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The Yardbirds versão atual virá ao Brasil para shows em 2020

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Por Fabian Chacur

Em matéria publicada pelo jornal Destak no dia 22 (sexta), o jornalista José Norberto Flesch anunciou que em março de 2020 o grupo britânico The Yardbirds fará alguns shows no Brasil, cujas datas e locais serão divulgados em breve. Como o cara é o mais bem informado nessa praia de divulgação de shows internacionais por aqui, é notícia quente. E que merece ser saudada com aquela velha brincadeira do “um lado ruim e um lado bom”.

O aspecto ruim é evidente: não estamos em 1965 ou 1966, quando os Yarbdirds viviam o seu auge em termos criativos. Da formação daqueles tempos, só sobrou o baterista, Jim McCarthy. Ou seja, estaremos diante de uma espécie de banda cover de luxo. Mas o bacana é que se trata de uma bela de uma banda cover de luxo, pois traz com o batera quatro músicos com um pedigree dos mais decentes.

Estão hoje ao lado de McCarthy os músicos Kenny Aaronson (baixo), John Idan (guitarra-base e vocal), Myke Scavone (vocal e vários instrumentos) e Godfrey Townsend (guitarra-solo).

Sendo assim, Mondo Pop fará uma pequena viagem pela trajetória dessa seminal banda britânica, que se fez bem menos sucesso comercial do que contemporâneas como Beatles, Rolling Stones, The Who, The Hollies e The Animals, deixou sua marca registrada nos compêndios da história do rock.

Sensação em Londres com Eric Clapton na guitarra

Tudo começou em 1963, quando Keith Relf (vocal), Chris Dreja (guitarra-base), Paul Samwell-Smith (baixo) e Jim McCarthy (bateria) iniciaram uma banda para embarcar na onda do blues-rock que incendiava a cena britânica naqueles tempos. Seu guitarrista inicial, Anthony Top Topham, com apenas 16 anos, logo se mostrou imaturo para tocar o barco, e saiu para se dedicar aos estudos.

O substituto, apenas dois anos mais velho mas muito disposto a encarar a carreira na música, foi um certo Eric Clapton. Com este novo guitarrista-solo, a banda logo se tornou quente na cena londrina, a ponto de ter sido escolhida para acompanhar o bluesman americano Sonny Boy Willianson em show feito por ele no final de 1963 na Inglaterra. Esta apresentação foi gravada e lançada posteriormente, quando o quinteto já estava bem badalado.

Em 1965, após ter lançado alguns singles e um álbum ao vivo, os Yardbirds resolveram experimentar algo fora do universo do blues rock. O single For Your Love, de autoria de Graham Goldman (também autor de Bus Stop, hit na época com os Hollies, e nos anos 1970 integrante do grupo 10CC, do sucesso I’m Not In Love) rapidamente invadiu as paradas de sucessos, mas levou Clapton a sair do time, insatisfeito com essas experiências com o lado mais pop do rock.

Jeff Beck, hits, psicodelia

Para a vaga aberta de guitarrista-solo, veio outro nome que se tornaria lendário no rock, ninguém menos do que Jeff Beck. Foi com ele que os Yardbirds viveram a sua fase mais criativa e de maior sucesso comercial, com direito a hits como Heart Full Of Soul e Evil Hearted You (ambas também de Graham Goldman) e também The Train Kept a Rollin’ e Shapes Of Things.

Com sua mistura de rock, blues, pop e psicodelia, a banda trazia como marca registrada o chamado “rave up”, estilo no qual os integrantes da banda enfatizavam (todos ao mesmo tempo) a parte rítmica em determinadas partes das canções, gerando um efeito poderoso, especialmente nos shows.

A criatividade de Jeff Beck elevou os Yardbirds a um outro e ainda mais alto patamar do que nos bons tempos de Clapton. A banda foi uma das pioneiras do rock psicodélico, e muito disso se deve às experiências de Beck com pedais e efeitos em sua guitarra, além de uma técnica impressionante e diversificada.

Outra mudança na formação, outro astro em cena

Cansado das turnês, Paul Samwell-Smith saiu do grupo em meados de 1966 para se dedicar a uma carreira como produtor de discos de artistas como Cat Stevens, Jethro Tull e All About Eve, entre outros. Em seu lugar, entrou um músico de estúdio que estava se destacando em Londres, um certo Jimmy Page.

