Por Fabian Chacur

Esta terça-feira, dia 2 de março, deveria ter sido um dia de festa em uma certa casa nos Estados Unidos. A cantora Karen Carpenter sopraria velinhas e comemoraria o fato de virar sessentona. Deus não quis.

A dona de uma das vozes mais doces, belas e de tom levemente melancólico nos deixou em um triste 4 de fevereiro de 1983, antes mesmo de completar 33 anos. Ficaram a saudade e também uma obra repleta de pérolas sonoras.

Ao lado do irmão Richard (pianista e arranjador), Karen criou o grupo The Carpenters, que entre1969 e 1983 lançou trabalhos irregulares, sim, mas nos quais os momentos brilhantes foram de altíssimo quilate.

Os irmãos americanos não revolucionaram a música, não investiram na rebeldia nem quando eram moleques e na verdade equivaliam a uma espécie de retomada da tradição pop dos anos 50.

Românticos, não contestadores e bem-comportados, eles nos entanto nos proporcionaram belas canções sobre amores realizados e desfeitos, saudade, ingenuidade e aquelas coisas bonitas de que tanto gostamos, embora às vezes tenhamos vergonha de admitir.

São diversas as canções da dupla de que gosto. Rainy Days And Mondays, Close To You, Superstar, We’ve Only Just Begun, Yesterday Once More, I Need To Be In Love Solitaire são provavelmente as minhas favoritas.

As releituras de sucessos alheios também costumavam ser bem interessantes, com destaque para a versão mais lenta de Ticket To Ride, dos Beatles, e a leve e gostosa Please Mister Postman, que tanta gente regravou.

De certa forma e em termos mais de espírito, os Carpenters são muito próximos do Abba, outra grande banda pop dos anos 70. Eles eram românticos, populares e vez por outra se atolavam com tudo no brega, mas quando acertavam….. Era música para sempre.

Confesso que algumas das músicas dos Carpenters me fazem chorar de emoção, mesmo hoje. Pode ser devido a lembranças da minha infância/adolescência. Pode ser por lamentar o fim tão precoce de Karen.

Sei lá! O importante é ouvir esse trabalho, que foi reabilitado pelos “descolados” a partir de 1994 com o lançamento do CD tributo If I Were a Carpenter, com participação de Sonic Youth, Sheryl Crow, Cranberries, Grant Lee Buffalo e outros nomes bacanas.

Aliás, a versão do Sonic Youth para Superstar é simplesmente genial. Ouça agora! Lógico que a gravação original é melhor, mas uma não invalida a outra.