Como forma de celebrar os 80 anos do grande Paulinho da Viola, os icônicos músicos Cristóvão Bastos e Mauro Senise gravaram o álbum Choro Negro- Cristóvão Bastos e Mauro Senise Tocam Paulinho da Viola, disponível em CD e também nas plataformas digitais. Eles mostram ao vivo o repertório desse trabalho no Rio de Janeiro neste sábado (11) às 19h30 no Teatro Rival Refit (rua Álvaro Alvim, nº 33- Cinelândia- fone 21-2240-4469), com ingressos a R$ 50,00 (meia) e R$ 100,00 (inteira).
Bastos (piano) e Senise (sax e flauta) serão acompanhados no show por Jeff Lescowich (contrabaixo) e Jurim Moreira (bateria). A base será o repertório do trabalho lançado pela Biscoito Fino, que inclui 10 faixas. São sete composições do homenageado, duas de Paulinho em parceria com Cristóvão e uma do pianista dedicada ao grande cantor e compositor carioca.
Entre outras, farão parte do set list Coração Leviano, Choro Negro e Um Choro Pra Waldir. Para quem curte música instrumental de primeira linha, um daqueles programas imperdíveis, capitaneado por músicos que possuem currículos invejáveis e um talento muito acima da média.
Coração Leviano (clipe)- Cristóvão Basto e Mauro Senise:
No último dia 5, Egberto Gismonti completou 75 anos de idade. O público paulistano poderá felicitá-lo neste domingo (18), quando o brilhante músico e compositor fará um show a partir das 19h30 no Bourbon Street (rua dos Chanés, nº 127- Moema- fone 0xx11-5095-6100), com ingresso a R$ 225,00 (3º lote). Será a oportunidade de se conferir uma prévia de um álbum duplo que ele gravará e lançará em 2023, em estúdios nos EUA e na Europa. No palco, apenas ele e seu piano, em um show apropriadamente intitulado Piano Solo.
O repertório do novo álbum do artista nascido em Carmo, Rio de Janeiro, será composto de clássicos da música brasileira do século XX escolhidos a dedo por ele e arranjados por Egberto com a liberdade criativa e maestria que o consagrou nos quatro cantos do mundo.
Entre outras, estão no repertório Pelo Telefone (de Donga, considerada o primeiro samba gravado), Maracangalha (do genial Dorival Caymmi), Carinhoso (clássico de Pixinguinha) e Sinal Fechado (a mais complexa composição do grande Paulinho da Viola).
Na ativa há cinco décadas e com mais de 60 álbuns gravados, Egberto Gismonti é aquele caso de artista brasileiro muito mais respeitado e cultuado no exterior do que em sua própria terra natal, fazendo shows e lançando discos em todo o planeta. Atualmente, ele prepara as trilhas dos filmes Raoni 2 e Darci Ribeiro, este último dirigido por Zelito Viana.
Antonio Adolfo completou 75 anos em fevereiro deste ano. Este pianista, compositor e arranjador carioca é a prova concreta de que, sim, é possível se chegar a uma idade antes tida como avançada esbanjando energia, criatividade e produtividade. A sua produção sempre foi alta, mas nos últimos 15 anos se mostra particularmente fecunda (leia mais sobre ele aqui). O mais novo rebento é Octet And Originals, disponível nas plataformas digitais e em belíssima versão em CD. Mais um golaço desse craque musical!
Um dos segredos de Adolfo para se manter neste patamar tão alto é nunca ficar repetindo fórmulas. Sim, ele possui um estilo próprio e uma assinatura que podemos perceber de imediato. Mas ele sempre nos oferece novos cardápios sonoros, inventivos e extremamente bons de se ouvir. Seus belos álbuns são exemplos de como a música instrumental pode ser acolhedora, instigante e acessível, fugindo do óbvio.