Logo, ficou claro que seria um desperdício ter um guitarrista daqueles quebrando o galho no baixo, e então, Chris Dreja foi deslocado para tal posição, ficando os Yardbirds com dois guitarristas-solo, Page e Beck. Essa formação infelizmente não durou muito tempo, e ficou eternizada na gravação ao vivo de Stroll On (na verdade, The Train Kept a Rollin’ com outra letra) que virou cena do cultuado filme Blow Up-Depois Daquele Beijo (1967), do cineasta italiano Michelangelo Antonioni.

Jeff Beck decidiu sair fora para criar sua própria banda, The Jeff Beck Group, ao lado de dois novatos que depois também se tornariam astros do rock, o cantor Rod Stewart e o baixista e guitarrista Ron Wood. Os Yardbirds, a partir daquele momento, se tornaram um quarteto.

Jimmy Page, o início do Led Zeppelin e o fim dos Yardbirds

Os Yardbirds tiveram uma fase muito curta com Jimmy Page no comando, entre 1967 e 1968, com poucos lançamentos e sucesso comercial declinando bastante. Sentindo o clima de fim de feira, Jim McCarthy e Keith Relf saíram da banda, para criar o embrião do que viria a ser o grupo progressivo Renaissance.

Por sua vez, Chris Dreja decidiu abandonar a música para se dedicar a uma carreira como fotógrafo profissional. Praticamente da noite para o dia, Jimmy Page, que largou a carreira de músico de estúdio para se dedicar à banda, ficava na mão. Sorte que ele, rapidamente, soube arregimentar um novo time.

Para o baixo, chamou o colega de gravações de estúdio, John Paul Jones. O jovem vocalista Robert Plant foi indicado por um amigo, e o baterista John Bonham já havia tocado antes com Plant. Surgia o que, por razões contratuais, seria denominado The New Yardbirds, e pouco depois, seguindo sugestão de Keith Moon, do The Who, virou Led Zeppelin. Que, ironicamente, conseguiu o sucesso comercial que os Yardbirds jamais sequer sonharam em obter.

Curiosamente, a foto do Led Zeppelin incluída na contracapa de seu autointitulado álbum de estreia, lançado em janeiro de 1969 e rapidamente um grande sucesso comercial, foi tirada pelo agora fotógrafo Chris Dreja.

A vida pós-Yardbirds e uma reunião com novo nome

Após o seu fim, os Yardbirds se tornaram aquele tipo de grupo mais lembrado pelos músicos que revelou do que propriamente pela qualidade de sua música, algo injusto. A probabilidade de um retorno, levando-se em conta esse fator, parecia difícil, pois seus ex-integrantes aparentemente sequer cogitariam isso.

Outro fator que poderia encerrar quaisquer perspectivas de um retorno do grupo ocorreu em 1976, com a trágica morte de Keith Relf, aos 33 anos de idade, vítima de um choque elétrico quando tocava guitarra em sua casa.

Em 1984, no entanto, Jim McCarthy, Chris Dreja e Paul Samwell-Smith resolveram matar as saudades e se reunir com um novo nome, Box Of Frogs. Essa banda lançou dois álbuns, Box Of Frogs (1984) e Strange Land (1986), com alguns shows, mas a falta de tempo de Samwell-Smith se mostrou fatal para a sua continuidade. Eric Clapton e Jeff Beck chegaram a dar canjas com eles.

Hall da Fama e o retorno nos anos 1990

Quando os Yardbirds foram incluídos no Rock And Roll Hall Of Fame, em 1992, ficou claro para Jim McCarthy e Chris Dreja que, quem sabe, ressuscitar sua antiga banda pudesse se tornar uma boa forma de faturar uma grana e pagar os boletos bancários. Sem Page, Clapton, Beck e o saudoso Relf, obviamente, mas com um nome atraente e comercialmente muito viável.

O primeiro nome a se firmar nessa nova formação foi o cantor e guitarrista americano John Idan. Ele conheceu Jim McCarthy em 1988, e tocou com ele e também com Anthony Top Topham. Inicialmente, atuou como cantor e baixista, função que manteve entre 1994 e 2008. Após um período durante o qual se dedicou a projetos próprios, Idan retornou ao grupo em 2015, desta vez como vocalista e guitarrista-base.

