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Sticky Fingers é relido ao vivo com maestria pelos Stones

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Por Fabian Chacur

Em 2006, quando iria iniciar as gravações de um show dos Rolling Stones para o que viria a ser o documentário Shine a Light (2008), o diretor Martin Scorsese entrou em pânico. Ao contrário do que poderia imaginar, ele não teve acesso prévio ao set list que a banda iria tocar, e dessa forma teve de improvisar seu trabalho. Isso é a cara do grupo liderado por Mick Jagger e Keith Richards, que sempre atuou no melhor estilo “bagunça organizada”. E foi dessa forma que eles gravaram Sticky Fingers Live At The Fonda Theater, DVD que integra a série Rolling Stones From The Vault.

Mas como assim “bagunça organizada?”, você deve estar se perguntando. Afinal de contas, estamos falando de uma banda que se mantém na ativa há mais de 50 anos, sempre com muito sucesso e uma infraestrutura digna de uma verdadeira transnacional roqueira. Se a organização existe, e sem dúvidas explica essa manutenção no topo do cenário rocker mundial, eles sempre tiveram um tempero rebelde, do tipo “vamos fazer do nosso jeito e dane-se o resto”.

Este trabalho é o exemplo mais concreto dessa postura das “Pedras Rolantes”. Eles se propuseram pela primeira vez em sua carreira a tocar ao vivo na íntegra o repertório de um de seus álbuns, mais especificamente o mitológico Sticky Fingers (1971). Para muita gente o melhor disco da ótima discografia do grupo britânico, trata-se de um marco na trajetória deles, quando ficou claro que os caras tinham se consolidado de vez no meio rocker.

Entre outras efemérides bacanas, conseguiu a inédita para eles façanha (que depois repetiriam várias vezes) de atingir o primeiro lugar nos EUA e no Reino Unido; estreou com força total o símbolo da língua que se tornou sua marca registrada. Deu o pontapé inicial na trajetória da sua própria gravadora, a RS Records, que tornou Jagger e Richards ainda mais ricos, e por aí vai. Um clássico supremo do rock and roll.

Só que, ao contrário da grande maioria dos outros grupos e artistas que se propuseram a apresentar trabalhos na íntegra, os Stones se recusaram a tocar ao vivo o repertório de Sticky Fingers na mesma ordem do registro de estúdio. Brown Sugar, por exemplo, que abre o LP, é a 11ª música a ser tocada no show. Dead Flowers, a 9ª do trabalho de estúdio, foi a 3ª no set list do show. E por aí vai… O mais engraçado: a abertura fica por conta de Start Me Up, que nem integra o trabalho em foco, sendo faixa de Tattoo You (1981).

Eles fizeram o seguinte: abriram o show com Start Me Up, em seguida tocaram as dez faixas de Sticky Fingers em seguida (mas sem a sequência do álbum original) e fecharam o show com um cover, Rock Me Baby, do amigo e ídolo B.B.King (que havia falecido seis dias antes da gravação deste DVD) e a empolgante Jumpin’ Jack Flash. Nos extras, temos três bônus: All Down The Line (do álbum Exile On Main Street, de 1972), When The Whip Comes Down (de Some Girls, de 1978) e um cover matador, I Can’t Turn You Loose, de Otis Redding, que na verdade encerrou o show, e sabe-se lá porque ficou aqui, nos bônus.

Ou seja, eles tocaram o álbum em pauta inteirinho, mas do jeito deles, e com direito a canções adicionais. E é aí que entra a organização da bagunça. As performances de Jagger e sua turma (os três colegas de banda mais sete impecáveis músicos de apoio, gerando uma espécie de “Orquestra Rolling Stones”) são simplesmente arrebatadoras. Pelo fato de o show ter sido realizado em um teatro bem menor do que os estádios onde normalmente atuam, criou-se um clima de maior proximidade e intimidade com a plateia, com ótimo resultado.

