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Tag: lollapalooza brasil 2014

Jake Bugg resgata passado sem soar datado

Por Fabian Chacur

Jake Bugg fez 20 anos de idade no último dia 28 de fevereiro. Nasceu, portanto, em 1994, várias décadas após o surgimento do som que o influencia de forma muito forte. Qual o problema? Rigorosamente nenhum, se levarmos em conta o ótimo desempenho deste jovem cantor, compositor e guitarrista britânico em sua performance durante o Lollapalooza Brasil 2014 no último domingo (6). Um show muito interessante e estimulante em termos artísticos.

Acompanhado apenas por um baixista e um baterista, no melhor estilo power trio, Bugg não tem medo de se expor, pois os holofotes de sua quase uma hora de apresentação ficaram nele o tempo todo. Cantando e tocando guitarra e também violão, ele só tem um ponto teoricamente negativo, que é o de não se comunicar com a plateia. Raros momentos de interação com a plateia presente, sempre tímidos e contidos.

Com o instrumento na mão e o microfone na frente, no entanto, a postura do cara é outra. Canta bem, com sua voz sendo uma mistura de elementos das de Liam Gallagher, Johnny Cash, Lonnie Donegan (bem observado, Raul Bianchi!), Bob Dylan, Mick Jagger dos anos 60 e Carl Perkins, só para citar algumas influências mais nítidas. Mas com personalidade suficiente e bastante adrenalina incorporados na mistura.

O lado guitarrista de Jake Bugg surpreende. O garoto sabe tocar, e sola com desenvoltura surpreendente para um garoto de 20 anos com apenas dois discos no currículo. Seu violão é bastante consistente, também, e a soma de seus talentos dá mostras de um artista que, se tiver a cabeça no lugar e não se deixar levar pelo lado negro do estrelato, tem tudo para se firmar no panteão do rock and roll.

Sobre o primeiro álbum do artista, intitulado Jake Bugg, você já leu resenha em Mondo Pop (se não leu, leia aqui). O segundo, Shangri La, acaba de sair por aqui via Universal Music, e tira uma dúvida: como ficaria ele produzido pelo consagrado Rick Rubin, que já trabalhou com Red Hot Chili Peppers, Tom Petty e tantas outras estrelas?

A resposta é positiva. Rubin foi inteligente e não inventou. Mesmo com novos músicos a seu lado, Bugg continua firme e forte no seu mergulho no universo do folk, rock anos 50, rhythm and blues, blues e rockabilly. O repertório do álbum é excelente, com destaque para as ótimas Slumville Sunrise, Messed Up Kids, A Song About Love, Kingpin e Storm Passes Away. 12 canções básicas, bem construídas e bem arranjadas, com interpretações precisas.

O show teve como base as músicas desses dois ótimos álbuns, mais um cover de My My Hey Hey, de Neil Young, que inúmeros artistas já releram anteriormente, mas que ele encarou com a devida vibração, sem cair no lugar comum ou na mera repetição. O show se encerrou com a endiabrada Lightning Bolt, que abre o álbum de estreia. No geral, Jake Bugg provou no Lollapalooza Brasil 2014 ser uma jovem realidade, com um futuro brilhante pela frente.

Seen It All, Jake Bugg, no Lollapalooza Brasil 2014:

New Order sobrevive sem Peter Hook

Por Fabian Chacur

Duas notícias para os fãs do New Order, no melhor esquema “uma boa, a outra ruim”. Comecemos pela negativa: o time perdeu muito com a saída do carismático e original baixista Peter Hook. A positiva é que, mesmo assim, o time liderado por Bernard Sumner continua sendo capaz de realizar um bom show, como vimos em seu apresentação neste domingo (6) no Lollapalooza Brasil 2014.

Não dá para negar que um dos pontos mais originais da banda surgida em 1980 das cinzas do Joy Division era exatamente o baixo anguloso, incisivo e à frente de tudo tocado por “Hookie”. De forma inteligente, seu substituto, Tom Chapman, sequer tenta emular o estilo do antecessor, optando pela discrição e ampliando horizontes para seus colegas de banda nos shows. Sábia decisão que vale a ele uma nota alta como músico.