Neste Octet And Originals, o músico se concentra em material autoral, mesclando composições recentes com alguns clássicos de seu songbook devidamente repaginados. Ao piano, ele capitaneia um octeto do tipo Butantã (só de cobras!) formado por Jessé Sadoc (trompete e flugelhorn), Danilo Sinna (sax alto), Marcelo Martins (sax tenor e flauta), Rafael Rocha (trombone), Ricardo Silveira (guitarra), Jorge Helder (baixo acústico) e Rafael Barata (bateria e percussão).
Mantendo o jargão futebolístico em cena, é lógico que não adiantaria nada ter um elenco desse calibre sem um bom treinador. E, nessa função, Antonio Adolfo se mostra absurdamente talentoso. Ele sabe tirar o melhor de cada músico, com arranjos de extremo bom gosto nos quais abre espaços para cada um desempenhar suas funções com categoria. Não há atropelos nem exibicionismos, só o apreço pelos melhores solos, timbres, andamentos e convenções. Entrosamento perfeito e vitória por goleada.
Os arranjos de metais de Antonio Adolfo são particularmente expressivos, pois ele encaixa esses instrumentos de uma forma sempre exata, ou para solarem, ou para enfatizarem alguma passagem. E conduz com maestria o seu piano, que comanda as ações e joga sempre em função das músicas.
A sonoridade dele enquanto compositor sempre parte da mistura do jazz com várias vertentes da música brasileira, na melhor tradição da bossa nova, seu berço musical. A parte percussiva sempre tem destaque, o que de certa forma explica um pouco o sucesso que seu trabalho tem no exterior, especialmente nos EUA, onde seus álbuns sempre estão nas primeiras posições das paradas de vendas, execução e streaming.
As 10 faixas que integram Octet And Originals são ótimas, mas vale alguns destaques. Emaú, por exemplo, esbanja fluência, energia e mudança de climas, com uma batida rítmica variante e sempre deliciosa. A releitura de sua clássica Sá Marina, aqui com o titulo da versão em inglês que fez sucesso no exterior (Pretty World), mantém os pilares melódicos essenciais dessa canção icônica e acresce sutilezas que lhe dão um sabor renovado e atual.
Teletema, outro cartão de visitas dele enquanto autor, tem a bela sacada de manter a abertura de piano da gravação clássica de Wilson Simonal e depois ir explorando outros nuances dessa melodia maravilhosa. Por sua vez, Feito em Casa, faixa-título do marcante álbum de 1977, comparece com arranjo delicioso, preservando a sua essência e acrescentando novos temperos.
Boogie Baião mostra a evidente afinidade (mas que alguns nem imaginavam existir) entre o baião e o rock and roll original, e tem um quê do estilo de um dos músicos que influenciaram Antonio Adolfo, o grande músico americano Herbie Hancock. E outra inédita, Toada Moderna, é uma delícia, para fechar com muita felicidade um álbum que você certamente não vai ouvir uma única vez. Ouça Octet And Originals e ria gostoso de quem acha música instrumental algo hermético e chato.
Ouça Octet And Originals, de Antonio Adolfo, em streaming:
Sebastião Tapajós (1943-2021) foi um dos maiores violonistas brasileiros, além de um compositor inspirado e conhecido internacionalmente. Como forma de homenageá-lo, dois músicos fortemente ligados a ele, o tecladista e maestro Gilson Peranzzetta e o violonista Marcel Powell, gravaram o álbum Pro Tião, que a gravadora Kuarup já disponibilizou nas plataformas digitais e em breve lançará em CD.
O duo mostra este repertório em show nesta sexta (2) às 20h no Blue Note São Paulo (avenida Paulista, nº 2.073- 2º andar- saiba mais aqui), com ingressos a R$ 45,00 (meia) e R$ 90,00 (inteira).
A faixa que dá nome ao álbum é uma inspirada parceria de Peranzzetta e Powell, que durante todo o álbum investem basicamente no formato piano e violão. Temos também uma composição de Tapajós, Tocata Pra Billy Blanco, um clássico do chorinho (Pedacinho de Céu, de Waldir Azevedo) e também obras de autoria de Baden Powell e Vinícius de Moraes.