As performances dos quatro Stones são um capítulo à parte. Jagger, na época com 72 anos de idade, entrega ao público energia e carisma dignas de alguém com uns 30, se tanto, e com direito a uma voz impecável, especialmente nos momentos mais lentos. Keith Richards cativa com seu jeitão de “pirata do Caribe”, sendo bem ladeado por Ronnie Wood, tal qual dois pistoleiros do Velho Oeste. E o vigor e a precisão do baterista Charlie Watts equivalem à arma secreta menos secreta do rock, tal a sua qualidade e consistência. Um dínamo humano.

Se algumas faixas de Sticky Fingers nunca saíram do set list dos shows da banda britânica desde que foram lançadas, como Brown Sugar e Wild Horses, outras foram tocadas em raras ocasiões, casos das maravilhosas Moonlight Mile, Dead Flowers, Sway, Sister Morphine e You Gotta Move. E é muito legal ver alguns closes na plateia, com pessoas cantando as letras dessas músicas junto, de cor e salteado.

Dificilmente os Rolling Stones repetirão esse show. Portanto, Sticky Fingers Live At The Fonda Theatre (teatro localizado em Hollywood, Los Angeles) é não só um registro único e histórico desta performance realizada em 20 de maio de 2015, como certamente a prova de que esse grupo consegue se manter na estrada dignamente. De forma bagunçada, sim, mas com organização suficiente para que a essência desse trabalho incrível se mantenha acesa e deslumbrante.

Brown Sugar (live ath the Fonda Theater-2015)- The Rolling Stones:

Vinyl será lembrada como um clássico das séries musicais

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Por Fabian Chacur

Nada mais irônico para uma série televisiva enfocando um importante momento da história da indústria fonográfica do que ser cancelada após apenas 10 episódios devido a baixa audiência. Esse acabou sendo o triste destino de Vinyl, atração criada por Mick Jagger, Martin Scorsese, Rick Coen e Terence Winter que estreou em 14 de fevereiro de 2016 nos EUA cercada de grande expectativa, e encerrada em 17 de abril do mesmo ano. Um final justo? Creio que não.

O mote básico de Vinyl é mostrar o momento vivido em 1973 pelo executivo fonográfico Richie Finestra, experiente profissional que se via praticamente obrigado a vender a sua gravadora American Century Records a uma empresa estrangeira. O desempenho do ator Bobby Cannavale como Finnestra já tornaria a série imperdível. Ele incorpora com rara felicidade os tiques, excentricidades e momentos visionários de vários dos grandes profissionais dessa área.

A era escolhida não poderia ser mais emblemática. Em 1973, vivíamos ao mesmo tempo a consolidação da indústria musical endereçada ao público jovem, a total perda da ingenuidade de seus, digamos assim, tempos heroicos dos anos 1950 e 1960 (se é que eles de fato existiram) e um momento de transição em termos de preferências musicais.

Ao desistir da venda de sua gravadora, Finestra se arrisca a ir à falência, e ao mesmo tempo pressiona ele próprio e sua equipe a buscarem artistas que pudessem tirá-los do buraco. A iniciante, jovem e ambiciosa Jamie Vine (Juno Temple) oferece uma opção com o grupo Nasty Bits, do seu amante Kip Stevens (James Jagger, filho do vocalista dos Rolling Stones), uma banda indecisa que se endereça rumo ao que viria ser o punk/new wave poucos anos depois.

Nessa busca desesperada por soluções, o executivo acaba se envolvendo em encrencas, e também quebra a cara ao buscar novos contratados para o seu selo. De quebra, ainda perde Hannibal, uma espécie de clone de Sly Stone e um dos astros do seu cast. Bebendo e usando drogas como se não houvesse amanhã, o cara alterna genialidade e faro para o sucesso com momentos de pura insensatez, cercado por uma equipe composta por figuraças do seu mesmo naipe.

Zak Yankovich (Ray Romano, de Everybody Loves Raymond), por exemplo, um cara eficiente no setor promocional que, no entanto, quer mostrar que também manja de a&r (artistas e repertório). No fim das contas, quem acaba sendo mais útil é outro jovem, o assistente Clark Morelle (Jack Quaid, filho de James Quaid e Meg Ryan), que junto com outro colega começa a divulgar nas então emergentes discotecas o disco do grupo Indigo, que a gravadora pretendia demitir em breve.

Com essa trama se desenvolvendo, temos momentos simplesmente antológicos, como o de Morelle tentando atrair Alice Cooper para a gravadora, o que acaba lhe trazendo belas dores de cabeça. Ou então a viagem de Yankovich e Finestra a Las Vegas para conversar com Elvis Presley e o Coronel Tom Parker, viagem que rende não só um passa-moleque clássico como também a perda do dinheiro que haviam obtido com a venda do avião da companhia.

Os romances e relacionamentos afetivos também tem seu destaque, como o de Finestra com sua mulher, Devon (Olivia Wilde, de House), ex-protegida de Andy Warhol. Em um momento difícil de seu relacionamento, eles brigam, e Devon acaba se envolvendo com um fotógrafo, com o qual acaba fazendo fotos de ninguém menos do que John Lennon, então separado de Yoko Ono. E tem também Devon se envolvendo com Hannibal no intuito de ajudar a manutenção do cara na gravadora, o que na hora decisiva acaba irritando Finestra.

A trilha sonora de Vinyl é simplesmente ótima, misturando clássicos dos anos 50, 60 e 70 a canções originais feitas no mesmo clima especialmente para a série. Rock, soul, funk, pop, pré-punk, pré-disco, é uma pérola atrás da outra. E os diálogos envolvendo comentários sobre artistas são deliciosos, como alguns falando sobre os então ainda desconhecidos Abba e Queen, por exemplo.

Um dos personagens mais instigantes é Lester Grimes (Ato Essandoh), cantor, compositor e músico produzido em outra era por Finestra que por várias circunstâncias acaba se dando mal e abandona a carreira. As idas e vindas do relacionamento dos dois acaba colocando Grimes como o manager dos Nasty Bit, e é uma música de sua autoria que acaba se tornando o grande hit da banda.

Se tiver que escolher um momento favorito da série, selecionaria a hora em que Kip, o líder dos Nasty Bits, confessa não conseguir compor músicas de forma rápida. Aí, Grimes pega a guitarra e dá uma aula incrível de estrutura harmônica de blues-rock, valendo-se de uma única sequência com a qual ele toca vários clássicos, iniciando com Maybellene, de Chuck Berry, e passando pela sua composição própria. De arrepiar!

Se ainda poderia ser sido desenvolvida sem grandes apelações em futuras temporadas, a trama de Vinyl nessa sua única encarnação ficou bem amarrada, com um final delicioso. A série pode ser vista no formato streaming na HBO ou mesmo em uma caixa com quatro DVDs infelizmente lançada só no exterior. Um incrível mergulho nos meandros da indústria fonográfica que é obrigatória para quem curte esse tema fascinante. Desde já, um clássico das séries sobre música.

Trailer de Vinyl:

The Rolling Stones estão bem próximos do Brasil de novo

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Por Fabian Chacur

Da primeira visita de Mick Jagger e Keith Richards ao Brasil aos primeiros shows dos Rolling Stones no país, tivemos de esperar durante longos 27 anos. Em janeiro de 1995, enfim uma das mais importantes e bem-sucedidas bandas de rock de todos os tempos deu o ar de sua graça. Após outras passagens bacanas, eles retornam em breve para tocar aqui. As bandas de abertura foram anunciadas nesta sexta-feira (5): Ultraje a Rigor (no Rio), Titãs (em São Paulo) e Cachorro Grande (em Porto Alegre).

A turnê latino-americana da banda britânica teve início nesta quarta (3) em Santiago, no Chile, e chega ao Brasil no próximo dia 20/2, com show único no Maracanã, no Rio. Em São Paulo, o local será o estádio do Morumbi, nos dias 24 e 27 de fevereiro. Porto Alegre verá as “Pedras Rolantes” no dia 2/3, no estádio do Beira-Rio. Os ingressos custam de R$ 260,00 a R$ 900,00, e estão se esgotando. Mais informações aqui.

Ficaram muito para trás os tempos em que a banda liderada por Mick Jagger (vocal) e Keith Richards (guitarra) era autossuficiente em shows. Além da dupla e do baterista Charlie Watts e do guitarrista Ron Wood, o time é acrescido de uns dez músicos de apoio, entre tecladistas, vocalistas, músicos de sopros etc. Virou uma espécie de “Orquestra Rolling Stones”. Os shows também são sempre repletos de efeitos especiais, sendo um verdadeiro espetáculo de rock arena.

Sem lançar um álbum de inéditas desde A Bigger Band (2005), o grupo britânico oferecerá aos fãs brasileiros um repertório repleto de grandes hits dos anos 1960 e 1970, com raras exceções. O set list do primeiro show da turnê pela América Latina indica nessa direção. Normalmente os shows do grupo tem uma ou outra variação, mas essa lista vale como uma boa dica do que eles tocarão em nossos palcos.

Apesar dos preços salgados e da falta de novidades, as lotações serão expressivas, e não é difícil de entender a razão. Trata-se de uma banda que está na ativa desde o longínquo 1962, com uma história incrível e um caminhão de hits no currículo. E esta tem tudo para ser uma de suas últimas passagens por aqui. Logo, quem não viu ainda não quer perder por nada, e quem já viu, deseja dar uma última conferida.

Set list do show dos Rolling Stones em Santiago, Chile (3.2.2016):

1Start Me Up

2It’s Only Rock ‘n’ Roll (But I Like It)

3Let’s Spend the Night Together

4Tumbling Dice

5 Out of Control

6She’s a Rainbow (by request, first since 16 Sept 1998)

7Wild Horses

8 Paint It Black

9Honky Tonk Women (followed by band introductions)

10You Got the Silver (Keith Richards on lead vocals)

11Happy (Keith Richards on lead vocals)

12Midnight Rambler

13Miss You

14 Gimme Shelter

15Jumpin’ Jack Flash

16Sympathy for the Devil

17Brown Sugar

BIS:

18You Can’t Always Get What You Want (with Estudio Coral de Santiago)

19(I Can’t Get No) Satisfaction .

Miss You (extended version)- The Rolling Stones:

Brown Sugar (live 2006)- The Rolling Stones:

Happy (live in Brasil 2006)- The Rolling Stones:

Livro conta a incrível história de fanzine dos Rolling Stones

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Por Fabian Chacur

Em 1978, um garoto de apenas 16 anos resolveu, após muito tempo insatisfeito com a pequena e inexata cobertura da imprensa referente à sua banda favorita, criar um fanzine. Mal sabia ele, Bill German, que aquele inocente gesto mudaria a sua vida por completo. Eis o que conta o excelente livro Under Their Thumb (Editora Nova Fronteira), cujo subtítulo entrega o conteúdo do mesmo: como um bom garoto se misturou com os Rolling Stones e sobreviveu para contar.

O americano Bill German criou o seu fanzine, intitulado Beggars Banquet, em 1978. No início, ninguém dava nada por ele. No entanto, o jovem nova iorquino não desanimou, e indo atrás de fontes e mergulhando no trabalho da banda, começou a tornar seu trabalho conhecido. Em 1980, aproveitou a presença da banda em Nova York e, na raça, abordou Keith Richards e Ron Wood para lhes entregar exemplares do fanzine. Mal sabia o que estava iniciando.