Dessa forma, os espaços para Bernard Sumner nos vocais (sóbrios e eficientes) e guitarra (idem na mesma data) aumentam, assim como os do ótimo Phil Cunningham, que além da guitarra também investe em teclados sempre que necessário. Stephen Morris continua aquele dínamo de sempre, interagindo com rara desenvoltura com as programações eletrônicas. E tem a Gillian Gilbert, claro, sempre um caso à parte no contexto da banda.

Gillian é uma espécie de Linda McCartney do pós-punk. Sua proficiência nos teclados é bastante limitada, especialmente ao vivo, e seu carisma é próximo de zero. No entanto, como ela aparentemente tem plena consciência dessas limitações, procura não atrapalhar o time e sabe desempenhar seu papel sem buscar os holofotes. Seu brilho ficou todo na camisa prateada com glitter pra todos os lados que marcou seu visual de palco. Bem legal!

Após o início sombrio com a evocativa Elegia, o grupo inglês mandou ver um início bem rock and roller, com direito a Cristal, Transmission (do Joy Division), Age Of Consent e Singularity. De tirar o fôlego. A faceta mais eletrônica veio e trouxe os clássicos Bizarre Love Triangle, Perfect Kiss e a infalível Blue Monday, que fez com que o público presente em grande número literalmente tirasse a poeira do chão.

Com direito a um telão de alta definição disparando vídeos preparados para ilustrar cada canção no melhor estilo clipes, o show agradou bastante, mesmo com Sumners arrancando umas vaias ao agradecer o apoio dos fãs com um “muchas gracias” em algumas ocasiões. Ele justificou, em inglês: “eu não sei falar português, exceto ‘obrigado'”. Pior foi ter falado do Manchester United…Sigamos adiante!

No final, um bis simplesmente matador, com direito a duas pérolas preciosas, Atmosphere e Love Will Tear Us Appart, e a frase bem grande no telão: Forever Joy Division. O show se encerrou com 1h40 de duração, sendo que as duas últimas músicas foram executadas quando os fogos de artifício que marcavam o fim do festival já espocavam por todo o autódromo de Interlagos, por volta das 22h10 da noite do domingo.

Ceremony, New Order, ao vivo no Lollapalooza Brasil 2014:

Age Of Consent, New Order, ao vivo no Lollapalooza Brasil 2014:

Lollapalooza 2014 Brasil anuncia seu elenco

Por Fabian Chacur

A empresa responsável pela divulgação do festival Lollapalooza Brasil anunciou a escalação completa do elenco que irá participar do evento em sua próxima edição, programada para ocorrer nos dias 5 e 6 de abril de 2014, desta vez no Autódromo de Interlagos. As bandas headliners serão Soundgarden (foto), Arcade Fire, Nine Inch Nails e Muse. Os ingressos custam entre R$ 145 e R$ 540 (saiba mais em www.ticketsforfun.com.br).

O grande evento roqueiro criado nos EUA em 1991 por Perry Farrell, vocalista do Jane’s Addiction, já teve duas edições realizadas no Brasil, uma em 2011 e outra em 2013, ambas no Jockey Clube (SP) e que reuniram, respectivamente, 135 mil e 167 mil pessoas. Os organizadores da nova rodada apostam em um número em torno de 160 mil pessoas como público total de seu empreendimento rocker em 2014.

O elenco é enorme e, como nos anteriores, inclui artistas para todos os gostos. Como possíveis destaques, além dos headliners, aponto o ex-The Smiths Johnny Marr (leia crítica de seu primeiro CD solo aqui), a seminal banda The Pixies, o afrorock do Vampire Weekend (leia resenha de show deles no Brasil aqui), o vocalista dos Strokes Julian Casablancas, o grupo mexicano Café Tacvba (leia matéria sobre eles aqui), o jovem roqueiro britânico Jake Bugg (leia crítica de seu primeiro CD aqui) e o DJ Baauer (do célebre hit viral Harlem Shake).

Temos também vários nomes brasileiros, entre os quais os patronos do mangue beat da Nação Zumbi, a revelação do novo rock paulistano Vespas Mandarinas e os ótimos e também novos roqueiros cearenses da banda Selvagens à Procura de Lei. O problema pode ser o fato de o Autódromo de Interlagos ser bem longe do centro de São Paulo, e de a região ser famosa pelos enormes congestionamentos em grandes eventos.

Veja clipe de The Messenger, com Johnny Marr:

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