No mesmo 2015, mas em sua parte final, entrou no time nos vocais e vários instrumentos o americano Myke Scavone. Ele se tornou famoso como integrante da banda Ram Jam, que em 1977 estourou com a releitura de Black Betty, clássico do compositor folk Lead Belly.

No final de 2018, os Yardbirds ganharam em sua nova fase uma outra adição. Trata-se do guitarrista americano Godfrey Townsend, que tem no currículo trabalhos com John Entwistle (do The Who), Jack Bruce, Alan Parsons, Todd Rundgren, Mark Farner (do Grand Funk Railroad) e Christopher Cross.

Vale a lembrança: Chris Dreja permaneceu nessa nova fase dos Yardbirds de 1994 a 2012, quando saiu de uma vez por todas, deixando Jim McCarthy como único membro original a permanecer no time.

Kenny Aaronson merece um capítulo à parte

Se Jim McCarthy é o único integrante original dos Yardbirds a marcar presença na atual encarnação do grupo (e também o único inglês, vale lembrar), o baixista americano Kenny Aaronson, na banda desde 2015, é o cidadão com o currículo mais invejável, em seus mais de 40 anos de atuação como músico profissional.

Aaronson iniciou a sua carreira como baixista da banda de hard rock Dust, cujos álbuns Dust (1971) e Hard Attack (1972), embora não tenham feito enorme sucesso em termos comerciais, são bastante apreciados pelos fãs do gênero, em especial o trabalho de estreia.

Seu primeiro momento de glória no mundo do rock se deu em 1973, como integrante da banda americana Stories. Eles estouraram em seu país natal com uma releitura matadora de Brother Louie, dos britânicos Hot Chocolate, balada soul-rock na qual a linha de baixo proeminente de Aaronson é um dos pontos seminais deste hit que atingiu o topo da parada ianque de singles naquele ano.

No final de 1974, Aaronson saiu dos Stories e entrou na banda de apoio de Daryl Hall & John Oates, com quem ficou por volta de um ano, durante a turnê de divulgação do mais controvertido álbum da dupla, War Babies (1974), sendo que em algumas ocasiões eles abriram shows para Lou Reed, acredite se quiser.

Em 1986, ele participou do álbum The Knife Feels Like Justice, primeiro álbum-solo do cantor e guitarrista dos Stray Cats, Brian Setzer, e também participou da turnê de divulgação deste trabalho.

De 1991 a 1995, acompanhou a roqueira Joan Jett em diversas turnês e participou do CD Pure And Simple (1994). De quebra, também esteve na banda de Bob Dylan entre 1988 e 1989, e fez um teste para substituir Bill Wyman nos Rolling Stones em 1994. Ufa!

O que ouvir em termos de Yardbirds

A discografia dos Yardbirds de sua fase 1963-1968 é bastante confusa, com direito a discos lançados exclusivamente nos mercados americano e britânico, com faixas variando de uns para outros. O melhor para quem deseja mergulhar no rico universo musical na banda é optar por coletâneas.

Em sua fase pós 1994, o grupo lançou em 2003 o álbum de estúdio Birdland, com sete composições inéditas e oito releituras de hits da banda, contando com as participações especiais de Jeff Beck, Steve Lukather, Brian May, Joe Satriani, Slash, Steve Vai e Jeff Skunk Baxter. A faixa An Original Man (A Song For Keith) é uma bela homenagem ao ex-vocalista do grupo, Keith Relf.

The Train Kept a Rollin’– The Yardbirds:

Disco ao vivo do Led Zeppelin será relançado em setembro

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Por Fabian Chacur

Outro lançamento muito bacana relacionado ao rock chegará ao mercado musical no dia 7 de setembro, mesma data prevista para Egypt Station, de Paul McCartney. Trata-se de uma versão remasterizada do álbum The Songs Remain The Same, lançado originalmente em 1976 e trilha sonora do filme homônimo do Led Zeppelin. Esse trabalho será disponibilizado em vários formatos, e sairá em um dia histórico para o seminal quarteto britânico.

