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Por Fabian Chacur

Na noite desta quinta-feira (5), Sandy estreou a turnê que irá divulgar Meu Canto- Ao Vivo, seu novo DVD, que será lançado pela Universal Music entre o fim de maio e o começo de junho. O show, que teve segunda data no dia seguinte, foi realizado no Tom Brasil, em São Paulo, e foi recebido com muito entusiasmo pelo público presente, que lotou a casa de shows. Uma recepção mais do que merecida, se levarmos em conta a qualidade do espetáculo oferecido pela cantora e sua banda.

Com 26 anos de estrada, essa cantora e compositora dá provas de que sabe como desenvolver uma carreira artística. Seu trabalho evoluiu a olhos vistos, a cada ano que se passou. Quando encerrou a trajetória da dupla que fez com o irmão Júnior, preparou-se com calma para dar o próximo passo, sem cair em truques ou opções apressadas. Tanto que Manuscrito, a esperada estreia solo, só saiu em 2010. Valeu a espera.

Esse primeiro trabalho em CD e também o seguinte, Sim (2013), proporcionaram uma obra sem receios de ser pop e acessível ao ouvido médio, mas sem cair no lugar comum. Aqui, cada faixa é trabalhada com esmero, com carinho, com assinatura própria. Lógico que ninguém está redescobrindo a roda na música atual, mas Sandy mostra muito respeito por seus fãs e por ela própria, e isso transparece nas canções que grava e em tudo que cerca sua trajetória artística.

Meu Canto- Ao Vivo, seu segundo DVD (o primeiro, Manuscrito ao Vivo, saiu em 2011), traz músicas dos CDs anteriores, releituras de canções alheias, um ou outro sucessos dos tempos de Sandy & Junior e ainda quatro inéditas, em gravações realizadas ao vivo no final de 2015 em Niterói, Rio de Janeiro. Participam do trabalho o jovem talento Tiago Iorc e o mestre Gilberto Gil.

No show, cujo cenário procura representar de forma elegante e simples em termos físicos o conceito duplo do título do DVD (o lado da cantora e o lugar em que ela se sente à vontade), Sandy se mostra solta e bastante tranquila, mesmo com um pequeno pigarro que a levou a tomar bastante água durante os aproximadamente 90 minutos do show. Mas nada que conseguisse prejudicar uma única nota emitida por ela durante esse período. Coisa de profissional.

A sequência musical foi muito bem encadeada, sem deixar a peteca ir ao chão e alternando momentos agitados com aquelas pausas estratégicas para canções mais introspectivas. Os hits foram muito bem recepcionados, entre eles Pés Cansados, Aquela dos 30, Desperdiçou e a belíssima Morada, esta última com letra que é poesia em estado puro. As inéditas, bem divulgadas, também arrancaram reações bacanas, entre elas as consistentes Respirar e Me Espera.

A banda da filha de Xororó é um caso a parte. Integrada por Alex Heinrich (baixo), Delino Costa (bateria), Eloá Gonçalves (teclados), Edu Tedeschi (guitarra e violão), Maurício Caruso (guitarra e violão) e Patrícia Ribeiro (cello), se mostrou muito bem entrosado, e dando a cada canção uma moldura sonora adequada e inspirada, especialmente Patrícia, com um instrumento não tão comum em bandas pop.

O público se mostrou receptivo em todos os momentos, especialmente na parte final, quando largou as convenções e invadiu os lugares mais privilegiados, além de subir nas mesas e cadeiras para extravasar sua felicidade. Vale também ressaltar as releituras bacanas de Cantiga Para Luciana, sucesso há mais de 45 anos com Evinha, e All Star, de Nando Reis e hit na voz da saudosa Cassia Eller. E que vestido lindo, moça!

Pelo andar da carruagem, Meu Canto- Ao Vivo tem tudo para ser mais um sucesso no currículo desta cantora ainda jovem, mas cuja trajetória já é bem longa e tende a se ampliar ainda mais. Tudo feito com muita tranquilidade, sem apostar em fórmulas surradas ou caindo nos modismos. Sandy está de parabéns, pois não é fácil se manter relevante e com sucesso em um meio no qual as carreira sobem e descem em questão de semanas, em verdadeiros impeachments populares.

Me Espera– Sandy e Tiago Iorc:

Escolho Você– Sandy:

Morada– Sandy: