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Rita Lee (1980), o LP de Lança Perfume, é relançado em vinil

Por Fabian Chacur

Rita Lee 1980-400x

Como forma de celebrar os 40 anos do lançamento de Rita Lee (1980), que alguns conhecem pelo nome de sua música mais conhecida, Lança Perfume, a Universal Music está relançando em vinil de 180 gramas este verdadeiro clássico da música pop brasileira. O álbum foi lançado na época pela gravadora Som Livre, e relançado em CD nos anos 1990 pela EMI, cujo acervo nacional está agora nas mãos da Universal.

Lança Perfume estourou praticamente no momento em que tocou pela primeira vez nas rádios. Mesmo com um som de teclados (e algumas notas musicais) escancaradamente “emprestado” de What a Fool Believes, hit em 1979 com o grupo americano The Doobie Brothers, sua energética fusão de carnaval, pop e rock tornou-se um marco na carreira da cantora e compositora paulistana, e um de seus maiores hits no Brasil e no mundo.

Trata-se de um disco repleto de sucessos. Além de Lança Perfume, temos aqui Bem-Me-Quer, Baila Comigo, Caso Sério e Nem Luxo Nem Lixo . Em Orra Meu, o momento mais roqueiro, está creditado como baixista um certo Luis Maurício, que pouco depois se tornaria um astro, já rebatizado como Lulu Santos.

Com produção de Guto Graça Mello, o álbum conta com uma participação intensa de Lincoln Olivetti, dividindo-se entre teclados, arranjos e o que mais pintasse. O maridão Roberto de Carvalho, coautor de seis das oito músicas do disco, também marca presença na guitarra, violão e teclados, sendo que outros músicos do primeiro time, como Robson Jorge (guitarra), Jamil Joanes (baixo) e Picolé (bateria) participaram das gravações.

Ouça Rita Lee (1980) em streaming:

Músico Lincoln Olivetti morre aos 60 anos e deixa saudade

robson jorge e lincoln olivetti 400x

Por Fabian Chacur

Considerado um dos mais influentes, bem-sucedidos e polêmicos maestros e arranjadores da história da MPB, morreu nesta quarta-feira (13) Lincoln Olivetti. Ele tinha 60 anos de idade, e foi vítima de um infarto, segundo informações divulgadas por sua assessoria de imprensa. Deixa como legado um trabalho que ajudou a mudar a sonoridade da MPB.

Natural de Nilópolis (RJ), Lincoln Olivetti começou sua trajetória no meio musical nos anos 1970. Talentoso como tecladista e arranjador (especialmente de metais), rapidamente incorporou o estilo adult contemporary, que surgiu nos EUA na segunda metade daquela década e que equivalia a uma mistura de soul, jazz e pop ao mesmo tempo sofisticada e com apelo radiofônico.

Olivetti aprendeu bastante com o que ouviu de artistas como George Benson, Earth Wind & Fire e Brothers Johnson (entre outros), e trouxe essas sonoridades recheadas de teclados eletrônicos, metais agitados e guitarras funk/jazzísticas para o universo da música brasileira. Teve grande e luxuosa ajuda do guitarrista Robson Jorge (1954-1993).

A partir do sucesso de seu trabalho com Rita Lee e Tim Maia, o som de Lincoln Olivetti tornou-se padrão na sonoridade da MPB e do pop brasileiro da primeira metade dos anos 1980. Embora tivesse seus (muitos) méritos, ele acabou caindo na repetição em diversos casos, devido ao excesso de artistas que requisitavam seus serviços, e virou grife, para o bem e para o mal.

Entre outros inúmeros artistas, valeram-se de seus serviços Rita Lee, Tim Maia, Roberto Carlos, Sandra de Sá, Jorge Ben Jor e Gal Costa. As músicas da dupla de compositores Michael Sullivan e Paulo Massadas frequentemente ganhavam seus arranjos, criando assim o que pode se chamar de “som adulto contemporâneo brasileiro”.

