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The Beatles 1962-66 e The Beatles 1967-70 (Apple-1973)

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Por Fabian Chacur

Em abril de 1973, quando as coletâneas duplas The Beatles 1962-1966 (ouça aqui) e The Beatles 1967-1970 foram lançadas, vivíamos tempos muito diferentes dos atuais. Portanto, para falar dessas compilações e de sua importância na história da banda mais bem-sucedida de todos os tempos em termos comerciais e criativos, é inevitável uma boa análise do cenário da época em termos de indústria fonográfica e do próprio Fab Four.

A traumática separação dos Beatles havia ocorrido há apenas três anos, mas muita coisa ocorreu naquele curto período de tempo.

Para começo de conversa, tivemos o início da conscientização por parte do público e crítica de que aqueles menos de dez anos de trajetória da banda tinham sido absolutamente sensacionais, com direito a um legado incrível em termos musicais e comportamentais.

A força daqueles quatro filhos de Liverpool, Inglaterra, que viraram cidadãos do mundo, repetiu-se em suas performances nas carreiras individuais. Paul McCartney, John Lennon, George Harrison e até mesmo o subestimado por alguns Ringo Starr logo emplacaram grandes sucessos sem a banda, algo extremamente incomum no universo da música pop. Único, até.

Nesse curto período entre 1970 e 1973, hits como Maybe I’m Amazed, My Sweet Lord, Another Day, Mother, Imagine, It Don’t Come Easy, Uncle Albert/Admiral Halsey, Back Off Boogaloo e Give Me Love (Give Me Peace on Earth), só para citar alguns dos gravados pelos quatro em suas vidas musicais pós-separação, os mantiveram no topo do universo pop.

Tal fato criou uma situação curiosa. Para fãs mais jovens, era difícil acreditar que aqueles caras já tinham um extenso currículo de sucessos prévios, antes de lançarem as músicas que os conquistaram. E surgiu a frase que era atribuída a fãs de McCartney e de seu grupo dos anos 1970: “você quer me dizer que o Paul McCartney fez parte de outra banda antes dos Wings?”.

E a explicação para esse aparente desconhecimento era relativamente simples. Até aquele momento, não existiam coletâneas de sucessos que dessem uma geral na carreira dos Beatles.

As coisas mais parecidas com isso tinham sido a compilação britânica (saiu no Brasil) A Collection Of Beatles Oldies But Goldies (1966), e a americana (também saiu por aqui) Hey Jude (1970), interessantes, mas incompletas e sem muito critério em suas seleções de faixas.

Como os álbuns dos Beatles foram lançados em versões muito diferentes pelos quatro cantos do mundo até 1967, quando Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band iniciou os lançamentos unificados em termos globais, também era difícil encontrar esses discos nas lojas, naquele período pós-separação da banda. Isso, mesmo com suas canções ainda tocando muito nas rádios.

A gravadora Apple só caiu na real de que estava perdendo dinheiro quando um selo pirata lançou em 1972 nos EUA Alpha Ômega, box com 4 LPs e 60 músicas dos Beatles (com direito a algumas das carreiras solo) que, acredite se quiser, era divulgada em comerciais na TV. Naquele momento, ficou claro que algo precisava ser feito para atender essa demanda.

E o projeto não poderia ter sido melhor desenvolvido. Ao invés de lançar um único álbum, eles se renderam ao fato de que o ideal seria fazer algo o mais abrangente possível, que pudesse ser uma boa porta de entrada no universo da obra dos Beatles. Separar as coletâneas em duas fases foi brilhante, a inicial, de 1962 a 1966, e a pós-fim das turnês, de 1967 a 1970.

The Beatles 1962-1966 traz 26 faixas, enquanto The Beatles 1967-1970 ofereceu ao público 28 canções. Os dois álbuns, lançados no formato de LPs duplos, traziam como atrativo adicional envelopes protegendo os discos com as letras de todas as canções, algo que os discos dos Beatles só passaram a ter também a partir do Sgt. Pepper’s (e nem todos!).

