Por Fabian Chacur

Aos 57 anos, Cyndi Lauper ainda se mostra capaz de surpreender. A cantora americana nos apresenta em Memphis Blues, lançado no Brasil pela gravadora Lab 344 (cujo catálogo é surpreendente) o seu lado blueseira. Sim, trata-se de um álbum do mais puro blues de Chicago.

Miss Lauper encarna intérpretes das antigas, como a saudosa Ma Rainey (a quem ela dedica o CD), e solta a voz de forma vibrante, intensa e ardida, sem dó de suas cordas vocais. O prazer de ouvi-la nessa nova encarnação é indescritível.

Memphis Blues conta com participações especialíssimas de feras do blues como o gaitista Charlie Musselwhite (que tocou até com os Rolling Stones), o pianista Allen Toussaint (mestre do funk jazz de New Orleans),  Jonny Lang, Ann Peebles e ninguém menos do que B. B. King em pessoa.

O eterno embaixador mundial do blues faz dueto com Cyndi e ainda toca sua guitarra inconfundível em Early In The Morning, com o piano de Toussaint arrasando (ele está em mais duas outras faixas).

A ambientação sonora do álbum é a do blues mais sujo e direto, que veste com categoria standards como How Blue Can You Get?, Rollin’ And Tumblin‘, Crossroads, Shattered Dreams e Romance In The Dark.

O grande mérito de Memphis Blues é o fato de Cyndi Lauper não soar como uma cantora pop tentando cantar blues, e sim como uma verdadeira blues singer, que se quiser pode passar a vida inteira interpretando esse tipo de música com categoria que ninguém irá reclamar. Simples assim.