Em 7 de setembro de 1968, ocorreu a primeira apresentação ao vivo da então novíssima banda do guitarrista Jimmy Page, que tinha a seu lado os então ainda desconhecidos John Paul Jones (baixo e teclados), Robert Plant (vocal) e John Bonham (bateria). Naquela ocasião, o time usou o nome The New Yardbirds, surgindo das cinzas da histórica banda Yardbirds, que revelou Eric Clapton, Jeff Beck e o próprio Page.

Pouco tempo depois, o quarteto passaria a se chamar Led Zeppelin, uma sugestão que teria sido dada por Keith Moon, baterista do The Who. A trajetória dessa incrível banda todos sabem como foi, com direito a milhões de discos vendidos em todo o mundo, a criação de um estilo próprio fundindo heavy/hard rock, folk music, progressivo, soul, pop e ainda mais, e shows lotados e antológicos, tornando-se uma das lendas da história do que hoje é denominado de classic rock.

O filme The Song Remains The Same (que foi exibido na época no Brasil com o peculiar título Rock É Rock Mesmo) tem como material base gravações feitas durante os três superlotados shows que o Zeppelin fez em julho de 1973 no histórico Madison Square Garden, em Nova York. A versão remasterizada da trilha que sairá no dia 7 de setembro segue a reedição de 2007, que trouxe como atrativo seis faixas-bônus em relação ao lançamento original de 1976.

Ainda não foram confirmadas quais versões do relançamento deste álbum serão disponibilizadas no Brasil, o que a gravadora Warner promete fazer em breve. O pacote mais caro e aparentemente mais atraente para o fã mais fanático é o Super Deluxe Boxed Set, que trará o filme completo e a trilha pela primeira vez em um mesmo pacote. A versão em vinil com direito a 4 lps trará uma mudança na sequência original de faixas para permitir que os 29 minutos de Dazed And Confused estivessem na íntegra em um único lado de vinil.

The Song Remains The Same- The Rain Song (live)- Led Zeppelin:

Jack White, The Edge e Jimmy Page juntos

Por Fabian Chacur

A Todo Volume (It Might Get Loud) é um documentário tão bom que todos ficam buscando uma dentre as suas inúmeras cenas que sirva para defini-lo. Não fugirei a essa tentação, e escolho a parte final.

Nela, Jack White (White Stripes,  Raconteurs, Dead Weather), Jimmy Page (Led Zeppelin) e The Edge (U2) encerram seu maravilhoso encontro tocando e cantando um clássico do country rock.

Ver os três tratando com tanta reverência, tesão e inspiração uma música tão maravilhosa como The Weight, do The Band (lançada em 1968 em Music From Big Pink) é bem revelador do amor deles não pelo virtuosismo masturbatório e inútil, mas pelo que realmente importa: a música.

A grande música. Aquela que arrepia, e que às vezes precisa de poucas notas para aflorar e emocionar. Marcar as vidas de quem as ouve. Os três são mestres nisso, e provaram/provam isso em suas carreiras.

A ideia do diretor Davis Guggenheim foi muito inteligente. Ele reuniu três músicos de gerações distintas para trocar figurinhas sobre música, sobre suas origens, preferências, paixões. Livres, leves, soltos. Tipo bate-papo.

Individualmente, cada um visita e mostra para as câmeras lugares importantes para o início de suas trajetórias, com direito a cenas de arquivo de Page e de The Edge daquelas tiradas dos baús. Emocionantes, sempre.

Concordo com quem ressaltou a emoção com que Jack White e The Edge olham Jimmy Page tocar o riff inicial do clássico Whole Lotta Love, do Led Zeppelin. Afinal, foi ele quem criou aquela passagem sonora tão repetida e imitada nos últimos 40 anos.

A obra-prima tocada pelo seu autor ali, na frente dos dois grandes músicos que, naquele momento, sentiram-se apenas e tão somentes fãs como o mais humilde dos mortais.

Apesar do título, A Todo Volume é muito mais acerca de sutilezas e peculiaridades bacanas do de que exageros impositivos. Um documentário que os fãs do melhor rock and roll não podem se dar ao luxo de perder.

E que deixa claro o quanto Jimmy Page é humilde, o quanto The Edge sabe ser sutil com seu instrumento e o quanto Jack White é talentoso, com tudo para se firmar no mesmo alto patamar dos colegas de documentário. Vá ver já! Agora!

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