Na ativa desde a década de 1960 como músico profissional, Gilson Peranzzetta possui um currículo repleto de pontos altos, e entre eles se encontra uma frutífera parceria com Ivan Lins, com quem toca e compõe desde meados dos anos 1970. Muito elogiado e respeitado por gente do calibre de Quincy Jones, ele desenvolveu uma parceria com o paraense Sebastião Tapajós entre 1986 e 2021.
Filho do lendário violonista e compositor Baden Powell (1937-2000), Marcel seguiu os passos do pai, e aos 40 anos de idade pode ser considerado um jovem veterano, com vários discos e shows elogiados no seu currículo. Ele teve um relacionamento muito afetivo com Tapajós, e o considerava um padrinho musical, o que justifica essa homenagem tão bela.
Pro Tião (ao vivo)- Gilson Peranzzetta e Marcel Powell:
Em meados de 2020, o excelente Duofel deu por encerrada a sua trajetória, após 42 anos de belos serviços prestados à música brasileira. Sem o parceiro Fernando Melo, o agora artista solo Luiz Bueno dá início a um novo projeto, e dos mais ambiciosos. Assinando como Luiz com Z, ele nos apresenta Intransit, álbum disponível nas plataformas digitais e também em luxuoso formato físico de caixa, com direito a fotos e textos ilustrativos a cargo de Vanessa Basda.
O lançamento de Intransit será feito com um show em São Paulo neste domingo (17) às 18h no teatro do Sesc 24 de Maio (rua 24 de maio, nº 109- República), com ingressos a R$ 20,00 e R$ 40,00 (saiba mais aqui).
Bueno terá a seu lado os músicos Carlos Malta (sopros), Antônio Loureiro (bateria e piano), Alexandre Lora (percussão e handpans), Fred Heliodoro (baixo) e Paulo Maia (acordeon e piano). As fotos e textos de Vanessa Basda serão exibidos em projeções comandadas por Carol Shimeji.
A ideia não é reproduzir no palco as sonoridades exatas de Intransit, mas sim apresentar uma espécie de happening criativo, comandado por Luiz e seus ilustres convidados. Ou seja, algo bem longe do convencional, e à altura da criatividade habitual do trabalho dele com violões e cítara.
Se você curte música brasileira da melhor qualidade, quer ver shows bem bacanas, mas ainda não se sente seguro para encarar eventos presenciais, eis uma boa dica. Será realizado de 13 (segunda) a 18 (sábado) deste mês, sempre às 20h, o festival Jam Brasil, com 22 grandes nomes da música instrumental do nosso país. Eis o time: Nelson Ayres e Ricardo Herz (dia 13), Ana Karina Sebastião Band (dia 14), Sintia Piccin (dia 15), Edu Ribeiro Trio (dia 16), Brazu Quintê (dia 17) e o duo Teco Cardoso e Tiago Costa (dia 18- FOTO). Depois de cada concerto, os músicos batem papo sobre suas carreiras com a atriz Maria Bia. O festival pode ser visto a partir deste link aqui.
Criado pela produtora Polo Cultural, o evento foi idealizado por Eneida Soller, que explica o conceito em torno dele. “Com a pandemia, os músicos, de repente, pararam, foram impactados. Essas jóias raras da música do mundo ficaram em situação difícil. A ideia foi criar, não só uma série de shows, mas também incluir entrevistas para revelar sua condição, sobrevivência artística e visão de mundo.”
A curadoria ficou a cargo do consagrado músico Paulo Braga, que dá detalhes de como ocorreu a montagem do elenco selecionado. “Esta série é uma viagem pela música. Procurei mesclar propostas artísticas, formações instrumentais diversas e também gerações. O público terá acesso a um horizonte sonoro muito amplo, com formações que vão de duos a sexteto, passando pelo que de melhor está sendo produzido aqui em São Paulo hoje”
Antonio Adolfo teve o privilégio de iniciar a sua brilhante carreira como músico nos anos 1960, quando o Brasil vivia uma efervescência musical acompanhada com muito prazer por seu próprio povo e também no exterior. Nesse contexto, a bossa nova era um dos principais caminhos, e nele, havia um Maestro Soberano, um certo Tom Jobim. Que não só o inspirou como também se tornou um amigo querido. E agora chega a vez de homenagear esse grande craque. Aliás, caso típico de um craque homenageando o outro: Jobim Forever (AAM Music), já disponível nas plataformas digitais e em CD.