Para as capas, outra tirada brilhante. Eles aproveitaram uma ideia surgida para o que seria o álbum Get Back (que acabou virando Let It Be). Na capa do 1962-66, usaram um outro take da sessão de fotos da capa do LP Please Please Me (1963), e na do 1967-70, um registro feito em 1969 pelo mesmo fotógrafo, Angus McBean, no mesmo local, a sacada do prédio onde ficava a sede da EMI em Londres, com os novos visuais deles.

Diante de tantas canções de sucesso a serem escolhidas, alguns critérios aparentemente foram usados. No álbum vermelho (1962-66), ficaram de fora os covers que os Fab Four gravaram até 1965, como Twist and Shout e Roll Over Beethoven, e as canções compostas e/ou interpretadas por George Harrison como solista. As 26 musicas levam a assinatura Lennon-McCartney.

Se no álbum vermelho só uma música (Yellow Submarine) tem Ringo como vocal principal, o álbum azul (1967-70) inclui mais uma com o baterista (Octopus’s Garden, de autoria dele, por sinal) e quatro compostas e interpretadas por George Harrison- While My Guitar Gently Weeps, Here Comes The Sun, Old Brown Shoe e Something.

Outra provável diretriz seguida é o fato de que todas as canções, com as possíveis exceções de The Ballad of John & Yoko e Old Brown Shoe, são grandes sucessos em paradas de sucesso e em execução nas rádios.

Com tudo perfeito- embalagem, escolha de repertório e mesmo a divulgação, que ressaltava o fato de serem as primeiras coletâneas abrangentes e oficiais da banda- criou-se uma grande expectativa em torno do desempenho comercial das mesmas. Que foi amplamente premiada.

The Beatles 1962-1966 chegou ao 3º lugar na parada americana, enquanto The Beatles 1967-1970 foi ainda além, liderando a parada ianque em 26 de maio de 1973. Os Fab Four voltavam ao topo após três anos.

Foi a partir dali que o acervo de gravações dos Beatles começou a ser reaproveitado e a render ainda mais do que nos tempos da Beatlemania.

Se no período entre 1973 e 1992 isso ainda ocorreu de uma forma um pouco mais tímida, os relançamentos e novidades referentes à banda renderam e ainda rendem milhões à gravadora Universal Music (atual detentora dos direitos desses fonogramas) e aos músicos e seus herdeiros.

Curiosidade: The Beatles 1967-1970 ficou uma semana no 1º lugar na parada dos EUA, e foi sucedido por Red Rose Speedway, de ninguém menos do que Paul McCartney & Wings, que manteve a posição de liderança por três semanas. Adivinhem quem o destronou? O ex-colega de banda George Harrison, que com seu Living In The Material World assegurou a primeira posição por cinco semanas.

Essas coletâneas marcaram tanto que foram reeditadas no formato CD, a primeira vez em 1993, no formato caixinha e reproduzindo o conteúdo da embalagem original, e em 2010, desta vez no modo digipack e com o acréscimo de um encarte trazendo um bom texto com informações (algumas incorretas)e fotos adicionais.

The Beatles 1962-1966 foi o primeiro álbum duplo que comprei na vida, quando tinha apenas 12 aninhos de idade, e me lembro de que as rádios de São Paulo tocavam as músicas dos Beatles naquele período como se fossem lançamentos, às vezes seguidas por faixas de John, Paul, George e Ringo em suas carreiras individuais. Como não virar um fã também?

The Beatles 1967-1970- The Beatles (ouça em streaming):

Julian Lennon divulga Lucky Ones e lança CD em setembro

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Por Fabian Chacur

Tem álbum novo de Julian Lennon a caminho. A gravadora BMG promete para o dia 9 de setembro em vários formatos físicos e digitais o álbum Jude, cujo título é evidentemente inspirado no apelido que Paul McCartney deu a ele e que lhe inspirou a célebre Hey Jude, dos Beatles. Serão 11 faixas. Mais uma delas acaba de chegar às plataformas digitais. Trata-se da power ballad Lucky Ones, que traz uma boa curiosidade.

A canção traz um verdadeiro atacadão de autores, pois é assinada por Julian em parceria com Martijn Garritsen, John Martin, Michel Zitron, Gregory Darling, Gregg Alexander, Albin Nedler and Kristoffer Fogelmark (ufa!). Alexander é conhecido por ter liderado o grupo New Radicals. O resultado dessa união de tanta gente gerou uma rock ballad das melhores.

Lucky Ones segue a tendência de Julian em se inspirar em temas trilhados por seu pai (John Lennon) como paz, revolução e esperança, além de ecologia. Tipo da música que você ouve e gruda no ouvido logo a seguir, mas que se vale de elementos de muito bom gosto para atingir tal objetivo.

Lucky Ones– Julian Lennon:

Julian Lennon relê Imagine com Nuno Bettencourt, do Extreme

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Por Fabian Chacur

Sempre que era questionado sobre se um dia interpretaria a música Imagine, Julian Lennon afirmava que só faria isso em uma ocasião muito importante. Pois esse momento chegou. Ele aceitou colocar a sua voz em uma das mais famosas composições de seu pai, John Lennon, em prol do Global Citizen’s Stand Up For Ukraine, que busca arrecadar fundos para os ucranianos. A gravação já está disponível nas plataformas digitais, com direito a um belíssimo clipe.

O registro foi feito de forma bem básica e simples. Temos Julian no vocal e Nuno Bettencourt, conhecido por seu trabalho com a banda Extreme, no violão e vocal de apoio. A produção ficou a cargo dos dois, e o resultado é singelo e emocionante. O cantor, compositor e músico britânico lançou recentemente duas novas canções (saiba mais e as ouça aqui).

Imagine (clipe)- Julian Lennon e Nuno Bettencourt:

Alan White e Andy Fletcher, duas grandes perdas no rock

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Por Fabian Chacur

O mundo do rock perdeu dois nomes importantes nesta quinta-feira (26), de gerações e eras distintas, mas ambos britânicos. O baterista Alan White (foto), do grupo de rock progressivo Yes, nos deixou aos 72 anos, ele que havia anunciado sua saída da turnê que a banda faria em breve. O tecladista Andy Fletcher, por sua vez, era integrante do Depeche Mode, uma das mais expressivas formações do chamado synth pop ou tecnopop que estourou nos anos 1980 e 1990, e se foi aos 60 anos.

Nascido em 14 de junho de 1959, Alan White ganhou os holofotes da mídia ao tocar com John Lennon em 1969 no Toronto Rock and Roll Festival, cuja gravação rendeu o álbum Live Peace in Toronto 1969 (1969), no qual brilhou ao lado de Eric Clapton e Klaus Woorman. Naquele mesmo ano, participou com destaque do single Instant Karma!, de Lennon, e ainda participaria de várias faixas do icônico álbum Imagine (1971).

Ele também gravaria com George Harrison (no álbum All Things Must Pass, de 1970), Joe Cocker e outros artistas até ser convidado, em 1972, para substituir Bill Bruford (que deixou a banda rumo ao King Crimson) no Yes. A partir de então, tornou-se um dos destaques daquela formação de rock progressivo, gravando álbuns e participando de turnês mundiais. Sempre foi considerado um dos melhores músicos do rock no seu instrumento, e sofria com problemas de saúde nos últimos anos.

Por sua vez, Andy Fletcher, nascido em 8 de julho de 1961, criou o Depeche Mode junto com Martin Gore, Vince Clarke e Dave Gahan em 1980. Após o lançamento do 1º álbum, Speak And Spell (1981), Clarke (que depois criou o Yazoo e o Erasure) saiu e foi substituído por Alan Wilder. No decorrer daquela década, a banda se tornou uma das mais populares do synth pop, e se manteria no topo pelo menos até metade dos anos 1990.

Na hierarquia do Depeche Mode, Fletcher sempre ficou em um plano inferior em termos artísticos, e era tido como mais importante em dois setores fundamentais para o bom andamento da banda: a parte empresarial/comercial e a função de uma espécie de “algodão entre cristais”, mantendo unidos o vocalista Dave Gahan e o tecladista e principal compositor Martin Gore (Wilder, tido como ótimo músico, saiu em 1995).