Por sorte de German, Keith Richards, Mick Jagger e Ron Wood passavam uma boa parte de seu tempo naquele início dos anos 1980 em Nova York. Dessa forma, ele conseguiu se aproximar deles e de seus assessores e produtores. Resultado: em 1983, foi convidado a tornar o Beggars Banquet o boletim oficial do grupo para os fãs americanos.

Detalhe: com chamada para convidar os fãs para assiná-lo no encarte do álbum Undercover. Era a glória. Bem, sim e não. A partir daí, o jovem German sentiu na pele o que é lidar com o ego inflado e a instabilidade emocional de astros do rock e, principalmente, como é duro conviver com os assessores desses astros. Isso, ganhando quantias de dinheiro que lhe permitiam apenas uma dura luta pela sobrevivência.

Com um texto fluente e divertido, o autor nos conta intimidades vividas ao lado especialmente de Keith Richards e Ron Wood, além da convivência com alguns personagens inacreditáveis da entourage da banda britânica. Tudo regado a muitas drogas, mulheres e rock and roll, não necessariamente nessa ordem, mas sempre com belos bastidores.

Detalhes de shows, o relacionamento da banda com os fãs, a imprevisibilidade total do temperamento de Mick Jagger, a simpatia de Richards e Wood e a mudança da postura do staff da banda com o decorrer dos anos pontuam o livro. Durante 17 anos (até o início de 1996), Bill German viveu em função do Beggars Banquet, e pagou caro por isso. Mas não se arrepende.

Under Their Thumbs também serve como um bom registro em primeira mão das mudanças ocorridas no mundo dos shows entre os anos 1980 e 1990, quando os espetáculos de bandas grandes como os Rolling Stones viraram eventos faraônicos, com ingressos caríssimos e o público mantido cada vez mais distante de seus ídolos.

Harlem Shuffle– The Rolling Stones:

Beast Of Burden– The Rolling Stones:

Undercover Of The Night– The Rolling Stones:

Mick Jagger, Mr. Rock and Roll, faz 70 anos

Por Fabian Chacur

Mick Jagger completa 70 anos nesta sexta-feira (26). O que mais pode ser dito desse cantor, músico e compositor britânico que ainda já não tenha sido escrito, falado ou pensado? Nada, provavelmente. Então, vamos lá repetir algumas dessas frases e análises. Logo de cara, o óbvio: ele é o legítimo Mr. Rock And Roll, não tem jeito.

Ou você imagina algum símbolo mais contundente do nosso amado rock do que aquele mítico desenho dos lábios de borracha de Mr. Jagger que ornam há décadas não só os discos dos Rolling Stones como também camisetas, bottons, pôsteres, relógios e o que mais você imaginar? Falou em rock, lá vem os red lips surgindo em nossas mentes.

Nos palcos, poucos vocalistas conseguiram imprimir um estilo tão vigoroso e próprio como Mick Jagger, capaz de cativar e reger plateias nos quatro cantos do mundo desde os já longínquos anos 60 sem nunca ter perdido a classe, a rebeldia e a personalidade. Um verdadeiro e eloquente mestre salas do roquenrol!!!

Com sua voz potente, rouca e inconfundível, deu vida a clássicos sacudidos do naipe de Gimme Shelter, Brown Sugar, Jumpin’ Jack Flash, (I Can’t Get No) Satisfaction, Start Me Up e dezenas e mais dezenas de outros, além de baladas como Angie, Lady Jane, Beast Of Burden e tantas outras. Um songbook admirável e adorável.

Sua parceria com Keith Richards só toma pau de Lennon/McCartney, mas aí já é covardia. E tem também a carreira solo, que alguns acham insignificante mas que outros (eu entre eles) consideram extremamente relevante, com direito a bons discos e músicas muito bacanas, entre as quais Old Habits Die Hard, parceria com o ex-Eurythmics Dave Stewart que integrou a trilha do filme Alfie em 2004.