Antes de iniciar a análise do trabalho em si, valem algumas palavrinhas introdutórias. Já li e ouvi por aí muitas restrições em relação a novas releituras da obra de Tom Jobim, especialmente quando engloba momentos mais conhecidos de seu maravilhoso songbook. Sim, muita gente já bebeu nessa fonte. E daí? Cada novo trabalho lançado com este repertório merece ser analisado de forma individual, deixando de lado preconceitos. E, neste caso aqui, estamos a anos luz de uma abordagem conservadora, diluída ou mesmo conformista-comercial. O sarrafo é bem alto.
Aos bem vividos 74 anos de idade (vale lembrar que Jobim nos deixou em 1994, aos 67 anos), Antonio Adolfo esbanja vitalidade, criatividade e produtividade, lançando novos trabalhos em períodos relativamente curtos e sempre buscando oferecer ao seu ouvinte um produto artístico de primeiríssima qualidade. E não seria justo com músicas de um dos artistas que mais o influenciaram que ele deixaria essa peteca ir ao chão.
Novamente acompanhado por uma banda integrada por craques do gabarito de Lula Galvão (guitarra), Jorge Helder (contrabaixo), Paulo Braga (bateria), Rafael Barata (bateria), Jessé Sadoc (trumpete e flugelhorn), Danilo Sinna (sax alto), Marcelo Martins (sax tenor e soprano e flauta), Rafael Rocha (trombone), Dada Costa (percussão) e Zé Renato (vocais em A Felicidade), Antonio pilota seu piano com a fluência habitual, com direito àqueles timbres maravilhosos que o caracterizam e um swing que só quem tem muito talento e ama o que faz pode nos oferecer com tanta categoria.
Os arranjos são de uma inspiração ímpar, e seguem um padrão com cara jazzística, pois nos apresentam as melodias originais com muita categoria e depois abrem espaços para que os diversos instrumentos envolvidos deem seus recados, em uma coesão perfeita e explorando elementos presentes nas composições e os expandido com uma fluência simplesmente impressionante. Toda essa criatividade, vale registrar, a serviço dos nossos ouvidos, pois Jobim Forever é daqueles discos que fluem deliciosamente a cada nova audição.
O repertório traz nove faixas, sendo oito delas composições lançadas dos anos 1960 e uma nos 1950. Certamente Antonio Adolfo mergulha nos seus anos formativos, relendo músicas que provavelmente tocou nos bares da vida e com suas bandas daqueles mágicos anos 1960 e 1970. Entre outras, temos aqui The Girl From Ipanema, Wave, A Felicidade e Estrada do Sol, tocadas com uma excelência e inspiração incomparáveis.
Tom Jobim foi certamente um dos grandes nomes da história da música brasileira e mundial, e uma das suas marcas era uma generosidade e humildade impressionantes. Consigo imaginar o sorriso que ele abriria ao ouvir esse álbum, uma obra-prima que está liderando há semanas a parada da revista americana JazzWeek. Certamente iria render um bom papo entre esses dois gênios, regado a belas reminiscências, uisquinho e chopes. O título deste álbum é simples, e diz tudo. Mas vou além: Antonio Adolfo Forever!
Fazer música instrumental no Brasil nunca foi para fracos. Com poucos espaços para divulgação e não muito apoio na mídia, os profissionais dispostos a encarar essa vertente musical precisam de muita garra, dedicação e paciência para construir uma trajetória vitoriosa. Por isso, é de se aplaudir o duo Ana de Oliveira e Sérgio Ferraz pelo lançamento de seu primeiro álbum, Carta de Amor e Outras Histórias (independente, distribuído pela Tratore), disponível em CD e também nas plataformas digitais. Um trabalho de rara beleza e consistência artística.
