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Reedição ressalta qualidades de Ram

Por Fabian Chacur

Ram foi o primeiro álbum de Paul McCartney que tive a oportunidade de ouvir, em cópia adquirida pouco depois de seu lançamento por meu saudoso irmão Victor em 1971.

Desde então, e lá se vão 41 anos, é um dos meus discos favoritos, embora tenha sido criticado de forma impiedosa pela crítica especializada na época. Malditos críticos, diria eu, de forma bem-humorada, mas séria, ao mesmo tempo. Esse disco não merecia!

Este maravilhoso álbum, creditado a Paul & Linda McCartney, volta às lojas brasileiras em caprichada reedição integrante da Paul McCartney Archive Collection, que está aos poucos oferecendo novas versões dos ítens de uma das discografias mais bacanas da história do rock.

A nova roupagem de Ram nos oferece embalagem digipack, encarte luxuoso repleto de fotos inéditas e com as letras das canções do álbum original e dois CDs. Um traz a versão remasterizada do disco original, enquanto o segundo inclui oito faixas bônus, sendo três extraídas de compactos e cinco inéditas que dissecarei abaixo.

Ram é um dos discos indiscutíveis aqui de Mondo Pop. Gravado em estúdio em Nova York, conta com McCartney nos vocais e vários instrumentos, sua esposa Linda nos vocais de apoio e os músicos Denny Seiwell (bateria), Hugh McCracken (guitarra) e David Spinozza (guitarra).

O repertório mostra McCartney solto, descompromissado e inspirado, indo do rockão em Too Many People, Eat At Home, Smile Away e Monkberry Moon Delight, pop delicado em Dear Boy e Long Haired Lady, pop envolvente e contagiante em Uncle Albert/Admiral Halsey e folk/country em Ram On e Heart Of The Country, além de rock compassado em 3 Legs e balada emocionante em The Back Seat Of My Car. Muitos artistas dariam um braço para ter um Ram em suas discografias.

A edição megaluxuosa, que não será lançada no Brasi, inclui quatro CDs (os adicionais são uma raíssima versão em mono e uma instrumental lançada em 1977 sob o pseudônimo Thrillington), um livro com 112 páginas e um DVD com breve making of do disco e alguns clipes despretensiosos.

Faço apenas algumas pequenas ressalvas à excelente reedição de Ram no formato álbum duplo: não foram incluídas informações mais detalhadas sobre as faixas bônus, nem suas letras. De resto, um trabalho excelente em termos de resgate desse ótimo álbum.

Conheça as faixas bônus da reedição de Ram:

1- Another Day – o primeiro single lançado por Paul após a dissolução dos Beatles, canção pop até a medula com letra levemente melancólica. Uma delícia. Lançada em 1971.

2Oh Woman Oh Why – lado B de Another Day, um rockão virulento e bem bacana

3Little Woman Love – Lado B do single Mary Had a Little Lamb, uma espécie de pop rock com pitadas dos standards americanos. Aí, fica a pergunta: porque não incluíram Mary Had a Little Lamb também, já que havia tempo suficiente?

4A Love For You (John Kelly Mix): pop rock agitado e certeiro, com um piano bem bacana e pitadas de blues rock. Inédita.

5Hey Diddle (Dixon Van Winkle Mix): canção folk estilo voz e violão deliciosa, uma espécie de versão bem melhorada de Bip Bop, incluída em Wings Wild Life, lançado no mesmo 1971. Inédita.

6Great Cock And Seagull Race (Dixon Van Winkle Mix): blues rock instrumental simpático, mas que parece algo inconcluído e ainda em estágio de criação. Inédita.

7Rode All Night – Rockão no qual Paul solta a voz em falsete bem agressivo, com a banda improvisando bastante durante mais de oito minutos. Bem legal ouvir o Macca em um formato quase heavy metal. Inédita.

8Sunshine Sometime – Delicada melodia pop instrumental que também parece algo em progressão, embora bem mais encaminhada do que Great Cock And Seagull Race. Inédita.

Monkberry Moon Delight – Paul & Linda McCartney:

Uncle Albert/Admiral Halsey – Paul & Linda McCartney:

Rode All Night – Paul & Linda McCartney:

A Love For You – Paul & Linda McCartney:

Ouça as músicas do álbum Ram em sua totalidade:

Wingspan conta a história do Paul e do Wings

Por Fabian Chacur

A volta de Paul McCartney ao Brasil para três shows de ingressos caríssimos em novembro, um em Porto Alegre no dia 7 e dois em São Paulo nos dias 21 e 22 (enfim confirmaram o que todos já sabiam, que esse segundo show era inevitável) está me fazendo querer escrever muito sobre ele no período que antecede a nova turnê por aqui.

Aproveitei para tirar da minha coleção e colocar para rodar no meu DVD player o documentário Wingspan – An Intimate Portrait. Lançado em 2001, trata-se de uma história dos dez anos iniciais da carreira do meu ídolo máximo após sair dos Beatles.

O eixo da história é o amor entre Paul e a saudosa Linda Eastman, e de como ele resolveu unir o útil ao agradável, montando um novo grupo, o Wings, com o amor da sua vida tocando teclados.

Wingspan é sensacional, pois mistura deliciosas cenas de arquivo do próprio artista, incluindo aquelas filmagens caseiras emocionantemente toscas e afetivas, com registros de shows, entrevistas coletivas etc.

Tudo é conduzido por uma entrevista dada na época pelo ex-beatle à filha mais velha, a gatíssima Mary. O papo entre os dois é uma delícia, com direito a uma revelação entre os dois.

“Quer dizer que quando você casou com mamãe ela já estava grávida de mim?, pergunta, docemente, recebendo um sim levemente constrangido de papai McCartney.

O argumento usado por ele para rechaçar as críticas por colocar Linda em seu grupo é no mínimo sensacional:

“Eu estava montando apenas um grupo de rock, e não fazendo uma experiência química ou coisa assim. Se não desse certo, a quem poderia prejudicar? Ninguém! Não sei por que discutiam tanto isso”.

As memórias sobre os seus primeiros discos solo (McCartney e Ram), a formação do Wings, os primeiros shows, as turnês e até mesmo a inesperada prisão no Japão em 1980 que acabou pondo fim aos Wings são relatadas com riqueza de detalhes e documentação.

Os vários músicos que passaram pela banda também são apresentados, entre eles o braço direito do casal, Denny Layne.

Aliás, a explicação dele para o fim da banda é bem interessante.

“Parece que não era para a gente fazer aquela turnê. E já tínhamos feito tudo o que havia para se fazer com o Wings, era a hora de buscar outros objetivos”.

E foi exatamente o que ocorreu a partir dali. Nos anos 80, ele consolidou a carreira solo graças a discos como Tug Of War (1982) e fez raros shows até 1989, quando resolveu voltar aos bons tempos de turnês mundiais. Mas isso é outra história…

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