores álbuns ao vivo da história do rock. Com toda a justiça. Quem por ventura ainda não entende o porque este álbum é tão cultuado tem agora a oportunidade de conferir uma Deluxe Edition lançada no Brasil pela Universal Music que reforça a qualidade deste trabalho sublime.

Em 1972, o grupo inglês de heavy metal vivia um momento iluminado de sua existência, provavelmente o auge da chamada mark II, segunda formação de sua história e iniciada em 1969. Faziam parte dela o carismático vocalista Ian Gillan, o incrível guitarrista Ritchie Blackmore, o excepcional tecladista Jon Lord, o seguro baixista Roger Glover e o potente baterista Ian Paice. Um timaço com talento acima da média.

O grande mérito do Deep Purple sempre foi a capacidade de dosar o pique e a simplicidade do rock and roll com improvisações criativas e dignas do jazz e da música erudita, gerando uma sonoridade própria que influenciou gerações de outros músicos nos anos que viriam. Técnica e garra em um único e generoso pacote musical cultuado até hoje.

As sete faixas de Made in Japan foram gravadas em três shows realizados no Japão nos dias 15 e 16 de agosto de 1972 em Osaka e um terceiro no dia 17 de agosto do mesmo ano em Tokyo, este último no lendário Budokan Hall. Uma é do primeiro show, quatro do segundo e duas do terceiro, montadas de forma a soar como um único espetáculo.

As releituras “live” de Highway Star, Child In Time, Smoke On The Water, The Mule, Strange Kind Of Woman, Lazy e Space Truckin’ acrescentam adrenalina aos já ótimos registros de estúdio, mantendo o formato básico de cada música e acrescentando a elas com brilhantismo novos solos, novos duelos instrumentais e novas interpretações vibrantes do cantor Ian Gillan. De tirar o fôlego.

Essa sublime Deluxe Edition traz, além da versão remasterizada do álbum original, um segundo CD com os bis de cada show, com direito a três versões de Black Night, duas de Speed King e uma de Lucille, esta última cover do hit do roqueiro Little Richard. Uma ótima ideia, pois essas interpretações são também bastante legais e diferentes entre si, com nuances entre uma e outra versão.

A bela embalagem digipack do álbum é em cartão duro e abre em quatro partes. Além de trazer fotos expressivas, o encarte conta com prefácio de Slash e um belíssimo texto assinado por Malcom Dome repleto de informações das mais interessantes. Uma delas é simplesmente inacreditável: nenhuma das fotos usadas na capa, contracapa e encarte do CD foram tiradas nos shows japoneses!

Sim, é isso mesmo que você leu. As imagens são de shows realizados em Londres na mesma época, e a explicação dada pela produção do disco fica por conta de o público no Japão na época ficar muito distante do palco e sentado, impossibilitando registros que fossem compatíveis com a energia do show. Temos também outra peculiaridade surpreendente.

A foto na contracapa traz, agitando na plateia e na direção de Ritchie Blackmore, um loirinho cabeludo de 14 anos que, tempos depois, iria se tornar também um astro do rock. Trata-se de Phil Collen, guitarrista do Def Leppard, que no texto incluído no encarte afirma que aquele show foi uma das razões que o levaram a querer se tornar um músico de rock.

Indispensável em qualquer discoteca básica roqueira decente, Made in Japan é a prova definitiva de que em determinados estilos do nosso amado rock and roll o que vale mesmo é a capacidade de se entrar em um palco e ir além das expectativas, acrescentando qualidade ao que já era bom na sua origem. Arrepiante e seminal.

Ouça Made in Japan, do Deep Purple, em streaming:

Paradise Lost fará show no Clash Club (SP)

Por Fabian Chacur

A banda britânica Paradise volta ao Brasil para show único no dia 12 de abril (sábado) às 19h em São Paulo no Clash Club (rua Barra Funda, 969- Barra Funda- 0xx11-3661-1500 e www.ingressosparashows.com.br), com ingressos custando de R$ 110 a R$ 200. A apresentação faz parte da turnê comemorativa de 25 anos de carreira do ótimo quinteto, intitulada Tragic Illusion Tour.

Criada em 1988 em Hallifax, na Inglaterra, a banda mantém de sua formação original Nick Holmes (vocal), Greg MackIntosh (guitarra), Aaron Aedy (guitarra) e Steve Edmondson (baixo), sendo que Adrian Erlandsson (bateria) integra o time desde 2009. No início, tinham influências de Black Sabbath, Kreator e Celtic Frost, entre outros times do metal, com uma pegada bastante pesada e agressiva.

A partir de seu segundo álbum, Gothic (1991), o quinteto ampliou seus horizontes musicais e incorporou elementos de rock gótico (Sisters Of Mercy), eletrônico (Depeche Mode) e até pitadas de música erudita, sem barreiras. Seu álbum Draconian Times (1995) é considerado um dos melhores desse estilo mais lento e compassado de metal, também conhecido como doom metal e com fãs fieis nos quatro cantos do mundo.

Além de um repertório próprio muito bom, que inclui músicas como Enchantment, Tragic Idol, One Second e Say Just Words, o grupo britânico também é craque em reler canções alheias com categoria, vide o que fizeram com How Soon Is Now?, dos Smiths, e Walk Away, do Sisters Of Mercy (incluída como faixa-bônus da versão brasileira do álbum Draconian Times, lançado na época pela Roadrunner/Sum Records).