A parceria entre o violonista Sérgio e a violinista Ana surgiu em 2018 durante a realização do MIMO Festival, em Olinda (PE).O curioso fica por conta dela ser paulistana, ele pernambucano e ambos serem radicados no Rio de Janeiro. Uma espécie de dica de como a brasilidade sem fronteiras marca a musicalidade de ambos. E se o duo é recente, o currículo prévio dele é bem expressivo.
Ana de Oliveira é mestre em música pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e graduou-se na classe de Rainer Kussmaulna na Escola Superior de Música em Freiburg, Alemanha, cidade onde viveu durante nove anos. Ela se apresentou como solista com diversas orquestras no Brasil e no exterior, e também atuou e atua em grupos de câmara, entre os quais o Trio Puelli, além de participar de diversos álbuns.
Por sua vez, Sérgio Ferraz é bacharel em música pela Universidade Federal de Pernambuco. Ele toca vários tipos de violão, guitarra e violino. Atuou em vários grupos e integrou aquele que, entre 2008 e 2014, acompanhou o consagrado escritor Ariano Suassuna em suas aulas-espetáculo. Gravou vários discos individuais e atuou com diversos grupos, além de ser compositor refinado.
É evidente que dois músicos tão talentosos e com trajetórias significativas não se uniriam para perder tempo, e o álbum Carta de Amor e Outras Histórias mostra isso logo de cara em sua capa, maravilhosa, de autoria de Romero Andrade Lima e com design gráfico de Guga Burckhardt. O belíssimo encarte, com belas imagens, ótimo texto de Ricardo Tacuchian e muita informação (em português e inglês), agrega muito valor ao CD físico.
O trabalho é totalmente acústico, com Ana se incumbindo do violino e Sérgio se desdobrando entre violões de oito e doze cordas. Em duas das oito faixas que integram este CD, temos a participação do consagrado percussionista Marcos Suzano. A maior parte das composições é de autoria de Sérgio, sendo Frevo–Karatê, Eterna, Carta de Amor e Lôro de Egberto Gismonti (uma importante influência no trabalho do duo), e Cadenza de Ana.
O diálogo musical desenvolvido pelo duo no álbum é dos mais fluentes, desrespeitando com muita inspiração e irreverência criativa os limites da música popular e erudita, conseguindo nesse processo uma sonoridade que evoca a riqueza musical de um país cuja cultura é de uma riqueza aparentemente inesgotável, apesar dos muitos pesares.
Centrada na música nordestina mas incorporando diversos outros elementos em sua mistura, a sonoridade desenvolvida por Ana de Oliveira e Sérgio Ferraz neste encantador Carta de Amor e Outras Histórias é a prova de que valeu todo o sacrifício que eles devem ter tido para viabilizar um trabalho tão consistente e ao mesmo tempo tão distante do mainstream. Uma obra de arte!
Ouça Carta de Amor e Outras Histórias em streaming:
Alfredo Dias Gomes iniciou sua carreira no final dos anos 1970, ainda muito jovem. E começou com tudo, sendo o baterista da banda do incrível Hermeto Pascoal, conhecido pelo rigor com que arregimenta seus músicos de apoio. Com o tempo, atuou com inúmeros grupos e artistas, entre os quais Heróis da Resistência, Ivan Lins, Lulu Santos, Ritchie e Sergio Dias, só para citar alguns. Desde 1993, o músico carioca se concentra em sua carreira-solo, que acaba de render mais um novo e belo fruto, o álbum Solar, disponível nas plataformas digitais e também em CD.
