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Jimi Hendrix, o cara que ajudou o rock a expandir seus horizontes

jimi hendrix

Por Fabian Chacur

Durante seus primeiros anos de existência, nos anos 1950, o rock and roll era tido pelos “críticos” como nada além de mais uma modinha que, em pouco tempo, daria lugar a outra. Nem mesmo a existência de vários gênios na chamada primeira geração roqueira levava tais analistas a admitirem uma possível vida longa para tal estilo musical. Pois foi o saudoso Jimi Hendrix, que nos deixou há exatos 50 anos, um dos maiores responsáveis pelo rock ganhar um merecido reconhecimento e respeito por parte de mídia e público.

A trajetória desse cantor, compositor e guitarrista norte-americano nascido em Seattle, Washington em 27 de novembro de 1942 é surpreendente por quaisquer ângulos que você as analise. Fruto do relacionamento de uma índia com um negro, teve na miscigenação sonora sua marca registrada. Barreiras nunca lhe interessaram. A música que criou traz elementos de rock, blues, jazz, soul, pop, latinidade e o que mais pintasse à sua frente. A forma como misturava isso tudo era simplesmente única e original.

Ele esteve em estúdios de gravação de 1964 a 1970, inicialmente participando de gravações dos Isley Brothers e Little Richard e a partir de 1966 se dedicando à própria carreira. Portanto, um curto período de tempo. No entanto, sua produção durante esse período foi suficiente não só para firmá-lo como um dos maiores nomes do rock do seu tempo, como também para gerar inúmeros lançamentos póstumos, possivelmente o artista como maior números de álbuns post mortem de todos os tempos. E material de alta qualidade, vale ressaltar.

A predisposição de Hendrix a novas experiências pode ser medida por vários detalhes em sua carreira. Americano, só se tornou um nome conhecido mundialmente ao se mudar para a Inglaterra no final de 1966, levado para lá pelo ex-baixista dos Animals, Chass Chandler, que resolveu se tornar seu produtor, manager e o que mais pintasse. Os EUA a rigor só deram a ele o devido valor após sua avassaladora performance no Festival de Monterey, em 1967.

Ao chegar em Londres, nosso herói se mostrou ousado ao convidar dois músicos brancos e ingleses, o baixista Noel Redding (1945-2003) e o baterista Mitch Mitchell (1946-2008) para integrarem o seu grupo, o The Jimi Hendrix Experience. Se até hoje há quem se espante (sabe-se lá porque…) ao ver negros tocando rock, imaginem um músico com essa cor liderando uma banda ao lado de dois branquelos. Mas ele encarou esse desafio sem medo, e se deu bem.

Depois, de certa forma pressionado pelo crescimento do movimento negro nos EUA, e também por problemas de relacionamento com Noel Redding, ele montou um grupo só de negros, a Band Of Gypsys, ao lado do colega de exército Billy Cox (baixo) e de Buddy Miles (bateria), com quem gravou um disco ao vivo em 1969. Mas Mitchell voltaria a ser seu baterista, miscigenando tudo de novo.

Hendrix pode ser considerado o cara que tornou o formato de trio guitarra-baixo-bateria como clássica opção na cena do rock, ao lado do contemporâneo Cream. Desde então, não foram poucos os que abraçaram esse conceito, uns investindo no virtuosismo, outros no minimalismo básico. The Police, Rush, Motorhead, Stray Cats, a lista vai longe.

Sempre inquieto, Hendrix buscou expandir os limites da guitarra enquanto instrumento musical, valendo-se de pedais de efeito e amplificadores que ajudou a aperfeiçoar e e levar a Fender Stratocaster a se tornar um dos modelos mais icônicos de guitarra de todos os tempos. Ele literalmente vestia o instrumento, fazia amor com ele no palco e, sem dó nem piedade, ateou fogo nele em diversas ocasiões. No palco, o sujeito era um monstro.

Sua versatilidade também se mostrou importante em relação ao material que gravava e tocava nos shows. Ele se mostrava brilhante tanto ao interpretar composições próprias fantásticas como Little Wing, Wait Until Tomorrow, Purple Haze e Voodo Child (Slight Return) como ao reler com assinatura absolutamente original material alheio como All Along The Watchtower (Bob Dylan), Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band (The Beatles) e Hey Joe (Billy Roberts).

Mesmo a voz, que alguns colocam em segundo plano diante de sua imensa qualidade como guitarrista e compositor, sempre se mostrou outro ponto forte a seu favor. Hendrix sabia encarar cada canção com um timbre vocal poderoso, próprio e original, sem nunca se deixar levar por virtuosismos.