Instant Karma! (clipe)- John Lennon & Plastic Ono Band:

Julian Lennon lança duas novas canções e dá prévia de álbum

julian lennon 400x ROBERT ASCROFT FOR foureleven.agency 2Por Fabian Chacur

No dia em que completa 59 anos (nasceu em 8 de abril de 1963), Julian Lennon lança duas novas músicas, ele cujo álbum mais recente, Everything Changes, saiu em 2011. Julian promete um novo provavelmente ainda este ano, sendo que antes nos proporcionará mais alguns singles como amostras. As primeiras ofertas ao público investem em temas bem frequentes na curta, porém consistente discografia do cantor, compositor e músico inglês que inclui até o momento 7 álbuns.

Freedom (ouça aqui), escrita em parceria com Tim Ellis e Grant Ransom, é uma balada introspectiva, delicada e repleta de elementos eletrônicos, tendo o amor como tema. Por sua vez, Every Little Moment, escrita com o músico americano Mark Spiro, é um rock vigoroso e melódico cuja letra clama pela paz de forma direta e tocante. O álbum sairá via BMG.

Filho mais velho de John Lennon e nascido em Liverpool, Inglaterra, Julian estourou com seu álbum de estreia, Valotte (1984), que emplacou como hits a faixa-título e a marcante Too Late For Goodbyes.

Os álbuns seguintes não repetiram o mesmo êxito, embora interessantes, e ele passou a também se dedicar a causas ambientais e humanitárias, com direito a produzir um premiado documentário, Whaledreamers (2006) e a criar a The White Feather, fundação centrada em questões ambientais e humanitárias. Ele também atua como fotógrafo e autor de livros infantis.

Every Little Moment– Julian Lennon:

The Beatles and India, doc e álbum, para encantar os fãs

George & Patti with garlands 2 - Colin Harrison Avico Ltd

Por Fabian Chacur

The Beatles continuam em pauta como de praxe, mas de forma ainda mais intensa nas últimas semanas. Além do filme Get Back, temos também um outro documentário em cena. Trata-se de The Beatles and India, produzido pelo empresário britânico-indiano Reynold D’Silva e dirigido em parceria por Ajoy Bose e Pete Compton. O filme ganhou os prêmios de melhor filme pelo público e melhor música no UK Usian Film Festival, e está sendo exibido com sucesso em festivais de cinema na Grécia, Bélgica e Espanha.

Baseado no livro Across The Universe- The Beatles in India, de Ajoy Bose, o doc conta a relação de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr com a cultura indiana, com ênfase em sua histórica passagem pela India em Rishikesh, no ashram do polêmico guru indiano Maharishi Mahesh Yogi. Temos cenas de arquivo e fotos, algumas raras e/ou inéditas, e também depoimentos de pessoas que presenciaram essa viagem histórica em 1968.

Como produto derivado do filme, está previsto para ser lançado no próximo dia 29 de outubro o álbum Songs Inspired By The Film The Beatles and India, que traz releituras de canções dos Beatles inspiradas e/ou escritas na Índia e interpretadas por artistas indianos contemporâneos como Karsh Kale, Benny Dayal, Kiss Nuka e Anoushka Shankar, esta última filha do grande músico Ravi Shankar (1920-2012), a rigor quem introduziu George Harrison no mundo da cultura da Índia e um de seus melhores amigos.

Eis as faixas de Songs Inspired By The Film The Beatles And India:

