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João Bosco, voz e violão, em show no Bourbon Street (SP)

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Por Fabian Chacur

Um dos melhores shows que vi na minha vida (e olha que eu vi centenas, quem sabe milhares deles!) foi no Centro Cultural São Paulo, lá pelos idos de 1984. No palco, João Bosco, no melhor estilo voz e violão. Em casa mais do que lotada, o cara deu simplesmente uma aula de música. E é exatamente neste formato, no qual ele se dá muito bem, que esse grande cantor, compositor e exímio violonista mineiro se apresentará neste domingo (11) às 19h30 em São Paulo.

O local será o Bourbon Street (rua dos Chanés, nº 213- Moema- fone 0xx11 5095-6100), com ingressos a R$ 165,00. Com direção de produção a cargo do grande Zé Luiz Toledo, Bosco se incumbirá de dar uma geral em algumas das músicas mais legais de seu vasto repertório, construído em cinco décadas de uma carreira impecável que lhe deu fama sólida no Brasil e também no exterior, onde faz turnês constantes e bem-sucedidas.

Aos 76 anos de idade, o autor de O Bêbado e a Equilibrista, A Nível de…, Bala Com Bala, Linha de Passe e tantos outros clássicos da nossa música (muitos deles em parceria com o saudoso Aldyr Blanc), João Bosco continua esbanjando energia e categoria, naquela mescla de samba, bossa nova, bolero, latinidades, brasilidades e “jazzistidades” mil. Tipo do show do qual você sai com a alma lavada e vontade de ver e ouvir mais.

A Nível de…(ao vivo)- João Bosco:

João Bosco e Hamilton de Holanda lançam álbum ao vivo

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Por Fabian Chacur

Canto da Praya- Hamilton de Holanda e João Bosco Ao Vivo é o título do álbum que a gravadora Deck disponibilizará nas plataformas digitais no dia 26 deste mês. Trata-se de um encontro de dois craques de gerações distintas ocorrido no final de 2019 em São Paulo, mais precisamente no estúdio DaPáVirada. O repertório, que traz clássicos de João e algumas releituras, veio basicamente do show Eu Vou Pro Samba, que eles apresentaram em algumas ocasiões. Hamilton explica:

“A nossa ideia era que o repertório contemplasse o samba. Sempre achamos esse estilo nosso ponto de encontro de ideias musicais e rítmicas. Tínhamos esse repertório básico mas na hora dos ensaios cada um ia lembrando de algo a mais”.

Entre outras maravilhas, o repertório traz Tiro de Misericórdia/As Escadas da Penha, Linha de Passe, Incompatibilidade de Gênios, Gagabirô, Linha de Passe e Chega de Saudade, sendo que a apresentação foi filmada e teve uma pequena plateia. João fala sobre sua parceria com Hamilton:

“O fantástico de estar com o Hamilton é essa liberdade que a gente tem de tocar o que gostamos, queremos e admiramos. Trata-se de um músico extraordinário porque qualquer coisa que você possa colocar uma possibilidade, logo ele chega com seu bandolim e cria coisas muito prazerosas”. Em cena, só João (voz e violão) e Hamilton (bandolim).O lançamento teve apoio da cerveja Praya.

Tiro de Misericórdia (ao vivo)- João Bosco e Hamilton de Holanda:

Aldir Blanc, poeta do cotidiano e grande parceiro de João Bosco

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Por Fabian Chacur

Conheci a dupla João Bosco e Aldir Blanc logo no berço, digamos assim. Em 1972, quando eu tinha apenas 11 anos, meu irmão Victor comprou o Disco de Bolso do Pasquim, que trazia uma revista e de brinde um compacto simples com a então inédita Águas de Março, de e com Tom Jobim, e do lado B Agnus Sei, fantástica composição meio barroca na qual Bosco mostrou seu imenso talento como cantor e violonista pela primeira vez. Era o início de uma paixão eterna por eles. E como é duro me despedir tão cedo de um deles…

Aldir nos deixou na madrugada desta segunda-feira (4) aos 73 anos, depois de 24 dias internado no hospital Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro, sua cidade natal. É mais uma vítima do novo coronavírus, que alguns analfabetos funcionais insistem em classificar como “gripezinha”. Sua esperança foi uma equilibrista guerreira, mas infelizmente não deu conta dessa doença agressiva. E nós, ficamos bêbados de tristeza.