Enquanto esteve entre nós, o astro americano só lançou três álbuns de estúdio- Are You Experienced(1967), Axis: Bold As Love (1967) e o álbum-duplo Electric Ladyland (1968), além do ao vivo com composições inéditas Band Of Gypsys (1969) e a coletânea Smash Hits (1967, reunindo algumas músicas só lançadas antes em compactos simples de vinil).

São trabalhos excelentes, e é melhor optar por eles em um primeiro momento. Se quiser escolher um para começar sua imersão em Jimi Hendrix, minha dica é o maravilhoso Axis: Bold As Love, que traz sua canção mais icônica, Little Wing e muito mais. Do material póstumo de estúdio, muita coisa foi lançada em vinil e posteriormente em CD, com diversas sequências de faixas. Nunca saberemos como ele teria as agrupado ou mesmo quais teriam sido lançadas ou não, mas vale a curiosidade, pois tem muita coisa boa nesse meio.

Das gravações ao vivo, as mais recomendáveis são as que registram suas performances avassaladoras nos festivais de Monterey e Woodstock, sendo que você encontra esses shows registrados em álbuns de áudio e também em DVDs.

Há pessoas que parecem saber que não irão viver por muito tempo, e, por isso, vivem de forma intensa. Hendrix se encaixa feito luva nessa definição. Se nos deixou com apenas 27 anos de idade, produziu nesse curtíssimo período de vida um legado artístico que continuará relevante enquanto houver vida inteligente.

Hendrix morreu de forma acidental, tendo sido, como certa vez definiu para mim o amigo Ayrton Mugnaini Jr., “um artista profissional e um ser humano amador”. Ele não deu conta de tanta badalação, tanto sucesso, tantas tentações que não soube controlar. Uma pena.

Ouça alguns dos grandes clássicos de Jimi Hendrix:

Veja trailer do documentário E Aí, Hendrix?

Por Fabian Chacur

Sou apaixonado por documentários sobre música. Um dia ainda terei a honra de participar de um, seja como for – roteiro, pesquisa, depoimento, direção, sei lá!

Os brasileiros, graças a Deus, estão investindo cada vez mais nesse rumo, vide ótimos trabalhos feitos com as vidas e obras de gente como Wilson Simonal, Arnaldo Baptista e outros, além de programas de TV que investem nisso, também, como O Som do Vinil, do Charles Gavin.

Agora, a bola da vez é E Aí, Jimi Hendrix?, de Marcílio Nunes de Oliveira, Pedro Paulo Carneiro e Roberto Lamounier.

Ele fala de Jimi Hendrix, um dos deuses da história da guitarra elétrica, e especialmente sobre sua passagem marcante por Londres.

A atração será exibida pela primeira vez ao público no dia 30 de abril em São Paulo, às 19h, com entrada gratuita, na Matilha Cultural (rua Rego Freitas,  542- Centro – fone 0xx11 3256-2636).

Não vejo a hora de ver, pois o trailer, que você poderá conferir abaixo, me deixou com olhos e ouvidos coçando. Depois de ver, prometo uma crítica detalhada.

A música de Jimi Hendrix continua essencial

Por Fabian Chacur

No dia 18 de setembro de 1970, Jimi Hendrix deixou o mundo físico para ser eternizado como um dos maiores nomes da história do rock e da música em geral. Viveu apenas 27 anos, mas soube aproveitá-los como poucos.

Jimi Hendrix é sempre lembrado em primeiro lugar como guitarrista. E não por acaso. A criatividade de sua execução, os efeitos especiais que ajudou a firmar, os sons que criou com o instrumento, tudo isso ajudou a mudar o rock, e ajudou na gênese de vários estilos, entre os quais o heavy metal.

Mas ele não era “apenas” um guitarrista iluminado. Adoro a sua voz vigorosa, poderosa, de timbre forte e destemido. Ele cantava muito, como suas interpretações de Hey Joe, Little Wing e Voodoo Chile (Slight Return) ilustram bem.

Também compunha com grande categoria, vide obras-primas como Little Wing, Foxy Lady, Spanish Castle Magic, Wait Until Tomorrow, Dolly Dagger e Voodoo Chile, só para citar algumas.

De quebra, ainda era capaz de pegar composições alheias e dar a elas versões brilhantes, como All Along The Watchtower (Bob Dylan), Hey Joe (vários a gravaram, como Johnny Halliday, ninguém como ele) e Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band (dos Beatles).

Hendrix nos deixou álbuns antológicos, entre os quais meus favoritos são o maravilhoso Axis: Bold As Love e Electric Ladyland. Quatro décadas após sua morte prematura, ainda há material inédito dele sendo lançado.

Tremo só de pensar se ele ainda estivesse vivo. Quanta coisa boa ele teria criado, nesses anos todos… Não era para ser. Mas seu legado é imenso e nunca será esquecido. Música boa é para sempre. Descanse em paz, mestre!

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