Say Just Words (videoclipe), com o Paradise Lost:

Walk Away, com o Paradise Lost:

How Soon Is Now?, com o Paradise Lost:

Noturnall e Russell Allen gravam DVD em SP

Por Fabian Chacur

O grupo brasileiro Noturnall se apresentará neste sábado (29) às 19h no Carioca Club (rua Cardeal Arcoverde, 2.899-Pinheiros), em São Paulo. O quinteto terá a participação especial de Russell Allen, vocalista da banda americana de metal progressivo Symphony X, e o espetáculo será gravado para inclusão no primeiro DVD dos roqueiros. Os ingressos gratuitos do 1º lote estão esgotados, mas ainda há uma oportunidade para quem quiser conferir o show.

O primeiro álbum dos roqueiros, intitulado Noturnall, saiu em fevereiro em CD, LP de vinil e MP3, e traz como um de seus produtores exatamente Russell Allen, que integra há duas décadas o Symphony X. O trabalho conseguiu até agora boa repercussão, e traz em seu repertório faixas como Nocturnal Human Side, Zombies, No Turn At All, Master Of Deception, St. Trigger, Sugar Pill, Last Wish e Fate Healers.

Fazem parte do grupo de heavy metal ex-integrantes de bandas como Shaman e Angra, músicos experientes que agora partem para um novo projeto que promete investir em criatividade e ousadia. São eles Thiago Bianchi (vocal), Fernando Quesada (baixo), Leo Mancini (guitarra), Junior Carelli (teclados) e Aquiles Priester (bateria). As gravações do show serão feitas com o auxílio de 15 câmeras, três gruas e um telão com mais de dez metros, entre outros equipamentos de ponta.

Quem não tiver conseguido seu ingresso ainda poderá obtê-lo no dia do show, mas é bom chegar cedo, pois uma pequena quantidade será distribuída por ordem de chegada. O fã deve levar ou um quilo de alimento não perecível, ou um brinquedo, ou ainda um pacote de fraldas, que serão doados à Casa Hope (www.hope.org.br), que apoia crianças com câncer.

Nocturnal Human Side,com o Noturnall:

O rock brasileiro perde Helcio Aguirra

Por Fabian Chacur

Hélcio Aguirra, um dos melhores guitarristas da história do rock pesado brasileiro, nos deixou na tarde desta terça-feira (21) aos 56 anos. Ele foi encontrado morto no apartamento onde morava em São Paulo. Segundo o seu primo Cauê Badaró, que anunciou a triste notícia em post no Facebook, a causa da morte pode ter sido a hipertensão que o levou a ser internado algumas vezes em 2013.

Tive a oportunidade de conhecer Hélcio lá pelos idos de 1984, quando ele colaborou com a organização do evento Praça do Rock, que era realizado no Parque da Aclimação em São Paulo e reunia as melhores bandas independentes de rock da época em épicos shows gratuitos ao vivo. Naquela época, ele já brilhava como integrante da primeira formação da banda Harppia, que fez show memorável naquele evento.

Ao lado de Jack Santiago (vocal), Marcos Patriota (guitarra), Ricardo Ravache (baixo) e Tibério Correa (bateria), Hélcio gravou em 1985 o primeiro álbum do grupo, o excepcional A Ferro e Fogo, pela Baratos Afins do sempre visionário Luis Carlos Calanca. O disco é até hoje referência no heavy metal brasileiro, com direito a clássicos como A Ferro e Fogo, Náufrago e especialmente o hino Salém (A Cidade das Bruxas).

Pouco depois, Aguirra sairia do Harppia com o intuito de investir em outro projeto, desta vez dedicado ao hard rock. Nascia o Golpe de Estado, que em sua formação inicial e clássica trazia Catalau (vocal), Nelson Brito (baixo) e Paulo Zinner (bateria), além de Hélcio na guitarra. Em 1986, a mesma Baratos Afins lançaria o autointitulado álbum de estreia do quarteto.

Esse outro momento mágico do rock nacional trouxe como destaques as ótimas Society, Sem Ser Vulgar, Olhos de Guerra e a excepcional Pra Conferir, com seu refrão irresistível e sua letra satirizando as mancadas de nosso rock and roll tupiniquim. Em 1988, Forçando a Barra manteria a banda no topo, incluindo Noite de Balada, Moondog e Onde Há Fumaça Há Fogo, esta última com vocais de Arnaldo Antunes e Branco Mello.

No fim dos anos 80, o Golpe de Estado seria contratado pela Gravadora Eldorado, onde também lançou ótimos álbuns e ampliou ainda mais seu público. Os shows do quarteto sempre foram envolventes, com o carisma de Catalau, a excelência da guitarra de Aguirra, a segurança do baixista Britto e a desenvoltura do baterista Zinner, que depois tocou com Rita Lee.

A partir da metade dos anos 90, Catalau saiu do Golpe, que mesmo assim se manteve na ativa com mudanças na formação e com Hélcio Aguirra no time. O mais recente álbum da banda, Direto do Fronte, saiu em 2012, e conta com a participação especial de Dinho Ouro Preto, do Capital Inicial. Hélcio também era conhecido como especialista em aparelhos eletrônicos com válvulas, e prestou serviços para grandes nomes de nosso rock and roll.

Além de grande músico e especialista na parte técnica do rock, Hélcio Aguirra era extremamente humilde e simpático. Tive a oportunidade de entrevista-lo por várias vezes nesses anos todos, e cada papo equivalia a um prazeroso aprendizado de elementos do rock, da técnica musical e da vida mesmo. Mais um sujeito gente boa que nos deixa rumo a algum lugar que, torcemos, seja melhor do que esse Vietnã aqui.

Pra Conferir, com o Golpe de Estado:

Onde Há Fumaça Há Fogo, com o Golpe de Estado:

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