Por Fabian Chacur

Desde que lançou seu primeiro álbum, What’s The 411? (1992), Mary J. Blige é integrante do primeiríssimo time da black music americana. Ela consegue flertar com o som das novas gerações e ser uma legítima seguidora do melhor da tradição da soul e da funk music ao mesmo tempo.

Em seu nono álbum, Stronger With Each Tear, a cantora demonstra ousadia ao resolver regravar dois cavalos de batalha do Led Zeppelin. Não é qualquer um que se mete a reler Whole Lotta Love e Stairway To Heaven, músicas que tem versões definitivas com os próprios autores.

Mas valeu a tentativa. Whole Lotta Love abre o CD com guitarras ardidas e uma mistura de hard rock e electro sensacional, com a voz de Mary potente e cheia de garra, mas sem cair em exageros. Um rock-dance contagiante!

Acredite: Stairway To Heaven, a música mais regravada e mais tocada da história do rock pesado, ganhou uma sutileza e uma beleza que Robert Plant e Jimmy Page sequer imaginavam ser possível. A versão deles continua a definitiva, mas a da diva black é bem próxima. De arrepiar.

Se em alguns momentos o álbum cai no padrão do rhythm and blues moderno estilo Beyoncé, isso ao menos nunca ocorre de forma a afundar de vez as coisas. E as músicas boas (temos várias delas) são muito boas.

A deliciosa Good Love, que conta com a participação do rapper T.I., tem um jeitão do soul dos anos 80, com sensualidade, vocais caprichados e groove, muito groove. I Feel Good é outra que acerta na mosca.

Quem é fã de soul music a la anos 60/70 não deve deixar de conferir a balada matadora In The Morning, na qual Mary J. Blige nos apresenta as suas armas, ela que fará 40 anos em 2001. Digna de Aretha Franklin!

A música de trabalho, I Am, aparece em duas versões (ambas bem legais), uma mais mansa e outra em estilo dance para botar fogo nas pistas de dança. E o disco tem outras músicas bacanas.

Stronger With Each Tear (mais forte com cada lágrima, em tradução livre) é um disco para quem acha que a moderna música negra norte-americana está muito padronizada e igualzinha. Miss Blige, com seu tempero próprio, mostra o caminho para essa “escada para o céu” da boa música…