Nascido em 2 de setembro de 1946 no bairro carioca do Estácio, Aldir iniciou sua relação com a música tocando bateria em grupos amadores, além de escrever os primeiros poemas e letras. Seu nome começou a se tornar conhecido em 1970, quando sua parceria com Silvio da Silva Jr., “Amigo É Pra Essas Coisas” teve ótimo desempenho no Festival Universitário e entrou nas paradas de sucesso com o MPB-4.

Formado em medicina com especialização em psiquiatria, ele no entanto queria mesmo era se embrenhar na cena cultural. Ele integrou o MAU- Movimento Artístico Universitário, reunião de amigos batalhando por espaços que tinha no elenco, além dele, feras hoje eternizadas na história da nossa música como Ivan Lins, Gonzaguinha e Cesar Costa Filho. Eles tiveram até um programa na TV Globo, o Som Livre Exportação.

Em 1971, ele foi apresentado a um jovem estudante de engenharia, um certo mineiro chamado João Bosco, e a amizade não demorou a surgir. A parceria, inicialmente alimentada pelo correio, deu liga. A primeira gravação do que viria a se tornar uma griffe rolou precisamente no Disco de Bolso do Pasquim. Logo a seguir, Elis Regina os conheceu e gravou Bala Com Bala, a primeira de umas 20 deles que gravou com maestria.

Em 1975, João Bosco se tornou um sucesso em termos nacionais graças a canções marcantes que iam do samba às latinidades mil e outras experiências. Se o violão e a voz do mineiro de Ponte Nova eram fatores marcantes para esse sucesso, as letras de Aldir também se mostraram decisivas.

Afinal, quantos poetas seriam capazes de descrever com tanta precisão, bom humor e ironia a cena de uma tragédia cotidiana como em De Frente Pro Crime? Ou o tédio de uma relação amorosa que começou com tudo e se tornou apenas uma triste rotina na dolorida (e lindíssima!) Latin Lover? Ou de louvar um obscuro herói de nossa história e ainda dar umas agulhadas na ditadura militar em O Mestre Sala dos Mares?

Com mais de 100 canções, o songbook de João Bosco e Aldir Blanc é comparável ao das maiores duplas de todos os tempos, tipo Tom & Vinícius, Lennon & McCartney, Bacharach & David e por aí vai. Exagero? Lógico que não, e você, meu caro leitor, obviamente já concordou comigo de cara.

Bijuterias, Caça à Raposa, Dois Pra Lá Dois Pra Cá, Kid Cavaquinho, Linha de Passe, Nação, Rancho da Goiabada, os caras empilharam canções perfeitas, pra gente ouvir junto, cantar junto e se emocionar junto. Retratos de um Brasil cotidiano sofrido, irônico, mas sem nunca perder a ternura.

Em 1979, O Bêbado e a Equilibrista trouxe em sua melodia inspirada em Smile, de Charles Chaplin uma letra absurdamente inspirada e que virou o hino da Anistia que nos trouxe de volta o irmão do Henfil (o adorável e saudoso Betinho) e muito mais gente. Desses momentos históricos que nunca saem de nossas memórias.

Uma das minhas favoritas é A Nível de.., na qual Aldir nos presenteia com a hilariante história de dois casais heterossexuais, amigos de muito anos que se propõem a fazer um “troca-troca”, o que, no fim das contas, gera uma mudança inesperada nos relacionamentos deles. João soube aproveitar de tal forma a letra que a tornou um clássico em seus shows, sempre arrancando risos e muitos aplausos. Pérola de alto quilate em uma verdadeira joalheria musical.

Nos anos 1980, a parceria se desfez aos poucos, mas Aldir não se fez de rogado, escrevendo canções com gente do porte de Guinga, Moacyr Luz, Edu Lobo e Djavan. E foi com o tecladista Cristóvão Bastos que escreveu um dos maiores sucessos da carreira de Nana Caymmi, a sublime Resposta ao Tempo.

Autor de vários livros e cronista dos bons, Aldir também gravou três álbuns, um em parceria com Maurício Tapajós em 1984, outro em celebração a seus 50 anos de vida (50 Anos, em 1996) e Vida Noturna (2005). Em 2002, participou como cantor do songbook de João Bosco, e ali a parceria voltou à tona, com os dois compondo de forma ocasional, mas sempre com categoria.

Meio recluso por razões de saúde e também pessoais, ele no entanto participou do delicioso filme Praça Saens Peña (2008), no qual viveu ele mesmo, entrevistado pelo personagem vivido pelo ator Chico Diaz.

Aldir Blanc é o retrato de um Brasil rico, poético, sarcástico e inteligente que a cada dia parece mais distante de nós. Sua obra permanecerá como um marco dessa era de ouro da nossa cultura popular, quando era possível criar biscoitos finos que as massas consumiam com prazer. Bons tempos, heim?

obs.: meu abraço virtual de solidariedade ao grande João Bosco, um de meus ídolos e um dos caras mais inteligentes e simpáticos que já tive a honra de entrevistar em várias ocasiões.

Agnus Sei (gravação de 1972)- João Bosco:

João Bosco faz show no Rio ao lado de Hamilton de Holanda

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Por Fabian Chacur

João Bosco e Hamilton de Holanda se conhecem há um bom tempo, e volta e meia tocam juntos. Após apresentação este ano no Montreux Jazz Club, na Suíça, os amigos voltam à cena no Rio, para shows nesta sexta (2) e sábado (3) às 19h e domingo (4) às 18h na Caixa Cultural Rio de Janeiro- Teatro da Caixa Nelson Rodrigues (av. República do Chile, nº 230- Centro- fone 0xx21- 3509-9600)- ingressos de R$ 15,00 a R$ 40,00.

Com Hamilton no bandolim e João nos vocais e violão, no melhor formato duo, essas feras da nossa música mostram todo o seu talento em músicas marcantes de Bosco como Linha de Passe, Nação e Coisa Feita e em clássicos da nossa musica do porte de Isso é Brasil (Ary Barroso), Milagre (Dorival Caymmi) e Vatapá (Dorival Caymmi), além de outras assinadas por Paulinho da Viola e Milton Nascimento. O show intitula-se Eu Vou Pro Samba, e tomara que vire CD, DVD etc.

Com 42 anos de idade, o carioca Hamilton de Holanda é um dos grandes nomes do bandolim da atualidade, posto em que se mantém firme nos últimos 20 e poucos anos. Além de belos discos solo, ele também gravou ao lado de Diogo Nogueira, André Mehmari, Yamandu Costa e Hermeto Pascoal, entre outros, tendo como marca registrada a sua forma ousada e criativa de tocar seu instrumento musical.

Quanto a João Bosco, falar o que de um dos grandes mestres da nossa música? Caminhando para 50 anos de carreira, este cantor, compositor e exímio violonista criou uma sonoridade composta por samba, bolero, samba-canção, música africana, cubana, jazz e latinidades mil, compondo ao lado de Aldyr Blanc, Paulo Emilio e o filho Francisco Bosco, entre outros. É capaz de cativar multidões valendo-se só de violão e voz.