Duas características marcam este trabalho. Uma é o fato de Alfredo ter a seu lado apenas mais um músico, Widor Santiago, que se incumbe dos sopros (sax e flauta). De resto, temos ele na bateria e também nos teclados, baixos e composições. A outra fica por conta de um mergulho em sonoridades brasileiras, especialmente de ritmos nordestinos, que se misturam ao jazz durante as oito faixas do álbum, com um resultado dos mais agradáveis.
O título Solar, que também dá nome a uma das faixas do disco, é bem feliz para retratar o clima geral deste trabalho. É um álbum para cima, bom de se ouvir, energético, no qual as sutilezas são oferecidas ao ouvinte de forma inteligente, sem cair no formato hermético que por vezes a música instrumental acaba seguindo em função da virtuosidade dos músicos envolvidos. Aqui, tanto Alfredo quanto Widor Santiago solam com categoria e esbanjam técnica, mas sem cair em tecnicismos ególatras.
A faixa Viajante é a mais antiga do repertório, e tem uma história bacana. Ela foi escrita por Alfredo em 1980, atendendo ao pedido de sua mãe, ninguém menos do que a novelista Janete Clair. A música foi gravada originalmente por Dominguinhos e entrou na trilha sonora da novela global Coração Alado (1980-1981). Agora, enfim recebe versão de seu autor. Trata-se de uma espécie de baião, com bela ênfase rítmica e melodia redonda e gostosa. Aliás, vale lembrar que seu pai é o também novelista-e também saudoso- Dias Gomes.
Se a pegada brasileira predomina em Viajante, na faixa título e em Corais, o jazz clima anos 1950 marca a incrível Smoky, enquanto o jazz rock permeia Alta Tensão e Trilhando. Com sotaque latino, El Toreador foi escrita em 1993 para a trilha sonora da peça teatral homônima de Janete Clair. E Finale encerra o CD com classe. No geral, Solar mostra Alfredo Dias Gomes à vontade como músico e compositor, proporcionando ao ouvinte muito prazer auditivo.
O choro, ou chorinho, é um dos gêneros mais belos e nobres da música brasileira. Centenário, nunca some totalmente de cena, para felicidade de quem tem bom gosto e sabe escolher boas opções sonoras para curtir. Uma das formações mais bacanas da atualidade nessa praia é o Choro Pra Cinco, de Brasília, que enfim fará suas primeiras apresentações ao vivo em São Paulo, ambas com entrada gratuita. A primeira nesta quinta (14) às 19h no Centro Cultural São Paulo (rua Vergueiro, nª 1.000- Paraíso- fone 0xx11-3397-4002) e a segunda nesta sexta (15) às 19h na Galeria Olido (Avenida São João, nª 473- Centro- fone 0xx11-3331-8399).
Criado em 2012 na capital brasileira, o Choro Pra Cinco é integrado por Thanise Silva (flauta), George Costa (violão), Vinícius Magalhães (violão 7 cordas), Pedro Molusco (cavaquinho) e Gabriel Carneiro (pandeiro). Eles tem como principal mérito, além da perfeita coesão instrumental, o fato de mesclarem com inteligência nos shows clássicos do chorinho e da MPB com várias composições próprias, o que dá um sotaque próprio ao seu trabalho.
Essa habilidade está plenamente presente em seu álbum Caminho dos Ventos, disponível em CD e também nas principais plataformas digitais. Este trabalho altamente recomendável traz dez faixas, entre elas as deliciosas Pela Sombra (Thanise Silva), Âncora (George Costa), Antes Que Eu Me Esqueça (George Costa e Vinícius Magalhães), Pergunta Pra Rafa (Vinícius Magalhães), Sutil (Hamilton Costa e Sebastião Tapajós) e É Nessa Que Eu Vou (Rafael dos Anjos).
Nesses sete anos de estrada, o quinteto brasiliense fez vários shows em sua cidade natal e também em Araxá (MG), Curitiba, Recife e, agora, São Paulo. Eles já realizaram duas consistentes turnês internacionais, com direito a shows em locais fechados e ao ar livre e workshops na Alemanha, França, Suíça e Bélgica (veja um registro em vídeo da segunda tour aqui).
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