Como seria de se esperar, essa sonoridade acabou se desgastando, e com isso Mr. Olivetti viu seu prestígio cair a partir dos anos 1990. No entanto, continuou trabalhando com artistas como Lulu Santos e Marina Elali. Com esta última, por sinal, não só atuou em discos como também em shows ao vivo, como o realizado no extinto Palace em 2006.

Em 1982, Robson Jorge e Lincoln Olivetti lançaram um álbum autointitulado, repleto de composições próprias e releituras de material alheio com aquela levada característica que fazia com que alguns confundissem esse material com o de George Benson. Mas o álbum é bem legal, e inclui sua releitura instrumental de Baila Comigo que serviu como abertura para a novela global de 1981, além do ótimo hit Eva.

Eva– Robson Jorge & Lincoln Olivetti:

Robson Jorge e Lincoln Olivetti – Robson Jorge e Lincoln Olivetti (1982- Som Livre)

Por Fabian Chacur

Uma das mais ricas e swingadas vertentes da nossa música é a soul/funk music com tempero brazuca.

Tendo como criador e principal nome o saudoso Tim Maia, o estilo possui seguidores da mais pura estirpe, entre os quais Cassiano, Hyldon, Tony Tornado, Cláudio Zoli e a banda Black Rio, só para citar alguns.

Nesse universo rico onde samba, soul, funk, bossa nova, jazz, rock e o que mais pintar geraram uma mistura das mais consistentes, não podemos esquecer a dupla Robson Jorge & Lincoln Olivetti.

Ambos nasceram em 1954 e aprenderam o beabá da profissão durante os anos 70.

Na década seguinte, participaram de gravações de muito sucesso de Tim Maia, Gal Costa, Sandra de Sá e inúmeros outros, dando um tom mais black e pop à música comercial da época.

Robson tocava guitarra com swing e jogo de cintura, enquanto Lincoln se incumbia dos teclados, abusando dos timbres diversificados e de muito bom gosto e balanço.

Os dois souberam como poucos trazer para a nossa praia musical lições de artistas e grupos como George Benson, Earth Wind & Fire, Brothers Johnson e Kool & The Gang.

Sua maior contribuição ao Soul Brasil foi o álbum Robson Jorge e Lincoln Olivetti, lançado em 1982 pela Som Livre e relançado em CD pelo mesmo selo e, mais recentemente, pela Trama (2006).

O disco é totalmente instrumental, com a utilização dos vocais apenas em vocalizações e um ou outro refrão.

O repertório investe essencialmente em composições dos dois músicos.

No entanto, a faixa mais conhecida é de Rita Lee.

Trata-se de Baila Comigo, gravada em pot-pourri com uma faixa deles, Festa Braba, e utilizada na abertura da novela global Baila Comigo.

Eva também entrou na trilha de um filme na época, enquanto Squash chegou a tocar em algumas rádios mais abertas a trabalhos de qualidade.

O álbum é swing de ponta a ponta, com direito a timbres deliciosos de guitarra, teclados, baixos e metais, vocais aliciantes e percussão comendo solta.

Curioso pensar que, na época, muitos críticos considevaram a dupla os reis da pasteurização com seus arranjos modernos e inovadores.

Lógico que eles repetiram por diversas vezes a fórmula, especialmente quando contratados por gravadoras inescrupulosas que só queriam saber de ganhar dinheiro.

Mas quando eles davam as cartas, a coisa era fina. Finíssima.

Robson Jorge e Lincoln Olivetti tem outros destaques, como a certeira Aleluia, a latina Raton, a deliciosa (a la George Benson) Pret-a Porter e a deliciosa Ginga.

Um clássico marcante do Soul Brasil e indispensável na discoteca de quem admira o gênero.

Aliás, o relançamento da Trama pode ainda ser encontrado em São Paulo a preço de banana, tipo R$ 12. Uma pechincha!

Infelizmente, Robson Jorge nos deixou em 1993, mas Lincoln Olivetti continua por aí, firme e forte.

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