1. Tomorrow Never Knows (ouça aqui ) – Kiss Nuka
2. Mother Nature’s Son – Karsh Kale / Benny Dayal (ouça aqui)
3. Gimme Some Truth – Soulmate
4. Across The Universe – Tejas / Maalavika Manoj
5. Everybody’s Got Something To Hide (Except Me And My Monkey) – Rohan Rajadhyaksha / Warren Mendonsa
6. I Will – Shibani Dandekar / Neil Mukherjee
7. Julia – Dhruv Ghanekar
8. Child Of Nature – Anupam Roy
9. The Inner Light – Anoushka Shankar / Karsh Kale
10. The Continuing Story Of Bungalow Bill – Raaga Trippin
11. Back In The USSR – Karsh Kale / Farhan Ahktar
12. I’m So Tired – Lisa Mishra / Warren Mendonsa
13. Sexy Sadie – Siddharth Basrur / Neil Mukherjee
14. Martha My Dear – Nikhil D’Souza
15. Norwegian Wood (This Bird Has Flown) – Parekh & Singh
16. Revolution – Vishal Dadlani / Warren Mendonsa
17. Love You To – Dhruv Ghanekar
18. Dear Prudence – Karsh Kale / Monica Dogra
19. India, India (ouça aqui) – Nikhil D’Souza

Veja o trailer de The Beatles and India:

Lizzie Bravo, 70 anos, cantou com os Beatles e outros fenômenos

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Por Fabian Chacur

Pode uma garota brasileira de 15 anos de idade desembarcar sozinha em fevereiro de 1967 na efervescente Londres daqueles anos psicodélicos e em alguns meses se tornar uma verdadeira testemunha ocular de um dos momento mais importantes da carreira de ninguém menos do que os Beatles? Mais: participar de uma gravação dos Fab Four? Essa foi a cereja no bolo da trajetória de Lizzie Bravo, que, no entanto, fez muitas outras coisas relevantes, como ser musa de um grande clássico da nossa música. Ela infelizmente nos deixou nesta segunda (4) aos 70 anos, vítima de problemas cardíacos.

Elizabeth Villas Boas Bravo nasceu em 29 de maio de 1951, e foi uma das primeiras brasileiras a mergulhar de cabeça no som dos Beatles, ao ouvir o álbum Meet The Beatles (1964) que seu pai trouxe dos EUA. Nascia ali uma paixão pelo grupo e, em particular, por John Lennon. E a amiga Denise Werneck teve uma ideia, logo encampada por Lizzie (cujo apelido ela tirou da música Dizzy Miss Lizzy, clássico do rock de autoria de Larry Williams e regravada pelo grupo no seu álbum Help!, de 1965): pedir aos pais de presente uma viagem a Londres.

Lizzie desembarcou em Londres em fevereiro de 1967, e logo se tornou uma frequentadora da porta dos estúdios Abbey Road, onde os Beatles gravavam seus discos, e também da casa de alguns deles. Naquela época, especialmente em Londres, os astros do rock eram muito mais acessíveis do que se tornariam não muito tempo depois, e a adolescente carioca conseguiu aos poucos se tornar uma quase amiga de John, Paul, George e Ringo.

No seu excelente livro Do Rio a Abbey Road (2015), ela relata como foi esse período no qual, afora trabalhos para conseguir se manter melhor na capital inglesa, suas tarefas básicas eram se manter atualizada sobre os lançamentos e novos rumos do grupo e também conseguir autógrafos, fotos e algumas conversas com os músicos. Na base da simpatia e da paciência, foi absolutamente vitoriosa no seu intuito, como provam as belas fotos contidas no livro.

Vale registrar que, nesse período, os Beatles viviam uma fase particularmente iluminada de sua brilhante trajetória, gravando Sgt. Peppers, Magical Mystery Tour e Abbey Road e consolidando de uma vez por todas a sua presença no panteão da música popular.

Lizzie permaneceu em Londres em dois períodos: de fevereiro de 1967 a abril de 1968, e de outubro de 1968 a outubro de 1969. Por lá, fez amizades com outros fãs e tirou a sorte grande em 4 de fevereiro de 1968, um domingo, quando Paul McCartney perguntou às garotas que estavam próximas ao estúdio Abbey Road se alguma delas conseguiria sustentar notas agudas. A nossa conterrânea afirmou positivamente, e depois levou outra amiga, a inglesa Gayleen Pease, para auxiliá-la. Dessa forma, participaram da versão original de Across The Universe.

A belíssima canção, assinada por Lennon e McCartney mas na verdade de total autoria do primeiro, acabou deixada de lado como um possível single do grupo. Em dezembro de 1969, no entanto, foi lançada como parte da coletânea inglesa No One’s Gonna Change Our World- The Stars Sing For The World Wide Fund, ao lado de gravações de dez outros artistas de ponta, entre os quais Bee Gees, The Hollies e Cilla Black.