E o cara não quer saber de aposentadoria, mesmo com um currículo caudaloso tal qual um Rio Amazonas musical. Vem nova turnê dos Stones por aí, incluindo um provável disco novo no decorrer do período. O negócio é continuar gritando u-hu, u-hu, u-hu, e continuar simpatizando com o capeta, digo, com o cara dos red lips!!!

Ouça Old Habits Die Hard, com Mick Jagger:

Morre Marku Ribas, fera da black music

Por Fabian Chacur

Para minha imensa tristeza, sou obrigado a divulgar que morreu neste sábado (6) em Belo Horizonte, vítima de um câncer de pulmão, o genial cantor, compositor e músico mineiro Marku Ribas. Ele não resistiu às consequências dessa terrível doença, que o atormentava há uns dois anos, e estava internado no hospital Lifecenter, na capital mineira, desde a última quarta-feira (3). Descanse em paz, fera!

Nascido no dia 19 de maio de 1947 na cidade de Pirapora, no interior de Minas Gerais, Marku Ribas iniciou sua carreira nos anos 60, e pode ser considerado um dos pioneiros da black music brasileira, além de um dos primeiros músicos daqui a investir com qualidade artística no reggae jamaicano, e mesmo a usar dreadlocks. Ele morou durante alguns anos no exterior.

Samba rock, samba funk, soul, jazz, samba, reggae, o cara não impunha limites a seu talento artístico em termos musicais. Entre outras músicas maravilhosas, tem em seu currículo a fantástica Zamba Ben, que Marcelo D2 plagiou para fazer sua Maldição do Samba, sem dar crédito a Marku. Rolou até processo na Justiça por causa disso.

Marku tocou com grandes nomes da música, entre os quais Chico Buarque, Nara Leão, Tim Maia, Emílio Santiago (que também se foi há pouco) e até mesmo os Rolling Stones. Embora não tenha sido creditado e nem tenha ganho por isso, o mestre gravou percussão na faixa Back To Zero, do álbum Dirty Work (1986). Ele também viveu o papel do baterista da banda de Mick Jagger no clipe da música Just Another Night (1984), gravado no Brasil.

O talento de Marku Ribas ia além da música. Ele trabalhou como ator em diversos filmes no Brasil e no exterior, entre eles o delicioso Chega de Saudade, na qual faz o papel de um cantor de banda de bailes ao lado de Elza Soares. Generoso, sempre foi aberto a parcerias com jovens talentos, como a feita com o rapper mineiro Flávio Renegado na insana Mil Grau.

Uma das melhores entrevistas que fiz na minha carreira como jornalista da área musical foi com essa figuraça, em 2009. Inicialmente arredio, ele aos poucos foi abrindo o peito e me contando momentos maravilhosos de sua sensacional trajetória. Dê-me a honra de ler essa entrevista aqui, e você não se arrependerá.

Ouça Zamba Ben, com Marku Ribas:

Veja o clipe de Just Another Night, com Mick Jagger:

Nova turnê dos Rolling Stones promete

Por Fabian Chacur

Se a amostra inicial se concretizar nos próximos meses, a turnê comemorativa dos 50 anos de carreira dos Rolling Stones promete se tornar um dos grandes êxitos dos últimos tempos. Logo no primeiro dia, todos os ingressos para os dois primeiros shows do evento histórico já se esgotaram. Eram em torno de “apenas” 30 mil tíquetes. Uau! E vem mais por aí.

As apresentações estão programadas para ocorrer nos dias 25 e 29 de novembro na gigantesca O2 Arena em Londres. Os dois shows seguintes tem como local selecionado Newark, em Nova Jersey (EUA), e estão agendados para os dias 13 e 15 de dezembro. São as únicas apresentações previstas para 2012, as primeiras da banda em cinco anos.

Ainda não estão definidas as datas, locais e a extensão completa dessa aguardada turnê, mas declarações dos integrantes da banda dão a entender que poderemos ver as pedras rolarem durante muitos meses no futuro próximo. O guitarrista Ron Wood, na premíere mundial do documentário Crossfire Hurricane, realizada nesta quinta-feira (18), em Londres, foi bem direto, em declaração dada à agência de notícas AP:

“Depois que os shows começam, você não consegue parar. E nós não queremos parar”.