João Bosco e Hamilton de Holanda no Montreux Jazz Club, 2018:

João Bosco festeja 45 anos de carreira com um show no Rio

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Por Fabian Chacur

A carreira de João Bosco eu acompanho desde o seu início fonográfico. Isso ocorreu em 1972, quando o jornal O Pasquim lançou o Disco de Bolso, projeto capitaneado pelo músico Sérgio Ricardo e que trazia como brinde um compacto simples. No lado A, nada menos do que a versão original de Águas de Março, com Tom Jobim. No lado B, Agnus Sei, fantástica canção meio flamenca interpretada com maestria no melhor estilo voz e violão por João. Marcou a minha infância, e até hoje é uma das minha favoritas desse artista incrível.

Nos 45 anos que se passaram desde então, este cantor, compositor e violonista mineiro só ampliou seus horizontes. Gravou discos clássicos, compôs algumas das melhores músicas da história da nossa MPB e fez milhares de shows pelo mundo afora. E é para celebrar essa bela estrada percorrida que ele se apresenta no Rio nesta quinta-feira (25) às 21h no Teatro Bradesco Rio (avenida das Américas, nº 3.900- lojas 160- Shopping VillageMall- Barra da Tijuca- fone 0xx21-3431-0100), com ingressos de R$ 50,00 a R$ 180,00.

No repertório, o fã pode esperar maravilhas do porte de O Mestre Salas dos Mares, De Frente Pro Crime, Eu Não Sei Teu Nome Inteiro, Trem-Bala, Caça à Raposa e Plataforma. Também teremos algumas releituras bacanas que Bosco fez de canções de outros craques da MPB, como Paulinho da Viola, Noel Rosa, Dorival Caymmi, Chico Buarque e Tom Jobim. Tomara que tenha Agnus Sei no meio…

Agnus Sei (versão original)- João Bosco:

João Bosco celebra 70 anos e o presente é de todos os fãs

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Por Fabian Chacur

Hoje é o Dia Internacional do Rock, e é também o Dia Internacional do João Bosco. O incrível cantor, compositor e violonista mineiro completa 70 anos nesta quarta-feira (13). E que ninguém venha dizer que são opostas essas celebrações simultâneas. Afinal de contas, quem conhece o autor de O Mestre Salas dos Mares sabe que o cara curte o velho e bom rock and roll, especialmente um certo Little Richard, que ele até imitava nos tempos de moleque. Parabéns, fera!

Nascido na cidade mineira de Ponte Nova em 13 de julho de 1946, João chegou a cursar engenharia civil, mas não demoraria para ficar claro que sua atuação seria em outra área, a de engenharia musical. Em 1967, conheceu Vinicius de Moraes, e compôs várias canções com o saudoso Poetinha. Mas foi em 1970 que ele travou seu primeiro contato com o parceiro de uma vida, o genial poeta e letrista carioca Aldyr Blanc. Nascia uma dupla iluminada.

Meu primeiro contato com a obra desse mestre da MPB foi logo com a primeira gravação feita por ele e comercializada. O jornal O Pasquim, em parceria com o músico Sérgio Ricardo, criou o projeto Disco de Bolso, que consistia em uma revista com belo conteúdo e um compacto simples, incluindo de um lado um artista já consagrado cantando uma música inédita em seu repertório e do outro um nome emergente do nosso cenário musical brasileiro.

O primeiro exemplar, lançado em 1972, tinha no lado A Tom Jobim cantando a primeira versão de Águas de Março, bem mais rapidinha do que a que depois ficaria conhecida com o Maestro Soberano e com Elis Regina. No lado B, um certo João Bosco, cantando Agnus Sei. Eu tinha só 10 anos, mas meu irmão Victor, de 17, era fã do Pasquim, e comprou esse número inicial do O Som do Pasquim. E esse disco me marcaria profundamente para o resto da vida.

Adorei a música do Tom, mas a que me cativou mesmo foi a do João. Só voz e violão. Só? Devo estar doido. Com uma performance iluminada, tocando um arranjo fortemente influenciado pela música flamenca, João nos oferecia uma melodia meio medieval, tensa, com letra que podia ser associada tanto aos tristes tempos da inquisição como daquela ditadura militar que nos assolava. “O meu senhor não sabe que eu sei da arma oculta na sua mão” e “o tempo vence toda ilusão” são alguns dos versos de Aldyr. Um clássico, e minha versão favorita dessa música, que depois seria regravada pelo autor e por outros artistas.