Across The Universe entrou no repertório do álbum Let It Be (1970), mas em uma versão alterada que retirou os vocais de Bravo e Pease. Rara durante uns bons anos, a única gravação dos Beatles a incluir alguém do Brasil só voltaria a ser acessível ao entrar no repertório das duas versões do álbum Rarities (1980) e no volume 2 da coletânea Past Masters (1988).

Nem é preciso dizer que essa gravação tornou Lizzie Bravo uma figura sempre relembrada pelos fãs-clubes dos Beatles nas décadas seguintes, algo que se ampliou ainda mais com o advento da internet. Posteriormente, ela teve a oportunidade de rever Paul McCartney (em uma entrevista coletiva, em 1990, na qual o ex-beatle a reconheceu), George Harrison e Ringo Starr. Lennon, o seu favorito, infelizmente nos deixou antes de que ela pudesse reencontrá-lo.

Para quem acha que a história de Elizabeth parou por aqui, recupere o fôlego, pois vem mais coisas boas por aí. Em 1970, ao voltar ao Brasil, conheceu o cantor, compositor e músico Zé Rodrix, com o qual foi casada por dois anos. Em parceria com Tavito, ele compôs, inspirado nela, o clássico da MPB Casa no Campo, cuja gravação definitiva é a de Elis Regina. Em sua letra, a música fala de uma “esperança de óculos” (Lizzie) e o sonho de ter um “filho de cuca legal”, que veio na forma de Marya, nascida em outubro de 1971 e hoje cantora e atriz.

No decorrer de sua trajetória profissional, Lizzie foi vocalista de apoio de artistas do gabarito de Milton Nascimento, Joyce Moreno, Zé Ramalho, Ivan Lins, Djavan, Egberto Gismonti, Toninho Horta e Geraldo Azevedo, entre outros, participando de discos e shows deles. Também atuou como fotógrafa para artistas e gravadoras, e morou em Nova York de 1984 a 1994, atuando na área cultural.

O projeto de seu livro teve início em 1980, mas foi interrompido devido à trágica morte de John Lennon. Ela o retomou em 1984, novamente sem o levar adiante. Só em 2015 essa belíssima obra se concretizou, com uma tiragem inicial que se esgotou em 2017 (comprei um dos últimos exemplares, em julho de 2017. Ela preparava uma nova fornada de livros, assim como uma edição em inglês, que provavelmente serão viabilizadas por Marya.

Across The Universe (original version)- The Beatles:

John Lennon/Plastic Ono Band (1970) volta em edição de luxo

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Por Fabian Chacur

Lançado em 1970, meses após o fim dos Beatles, John Lennon/Plastic Ono Band é um álbum que aparece em praticamente todas as listas dos melhores trabalhos de todos os tempos. Para celebrar os 50 anos desse disco icônico, sairá no exterior John Lennon/Plastic Ono Band- The Ultimate Collection, que em sua versão super deluxe traz 2 CDs, 2 Blu-rays de áudio, dois cartões postais, um pôster e um livro com capa dura e 132 páginas repletas de fotos, informações e as letras das músicas.

O material, que totaliza 159 faixas, foi trabalhado pelos engenheiros de som Paul Hicks, Rob Stevens e Sean Gannon, e se divide entre demos, ensaios, out-takes, jam sessions e conversas entre os músicos. Um ponto interessante são as evolutionary documentary, montagens que mostram o desenvolvimento de cada uma das faixas do álbum original, desde a fase demo até a gravação final (master).

Um momento que certamente empolgará os fãs é o que traz jam sessions realizadas pelos músicos participantes das gravações (entre eles Ringo Starr) nas quais eles se divertem relendo clássicos do rock como Johnny B. Goode (Chuck Berry), Ain’t That a Shame (Fats Domino) e Send Me Some Lovin’ (Little Richard), sendo que Lennon imita Elvis Presley em um dos momentos mais marcantes.