Detalhe: os ingressos para os shows em Londres custavam entre 90 e 375 libras, e não deram nem para o começo. O documentário Crossfire Hurricane dá uma geral na carreira da banda, com direito a registros inéditos extraídos dos arquivos da banda e também entrevistas recentes que dão um panorama geral na história das pedras rolantes.

No dia 12 de novembro, chegará às lojas a coletânea Grrr!, em vários formatos, que inclui grandes hits de todas as fases do quarteto liderado por Mick Jagger e Keith Richards, além das inéditas Doom And Gloom e One More Shot, gravadas em agosto deste ano especialmente para esta compilação comemorativa do cinquentenário dos roqueiros.

Ouça Doom And Gloom, nova música dos Rolling Stones:

Nova coletânea dos Stones sai em novembro

Por Fabian Chacur

GRRR!, nova coletânea que fará parte das comemorações dos 50 anos de carreira dos Rolling Stones, já tem data para chegar às lojas de todo o mundo: 12 de novembro, uma segunda-feira.

A compilação estará disponível em três embalagens distintas. Uma, a super deluxe box set, incluirá uma foto 12×12, 4 CDs com 80 músicas no total, um CD bônus, um compacto simples de vinil, um livreto, pôster em tamanho grande e cinco postais exclusivos.

O segundo formato físico estará no tamanho da embalagem de um DVD e inclui três CDs, um livreto com 36 páginas e cinco cartões como brinde. O terceiro é um CD triplo em formato tradicional.

A compilação inclui sucessos de todas as fases da carreira da banda de Mick Jagger e Keith Richards, entre os quais Come On, The Last Time, (I Can’t Get No) Satisfaction, Get Off Of My Cloud, Jumpin’ Jack Flash, Start Me Up e Miss You, além de duas faixas inéditas gravadas recentemente na França especialmente para o projeto.

A coletânea será divulgada em 50 cidades e 3.000 locais situados em cinco continentes com uma campanha global de realidade aumentada em 3D envolvendo a capa do álbum, que traz o desenho de um gorila com a célebre língua de fora stoneana, feito pelo artista Walton Ford, especialista em focar imagens de animais selvagens de forma criativa.

No Brasil, o local onde essa inovadora ação de marketing terá sua concretização será o hotel Copacabana Palace, no Rio. A repercussão deverá ser enorme, tudo leva a crer.

Ouça The Last Time, com os Rolling Stones:

Rolling Stones e Muddy Waters juntos

Por Fabian Chacur

No dia 22 de novembro de 1981, Mick Jagger, Keith Richards, Ron Wood e Ian Stewart aproveitaram uma brecha na turnê que os Rolling Stones realizavam pelos EUA para visitar o clube do genial guitarrista de blues Buddy Guy, o The Checkerboard Lounge.

Naquela noite, o lendário bluesman Muddy Waters faria um de seus últimos shows. No fim das contas, tivemos um momento inesquecível na história do rock: uma jam session unindo um nome seminal do blues, um de seus grandes sucessores e os líderes da banda que se batizou inspirada em música de Waters.

Para felicidade geral de todos nós, fãs do melhor do rock e do blues, esse show agora está disponível em dobradinha DVD/CD, com o título Checkerboard Lounge/Live Chicago 1981, lançado no Brasil pela ST2.

O registro tem ótima qualidade de áudio e vídeo, uma surpresa se levarmos em conta o fato de ter sido utilizando no máximo umas três câmeras em um espaço no qual cabiam no máximo umas 80 pessoas. O áudio teve remixagem a cargo do consagrado Bob Clearmountain.