O segundo contato veio em 1975, e foi fulminante. O álbum Caça à Raposa (1975) emplacou diversos sucessos na programação das rádios, que na época tocavam música boa em proporção bem maior do que hoje. Entre eles, as sublimes O Mestre Salas dos Mares e De Frente Pro Crime. Não comprei, na época, o LP, pois era uma criança sem muito dinheiro, mas sim um compacto duplo com quatro músicas. Pronto. João Bosco ganhou um fã pro resto da vida.

Dali pra frente, foi só alegria. As trilhas de novela ajudaram a expandir os horizontes para a música do artista mineiro. Bijuterias, que rendeu até nome de grupo (Pedra Letícia, que era como alguns entendiam os versos “Minha Pedra é Ametista”), Latin Lover e sua crônica agridoce de uma relação amorosa de anos, Linha de Passe e seu pique sacudido… Ah, a coisa vai longe, e vai muito, mas muito bem mesmo.

Como definir a música feita por João Bosco? Eis uma humilde tentativa: ele parte do samba como base, e acrescenta a ele, sem medo de ser feliz, bossa nova, bolero, latinidades diversas, africanidades mil, jazz e até o nosso amado rock and roll, aqui e ali. Com o tempo, desenvolveu sua voz de forma cirúrgica, interpretando como poucos as letras ora sarcásticas, ora românticas, ora agressivas do poeta Aldyr Blanc.

Em 1983, vi pela primeira vez o meu ídolo ao vivo, em show realizado no Centro Cultural São Paulo, na rua Vergueiro, 1.000, quase em frente de onde meu pai, Fuad, teve sua loja de calçados denominada Paraíso. E paraíso foi o que eu senti vendo aquele cara, voz e violão, literalmente esmerilhando o instrumento com classe, garra e uma habilidade digna de jato. Ah, meu Deus, eu, que já era fã, virei seguidor de vez.

Se eu parecia já devidamente convertido à fé João Bosquiana, não imaginava como seria conhece-lo pessoalmente. Melhor: entrevista-lo. E isso ocorreu pela primeira vez em 1989, quando ele lançava o excelente álbum Bosco e eu trabalhava no jornal Diário Popular. Dizem que nem sempre é bom conhecer um ídolo, pois às vezes eles podem nos decepcionar, mas no meu caso, só posso dizer que minha admiração pelo autor de O Bêbado e a Equilibrista só aumentou.

A partir daquela data, teria várias oportunidades de entrevistar João Bosco, e todas, sem exceção, foram extremamente prazerosas. Um cara tranquilo, bem-resolvido, articulado, capaz de falar sobre seu trabalho e suas concepções artísticas e de vida com a mesma categoria com que o faz. Um mestre zen! Que posso eu desejar para quem me trouxe tanta energia positiva com a sua música? Só muita saúde e paz para continuar seguindo em frente por muitos e muitos anos. Pois ele é o aniversariante, mas quem ganhou o presente fomos nós!

Confira, a seguir, uma seleção de sete músicas do extenso repertório do genial João Bosco. Escolhi algumas músicas não tão conhecidas e outras famosas, mas todas maravilhosas. Prestem atenção no humor corrosivo de A Nível de…, uma das minhas favoritas!

Água Mãe Água– João Bosco:

Agnus Sei (versão original, 1972)- João Bosco:

A Nível de..– João Bosco:

De Frente Pro Crime– João Bosco:

Bijuterias– João Bosco:

Latin Lover– João Bosco:

Quilombo- Tiro de misericórdia- Escadas da Penha (ao vivo)- João Bosco:

Tiro de Misericórdia, de João Bosco, sai em CD via Kuarup

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Por Fabian Chacur

A discografia de João Bosco é uma das mais consistentes e ricas da história da MPB. Por alguma razão, seu quarto trabalho, Tiro de Misericórdia (1977), lançado na época pela RCA, não estava disponível em CD. Graças à gravadora Kuarup, esse título enfim chega à era digital, e em grande estilo, com direito a encarte luxuoso com letras e ficha técnica. Um grande álbum.