No Blu-ray, também foram incluídas as versões longas das faixas do álbum Yoko Ono/Plastic Ono Band, que a artista japonesa gravou paralelamente ao álbum do marido. Aliás, o projeto, que também inclui versões em CD simples, CD duplo e LP duplo de vinil, contou com a supervisão dela.

Conheça mais detalhes sobre a box set aqui.

Veja o vídeo de apresentação do projeto John Lennon/Plastic Ono Band:

Cheap Trick faz releitura de um grande clássico de John Lennon

Cheap Trick por David McClister

Por Fabian Chacur

Uma das faixas mais ácidas do maravilhoso álbum Imagine (1971), de John Lennon, é Gimme Some Truth. Trata-se de um rock vigoroso, cuja letra sem papas na língua detona os políticos e a sua capacidade de mentir o tempo todo. Como permanece mais atual do que nunca, ela acaba de ser regravada pelo grupo americano Cheap Trick, que a lançará no dia 9 de abril como parte de In Another World, seu novo álbum de estúdio, o 22º de uma discografia que teve início em 1977.

O arranjo é bem próximo da gravação do ex-beatle, embora um pouco mais pesada, e mostra que o quarteto ianque permanece com um pique dos mais elogiáveis. A atual formação da banda traz seus integrantes originais Robin Zander (vocal e guitarra-base), Rick Nielsen (guitarra) e Tom Peterson (baixo), tendo atualmente na bateria Daxx Nielsen (filho de Rick) na vaga que foi durante décadas de Bun E. Carlos.

Em comunicado enviado à imprensa, a banda integrante do Rock And Roll Hall Of Fame comenta sobre o espírito reinante neste novo trabalho: “Esse disco em especial reflete o mundo atual e o que estamos passando”, conta Zander. “Sempre fomos uma banda com um olhar positivo, esperançoso, mesmo quando éramos irônicos. Mas agora que estamos ficando mais velhos, vemos que não temos muito o que comemorar ao nosso redor”.

Eis as faixas de In Another World:

1-The Summer Looks Good On You

2- Quit Waking Me Up

3- Another World

4- Boys & Girls & Rock N Roll

5- The Party

6- Final Days

7- So It Goes

8- Light Up the Fire

9- Passing Through

10-Here’s Looking At You

11-Another World reprise

12-I’ll See You Again

13-Gimme Some Truth

Gimme Some Truth– Cheap Trick:

Jeff Beck e Johnny Depp lançam releitura de hit de John Lennon

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Por Fabian Chacur

Acaba de ser disponibilizado nas plataformas digitais o single Isolation. A música, clássica composição de John Lennon incluída no icônico álbum John Lennon/Plastic Ono Band (1970), foi relida de forma personalizada pelo lendário guitarrista britânico Jeff Beck e o não menos consagrado ator e também cantor e músico americano Johnny Depp. Eles já haviam apresentado essa canção, juntos e ao vivo, em setembro de 2019, durante a edição do Crossroads Guitar Festival, de Eric Clapton, realizada no Texas, EUA (ouça aqui).

“Johnny e eu trabalhamos juntos há algum tempo e gravamos essa faixa durante nosso tempo no estúdio no ano passado. Não esperávamos lançá-la tão cedo, mas, considerando todos os dias difíceis e o verdadeiro ‘isolamento’ que as pessoas enfrentam nesses tempos difíceis, decidimos que agora é o momento certo para deixar todos ouvirem”, diz Beck em comunicado à imprensa.

Isolation traz Jeff e Johnny acompanhados por Ronda Smith (baixo) e o cultuado Vinnie Colaiuta (bateria). Para quem estranhar Johnny Depp na música, vale lembrar que ele canta e toca guitarra, e integra há cinco anos o supergrupo Hollywood Vampires ao lado de Alice Cooper e Joe Perry (do Aerosmith), que lançou os álbuns Hollywood Vampires (2015) e Rise (2019). Ele também participou de trabalhos do Oasis, Marilyn Manson e Stone Temple Pilots.

Isolation (lyric video)- Jeff Beck e Johnny Depp:

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