O filme nos mostra o início do show, com a banda de Waters sozinha, seguido pela entrada do astro do blues, a chegada ao bar dos três integrantes oficiais dos Rolling Stones e do membro honorário Ian Stewart e da ida deles ao palco, no meio da apresentação. Buddy Guy, o dono do pedaço, também entrou em cena, para delírio geral.

Standards eternos do blues e do rock como Baby Please Don’t Go, Hoochie Coochie Man, Long Distance Call, Mannish Boy e Got My Mojo Working são interpretados com garra, descontração e inspiração pelos músicos, em rara oportunidade de se ver Jagger e Richards longe das enormes arenas dos quatro cantos do mundo.

Esta dobradinha CD/DVD faz parte de uma série de lançamentos que marcam as comemorações dos 50 anos de existência dos Stones, que até agora só nos proporcionou ítens preciosos. E existe a promessa de novos produtos com o mesmo gabarito para os próximos meses. Haja dinheiro para tanta coisa boa!

Veja Baby Please Don’t Go, do DVD Checkerboard Lounge:

Veja Mannish Boy, do DVD Checkerboard Lounge:

Reedição de Some Girls, dos Stones, é sublime

Por Fabian Chacur

Quando o álbum Some Girls chegou às lojas, em 1978, muitos céticos acreditavam que o melhor da carreira dos Rolling Stones já havia passado. De certa forma, não dá para condená-los.

Desde o lançamento do mitológico Exile On Main St. (1972), Jagger & Richards lançaram trabalhos repletos de altos e baixos, embora esses “altos” fossem sempre ótimos, como It’s Only Rock N’ Roll, Hot Stuff, Angie e Heartbreaker, só para citar algumas faixas matadoras do período.

De quebra, o guitarrista Mick Taylor, um dos grandes estilistas do rock, caiu fora, sendo substituído pelo raçudo, mas não tão sutil, Ron Wood. Havia até quem dissesse que a banda não tinha como abrigar dois Keith Richards, pois o estilo desses guitarristas é bem semelhante.

De quebra, vivíamos a era da disco music e do punk rock, e é óbvio que o grupo britânico começava a ser considerado um dinossauro fora de época e decadente pelos cínicos de plantão, sempre prontos a atirar sem dó nem piedade nas vacas sagradas.

Estariam as pedras rolando rumo ao abismo, diriam alguns? Felizmente isso não ocorreu, e nada melhor do que ouvir a reedição luxuosa de Some Girls que a Universal Music acaba de lançar no Brasil.

Trata-se de um álbum “nervoso”, repleto de garra, pique e canções inspiradas, além de uma releitura espetacular de Just My Imagination (Running Away With Me), dos Temptations, que de doce e sensual balada virou uma pauleira vigorosa e intensa.

Gravado na França e notadamente inspirada na então decadente Nova York, o álbum tem letras debochadas, guitarras nervosas, rocks energéticos, baladas certeiras e até, pasmem, disco music. Uma dose revigorante de rock na veia para detonar os detratores.

O momento discoteque fica por conta de Miss You, um dos maiores sucessos da carreira da banda e na qual fica claro que legítimos roqueiros podiam viajar pelas pistas de dança sem entregar a alma ao diabo do comercialismo barato.

Os rockões When The Whip Comes Down, Shattered e Lies, a sublime e ardida balada Beast Of Burden, a avacalhada e politicamente incorretíssima Some Girls, a balada country Faraway Eyes.. Meu Deus, que disco de rock!

A nova edição deste clássico traz embalagem digipack belíssima, encarte luxuoso com informações e ficha técnica e um CD bônus com 12 faixas inéditas gravadas na época, algumas com overdubs feitas recentemente.

Some Girls acabou se tornando uma espécie de espinha dorsal que ajudou a moldar os discos que Jagger & Richards lançariam juntos nas décadas seguintes, e continua soando urgente, sacudido, vibrante e cheio de boas ideias bem resolvidas, como todo álbum clássico de rock deve ser.

Ouça Beast Of Burden, do álbum Some Girls:

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