Chega a ser inacreditável pensar que, de 1975 a 1977, o cantor, compositor e violonista mineiro teve fôlego para lançar três trabalhos tão bons e repletos de clássicos como Caça à Raposa (1975), Galos de Briga (1976) e o em questão Tiro de Misericórdia (1977). Era muita inspiração, pois não é qualquer um que consegue lançar tantas coisas boas em tão pouco tempo.

Tiro de Misericórdia é essencialmente um disco de samba, mas sem amarras e aberto a outras sonoridades, como música latina, chorinho, bossa nova e até um tempero pop aqui e ali. A conduzir tudo, um violão endiabrado, uma voz deliciosa e composições de João Bosco nas melodias e Aldyr Blanc nas letras. Uma dupla dinâmica!

O álbum abre com Gênesis (Parto) e fecha com Tiro de Misericórdia, duas músicas irmãs. A primeira conta o nascimento de uma criança na marginalidade, sofrendo todas as dificuldades dessa condição, e com toda a pinta de que, “oxum falou, esse promete”. A faixa título mostra o trágico fim dessa história, com o moleque virando marginal e morrendo de forma violenta. Tudo pontuado por muita percussão e ritmos de umbanda. De arrepiar, de tão atual.

Duas músicas integraram com destaque a trilha sonora do magistral Se Segura Malandro, um clássico de Hugo Carvana e na minha modesta opinião um dos melhores filmes da história do cinema nacional. A panfletária (no melhor sentido da palavra) Plataforma contagia logo nos primeiros acordes, enquanto a envolvente Vaso Ruim Não Quebra une Bosco e Cristina Buarque contando o inusitado romance entre Laurinha e Romão. Dois sambas matadores.

Ainda no quesito sambão, Jogador não fez feio nas paradas de sucesso, enquanto o lirismo fatalista marca a belíssima Falso Brilhante. E tem também o irresistível bolero sacudido Bijuterias, grande sucesso usado como abertura da novela global O Astro. E as outras faixas do álbum não deixam a peteca ir ao chão, de tão consistentes e inspiradas que são.

Além de João Bosco na voz e violão, o álbum conta com direção criativa a cargo de Durval Ferreira, coordenação artística e direção de estúdio pilotadas pelo brilhante Rildo Hora e a participação de músicos do alto gabarito de Horondino Dino Silva (violão de 7 cordas), Toninho Horta (guitarra), Pascoal Meireles (bateria), Abel Ferreira (clarinete), Raul de Barros (trombone) e Altamarinho Carrilho (flauta). Um clássico perene da MPB. Compre já!

Plataforma– João Bosco:

Vaso Ruim Não Quebra– João Bosco e Cristina Buarque:

Tiro de Misericórdia– João Bosco:

João Bosco e outros shows de MPB em Sampa

Por Fabian Chacur

Um dos artistas favoritos de Mondo Pop vai marcar presença aqui em Sampa City. Trata-se do genial João Bosco, um dos mestres supremos da música popular brasileira.

O cantor, compositor e violonista mineiro canta nesta sexta (3) e sábado (4), a partir das 22h, no Café Paon (avenida Pavão, 950 – Indianópolis – fone: 4003-1212).

Ele atualmente divulga o mais recente (e ótimo, tem crítica em Mondo Pop) Não Vou Pro Céu Mas Já Não Vivo No Chão, mas é óbvio que alguns de seus grandes clássicos também estarão no repertório, entre eles De Frente Pro Crime, Incompatibilidade de Gênios e Papel Marché.

Também “das antigas”, como diriam pelaí, Zizi Possi, uma das mais belas vozes da MPB desde o fim dos anos 70, quando surgiu na cena musical brasileira, também está por aqui, sua cidade natal.

Ela dá uma geral no DVD retrospectivo Cantos & Contos Vols. 1 e 2 de sexta (3) a domingo (5) às 21h (domingo, 18h) no teatro do Sesc Vila Mariana (rua Pelotas, 141 -Vila Mariana – fone 5080-3000).

No caso de Miss Pozzi, só tem um “pequeno” problema: o Sesc informa que os ingressos para os três shows já estão devidamente esgotados. Sei lá, pinte no pedaço, veja se não tem ninguém vendendo algum ingresso de ultima hora…

A nova geração estará representada no Tom Jazz (avenida Angélica, 2.331 – Higienópolis- fone 3255-0084) com a cantora Nina Becker.

A bela moça, ainda mais bela agora de cabelinho chanel, está nesta sexta (3) e sábado (4) às 22h na intimista casa de shows paulistana, mostrando músicas de seus discos solo lançados simultaneamente,  Azul e Vermelho.

Para quem ainda não a conhece, vale lembrar que ela, ao lado da estonteante Thalma de Freitas, era a vocalista da impressionante Orquestra Imperial.

De quebra, teremos também o samba esporte chique do mais do que mestre Martinho da Vila no HSBC Brasil (rua Bragança Paulista, 1.281-fone 4003-1212) neste sábado (4).

Ele está lançando Lambendo a Cria, álbum que dividiu com as talentosíssimas filhas Mart’nália e Maíra Freitas.

Caça à Raposa – João Bosco (1975- RCA)

Por Fabian Chacur

O número 22 da coleção Grande Discoteca Brasileira, à venda em todas as boas bancas e livrarias do país, traz como atração o álbum Caça à Raposa, lançado em 1975 e o segundo da discografia de João Bosco.

Este trabalho deu ao cantor, compositor e violonista mineiro a chance de se tornar conhecido nacionalmente como intérprete, ele que até ali era mais famoso como autor de músicas gravadas principalmente por Elis Regina.

O disco é absolutamente brilhante e equivale a um sopro de criatividade no mundo da MPB da época, tendo o samba como mote mas indo bem além, com direito a latinidade e até ao rock and roll.

O álbum traz 12 composições de Bosco em parceria com o poeta carioca Aldir Blanc, em parceria que entrou para a história da música brasileira.

O samba-enredo satírico O Mestre-sala dos Mares, o samba incisivo e de rica ironia De Frente Pro Crime, a sacudida Escadas da Penha e o sambão Kid Cavaquinho invadiram rapidamente as paradas de sucesso merecidamente.

Hoje, chega a ser inacreditável pensar que essas músicas foram sucessos radiofônicos, pois conseguem unir com rara felicidade extrema qualidade artística e apelo popular, a mais difícil das fórmulas.

Outras faixas bem conhecidas são Dois pra lá, Dois pra cá, que fez grande sucesso na voz de Elis Regina e a densa Caça à Raposa.

A surpresa fica por conta dos ótimos rocks temperados de latinidade Jardins da Infância e Nessa Data, provas de que João Bosco poderia ter sido um ótimo discípulo de Carlos Santana. Ainda bem que preferiu ser ele mesmo…

A grande sacada do álbum é o fato de os arranjos terem o violão ágil, rítmico e brilhante de João como foco principal, com tudo o mais correndo em volta e ajudando apenas a dar um contorno bacana, sem afogá-lo.

Custando apenas R$ 14,90, o disco traz como brinde um livrinho com excelente texto muito bem escrito e repleto de informações pertinentes, assinado pelo jornalista Silvio Essinger.

Por sinal, Essinger também fez ótimo trabalho nos textos referentes aos álbuns Selvagem? (1986), dos Paralamas do Sucesso, e Pérola Negra (1973), de Luis Melodia, que também fazem parte da coleção Grande Discoteca Brasileira.

Ouça De Frente Pro Crime, do álbum Caça à Raposa:

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